Eleições: a repercussão entre os músicos de Metal brasileiros
Por Richard Navarro
Postado em 29 de outubro de 2014
Após o anúncio da apuração das urnas na noite do último domingo, o facebook se tornou uma verdadeira praça de guerra entre os que tinham esperanças da saída do PT do governo, e os defensores de Dilma, Lula e Cia. Independente de divergir opiniões ou simpatizar com este candidato ou aquele partido, um fator que veio à tona no facebook e decepcionou de forma unânime "as pessoas de bem": o ataque contra os nordestinos. Preconceito e ignorância são coisas absurdas e inadmissíveis, que desqualificam qualquer eventual razão ou argumento que alguém possa ter, seja este de "esquerda" ou extrema "direita".
O cenário Heavy Metal, que tem fama de ser frequentado por pessoas inteligentes, esclarecidas e politizadas, não ficou fora das manifestações de protesto e discórdia nas redes sociais. A cor "preta" predominante nas camisetas dos headbangers, que ganhou tons de "azul" e até "vermelho" durante a mais disputada eleição da história, para muitos recuperou o tom original de luto após o anúncio da vitória da presidente Dilma e do PT, visto que, aparentemente, a grande maioria do público Metal torcia pela "mudança".
Muitos músicos da cena Metal expuseram suas opiniões sobre o desfecho da votação, seja de forma indignada, sarcástica ou na base do bom humor.
Confira alguma delas:
Wanderley Perna (Genocídio / SP):
"Sinceramente eu não vejo solução para o Brasil, estamos andando em círculos há muito tempo. A base para se criar uma nação sólida e desenvolvida começa com uma boa EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA, mas infelizmente as pessoas só querem migalhas para satisfazer seus impulsos momentâneos e ter uma vida fácil. Talvez daqui 50 anos quando uma grande parte da população do país for dizimada por doenças, violência e até catástrofes naturais, poderemos ter uma consciência mas ampla a respeito de como criar uma NAÇÃO SÓLIDA e SOBERANA!!!!"
André Evaristo (Torture Squad / SP):
"Não fiquei satisfeito com alguns dos resultados das eleições mas também não vou espancar alguém só porque pensa diferente de mim! Em meio a tantas demonstrações esdrúxulas de ódio e racismo, vejo sempre a mesma ladainha: ‘Político é tudo ladrão...’ Vejo também que muitas pessoas, no dia-a-dia, costumam tirar vantagem de pequenas coisas como fazer ‘gatos’, furar filas, aceitar troco a mais, etc.. Quem faz a sociedade como ela é? Somos nós."
Nuno Monteiro (Liar Symphony / SP):
"A partir de amanhã, e durante 4 anos, minha esposa não toma mais anticoncepcional e vamos produzir mais rebentos. Cansei de trabalhar, e já que não tenho casa própria e estou todo endividado vou me inscrever no Bolsa Família e no Minha Casa Minha Vida... kkkkkkk. Agora falando sério, não adianta ficar reclamando, cada um faça sua parte cobrando dos governantes eleitos. Que Deus nos ajude!"
Fábio Schneider (Dreadnox / RJ):
"O Brasil está uma maravilha! Mais 4 anos na mesma! Parabéns, povo brasileiro! O povo foi às ruas e continua tudo igual. Mesma presidente e mesmo governador... Pior que isso só a atitude dos preconceituosos e separatistas".
Alírio Netto (Age of Artemis / DF):
"Apesar de achar que a alternância de poder e necessária para a democracia, entendo que temos que ter a humildade e a capacidade de saber perder e acatar a escolha da maioria! Parabéns a Dilma e aos petistas!!! Espero que ela realmente seja a líder que todos esperamos independente de qualquer coisa! Também espero que os que votaram nela sejam os primeiros a cobrar por resultados, por que eu vou cobrar!!!"
Guilherme de Siervi (Skyrion / RJ):
"Povo que sai nas ruas para lutar por mudança e vota igual, não tem direito de reclamar da decadência do governo e da corrupção."
Mário Linhares (Dark Avenger / DF):
"Galera que tá querendo construir um muro separando o Brasil do Norte e Nordeste: vocês já combinaram isso com os ‘paraíbas’ e ‘baianos’ que vão construir o muro?"
(N do E: Mário mora em Brasília desde 1992, mas nasceu e viveu durante vinte anos em Fortaleza/CE)
Bruno Sutter (Detonator):
O intérprete do Detonator, que também se indignou com o ataque contra os nordestinos, preferiu abstrair e brincar com a coincidência entre o título do mais recente álbum do Black Sabbath e o número da candidata vencedora.
"Estou ouvindo ultimamente muito o mais recente disco do Black Sabbath, 13. Acho esse disco ‘Dilmais’ ;)"
A repercussão das eleições para presidente do Brasil foi tamanha, que evocou até a opinião de músicos brasileiros que há muitos anos vivem fora do país, mas mantém laços com a terra natal. Veja:
Carlos Zema (Immortal Guardian / EUA):
"Desde 2007 eu não voto no Brasil. Estou muito feliz, em não precisar participar dessa farsa! A democracia em nosso pais, hoje em dia é uma chacota! Mas ainda tenho o sonho de poder voltar ao Brasil, quando toda essa palhaçada acabar e estarei nas ruas, novamente, em qualquer protesto que seja necessário para concretizar esse período da história, assim como estive em 2013."
Bill Hudson (Circle II Circle / EUA):
"Se VOCÊ votou no PT, você não tem DIREITO de reclamar do Brasil - NUNCA MAIS! Quando o PT tirar sua propriedade pra abrigar alguma família de bandido aceite-os e lembre do seu voto. Pois é... Por um segundo também acreditei... Mas não adianta, como sempre digo: Saddam Hussein também "ganhava" toda eleição no Iraque. Descanse em paz, República Federativa do Brasil... E que os meus pais acordem e se mudem para cá... A oportunidade eu já criei!"
Estes foram apenas alguns dos músicos brasileiros representantes do Metal que se pronunciaram sobre o desfecho da última eleição para presidente do Brasil, que reelegeu a presidente Dilma Rousseff. Mas inúmeros outros se pronunciaram e continuam se manifestando nas redes sociais a respeito do assunto, seja de forma positiva ou negativa.
Mesmo quem hoje vive fora e supostamente numa melhor situação, possui ainda família e amigos no Brasil, e por isso também estava na expectativa pelos resultados das urnas. Afinal, a fama da política brasileira e a situação dos brasileiros que vivem aqui, vistas de fora, não são das melhores. Talvez o candidato Aécio Neves do PSDB não fosse de fato a salvação da pátria, ou tenham faltado melhores opções (como muitos argumentaram), mas após tantos protestos em 2013 e durante a "Copa das Copas", e tantas denúncias de corrupção, é difícil para os gringos assimilarem que a "maioria" do povo brasileiro acredita que está tudo bem por aqui.
De toda forma, como a diferença de votos entre os dois candidatos foi muito pequena, é triste constatar que quase metade dos brasileiros não pensa assim e ficou insatisfeita com o resultado das eleições. Mas vivemos uma "democracia", onde a vontade da "maioria" deve ser respeitada, mesmo que esta signifique uma mera diferença de 2% entre aqueles que preferiram não votar em branco ou nulo.
A despeito dos lamentáveis episódios de preconceito, que foram a maior e verdadeira vergonha dessa última eleição para presidente do Brasil, o que resta agora é que todos os "lados" se juntem para cobrar o que foi prometido para esses próximos quatro anos, para que possamos ter um país e "pessoas" melhores num futuro próximo.
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