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Beto Lani: Entrevista no blog do músico Rodrigo Cordeiro

Por Roberto Higino Leite
Fonte: Rodrigo Cordeiro Blog
Postado em 06 de maio de 2019

O músico Rodrigo Cordeiro, baixa da banda Dolores Dolores, publicou em seu blog uma entrevista com o guitarrista Beto Lani, que está lançando o seu primeiro disco Chaotic Frame Of Mind.

RC: Lani, pra quem – ainda – não te conhece, comece por favor com uma breve apresentação sobre sua carreira musical;

BL: Bom, eu toco guitarra e violão desde os 11 anos, leciono desde os 17. Sou formado em Habilitação em Educação Musical pela UEMG. Já participei de várias bandas, mas acho q as 3 mais relevantes são a Wisache, a Brave e o Rock Station. Com a Wisache gravei o Ep Shout It e o álbum Polluted tocando guitarra, e fiz vários shows importantes pra minha carreira, como a abertura do Sebastian Bach e o Hard Rock All Stars. Minha passagem pela Brave também me rendeu bons frutos, acho que o melhor deles foi a vaga no Rock Station em 2009, e foi nela que eu peguei experiência profissional, tocando nas melhores casas de rock de Belo Horizonte. Hoje eu ainda sou guitarrista e vocalista do Rock Station. Mas eu sempre fiquei com essa lacuna de mostrar o meu trabalho próprio, então finalmente tive a coragem e disposição para gravar e lançar esse disco.

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RC: A principal parte da sua carreira autoral foi dedicada a Wisache. Você sempre teve a pretensão de lançar um disco solo ou foi uma necessidade natural após sua saída da banda?

BL: Nunca tinha pensado em fazer carreira solo, sempre me imaginei sendo guitarrista de uma banda de rock. Mas com o passar do tempo fui me interessando pela técnica vocal, já que eu sempre gostei muito de cantar. Após a saída da Wisache, achei que seria mais fácil e viável tentar fazer o cd e as composições sozinho, então me veio esse insight de tentar uma carreira solo. Creio que a necessidade tenha sido mais pela logística de como a coisa toda iria acontecer.

RC: Sei que esse álbum tem a peculiaridade de ser um apanhado de músicas mais antigas que você havia escrito pra outros projetos e músicas recém-escritas. Como funcionou de maneira geral o processo de composição das novas músicas e ‘rearranjo’ das músicas antigas?

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BL: Bom, o ponto de partida foi justamente resgatar essas músicas que eu compus durante todos esses anos. Ao escutar as gravações e relembrar os riffs percebi que tinha muita coisa que dava para ser aproveitada, das 12 canções, eu compus do zero mesmo apenas duas, Misplaced e Inside. Todas as outras músicas ou já estavam prontas, ou eu trabalhei riffs e bases já compostas. As melodias vocais, em sua maioria, foram compostas para esse disco, algumas até durante as gravações. Eu tenho gravações de algumas aqui com linhas vocais totalmente diferentes, mas que se encaixavam melhor com os vocalistas dos outros projetos. No fim das contas foi como pegar uma história inacabada e simplesmente ir lá e terminá-la.

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RC: Além de guitarrista e compositor, você está assumindo também um papel inédito de ser o vocalista em todas as faixas. Quais têm sido as suas principais dificuldades e motivações pra ser o ‘Frontman’ na guitarra e nos vocais?

BL: Uma coisa estava clara na minha cabeça, antes mesmo de iniciar esse processo todo, eu iria cantar as minhas músicas. Essa foi a motivação, e claro, muitas, mas muitas aulas de canto, ao mesmo tempo essa é minha maior dificuldade. Cantar pra mim, é o mais difícil a se fazer, é uma exposição quase que de 100 % do que você é, e eu sempre me escondi na guitarra, então, eu senti que essa era a hora de me assumir como cantor também. Eu sei que eu canto uma grande parte do repertório do Rock Station, mas na banda não existe essa pressão de "frontman", de vocalista principal, já aqui, é totalmente diferente!

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RC: Falando agora um pouco sobre mercado, você tem optado por um projeto de divulgação que mistura um pouco do modelo tradicional com a venda da mídia física, e ao mesmo tempo liberando fragmentos do cd no seu canal do youtube. Em sua opinião, a venda da mídia física ainda é fundamental?

BL: A mídia física é muito importante, principalmente para quem tá no início da carreira como eu, ela valoriza o seu trabalho. É claro que não faz sentido prensar 1000 cópias, mas ainda tem procura.

RC: O meu financiamento coletivo que está em voga já arrecadou mais da metade do valor proposto, e ele é única e exclusivamente para produzir a mídia física.

RC: Antes de falar um pouco mais detalhadamente sobre algumas faixas do cd, quais são as suas principais influências atualmente? E apesar de ser difícil para um artista comparar sua própria obra, a título de ‘indicação’, Beto Lani é recomendado para fãs de quais bandas ‘referência’?

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BL: Esse foi o problema que eu encontrei na hora de colocar referência de bandas nos sites de streaming, achar artistas parecidos. Claro que tem um monte, não estou dizendo que o meu som é único, longe disso. Mas é que eu escuto tanta coisa e me influencio por tanta coisa, que eu fico num limbo na hora de pensar nisso. Agora atualmente eu tenho sido muito influenciado por metal moderno, bandas como TesseracT, Periphery, Mastodon, por exemplo, mas ao mesmo tempo tenho ido muito pros anos 70 mais na vibe do David Bowie e Lou Reed, mas no cd você não vai ouvir tanto essas influências, pois são músicas mais antigas. Steven Wilson também é um cara que me influencia muito, principalmente nas artes de cd e vídeos.

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RC: Sobre o cd, Bruno Aguiar e Samuel Chacon (esse também responsável pela Co-produção mixagem e masterização do álbum) fazem um trabalho digno de todo destaque e levam a música para caminhos mais progressivos e em alguns momentos virtuosos, fator que talvez seja a grande diferença do estilo de som pro seu trabalho na Wisache, esse foi um direcionamento que você deu intencionalmente ou foi natural devido a qualidade técnica dos membros?

BL: O Bruno Aguiar foi meu parceiro de banda durante muito anos, e eu sempre amei o jeito dele de tocar bateria, com uma pegada bem de metal progressivo. E pra mim o mais sensacional nele era que ás vezes a gente estava tocando Green Day, e ele vinha com aquelas viradas maravilhosas, quebradas de tempo que ás vezes eu até parava de prestar atenção no show, e ficava ouvindo a batera dele. Foi o primeiro nome que me veio na cabeça, e ele fez um trabalho espetacular, que influenciou diretamente até na estrutura de algumas músicas. Já o Samuel, toca comigo até hoje, trabalhamos na mesma escola, e temos uma afinidade musical muito grande. Com ele foi quase que por osmose, parecia que eu já sabia o que ele ia fazer. Eu só dei as cifras pra ele, mostrei uma frase ou outra, e ele gravou uns baixos que eu nunca imaginei que dariam certo. Sobre a mixagem e masterização, foi ouvindo uma banda que ele mixou e masterizou que me deu vontade de gravar o cd. Acho q se não fosse ele produzindo, eu nem tiraria do papel.

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RC: Esse cd também tem a participação pontual de alguns outros músicos. Fale um pouco sobre quais são as faixas, quem são os músicos e como foi o convite.

BL: Bom, vou falar primeiro do Iago, que foi meu aluno de guitarra por muitos anos e sempre gostou de compor também. Ele levava esboços de riffs pras aulas, e a gente ia trabalhando neles. Ele criava letras e me mostrava, e eu sempre gostava. Conversando com ele sobre o disco e mostrando as músicas, eu percebi que ele se interessou pelo projeto, então eu dei 3 músicas pra ele escrever as letras, e são minhas letras favoritas do disco, em uma delas, Inside, ele compôs até a parte q ele canta no disco. E valorizou muito a música, ele virou meu parceiro, e estamos inclusive compondo mais coisas juntos. O Raffa Cordeiro também se mostrou interessado, e eu perguntei se ele não queria participar de Misplaced, que era uma música que tinha 2 solos, e eu senti que precisava de outro guitarrista ali! Ele trouxe não só o solo dele, como uns arranjos matadores também. O Nathan Augusto, bom, o Nathan, quem não quer ter um solo dele gravado num disco né? Conheci ele através do Samuel, e ele me substituiu durante um tempo no Rockstation, eu convidei, ele topou e fez o solo mais bonito do cd, simples assim. Vale destacar meus ex companheiros Rod, Ghuzz e Rick Kilcher, que possuem participação em algumas das canções mais antigas.

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RC: De forma breve, gostaria que você falasse um pouco sobre a temática de cada letra e aproveitasse pra destacar quais foram escritas pra compor o álbum e quais são as que você resgatou de outros trabalhos.

BL: Bem, as temáticas são bem variadas, mas acho que tirando as duas que são para minha esposa (Till Nothing Do Us Apart e You’re Mine), todas possuem um tom mais baixo astral, de insegurança. Apenas 4 músicas tinham letras completas, e elas foram a base para fazer todas, dá até pra sentir uma certa conexão entre as letras, e foi com essa conexão que eu escolhi a ordem das faixas. Não estou falando que é uma história, mas as letras se relacionam e fazem um certo sentido. Chaotic Frame Of Mind, To Find It, Going out e Bring me Home foram as que resgatei. As outras todas foram compostas para o álbum.

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RC: Esse trabalho é sem dúvida um marco na sua carreira e possivelmente o início de uma nova fase, já tem planos pra dar continuidade nesse projeto solo, Lani vai virar uma banda?

BL: Bom, tenho planos de shows para o segundo semestre, e já tenho a banda que vai me acompanhar. E na verdade, o segundo disco já está pronto, só falta gravar. E sim, esse trabalho é o início de uma nova fase.

RC: Pra finalizar, gostaria de agradecer pela entrevista, desejar toda a sorte do mundo nessa nova fase. Deixo o espaço aberto para você deixar seus contatos e caso queira, uma última mensagem.

BL: Nada me deixaria mais feliz do que ter feedbacks do álbum, tanto positivo quanto negativo. O álbum está em todas as plataformas de streaming e no youtube. Então é ir lá escutar e dar o feedback. Agradeço também pelo espaço e pelo apoio, Rodrigo. Um abraço.

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