Blind Melon: lançado documentário épico, "All I Can Say", de Danny Clinch
Por Brunelson T.
Fonte: Rock in The Head
Postado em 02 de maio de 2019
Hoje em dia, é comum documentar o nosso dia a dia com a maior facilidade - graças aos iPhones e outros dispositivos convenientes. Além disso, os programas de reality show são regularmente exibidos em toda TV (e também no YouTube, Facebook, Twitter e Instagram), mas de 1990 a 1995, os iPhones ainda estavam muito distantes e os reality shows não eram tão predominantes.
Portanto, temos que dar crédito ao falecido e grande vocalista do BLIND MELON, Shannon Hoon, por documentar os últimos 05 anos de sua vida através de uma câmera de vídeo volumosa e portátil - agora apresentada no documentário "All I Can Say".
Shannon fez questão de filmar a sua vida durante esse período e no processo, capturou não apenas a rápida ascensão do BLIND MELON e sua triste morte, mas também uma cápsula do tempo do início da década de 90, que culturalmente mudava constantemente de sociedade para sociedade.
Nos últimos anos, o amigo de Shannon (e um dos maiores fotógrafos de rock do mundo), Danny Clinch, trabalhou com os co-diretores, Taryn Gould e Colleen Hennessy, numa edição de 200 horas de filmagem. Das imagens cruas do vocalista exprimidas em 01 hora e 42 minutos de duração, este documentário foi estreado em 26 de abril de 2019 no Tribeca Film Festival em New York, com toda a formação do BLIND MELON presente - bem como membros da família, incluindo a filha de Shannon, Nico.
Em vez de montar um filme com a narração moderna inserida, "All I Can Say" (cujo título é de uma letra do maior sucesso da banda, a música "No Rain") é composto exclusivamente por material filmado por Shannon e videoclipes da época. Enquanto ele salta um pouco no tempo, há um fio cronológico correndo por toda parte e além disso, Shannon registrou cada filmagem com a data e ano no canto inferior da tela, para que você saiba exatamente o período em que cada cena foi filmada.
Duas cenas em movimento abrem e fecham o documentário: Shannon cantando o início a capella da clássica canção "I Wonder", do BLIND MELON, sentado no chão com luzes psicodélicas piscando e em seguida, imagens de Shannon em seu quarto de hotel ao telefone, poucas horas antes de morrer de uma overdose de cocaína.
O que está no meio é um tesouro de imagens para os fãs de Shannon e da banda, com o vocalista gravando os vocais para a música "No Rain" e trabalhando em uma demo da canção "Soup" - entre outras cenas memoráveis.
Existem alguns momentos bem humorados, como os membros da banda jogando pingue-pongue e cenas de quarto dos hotéis. Outro destaque inclui Shannon entrando em uma área de bastidores e deixando a sua câmera ligada num balcão, enquanto os outros membros da banda não sabem que ainda está gravando - mostrando a decepção entre os membros do grupo, quando souberam que a revista Rolling Stone queria apenas a foto de Shannon na capa - em última análise, a banda conseguiu o seu desejo e todos os 05 membros foram apresentados na capa da edição de 11 de novembro de 1993.
Mas, como esperado, nem tudo de "All I Can Say" é divertido, como exemplificado por Shannon lutando para ficar sóbrio e mostrando uma mensagem de voz do guitarrista do PEARL JAM, Mike McCready, que também estava no processo de ficar limpo das drogas. Mostra também cenas de Shannon brincando com a sua jovem sobrinha e seu breve relacionamento com a sua filha, Nico (incluindo plantando uma árvore para ela no quintal de sua casa), que tinha apenas 03 meses de idade quando Shannon faleceu.
O documentário também retrata de forma honesta a experiência em vivenciar os anos 90, através de fatos marcantes da época como o grande tumulto ocorrido em Los Angeles no ano de 1992, a posse do presidente Bill Clinton, o caso OJ Simpson, a realização do Woodstock Festival em 1994 e as mortes de John Candy (ator), Kurt Cobain (frontman do NIRVANA) e Jerry Garcia (frontman do GRATEFUL DEAD).
Uma coisa que os fãs obstinados podem encontrar-se desejando mais, é a metragem de performance completa da banda, mas no final das contas, faz sentido que clipes mais curtos de músicas sejam incorporados, para manter o filme em movimento e deixar a história de Shannon se desdobrar naturalmente. E quem sabe, talvez desempenhos completos sejam incluídos quando "All I Can Say" receber aquele tratamento em DVD - especialmente as ótimas filmagens nunca antes vistas, onde no final do documentário, mostra a banda tocando na turnê final do seu subestimado e último álbum, "Soup".
Graças a Clinch, Gould e Hennessy, temos agora um vislumbre fascinante da vida tragicamente curta de um dos vocalistas e artistas do rock mais cativantes da sua época, Shannon Hoon.
BLIND MELON continua em atividade com o vocalista Travis Warren.
A banda lançou o seu 1º álbum de estúdio em 1992, "Blind Melon", e que fez o grupo ficar conhecido no mundo inteiro. Eles lançaram o 2º disco em 1995, "Soup", quando o vocalista sofreu uma overdose no ônibus da banda em plena turnê.
Em 1996 foi lançado o 3º álbum, "Nico", que apresenta demos e músicas que ficaram de fora dos 02 primeiros discos. O nome desse álbum se deve em homenagem a filha de Hoon.
O grupo tentou achar um vocalista substituto, mas encerraram as atividades e voltaram somente em 2006 com o vocalista atual. Lançaram o seu 4º álbum de estúdio, "For My Friends" (2008), iniciando uma turnê pelos EUA e Europa.
Depois disso, BLIND MELON leva a carreira com shows esporádicos, longas pausas e acompanhando outras bandas em turnê... Em 2012 eles passaram aqui pela América do Sul.
O site rockinthehead havia publicado 03 matérias para sabermos mais histórias sobre este grande grupo. É só clicar nos títulos abaixo:
Confira o videoclipe da música citada nesta matéria, "I Wonder", lançada em seu disco homônimo de estreia.
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