Atomic Elephant: banda composta por músicos do RS lança seu primeiro EP
Por Marcelo Santos
Postado em 11 de outubro de 2021
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O novo EP homônimo da "Atomic Elephant", dos já renomados músicos da cena gaúcha Thiago Caurio, Renato Osorio e Gustavo Strapazon, é uma patada explosiva. Intitulado como Atomic Elephant, o projeto instrumental é resultado de trocas e experiências musicais vividas ao longo da (interminável) pandemia do Covid-19. Ao longo dos anos de 2020/21, os três músicos produziram seis músicas de altíssimo nível técnico, mas longe daquela estética acrobática, da técnica pela técnica. Não. O EP é escrito com bom gosto e inspiração, vai além! O resultado é uma combinação irreverente de diversas influências (musicais e mundanas) que ocasiona em uma música de diferentes texturas. Não se pode qualifica-lo como um som progressivo, no sentido original do termo, nem de algo puramente experimental. A Atomic Elephant, portanto, não se enquadra em nenhum arquétipo musical: fala com sua própria voz!
O EP abre com a potente "Nuclear Orgy". O riff de guitarra inicial gruda como chiclete embaixo do sapato e é acompanhado por uma cozinha bem estruturada, com baixo e bateria assentando o alicerce para a melodia principal. A música ainda abre espaço para os tappings de Strapazon e as guitarras melódicas de Osorio antes de mergulhar numa levada quase Reggae, finalizada pelo quarto elemento da banda: o elefante (além de ouvir o bramido como parte da música, é quase impossível não imaginar o gigantesco animal eriçando sua tromba!) A música então volta para o tema principal e se encaminha para o final com alavancadas precisas de Osorio, que lembram uma manada em movimento!
E esse é só o começo!
"2020" começa bem-comportada antes de incorporar uma bagunça generalizada que só faz sentido porque é muito bem executada. De certa forma, "2020" é uma grande metáfora. Assim como o ano de 2020, a música é um grande mosaico: mosaico de riffs potentes, coros, mini-solos de bateria, levadas que lembram até uma milonga, temas de guitarra que parecem sair de um disco do Allan Holdsworth para acabar num nada, meio sem pé-nem-cabeça. Não tinha ouvido nada antes que tivesse incorporado tão bem o zeitgeist pandêmico! É um caos onde, de alguma forma, tenta-se manter a lucidez! Além disso, a música tem uma peculiaridade: foi escrita a partir das levadas de bateria construídas por Caurio com notas rítmicas que deixaria qualquer guitarrista com uma pulga atrás da orelha!
"Random Stupidity" tem uma das melhores cozinhas do disco. Caurio e Strapazon compõem um groove inicial de cair o queixo de um elefante (elefante tem queixo?), enquanto as guitarras elaboram uma textura complementar com acordes que me lembrou um pouco o Aristocrats, outro power-trio de respeito. Tudo isso acontece antes de uma levada semi-cromática tocada em uníssono pelo baixo e guitarra seguido de um riff que me fez imaginar um Deep Purple meio Fusion. A música ainda desaba num precipício de bends precisos que ecoam, lá de baixo, o som da "Tao"! A estupidez aleatória vivida no contexto da pandemia parece ter, ao menos, provocado uma inspiração endêmica neste trio-power!
Então, "Tao". Composta a partir das percussões elaboradas por Caurio, Tao pode ser tanto ouvida quanto imaginada! Trata-se de uma música-imagem. Inspirado pela filosofia oriental, o baterista, na busca por texturas mindfullnes, dá vida ao primeiro átomo desta obra-prima partindo da parte mais cru da música, do couro dos bongôs e finaliza com o som cru das mãos, num estalar de dedos psicodélico. Osorio, por sua vez, entra no clima executando com precisão um violão na tonalidade menor-aldimeólica, reverberando acordes pseudo-milongueiros sobre uma textura de vozes que lembram mantras entoados num mosteiro nepalês. A mistura não parece fazer sentido (e não é este o ponto), até que ela bate no seu inconsciente! Não se deve descrever essa música de forma muito racional. Músicas como essa são propícias à construção de imagens. Deixe que o som leve sua imaginação para o lugar que ela deseja, não deixe rastros... (Apenas uma observação: o baixo entra como um complemento, mas em determinado momento, uma frase sutil fará toda a diferença, lembrando aquela frase da música Rain Song, do Led, a melhor música já escrita por uma banda de rock). Paro por aqui.
"Verzul" tem um climão logo na chegada (mais uma vez a cozinha: baixo cavoucando um groovão dentro da percussividade nua e crua da bateria) e o melhor solo de guitarra do EP. Essa música é a música das guitarras, aliás. Muito bem harmonizadas e com dinâmicas que vão desde uma sonoridade progressiva até o metal mais arrastado (com um baixão na correria, dando uma sensação de pressa dentro do groove.) Deve-se destacar, ainda, o coro de vozes que preenche o solo de bateria dando aquele respiro necessário para as músicas instrumentais e também os sons esquisitos produzidos por uma placa de plástico, executados por Caurio. É uma música séria, mas irreverente...
Para fechar o EP, "Dumbo’s Revenge" começa com um violão meio gaudério que comanda o clima no primeiro quarto da música, até que a paulera toma conta. Osorio aproveita muito bem o som dos harmônicos numa passagem muito bem pensada. Então os tempos se misturam sem uma lógica muito bem estabelecida. O interessante é que tudo faz sentido! O segundo quarto fecha com alguns patterns muito bem executados demonstrando a precisão com que o power trio esparrama sua técnica. O terceiro quarto da música tem uma guitarra com um efeito diferente que construiu na mente deste que vos escreve a imagem de vários elefantinhos correndo na savana! Então, Osorio solta a mão nos desenhos simétricos completando a geometria da manada! A música se encaminha para um final perturbador: as dissonâncias criam uma tensão melódica gosmenta, como se um elefante se dissolvesse até virar um átomo silencioso!
Há que se destacar também a arte produzida por Gustavo Viegas. A imponência do elefante-shiva embebido pelo contraste de cores quentes e frias juntamente com os símbolos orientais causam um impacto visual já na primeira impressão. É como aquele disco que você comprava pela capa mesmo sem saber o que teria como conteúdo: é impossível não gostar da ideia! O conteúdo, no entanto, faz jus à qualidade da capa e você vai ganhar duas vezes!
O EP da Atomic Elephant está disponível nas diversas plataformas de streaming e já conta com dois vídeos disponíveis no Youtube. Clique nos links abaixo e deixe a manada passar por cima de você!
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