Brian May: "O legal dos guitarristas é que ninguém é muito competitivo"
Por André Garcia
Postado em 25 de outubro de 2022
Quando se fala em ópera rock, logo se pensa em álbuns conceituais onde todas as músicas em sequência contam uma história, geralmente dividida em atos. Entre os principais exemplos temos o pioneirismo de "Tommy" (The Who) e "Arthur or the Decline and Fall of the British Empire" (The Kinks); ambos de 1969.
Outros exemplos são a dramaturgia roqueira de "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars" (David Bowie); a literatura musical de "Berlin" (Lou Reed); e os progressivos "The Lamb Lies Down on Broadway" (Genesis) e "The Wall" (Pink Floyd); todos dos anos 70.
O Queen, entretanto, surgiu levando a ideia de ópera rock no sentido musical, não no sentido lírico. Já nos primeiros álbuns da banda estão presentes diversos elementos de ópera e música clássica, principalmente por parte de seu brilhante vocalista Freddie Mercury. E a beleza e sutiliza eram contrastados com um rock pesado inspirado em bandas como Led Zeppelin e Black Sabbath, presente em faixas como "Brighton Rock", "Ogre Battle" e "Stone Cold Crazy".
Esse lado pauleira geralmente ficava a cargo do seu guitarrista Brian May, que desde o álbum de estreia, lançado em 1973, já possuía uma sonoridade mais que distinta: inconfundível. Um dos segredos de seu som é a Red Special — guitarra feita em casa por ele com seu pai a partir de sucata, da madeira às ferragens.
Em vídeo raro disponível no YouTube, aparentemente do começo dos anos 80, ele apresentou a Red Special:
"Devo ter sido a primeira pessoa a construir uma guitarra pensada para dar microfonia. Eu assisti Jeff Beck ao vivo enquanto fazia essa coisa. Ele segurou a guitarra assim [segura a guitarra verticalmente] na frente de um amplificador, girando para os lados e tirando diferentes sons dele. Eu queria que minha guitarra fosse um instrumento vivo, que se comunicasse com o ar, por assim dizer. Então, eu não sei se fomos espertos ou se demos sorte... mas funcionou! Ela [a Red Special] realmente cantava. Essa guitarra realmente canta."
Além de músico, Brian May é acadêmico, doutor em astrofísica, logo, possui uma visão distinta de conhecimento. Enquanto muitos manteriam em segredo a "fórmula mágica" de seu som para não ser copiado, ele defende que o conhecimento precisa ser compartilhado para crescer, e não pode ficar confinado à ideia de posse e competitividade:
"Eu não tenho nada a esconder, cara, sério mesmo [risos]. Não. Para mim as coisas crescem quando compartilhadas, não é uma competição. O legal dos guitarristas é que ninguém é muito competitivo. Geralmente, nós curtimos som, e curtimos ver os outros tocarem."
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