Jeff Beck: "Meus amigos eram marginais, a guitarra me salvou"
Por André Garcia
Postado em 16 de janeiro de 2023
Dos 78 anos vividos por Jeff Beck, 60 foram devotados à música. De sua entrada para o Yardbirds como substituto de Eric Clapton à sua parceria com Johnny Depp, ele se tornou o maior dos guitarristas de música instrumental. Sem ele, provavelmente não haveria Joe Satriani, Steve Vai e Yngwie Malmsteen.
Em entrevista com Kory Grow para a Rolling Stone ele relembrou que foi seu amor pela música o que o salvou da criminalidade: "Os únicos amigos que eu tinha eram bem marginais. Eles estavam a um passo da cadeia, todos eles. A guitarra me salvou daquilo. Eu nunca fiz grande sucesso — felizmente, provavelmente. Quando você olha a seu redor e vê quem ficou enorme, é um lugar bem deprimente, se você parar para pensar. Talvez eu tenha sido abençoado por não ter feito parte daquilo."
Jeff Beck cantou no coral de uma igreja aos 10 anos, mas sabia que seu lance era a guitarra desde que ouviu Les Paul pela primeira vez aos seis. Ele aprendeu a tocar na adolescência com uma guitarra emprestada, enquanto tentava, em vão, fazer uma em casa. Na escola de arte ele conheceu Jimmy Page em 1962 — ao lado de quem poucos anos depois tocaria no Yardbirds.
Jeff Beck
Jeff Beck descobriu a guitarra aos seis anos, ouvindo Les Paul, mas só aprendeu a tocar na adolescência. Ainda jovem, se tornou um dos mais admirados guitarristas da Inglaterra em sua passagem pelo Yardbirds, no começo da segunda metade da década. Lá ele tocou ao lado de Jimmy Page, que já conhecia desde 1962, na escola de arte.
Após deixar o Yardbirds por divergências musicais, recrutou Rod Stewart e Ron Wood (como baixista!) para formar o Jeff Beck Group. Seu álbum de estreia, "Truth" (1968) foi pioneiro no blues pesado que inspirou Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath.
Como artista solo, ele buscou um caminho diferente de colegas como Eric Clapton ao investir na música instrumental. Farto das restrições criativas do rock, ele decidiu fazer música de qualidade que o desafiasse criativamente. Sua consagração foi o "Blow By Blow" (1975), um dos mais importantes álbuns instrumentais da década. Com produção de George Martin, o produtor dos Beatles, sua música e sonoridade foram polidas e lapidadas como nunca se havia ouvido.
Ao longo das décadas, por ter rejeitado as fórmulas e atalhos da música pop, Beck jamais fez o tipo de sucesso comercial atingido por muitos de seus contemporâneos. Pode não ter sido um dos mais populares, mas foi um dos mais respeitados por sua fidelidade a seus ideais artísticos. Ousado e inquieto, se renovava e quebrava as regras, como em seu polêmico flerte com a música eletrônica no final dos anos 90.
Jeff Beck morreu de meningite bacteriana em 10 de janeiro de 2023. A notícia pegou a todos de surpresa, e foi seguida por uma imediata inundação de comovidas homenagens dos maiores guitarristas do rock. Seu último álbum foi "18" (2022), gravado em parceria com Johnny Depp.
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