"More Than Words", afinal, foi uma maldição ou bênção para o Extreme?
Por André Garcia
Postado em 16 de junho de 2023
Para o Extreme, uma banda de hard rock estilo Van Halen e Living Colour, começar fazendo um baita sucesso com uma balada mais ajudou ou atrapalhou? Foi uma bênção ou maldição?
Os anos 90 foram a década dos one hit wonders: bandas que surgiam do nada com um mega hit, e, tão de repente quando surgiam, desapareciam. A lista é enorme, e o Extreme tinha tudo para fazer parte dela com a radiofônica balada minimalista "More Than Words" — que pouco tinha a ver com seu verdadeiro som.
Em entrevista para a Matt Wardlaw pela Ultimate Classic Rock, o vocalista Gary Cherone refletiu sobre ela: "Muitos dos nossos contemporâneos fizeram muito sucesso no rock com power baladas, que eram grandes produções. Acho que 'More Than Words' foi uma anomalia, pois era só um violão e duas vozes."
Ainda na mesma entrevista, ele contou que adora assistir a vídeo de reacts no YouTube de gente ouvindo Extreme pela primeira vez: "É engraçado [...] para mim, esses vídeos de react com novos ouvintes. É reconfortante que essa música, em particular, ['More Than Words'] ainda consiga provocar uma reação na mulher ou no cara. Eles entendem a letra, o sentimento. Todas as m*rdas, todas as modas são deixadas de lado — não importa se a lançamos no final da época hair metal ou o que for. Eles olhando para a coisa como uma música, distanciados do momento em que foi lançada. Não sabem nem quando foi lançada. Receber uma reação a uma música que você escreveu anos atrás como se ainda fosse nova é emocionante.
Quando questionado pela Songsfacts sobre como se sente sobre "More Than Words" hoje em dia, Gary se mostrou grato a ela.
"Ela foi nosso veículo para o sucesso; atraiu muita gente para a banda, e até hoje ainda o faz. Teve uma época que sentíamos ser uma maldição, porque dava uma ideia errada do que a banda era. Era um décimo [do potencial] da banda. Era uma balada, mas se tornou tão grande que ficou maior que a própria banda: o pessoal conhece a música e não sabe quem canta. Mas ao longo dos anos abraçamos isso. Foi nosso veículo para alcançar um público maior. Ainda adoramos cantá-la. Liricamente, acho que se mantém relevante. Ações falam mais alto que palavras. Tem um pouco de história biográfica com uma certa pessoa, então quando ouço, volto àquela época."
Pergunta semelhante foi feita a seu parceiro, o guitarrista Nuno Bettencourt, em entrevista exclusiva para a Rolling Stone Brasil, publicada em maio de 2023 na edição 5, dedicada ao festival Best of Blues and Rock, onde a banda se apresentou em junho.
"É muito chato!", respondeu brincando. "Imagina ter de tocar uma música com todo o público cantando com você. Que terrível deve ser." Falando sério, ele prosseguiu: "Sempre foi um dos destaques do nosso show. Às vezes me pergunto se foi uma bênção ou maldição, e eu sempre digo que 'More Than Words' é um hit, por isso conseguimos fazer outros álbuns e turnês, alcançamos milhares de fãs e não estamos trabalhando no McDonalds. Tenho orgulho dela."
"More Than Words" foi lançada em 1991 no "Extreme II: Pornograffitti". Um imenso sucesso comercial, foi lançado também como single, e não só foi certificado disco de platina como atingiu o topo das paradas em vários países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido. Ainda rendeu à banda vários prêmios, incluindo sua única indicação ao Grammy, na categoria de Melhor Performance Vocal de Rock por um Duo ou Grupo.
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