O dia que Ultraje a Rigor testou se censura ainda estava de pé e acabou se dando mal
Por Gustavo Maiato
Postado em 22 de agosto de 2023
Surgido em meados dos anos 1980, o Ultraje a Rigor pegou o final da censura que ocorreu fortemente durante a ditadura militar no Brasil. No terceiro disco, a banda resolveu testar se esse impeditivo ainda estava efetivamente no ar.
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Quem conta a história é o jornalista e crítico musical Regis Tadeu, em vídeo no seu canal no YouTube.
"Quer você aceite ou não, o Ultraje a Rigor é uma banda icônica do rock brasileiro e desempenhou papel fundamental nessa cena, com músicas enérgicas e irônicas, que refletem uma atitude provocadora dentro do contexto político da década de 1980. Vejo muita gente metendo o pau na banda.
Grande parte dos antigos fãs abandonaram a banda por causa do posicionamento político do Roger Moreira, líder da banda, e as inúmeras barbaridades que ele passou a soltar nas redes. Isso precisa ser separado na hora de analisar a importância deles para o rock e para a indústria brasileira. Essas controvérsias não podem apagar tal impacto. Várias canções são lembradas até hoje como clássicos.
Essa história começou em 1983, depois que eles se tornaram razoavelmente conhecidos no circuito de bares e casas noturnas de São Paulo. Eles fizeram sucesso com compactos até lançar o álbum de estreia ‘Nós Vamos Invadir Sua Praia’, em 1985. Se tornou o primeiro LP de rock no Brasil a ganhar disco de ouro e platina. Não era para menos, pois parece uma coletânea de grandes sucessos. Depois desse sucesso, eles passaram a ter um impacto impressionante no público infantil e adolescente.
O segundo álbum é o ‘Sexo’ e houve mudanças de formação. Esse sucesso continuou, mas numa escala um pouquinho menor. Vendeu muito, mas menos. A banda passou a ser alvo de controvérsias. Já no álbum ‘Crescendo’, começou um declínio nas vendas. Isso se refletiu no próprio interesse da mídia em geral pela banda. O Roger incluiu uma canção chamada ‘Filha da P*’, que era para testar se o então anúncio da extinção da censura federal estava valendo mesmo.
Era uma maneira de chamar atenção, só que a censura não tinha acabado de verdade. Era algo extraoficialmente. Essa canção recebeu essa censura e muitas estações de rádio e programas de TV receberam recomendação de não tocar. Isso acabou estragando os planos de promoção daquele disco".
Ainda sobre a relação do Ultraje a Rigor com a política, o atual guitarrista Marcos Kleine contou mais em entrevista ao jornalista Gustavo Maiato.
"Eu já comentei demais sobre isso. Todos nós do Ultraje a Rigor pensamos da mesma forma. Agora, é complicado falar de política no Brasil. Vemos um quadro que bate um desânimo puro. Evito falar porque não adianta nada. Nunca fiz campanha para político ferrenhamente. Eu odeio o PT e isso é notório, não é segredo para ninguém.
Detesto por razões óbvias. Eu quero um país melhor e esses caras não trazem solução para nada. Ficaram 30 anos no poder, voltaram agora e é uma desgraça. O tempo vai dizer. Eu faço meu rolê. Já perdi muito trabalho por causa de política. Pode votar em quem você quiser. Eu quero sossego, não vou ficar brigando por político nenhum. Mereciam todos a lata do lixo. Não vou ficar discutindo com um moleque de 15 anos que não arruma a cama e acha que entende de política".
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