O músico da Legião Urbana que Renato Russo considerava "excepcional, mas sem cultura musical"
Por Gustavo Maiato
Postado em 19 de outubro de 2023
A Legião Urbana, uma das bandas mais icônicas da cena musical brasileira, deixou uma marca profunda na história da música com suas letras poéticas e instrumental simples, porém impactante. Uma parte significativa dessa trajetória é creditada ao talento do líder da banda, Renato Russo, mas também à contribuição fundamental de músicos notáveis, como Carlos Trilha.
Carlos Trilha, tecladista e produtor musical, desempenhou um papel vital no desenvolvimento do som característico da Legião Urbana principalmente nos últimos discos do grupo. Sua habilidade em criar arranjos atmosféricos e sua sensibilidade musical complementaram perfeitamente a poesia intensa de Renato Russo.
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Em live no Pitadas do Sal, Trilha lembrou como foi trabalhar com Renato Russo também no disco solo do cantor, chamado "Equilíbrio Distante". "Eu li uma vez que o Renato Russo lançou o ‘Equilíbrio Distante’ porque queria trabalhar comigo de novo. Ele falou de mim, dizendo que me considerava um músico excepcional, mas que não tinha cultura! [risos]. Ele citava o pianista Nick Hopkins. Eu fui educado musicalmente no piano e tudo mais. Aqui em Florianópolis estudei com um professor que tinha veia rock, por isso depois fui tocar com Leo Jaime, Kid Abelha e Legião Urbana. O piano de rock que absorvi era esse. O Renato pedia para eu tocar tipo o Hopkins, mas não sabia quem ele era! Só depois fiquei sabendo que ele tocava com o Rolling Stones".
Legião Urbana, Carlos Trilha e curiosidades
O tecladista Carlos Trilha, figura essencial na trajetória da Legião Urbana, compartilhou insights valiosos durante uma entrevista ao canal Corredor 5, abordando a peculiaridade da postura adotada por Renato Russo, o líder da banda, em relação ao comportamento no palco.
Trilha revelou que Russo não permitia que os músicos sorrissem durante as apresentações, uma prática que, na época, ele não compreendia completamente. Hoje, entende que para Renato, a seriedade no palco estava intrinsecamente ligada à entrega e ao comprometimento. O tom político e filosófico das letras exigia um respeito absoluto. "Aquilo para o Renato Russo era uma coisa muito séria. Tem um nível de entrega muito grande dele. Então, quando a gente ficava gargalhando lá no palco, era algo quase que desrespeitoso com a entrega, com as letras. O que essas letras estão dizendo?", ponderou Trilha.
Ao abordar a dinâmica dos shows da Legião Urbana, Trilha destacou que, embora não fossem permeados por descontrações típicas de outras performances, a diversão residia na qualidade excepcional das músicas e na profundidade das letras. "Não era tipo um show do Leo Jaime, que era uma festa para se divertir. No show da Legião Urbana, as pessoas iam para se divertir, claro, mas era divertido porque as músicas eram muito fodas. O som era incrível, a luz era maravilhosa. Não era divertido porque era uma bobeira. Não tinha bobeira em letra nenhuma."
Carlos Trilha ressaltou que, mesmo que tenham ocorrido momentos de descontração entre os membros no palco, a visão de Renato Russo sobre a seriedade artística da Legião Urbana estava correta. Com o tempo, Trilha passou a compreender mais profundamente a essência pós-punk e a postura política musical que a banda representava. "Fui entender o valor artístico daquilo depois", concluiu, evidenciando a evolução de sua perspectiva ao longo dos anos.
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