Vivaldi faz textão para explicar porque Kirk Hammett está ajudando a matar o solo de guitarra
Por Bruce William
Postado em 29 de dezembro de 2023
Tudo começou quando Kirk Hammett disse para a Total Guitar do Reino Unido, que as únicas pessoas que se importam de fato com solos de guitarra são outros guitarristas: "As pessoas não vão se lembrar de um grande solo de guitarra. Eu odeio dizer isso para todos os seus leitores. As pessoas se lembram de uma grande melodia, uma grande música. E eu não estou falando sobre músicos. Sim, músicos vão se lembrar de um grande solo de guitarra, mas aqueles que não são músicos, que são a maioria de quem ouve música, não vão se lembrar de solos de guitarra, vão se lembrar de uma grande melodia e de uma grande canção, especialmente se for uma canção que os leva a um lugar diferente de onde estavam cinco minutos antes".
Obviamente a declaração de Kirk irritou alguns, dentre eles o também guitarrista Angel Vivaldi, que tem em seu currículo, além do sobrenome em comum com o prestigiado compositor italiano barroco, trabalho solo e colaborações com bandas como Carnifex e Scale the Summit. Conforme relatou o Ultimate Classic Rock, Vivaldi fez um comentário sobre o post do Metal Injection no Facebook, dizendo: "Isto não poderia estar mais longe da verdade. Se o solo for escrito por um compositor e não por um guitarrista preguiçoso que depende da memória muscular, seu solo ficará com as pessoas para sempre".
Após receber mensagens de apoio, Vivaldi se empolgou e, três dias mais tarde, compartilhou uma captura de tela onde acrescentou: "Se não fosse pelo Kirk eu não estaria aqui, então tenho todo o respeito por ele. No entanto, assim que alguém se entrega a esse tipo de pensamento, tipo 'não há música boa ou memorável nos dias de hoje', esta pessoa está apenas passando o atestado que diz: 'Sou mente fechada e não procuro conhecer coisas novas para julgá-las de fato'. E não tem como você dizer isso, a menos que tenha escutado cada nova música carregada diariamente no Spotify, e poucas pessoas dessa idade realmente buscam as novidades que estão descartando sem ouvir".
Daí, ainda mais empolgado, Vivaldi elaborou sua linha de raciocínio, que está a seguir:
"Acredito que é uma escolha consciente manter-se constantemente ciente e inspirado procurando músicas novas e empolgantes. Vamos todos coletivamente prometer envelhecer com graça, mente aberta e sabedoria".
"Vi muitas ótimas respostas concordando e discordando do meu post. Certamente posso entender e apreciar muitos dos argumentos contrários, muitos pontos e ideias fantásticos que foram compartilhados! Com isso, gostaria de expandir alguns pensamentos e reflexões adicionais sobre o assunto, na busca por entendimento mútuo e clareza".
"Para entender meu ponto de vista, teremos que estar na mesma sintonia em relação à quantidade absurda de músicas sendo lançadas. Aproximadamente 23.000 músicas são enviadas diariamente para o Spotify. Vamos supor que 30% delas estejam na categoria rock e, a partir daí, 5% tenham solos. Ninguém está ouvindo 345 músicas para fazer essa acusação generalizada. Simplesmente há muita música por aí. É melhor dizer 'Eu não ouvi nenhum solo de guitarra icônico' do que 'a arte do solo de guitarra está morrendo'".
"Vamos entender por que algumas pessoas, neste caso as gerações mais antigas, têm dificuldade em descobrir esses solos. Elas estão acostumadas com Guns N Roses, Queen, Zeppelin, etc., que conquistaram o mundo e têm uma exposição da qual ninguém consegue escapar. Devido à saturação, não há como qualquer banda nova alcançar essa magnitude de sucesso e exposição. Isso nunca mais acontecerá, é um fato. Portanto, seu solo de guitarra icônico passará despercebido pela maioria dos ouvintes. Além disso, muitos dessa geração têm dificuldade em usar a tecnologia a seu favor. Entre listas de reprodução editoriais e todas as listas de reprodução personalizadas feitas para você por muitas plataformas de audição, realmente não há desculpa para permanecer ignorante. No entanto, isso exige esforço, e entendo totalmente não querer colocar trabalho em algo assim".
"E quanto ao argumento de não-músico. Solos bons e inspiradores são o que GERAM músicos. O próprio Kirk carregava uma tocha de responsabilidade quando se tratava de transformar não músicos em guitarristas que fritam, incluindo eu mesmo. Ele é uma das razões pela qual os solos de guitarra estão morrendo! Ele tem, sem dúvida, a maior plataforma para inspirar ainda mais guitarristas, mas por ter 'optado por uma abordagem crua e improvisacional' (o que ele não tem a habilidade de executar, na minha opinião) em '72 Seasons' e sei lá quantos antes disso, sua tocha agora queima muito fracamente, se é que queima. Houve um tempo durante a era 'Some Kind of Monster' em que ele defendia a importância dos solos. É possível que, por nenhum de seus solos ter o impacto que tiveram no passado, isso tenha ajudado a extinguir ainda mais sua opinião sobre quão importantes eles são. Quanto a isso, só posso especular".
"Vocês se lembram do que Lars disse sobre quanto tempo Kirk levaria para escrever um bom solo para 'The Unforgiven' (cena do documentário "Year and A Half")? Eu certamente me lembro. Para '72 Seasons', 'ele produziu de 20 a 30 solos, os entregou ao baterista da banda e ao produtor, e disse, 'Vocês editam.' Essa abordagem só funciona se você é um compositor de classe como o David Gilmour. E honestamente, essa abordagem está perfeita, ele conquistou o direito de fazer isso. Mas ele não tem o direito de dizer o que disse. Só se torna um problema quando você diz 'os solos estão morrendo' e desconsidera gerações inteiras que estão carregando a tocha que ele decidiu largar".
"Vocês sabem quem não tem essa mentalidade de jeito nenhum? Steve Vai. Ele não parece ter problema em estar aberto a descobrir novos talentos que o inspiram, nem tem problema em se desafiar continuamente com desafios INSANOS como tocar uma guitarra com quatro(?) braços em 'Teeth of the Hydra'. Podemos discutir se alguma parte dessa composição é memorável, mas caramba, aquilo foi a melhor exibição de arte performática que vi em muito, muito tempo. Há uma intenção consciente de sempre se superar, e é por isso que ele permanecerá para sempre um ícone que está constantemente se desafiando e se reinventando. Precisamos canalizar mais dessa energia quando chegarmos a essa idade".
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