Liderados pela fantástica Amy Taylor, australianos unem punk e rock garageiro com excelência
Resenha - Comfort To Me - Amy And The Sniffers
Por Patrick Raffael Comparoni
Postado em 11 de março de 2024
Nota: 9
O proto-punk, com seus elementos do rock setentista, parece ser o estilo mais adequado para situar a música dos australianos de Amyl And The Sniffers, sob liderança da fantástica Amy Taylor. Essa, porém, é uma banda surgida no século XXI, e é de se imaginar que o som do grupo carregue outras influências.
Embora tenha reminiscências de um contemporâneo indie rock, a banda é fortemente marcada pelo garage rock e nos remete principalmente a Iggy Pop And The Stooges. Isso talvez se dê principalmente por semelhanças entre Iggy e Amy; no melhor dos sentidos, a australiana tem um ar de pentelha, como um personagem que transpira travessura.
A banda já havia feito um bom trabalho com seu primeiro e autointitulado álbum, lançado em 2019, mas "Comfort To Me", de 2021, leva o som dos australianos passos à frente. No álbum, o marcante traço de garota travessa é exposto pela própria Amy logo na faixa de abertura, "Guided By Angels". Ela canta que tem muita energia, boa e ruim, e reconhece que isso é a sua moeda.
Na sequência, "Freaks To The Front" e "Choices" chegam com mais agressividade, a ponto de a segunda ser quase um hardcore. É a vez, então, de "Security" e "Hertz", duas das melhores faixas, as quais têm elementos mais modernos, com toques de um indie dançante, mas bem rockeiro.
As letras dessas duas grandes faixas, por sua vez, novamente expõem a tal moeda de Amy. Em "Security", ela pede quase desesperadamente para que o segurança a deixe entrar no pub e avisa que não está atrás de confusão, mas de amor. Já em "Hertz", é quase cinematográfica a forma como ela canta pedindo para a levarem à praia e ao campo e para lhe alugarem um carro, já avisando que quer ir dirigindo; a cena seria irritante, tamanha é a insistência de Amy!
"No More Tears" é outra ótima faixa, remetendo à grandiosa "Not Anymore" dos americanos do Dead Boys, lá nos primórdios do punk rock nos anos 1970. Em seguida, "Maggot" é provavelmente o ápice da combinação de punk, garage rock e indie desse excelente álbum. Virá, então, "Capital", retomando a pegada mais agressiva e possivelmente com o melhor solo de guitarra em "Comfort To Me".
Há mais por vir, e nenhuma faixa pode ficar sem menção. Em "Don’t Fence Me In" sobressai novamente a sonoridade indie, enquanto "Knifey" é mais uma que remete ao Dead Boys. "Don’t Need A Cunt (Like You To Love Me)" traz de novo agressividade, porém em uma linha mais Motorhead ou punk’n’roll - como, por exemplo, do Turbonegro - com ótimo trabalho do guitarrista. "Laughing" tem algo de surf music nos riffs de guitarra, e "Snakes" é uma ótima maneira de encerrar o álbum, invocando Sex Pistols.
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