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7 músicas do Queens of The Stone Age que na verdade vieram do Desert Sessions

Por Fernando Claure
Postado em 13 de junho de 2024

Em 1997, sem Kyuss e nos primórdios do Queens Of The Stone Age, Josh Homme tinha muitas ideias e muitos amigos. Apesar de não ter muita experiência como líder de uma banda, ele sabia o que queria e sabia como fazer acontecer. Assim nasceu o Desert Sessions, um projeto que começou como uma jam session e que se transformou em um coletivo musical que já teve nomes como Les Claypool (Primus), Dean Ween (Ween), Billy Gibbons (ZZ Top), Josh Freese e PJ Harvey. Atualmente o projeto conta com 12 álbuns lançados e apenas duas apresentações ao vivo.

Em um coletivo musical, a criatividade flui de acordo com os membros do momento. Muitos dos músicos que apareceram no projeto possuem estilos muito distintos do stoner rock que Homme se acostumou a tocar, mas é a habilidade em se adaptar e apenas deixar a criatividade fluir que fez com que clássicos fossem criados. Como o único membro constante no Desert Sessions é Josh Homme, algumas músicas criadas no coletivo foram adaptadas aos seus projetos, principalmente o Queens Of The Stone Age. Estes são sete exemplos de faixas que foram repensadas pela banda.

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1. You Think I Ain’t Worth A Dollar, But I Feel Like A Millionaire

The Desert Sessions - You Think I Ain´t Worth A Dollar, But I Feel Like A Millionaire

Gravada e lançada originalmente em 1999 para o álbum "Volume 5: Poetry for the Masses (Sea Shed Shit Head by the She Sore)" do coletivo, "You Think I Ain’t Worth A Dollar, But I Feel Like A Millionaire" foi cantada por Mario Lalli, vocalista e baixista da banda Yawning Man, uma das precursoras da cena de desert rock na Califórnia.

A versão do Queens of The Stone Age foi lançada como a faixa inicial do álbum "Songs for the Deaf" e é consideravelmente mais explosiva e intensa, com vocais pelo baixista Nick Oliveri, que grita e berra durante a música inteira. Com uma das últimas contribuições do baterista Gene Trautmann para a banda, esta se tornou uma das maiores músicas de toda a discografia do Queens e um marco difícil de bater. Após a saída de Oliveri, Homme assumiu os vocais de uma maneira mais suave, o que se é bom ou não depende do gosto de cada um.

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Pelo Desert Sessions, o vocal de Mario Lalli é marcante e feroz, que fica ainda mais forte com a guitarra de Josh Homme e a bateria de Brant Bjork. Apesar de ser menos frenética que a do QOTSA, esta serve mais para quem curte uma adrenalina moderada ou quem prefere um desert/stoner rock "old school". O maior divisor de águas nesse caso são os vocais, entre a explosão de Nick Oliveri e a voracidade de Mario Lalli.

2. Avon

Desert Sessions - Avon

Apesar de ter começado a ser gravado no início de 1995, o EP "Volume 3: Set Co-ordinates for the White Dwarf!!!" do Desert Sessions só terminou de ser gravado em setembro de 1997 e eventualmente lançado em maio de 1998. O álbum possui duas faixas bem similares, sendo a primeira "Nova" e a segunda "Avon". Ambas possuem o mesmo instrumental, mas apresentam diferenças nos vocais e na letra. "Nova" foi cantada por Peter Stahl, vocalista da banda Scream. Já "Avon" foi vocalizada por Homme tanto no EP quanto no álbum de estreia do QOTSA.

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Para o Desert Sessions, Homme canta com uma voz um pouco mais aguda e escondida atrás dos instrumentais. É bem crua e um pouco mal mixada, mas esse estilo dá uma sensação de que você está ouvindo diretamente no estúdio. Não é o melhor jeito de ouvir essa faixa, mas é uma experiência diferente e interessante, principalmente para quem curte as ideias sonoras de Josh Homme.

Com vocais infinitamente mais claros e bem mixados com os instrumentais, a versão do Queens Of The Stone Age, que apareceu no primeiro álbum da banda em 1998, é um grande passo em frente. A performance de Homme também é diferente, mostrando um claro desenvolvimento na sua habilidade como vocalista.

3. Like a Drug

The Desert Sessions - Like A Drug

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Gravada e lançada originalmente no álbum "Volume 6: Black Anvil Ego" do Desert Sessions em 1999, "Like a Drug" foi composta apenas por dois músicos: Josh Homme e Brant Bjork, ambos ex-Kyuss. A música se assemelha a uma ideia de stoner rock, mas com a parte de stoner elevada ao máximo. Suave e relaxante, a faixa funciona como uma junção de alt rock, lo-fi e acid rock, mas diferente do estilo de outras bandas da década de 1990, como Pavement, reproduziam essa mistura.

A versão do QOTSA, lançada em 2005, é um pouco menos distorcida que "Planet Caravan" do Black Sabbath, mas tão tranquila quanto. Se não fosse a voz de Josh Homme e a guitarra serena de Billy Gibbons (ZZ Top), seria possível acreditar que esta é uma mistura de Sabbath com The Doors. Apesar de parecer que está sendo tocada debaixo d’água, esse estilo contrastante com a maioria das músicas em "Lullabies To Paralyze", que abordam mais o hard rock, traz mais variedade para o álbum. Infelizmente a faixa não aparece em todas as versões do álbum, então se você quiser ouvir na mídia física, dê uma conferida na lista de faixas antes.

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Ambas as versões são relaxantes ao máximo. As diferenças mais perceptíveis aparecem nos instrumentos. O baixo mais forte na versão do Desert Sessions, que flui de acordo com o tom de voz de Homme, a guitarra lo-fi e a bateria de Bjork em um tempo mais rápido formam uma melodia serena, mas que te estimula a "surfar" por ela. No Queens, os estilos adotados nos instrumentos e na mixagem são menos dinâmicos, como se quisessem fazer com que o ouvinte se perca no ambiente que a tranquilidade abafada cria.

4. Hanging Tree

The Desert Sessions - Hanging Tree

Lançada um ano antes da regravação do Queens para o clássico "Songs For The Deaf", "Hanging Tree" apareceu no sétimo álbum do Desert Sessions, intitulado "Volume 7: Gypsy Marches", lançado em outubro de 2001. Dos cinco compositores originais, três viriam a retornar para a faixa em "Songs For The Deaf": Josh Homme, Alain Johannes e Mark Lanegan. A baterista Samantha Maloney foi substituída por Dave Grohl.

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A música original começa agitada, com um dedilhado agressivo por Alain Johannes, que assume as guitarras, deixando Josh Homme no baixo, o que pode explicar o porquê do baixo estar mais alto. Samantha Maloney adiciona uma intensidade na faixa, que vai contra o estilo vocal de Mark Lanegan e os back vocals de Homme, Johannes e Fred Drake. Tudo isso culmina em uma faixa sinistra, tensa, ansiosa e interessante. É possível perceber que este é o início de uma sonoridade diferente que Josh Homme viria a explorar mais no quinto álbum do QOTSA, "Lullabies To Paralyze".

Em "Songs For The Deaf", a voz de Mark Lanegan fica um pouco mais baixa e dramática, mas em um tom expressivo, como se estivesse contando uma história. A bateria de Dave Grohl assume um protagonismo diferente da versão original, com mais tiradas próprias e uma intensificada impedida apenas pela mixagem. Josh Homme muda do baixo para a guitarra e também apresenta novas ideias que acabam batendo de frente com as de Alain Johannes, abandonando o violão e aumentando o hard rock que permeia o álbum. Os instrumentos de Grohl e Homme criam uma melodia incrível e facilmente viram a principal atração da faixa, mas sem ofuscar o talento de Lanegan e Nick Oliveri.

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5. In My Head… Or Something

The Desert Sessions - In My Head... Or Something

Em 2003, "In My Head… Or Something" foi lançada pelo Desert Sessions no álbum "Volume 10: I Heart Disco (I Love Disco). A música foi gravada por músicos que viriam a participar do Queens Of The Stone Age, como Troy Van Leeuwen e Alain Johannes, e artistas convidados, como Josh Freese e Dean Ween. Em 2005, apareceu como a sexta faixa em "Lullabies To Paralyze", quarto álbum de estúdio do QOTSA, sob o nome de "In My Head", agora sem Dean e Freese e com Joey Castillo (ex-Danzig) na bateria.

Com o Desert Sessions, a música flui tranquilamente com um riff contagiante, a voz de Homme com alguns efeitos e um piano expressivo na hora do refrão. Essa versão traz Homme de volta às suas origens no desert rock, mostrando toda a influência do hard rock e acid rock no gênero que ajudou a popularizar com o Kyuss na década de 1990. A mixagem não atrapalha na experiência e acaba sendo até mesmo um ponto positivo na faixa. Vale mencionar que para essa faixa, Homme assume os vocais e a bateria, enquanto para o Queens Of The Stone Age, ele fica no baixo.

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Josh Homme regravou a música para "Lullabies To Paralyze" e mudou algumas características. A faixa agora é mais rápida, o piano fica mais escondido atrás do baixo e das guitarras e abandona elementos mais explícitos de acid rock. Aqui, o hard rock toma conta, o que acaba contribuindo para que seja um dos destaques do álbum. É uma versão mais frenética que a original, o que se encaixa no escopo do álbum, mas isso acaba afetando um pouco sua personalidade que havia sido estabelecida no Desert Sessions. A preferência acaba sendo por estilos, entre desert rock cru e hard rock polido.

6. I Wanna Make it Wit Chu

Desert Sessions - I Wanna Make It Wit Chu

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Oriunda do álbum "Volume 9: I See You Hearin’ Me" de 2003, "I Wanna Make It Wit Chu" foi gravada com Josh Homme nos vocais em todas as suas versões. Com o Desert Sessions, a artista PJ Harvey participa como backing vocal e Dean Ween na guitarra junto com Homme. Os instrumentais são, na maior parte, com a estrutura dos riffs e o tempo da bateria permanecendo iguais. Por incrível que pareça, o que mais difere as duas versões é o estilo de Josh nos vocais, que apresenta uma voz mais ríspida e rouca para o Desert Sessions. O solo de guitarra também aparece mais tímido e discreto, mas acaba casando bem com o estilo adotado.

Para o QOTSA, o título da música foi encurtado para "Make It Wit Chu" e apareceu no álbum "Era Vulgaris", de junho de 2007. Uma versão editada para videoclipe veio a ser disponibilizada depois como single em outubro do mesmo ano. A versão troca os back vocals de PJ Harvey por Chris Goss, Serrina Sims, Brody Dalle e Liam Lynch. A produção e a mixagem são superiores e a faixa ainda conta com mais instrumentos, como um piano suave que flutua na melodia criada pela voz serena de Homme e um segundo piano Rhodes, um tipo de piano elétrico.

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As duas versões são realmente muito parecidas, mas ao mesmo tempo, diferentes. Assim como em "Avon", a preferência pelas versões se dá mais pelo gosto entre uma faixa mais limpa, bem encaixada e tratada e uma mais crua, experimental e relaxada.

7. Monsters In The Parasol

Desert Sessions - Monster in the Parasol

Em 1998, no álbum "Volume 4: Hard Walls and Little Trips", o Desert Sessions lançou a faixa "Monsters In The Parasol". O EP contou com a primeira participação de Jesse Hughes (Eagles of Death Metal), Nick Oliveri (Kyuss, Mondo Generator e QOTSA) e os primos Mario e Larry Lalli (Yawning Man) no coletivo.

Para "Hard Walls", Josh Homme se juntou com Larry Lalli, Mario Lalli e Alfredo Hernández, um supergrupo de veteranos do stoner rock, considerando que os primos Lalli vieram do Yawning Man, que precede o grupo de Homme e Hernández que colocou o gênero no mainstream, Kyuss. A eletricidade da guitarra de Homme e o baixo de Larry montam um ambiente intimidador no início, que aos poucos vai sendo permeado por distorções e back vocals que parecem mais vozes do além. O estilo criado pela junção dos artistas é de uma casa assombrada chapada, então para fãs do desert rock dos anos 1990, essa é uma música mais que recomendada e provavelmente a versão favorita.

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Dois anos depois, o Queens Of The Stone Age lançou a faixa regravada em seu segundo álbum, "Rated R". Hernández, baterista que apareceu no primeiro álbum, foi substituído por Gene Trautmann, enquanto Nick Oliveri fez sua estreia como membro criativo na banda. A faixa foi reestruturada para se encaixar no álbum, por isso, o ritmo dos instrumentos são mais acelerados, enquanto as distorções são reduzidas.

Essa faixa acaba sendo uma das únicas vezes que a versão do Desert Sessions ofusca totalmente a interpretação do QOTSA. A criatividade e liberdade que Josh, Hernández e os Lalli aplicam na sonoridade da original são os elementos fundamentais da faixa. Ao abafar essas ideias em "Rated R", a música acaba sendo apenas mais uma no álbum, sem ter chance para destaque, principalmente ao lado de músicas como "Feel Good Hit of The Summer" e "The Lost Art of Keeping a Secret", que são muito mais dinâmicas e individualmente criativas do que "Monster In The Parasol".

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7.5. Cold Sore Superstars

Desert Sessions - Cold Sore Super Stars

Esse é o bônus da lista. Por que essa não conta como uma versão inteira? Porque apenas uma parte foi usada.

A música foi lançada no oitavo álbum do Desert Sessions, intitulado "Volume 8: Can You See Under My Thumb? There You Are.", em 2001. O riff principal, tocado no piano por Josh Homme, foi reinventado para o álbum "Songs For The Deaf", no maior single que a banda já lançou: "No One Knows".

De início, pode parecer que não tem nada a ver, mas é o mesmo estilo. "Cold Sore Superstars" é uma faixa mais elaborada na questão dos instrumentos, que são muito variados nos tipos de guitarra, fora os pianos e os estilos de bateria incorporados. A música também adota um tom ameno, aumentando o ritmo aos poucos. Para o Queens, pedaços da estrutura foram mantidos, mas como o álbum foi gravado com um estilo de hard rock assemelhado a longas viagens de carro (de acordo com Homme), a faixa é mais rápida, intensa e alta. A bateria de Dave Grohl, o baixo de Nick Oliveri e a guitarra de Josh são muito mais fortes que os pianos originais.

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Nada disso significa que "Cold Sore Superstars" é inferior ou ruim. As duas músicas, mesmo compartilhando o riff principal e parte da estrutura, são muito diferentes. Por isso não tem como comparar diretamente as faixas, vai mais pelo gosto do ouvinte.

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Sobre Fernando Claure

Jornalista formado em 2023, cresci ouvindo Sabbath e Metallica com o meu irmão mais velho e hoje escuto de tudo e mais um pouco. No momento meu ato favorito é o Nine Inch Nails, mas é capaz que mude daqui a um tempo. Se pudesse pegar três ídolos pessoais, estes seriam Iggy Pop, Glenn Danzig e Trent Reznor.
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