Quando a volta do Camisa de Vênus irritou profundamente Samuel Rosa, do Skank
Por Bruce William
Postado em 26 de julho de 2024
Uma das tretas mais famosas do Rock brasileiro começou em meados dos anos noventa e foi até o início do milênio seguinte, quando Marcelo Nova remontou o Camisa de Vênus com parte da formação clássica - Karl Hummel na guitarra e Robério Santana no baixo - e outros três músicos já conhecidos que vinham tocando com ele em sua carreira solo: Luiz Sérgio Carlini na guitarra solo, Franklin Paolillo na bateria e Carlos Alberto Calazans nos teclados.
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Então na edição 124 da revista Bizz, de novembro de 1995, Marcelo comentou o retorno e deu uma alfinetada no Skank, ao ser perguntado pelo motivo de ter voltado com a banda: "Eu tava em casa, o telefone tocou e era Karl (Hummel, guitarrista do Camisa). Ele me disse: 'Bicho, eu liguei a televisão e o apresentador disse que a maior sensação do rock era o Skank. A gente precisa voltar, cara!" (risos)"
Duas edições depois, em janeiro de 1996, foi a vez de Samuel Rosa retrucar, defendendo o seu grupo: "Quem é mesmo esse tal de Marcelo Nova? Ah, não é aquele que morreu amarrado no saco do Raul Seixas?".
Pronto, estava plantada a treta, que teve alguns desdobramentos ao longo dos anos; primeiro Marcelo Nova escalou um bocado mais a coisa durante um show em abril de 1996: "Samuelzinho andou dizendo por aí que morri pendurado no saco de Raul Seixas. Bicho, acho muito mais honroso morrer no saco do Raulzito do que viver chupando o pau do Herbert Vianna".
Raul Seixas nunca foi vítima, ele era um rebelde legítimo, diz Marcelo Nova
E em 2001, durante o programa Supernova apresentado por Soninha Francine e Thunderbird, exibido pela MTV, Marcelo, irritado, foi ainda mais longe ao comentar o imbróglio. Segue a transcrição da fala do cantor, que pode ser conferida a partir dos 5 minutos e 25 segundos deste vídeo.
"Eu tenho ouvido por aí, parece que ultimamente apareceram vários bons samaritanos né, eu acho curioso porque eu queria saber onde essas pessoas estavam quando o Raulzito estava sem um dente, quando estava pesando 50 kg, quando não tinha gravadora - antes dessa história de Raul! Raul! porque agora tem um monte de abutre sobre o cadáver, porque todos adoram um homem morto. Eu queria saber onde essa gente estava quando ele, Raulzito, estava naquela naquela situação sem gravadora", começa Marcelo.
"E o tratamento que é dado é como se Raul fosse uma vítima", prossegue. "Vítima de não sei o que, vítima de má companhia. A gente gostava e admirava e respeitava Raulzito porque ele era um rebelde legítimo, porque ele apontava caminhos, ele sugeria hipóteses, quer dizer, era um homem teimoso como uma mula, não fazia nada que não tivesse a fim", diz Marcelo, dando umas risadas ao mencionar a característica da personalidade de Raul. "Aí de repente, como ele não está mais aqui e não pode dizer 'não é' de viva voz, tem gente que não tem a menor ideia e vem falando para tirar uma onda tipo 'não é bem assim', porque Marcelo Nova era má companhia. Que papo é esse de má companhia???" se irrita Marcelo.
Thunderbird então pergunta, entre risos: "Você é má companhia, Marcelo?", e ele responde: "Disse assim aquele cara lá, aquele tal de Samuel Rosinha lá do Skank, ele disse que eu sou uma má companhia. E logo em relação a quem? A Raulzito, cara, que já era uma má companhia por si próprio, não precisava de nenhum aditivo!".
Marcelo então finaliza: "Hoje ficam manipulando esse negócio. Primeiro que isso é papo de tia, né? 'Ai, ele é má companhia... não vou levar ele pro cercadinho, nem para brincar de gangorra...' Que conversa é essa, meu irmão?? Pode ficar tranquilo, já disse e repito, pode ficar tranquilo Rosinha, porque eu não ando com bunda-mole. Você nunca vai andar comigo entendendo? Nunca tu vai andar comigo. Nunca!"
A opinião de Samuel Rosa, do Skank, sobre o último álbum de Raul Seixas, gravado com Marcelo Nova
Naquele mesmo ano, em entrevista ao Scream & Yell, Marcelo reiterou as mesmas palavras, com alguns adicionais.
Existe uma história de que você se aproveitou, já que estava com a carreira solo em baixa, para se levantar junto com o Raul. O que você acha disso?". Marcelo responde: "Quem saiu com essa história foi o tal do Samuel Rosinha, você conhece? O engraçado é o seguinte, onde é que esse cara estava nessa época em que eu tocava com o Raul? Deveria estar sentado numa calçada ouvindo Clube Da Esquina, pedindo autógrafo para Beto Guedes. De bunda mole o país está cheio. Está cheio de bunda mole aí".
Algumas pessoas também declararam que você foi péssima influência para o Raul, já que ele voltou a beber depois que começou a andar contigo". "Isso é a maior idiotice que eu já ouvi. O Raul já era má companhia por si só. Mas se eu sou uma má-companhia, o Samuel pode ficar tranquilo porque ele nunca vai andar comigo. Eu não ando com bundão. Ele pode ficar tranqüilo. Ele não precisa ficar se preocupando se eu sou má companhia. E logo com quem, com Raulzito (solta uma gargalhada). É, tem gente que não tem idéia do que está falando. O cara quer aparecer. É legal aparecer agora que Raul está morto e virou um mito. É legal um monte de gente querer aparecer através dele. Gente que nunca o conheceu, que não teve nenhum contato com ele. Bunda mole, não existe outra palavra. É um menino bobo"
Algum tempo depois, Samuel estava sendo entrevistado pelo Terra quando foi perguntado sobre a treta com Marcelo Nova: "Pô, mas Carpinteiro do Universo, do Raul, é muito ruim, né? O Marcelo Nova fala mal da gente faz um tempão. Tô na verdade dando muita notoriedade para quem não tem. É uma bobagem, mesmo. Não tenho o menor problema com isso. Sabe, não é a pessoa do Marcelo que me incomoda. Ele pode entender de rock, mas sua produção musical é muito medíocre. Ele canta mal, suas músicas são muito ruins, portanto nunca vou falar bem dele" (risos).
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