A balada que Axl Rose mais se orgulha de ter feito - e que não é "November Rain"
Por Bruce William
Postado em 23 de junho de 2025
Quando o Guns N' Roses apareceu, no fim dos anos 80, ninguém imaginava que uma banda tão barulhenta e explosiva se tornaria também autora de algumas das baladas mais grandiosas do rock. O disco "Appetite For Destruction" escancarou uma turma sem freio, com riffs sujos, letras ácidas e shows caóticos que lotavam estádios. Mas quem olhou mais de perto sempre percebeu que Axl Rose carregava um lado dramático, quase cinematográfico, que não cabia só em canções pesadas.
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Essa veia mais emotiva ficou clara de vez na era "Use Your Illusion", quando o Guns lançou não só um, mas dois álbuns cheios de arranjos de piano, cordas, letras confessionais e clipes que mais pareciam filmes curtos. Foi ali que nasceu "November Rain", talvez o maior hino dessa fase. Até hoje, o clipe é referência de superprodução, e a música costuma figurar em listas de "maiores baladas do rock" sem muito esforço.
No entanto, para o próprio Axl, "November Rain' não é a faixa que mais carrega sua marca pessoal. Em uma fala publicada na Far Out, ele explicou que, apesar de amar o resultado, não esteve tão envolvido em todas as etapas do clipe e da produção como gostaria. Segundo ele, a canção que de fato carrega seu DNA completo é "Don't Cry". "'Don't Cry' me dá mais orgulho que qualquer outra coisa que eu tenha feito em termos de trabalho. Em 'November Rain' eu estou feliz com o resultado, mas teve coisas em que não estive tão envolvido quanto estive em 'Don't Cry'. Então essa música é mais parte de mim", contou.

Para quem escuta as duas, faz sentido: "Don't Cry" mantém a mesma pegada de balada grandiosa, mas aposta em imagens e versos mais abertos a interpretações. Essa liberdade era importante para Axl, que desde cedo buscava misturar elementos pessoais, poesia e drama, sem necessariamente contar uma história linear. Enquanto "November Rain" é lembrada pelo solo de Slash na igreja e pela chuva de flores num casamento trágico, "Don't Cry" é mais confessional, quase um desabafo posto em forma de refrão.
Na época, não faltou quem criticasse essas canções mais suaves. Parte da banda queria manter o som cru que fez o Guns ganhar as ruas de Los Angeles. Mas Axl bateu o pé e mostrou que, entre brigas internas e mudanças de direção, valia a pena insistir em abrir espaço para suas confissões em forma de balada. Para ele, "Don't Cry" segue como prova de que por trás do vocalista inflamado existe o compositor sensível que não tem vergonha de cantar sobre coração partido, e se orgulha disso até hoje.

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