Michael Kiske só vê vantagens em trabalhar com outros dois vocalistas no Helloween
Por João Renato Alves
Postado em 30 de julho de 2025
Desde o retorno de Michael Kiske e Kai Hansen, o Helloween passou a contar com três vocalistas em sua formação. Andi Deris, que substituiu o primeiro em 1993, se manteve no posto – até por ser não apenas o frontman, mas um dos cabeças dos negócios do grupo. O que poderia causar um choque de egos acabou se tornando uma vantagem.
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Quem garante é o próprio Michael Kiske. Durante entrevista ao Stairway to Rock, da Espanha, o cantor reconheceu ter estranhado a situação em um primeiro momento. No entanto, não apenas se acostumou, como passou a ver as vantagens do cenário.
"No começo era um pouco incomum, mas só tem benefícios, na verdade. Você não precisa cantar tanto. Quer dizer, ao vivo, não fica tudo só nos seus ombros. Há outras pessoas e tempo livre. Quando alguém fica doente, dá para mudar um pouco as músicas, fazer os outros cantarem mais e coisas assim. E também, a menos que alguém odeie um cantor em particular e só queira ouvir outro, se esse não for o caso, é ainda mais divertido porque fica mais colorido. Toda a questão teatral é mais interessante quando você tem mais de um vocalista. Não tentamos nos tornar o Avantasia. Foi só porque Kai e eu voltamos para a banda e ninguém foi demitido. É por isso que fazemos tudo juntos agora. E aconteceu que a banda teve três vocalistas ao longo dos anos, ao longo da carreira."

Kiske ainda mencionou outros grupos que se beneficiaram da dinâmica. "O Kiss sempre teve dois vocalistas principais. O Linkin Park sempre teve, desde o início, dois vocalistas e tudo mais. É incomum a forma como estamos fazendo, todo mundo se juntando e fazendo tudo ao mesmo tempo. Mas eu acho ótimo. Também é mais interessante ao vivo. Tem mais coisa acontecendo."
Quanto à disputa de egos, o alemão garante não ser um problema. "Os egos não são mais tão grandes (risos). Claro que, quando um compositor oferece uma música, ele pode ter certas ideias na cabeça. Se alguém tenta mudar algo, fica um pouco pessoal. É o seu bebê. Mas nunca fica um clima realmente ruim. Nunca sai do controle. O compositor não precisa dizer ‘sim’ a nada se não gostar. E em termos de vocais, ajuda muito o fato de Andi e eu nos darmos muito bem. Então não há nenhuma briga de egos acontecendo. É sempre sobre o que é legal para a música. Muitas vezes eu passo as coisas para ele. É tipo, 'Eu tentei uma música. Não gostei muito. Você deveria tentar.' Ou o contrário. Quer dizer, até agora não foi o menor problema, na verdade."

Ainda assim, houve um momento em que a situação saiu de controle, ele reconhece. "Foi mais um pouco com o Kai às vezes, em termos de que ele adoraria cantar todas as suas músicas. Há uma magia específica quando eu canto as coisas dele. Soa como os velhos tempos, que é algo que deveríamos usar. No novo álbum ele foi muito tranquilo, mas no anterior, tivemos longas discussões. Ele queria cantar 'Skyfall'. Fiz os vocais para ela e soou ótimo, todo mundo adorou. Não é que não o queríamos, adoro quando ele canta, tem seu próprio estilo. Mas simplesmente soou bem comigo. Todo mundo sentiu 'É assim que tem que ser.' E eu sei que ele escreveu para a minha voz porque sei que quando ele estava escrevendo a música, tipo, no começo, ele me disse: ‘Ah, vai soar tão legal quando você cantar isso’, blá, blá, blá. De alguma forma, com o tempo, ele mudou de ideia.

Mas essa foi a única vez em que tivemos uma longa discussão em que todos pensaram: ‘Não. Você deveria cantar isso e aquilo, mas essa deveria ser o Michael. Soa ótimo. Soa como deveria.’ Com o Andi eu não tenho isso. Mas também consigo cantar tudo o que o Kai compõe é meio natural para mim. Não sei. Provavelmente é porque crescemos com o mesmo tipo de banda. Então, tudo o que ele compõe, eu consigo cantar e funciona. Muitas vezes, quando o Andi compõe, você ouve e é uma música do Andi. Ele simplesmente tem que cantar. É o estilo dele. Então, eu nem tento. Às vezes, ele quer que eu cante, e aí eu tento. E às vezes funciona e aí fica legal e tudo mais. Mas, como somos tão diferentes, é fácil ouvir: ‘Ah, isso é coisa para o Michael’ ou ‘Isso é coisa para o Andi’. Eu mesmo fiquei sinceramente surpreso por não haver problema algum com quem canta o quê. Só um pouquinho com ‘Skyfall’. Mas não foi uma briga, só uma conversa."

"Giants & Monsters", novo álbum do Helloween, sai dia 29 de agosto. O trabalho é o segundo de inéditas desde a união da formação atual. Nos próximos meses, a banda embarca em uma turnê celebrando seus 40 anos de carreira. Os shows começam pela Europa e terão o Beast in Black como atração de abertura. Ainda não há datas definidas para a América do Sul.

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