Eric Clapton e os dois músicos excepcionais que exigem várias audições para serem compreendidos
Por Bruce William
Postado em 14 de julho de 2025
Nem toda música nova se impõe de imediato. Algumas faixas causam impacto logo no primeiro acorde, mas outras levam tempo para serem decifradas e sentidas e, segundo Eric Clapton, esse segundo tipo costuma deixar marcas mais duradouras. O guitarrista comentou que certas obras só revelam sua força real com o passar das audições, e citou dois artistas que, para ele, se encaixam perfeitamente nesse perfil.
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O primeiro nome mencionado foi o de Mark Knopfler. Em entrevista à Rolling Stone em 1991 (via Far Out), Clapton destacou que os álbuns do Dire Straits não causam um efeito imediato, mas crescem com o tempo. "Mark Knopfler, eu acho totalmente único. Ele é um grande artesão, e é isso que conta. Digo, com o Dire Straits, se você ouve qualquer um dos álbuns pela primeira vez, ele meio que passa batido. Mas, gradualmente, vai ficando cada vez melhor, e acaba resistindo ao tempo. Eles são artesãos fantásticos."
Outro exemplo que veio à mente de Clapton foi o trabalho solo de Sting. Ele lembrou o impacto que o álbum "The Soul Cages' teve sobre ele, mesmo que não tenha sido amor à primeira ouvida. "'The Soul Cages' foi exatamente assim pra mim. Eu gostei de cara, mas era meio esotérico. Depois, foi crescendo. Por um tempo, era tudo o que eu escutava, repetidamente. Ouvia no carro, em CD. Junto com Mozart, Puccini, The Band e Muddy Waters. E ele prosseguiu ali, no mesmo nível das outras coisas clássicas."

Para Clapton, o que define se uma música é de qualidade ou não é a capacidade de provocar emoção. Ele explicou que não se importa com fama ou produção se a música não o faz sentir algo. E, para deixar isso claro, citou um nome que nunca o tocou de verdade: "Madonna é um fenômeno que eu reconheço, mas ela não me faz sentir nada. Não consigo me identificar com ela em nenhum nível, porque tudo que ela representa é apenas fruto de produção e embalagem."
É curioso que os dois artistas que ele enumerou tenham origem na mesma região: ambos são de Newcastle, no norte da Inglaterra. Embora Clapton não tenha explorado essa coincidência, ele ressaltou que o que os une é o compromisso com a autenticidade. No caso do Dire Straits, isso se traduziu até na imagem: a banda evitou o estrelato, o glamour e as estratégias comerciais. Preferiram suéteres confortáveis e discrição, enquanto Knopfler desenvolvia um estilo de tocar tão singular que nem mesmo seus colegas de ofício conseguem emular.

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