A banda que fez Eric Clapton perder a fé; "não ligava mais para a música"
Por Bruce William
Postado em 30 de setembro de 2025
Eric Clapton sempre enxergou a guitarra como um refúgio. Desde cedo, mergulhou no blues para expressar sentimentos que dificilmente colocaria em palavras. Inspirado por nomes como Muddy Waters e Howlin' Wolf, ele transformou a dor em arte e construiu uma reputação como um dos músicos mais inventivos dos anos 1960. Grupos como The Yardbirds e Cream ajudaram a solidificar sua fama, mas também trouxeram conflitos que o empurraram para novos rumos.

Depois da implosão do Cream, Clapton tentou seguir em frente com o Blind Faith, mas o projeto não durou. O passo seguinte foi Derek and the Dominos, banda que renderia seu trabalho mais marcante da época: "Layla and Other Assorted Love Songs" (1970). O disco nasceu de sua paixão não correspondida por Patti Boyd, esposa de George Harrison, e transformou em música um turbilhão de sentimentos pessoais. No entanto, o fim abrupto do grupo deixou Clapton à deriva, sem saber para onde seguir.


O guitarrista relembrou esse período como um ponto crítico em sua carreira, em conversa com a Guitar World: "Derek and the Dominos estavam gravando quando nos separamos e eu entrei naquele lugar escuro. Eu não ligava mais para a música. A gente só discutia o dia inteiro, alguém explodia e saía. A música não importava. Eu não gostava do som da minha guitarra, não gostava da forma como eu tocava, e levei um tempo para me afastar e depois voltar."
O vazio deixado pelo fim da banda coincidiu com a intensificação de seus vícios. Clapton já experimentava a heroína e, nos anos seguintes, trocaria a droga pelo álcool, o que marcaria boa parte de seus trabalhos na década de 1970. Ele próprio admitiu que muitos de seus discos daquele período registraram momentos em que estava completamente fora de controle.

Apesar disso, Clapton conseguiu encontrar forças para retomar a carreira. Mesmo entre recaídas, voltou a gravar, tocar ao vivo e consolidar sua imagem como um dos maiores guitarristas do rock. Mas aquele período revelou uma face dura da vida de um "deus da guitarra": a constatação de que, por trás da glória, havia também abismos pessoais profundos.

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