O que Metallica aprendeu sobre compor com Soundgarden, segundo James Hetfield
Por Gustavo Maiato
Postado em 22 de outubro de 2025
No início dos anos 1990, o rock vivia um curioso embate de forças. De um lado, o metal consolidado. Do outro, o grunge. Nesse cenário, até James Hetfield, líder do Metallica, percebeu que algo estava mudando e decidiu ouvir o novo som vindo de Seattle.
Culturalmente, o grunge tinha um apelo claro. Enquanto o metal e o hard rock buscavam domínio, o grunge era movido por raiva e desesperança. Essa sinceridade conquistou uma geração que já não acreditava em heróis - e acabou influenciando até quem era considerado intocável no heavy metal.


Entre as bandas que mais chamaram a atenção de Hetfield, uma se destacou: o Soundgarden. E, mais especificamente, o seu vocalista, Chris Cornell. O frontman do Metallica sempre foi fã de grandes cantores, como Freddie Mercury, Robert Plant e Ozzy Osbourne - mas foi em Cornell que ele encontrou algo diferente.
Metallica e Chris Cornell
Em entrevista à Q Prime e à MX2 Media (via Far Out), Hetfield revelou como o som do Soundgarden influenciou o Metallica durante a criação de "The Black Album": "O que aprendemos sobre uma nova forma de compor com o Soundgarden foi que você toca um riff durante toda a música, e o cantor faz o que quiser por cima. Mas, para isso funcionar, você precisa ter um cantor realmente bom como o Chris." A transcrição é da Loudwire.

Ele continuou: "Isso foi algo muito intrigante para nós. 'King Nothing' faz sentido dentro dessa lógica. Foi uma das primeiras músicas depois do Black Album, e era uma referência direta a 'Enter Sandman'."
Hetfield não apenas admirava Cornell como músico, mas também se identificava com ele como artista. Ambos traduziam suas dores e inseguranças em música - transformando o que havia de mais sombrio em arte. Após a morte de Chris Cornell, o vocalista do Metallica comentou o quanto aquele talento vinha das "partes mais escuras da mente", e como essa tragédia sempre faria parte de sua herança artística.

Essa admiração mostra por que o Metallica conseguiu atravessar décadas e continuar relevante. Assim como o grunge, a banda aprendeu a transformar emoções complexas em algo acessível, verdadeiro e, acima de tudo, humano. E se, nas palavras de Hetfield, era preciso "um cantor realmente bom" para isso, poucos na história fizeram isso tão bem quanto Chris Cornell.

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