O veterano que contraiu tuberculose na Malásia e gerou clássico do Iron Maiden
Por Gustavo Maiato
Postado em 09 de novembro de 2025
No livro "Somewhere in Time – Um Clássico do Iron Maiden", escrito por Stjepan Juras e lançado no Brasil pela Estética Torta, o autor dedica um trecho detalhado para explicar a origem e o simbolismo por trás de "The Loneliness of the Long Distance Runner", faixa do álbum "Somewhere in Time" (1986). A música, composta por Steve Harris, nasceu de uma fonte literária: o conto homônimo de Allan Sillitoe, publicado em 1959 e adaptado para o cinema em 1962.
O filme, dirigido por Tony Richardson, conta a história de Smith, um adolescente rebelde que acaba em um centro de detenção após roubar comida. Descoberto como talentoso corredor, o jovem é usado pelas autoridades em competições, mas sua rebeldia o leva a sabotar a corrida final - um gesto simbólico de resistência contra o sistema. Segundo Juras, o enredo e a postura do protagonista serviram como metáfora perfeita para o espírito do Iron Maiden: seguir em frente, mesmo que sozinho, contra as convenções.
Durante os treinos de corrida, o personagem de Sillitoe reflete sobre injustiça e raiva, sentimentos que Harris traduziu em música. O baixista explicou: "O tema é simples - na vida, você tem que correr, mover-se para frente, mesmo que isso signifique que você tenha que correr sozinho. Apenas se mexa, sem se importar com o que as pessoas possam dizer a seu respeito."

Iron Maiden e "The Loneliness of the Long Distance Runner"
Juras observa que a faixa carrega um triplo significado: além da conexão com o conto e o filme, ela expressa a própria filosofia de Harris e da banda. O Iron Maiden seria, nas palavras do autor, "a personificação do jovem corredor da história" - um grupo que conquistou tudo por mérito, sem se dobrar às regras da indústria ou às tendências passageiras. "É por isso que eles têm o direito de fazer sua própria rota, sozinhos, rumo ao seu objetivo imaginário", escreve Juras.
Musicalmente, a canção é descrita como um "galope frenético" que traduz a pulsação do corredor. Nicko McBrain cria um ritmo que simula o batimento cardíaco, enquanto Bruce Dickinson canta em linhas curtas e rápidas, aumentando a tensão e o senso de urgência. Segundo o livro, a música foi tocada ao vivo apenas uma vez - em Belgrado - e retirada do setlist por não manter a mesma energia do público, uma decisão considerada "temerária" pelo autor.
Por trás de toda essa simbologia está a vida real de Allan Sillitoe, o escritor britânico que inspirou a faixa. Nascido em Nottingham, Sillitoe deixou a escola aos 14 anos após falhar no exame de admissão para o ensino secundário. Trabalhou por quatro anos na fábrica da Raleigh, dividindo o tempo entre leituras intensas e romances com garotas locais. Aos 19, ingressou na Força Aérea Real (RAF), servindo como operador de rádio na Malásia durante a chamada Emergência Malaia. Lá, contraiu tuberculose e passou 16 meses internado em um hospital militar. Isso fez com que ele gastasse seu tempo escrevendo justamente a obra em questão.
Aposentado precocemente, Sillitoe viveu na França e na Espanha por sete anos em busca de recuperação. Em Maiorca, conheceu a poetisa americana Ruth Fainlight, com quem se casou em 1959, e manteve contato com o lendário poeta Robert Graves, que o incentivou a escrever. Desses anos de isolamento nasceu "Saturday Night and Sunday Morning" (1958), um retrato cru da classe trabalhadora britânica do pós-guerra.
No ano seguinte, Sillitoe escreveu "The Loneliness of the Long-Distance Runner", conto que lhe rendeu o Prêmio Hawthornden e se tornou um símbolo da rebeldia juvenil inglesa - um jovem que desafia o sistema e recusa recompensas impostas por autoridades. Décadas depois, essa história inspiraria o Iron Maiden a correr sua própria maratona.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
O guitarrista que Jimmy Page admitiu estar fora de seu alcance: "Não consigo tocar"
Fender lança linha de instrumentos em comemoração aos 50 anos do Iron Maiden
Monsters of Rock confirma as 7 atrações da edição de 2026 do festival
O melhor baterista dos últimos 10 anos, segundo Lars Ulrich do Metallica
A canção dos Rolling Stones que, para George Harrison, era impossível superar
O único "filme de rock realmente bom" da história, segundo Jack Black
Evanescence anuncia turnê mundial para 2026
O Melhor Álbum de Hard Rock de Cada Ano da Década de 1980
Os cinco maiores bateristas de todos os tempos, segundo Dave Grohl
Men At Work anuncia show extra em nova turnê nacional
Festival organizado pelo Parkway Drive é cancelado três meses antes
As três bandas clássicas que Jimmy London, do Matanza Ritual, não gosta
Em publicação sobre "Rebirth", Angra confirma Alírio Netto na formação atual
Roger Waters presta homenagem a Marielle Franco em nova faixa
O hit que Iron Maiden tocou uma vez só para nunca mais: "Não era enérgica suficiente"
Oito músicas que o Iron Maiden tocou ao vivo em menos de dez shows
Álbum ao vivo da última turnê de Paul Di'Anno será lançado em 2026
Bruce Dickinson relembra, com franqueza, quando foi abandonado pelos fãs
Bruce Dickinson não sabe se o Iron Maiden seria tão grande se ele não tivesse voltado à banda
Sweden Rock Festival anuncia line-up com Iron Maiden e Volbeat entre os headliners
Bruno Sutter aposta alto e aluga o Carioca Club para celebrar 50 anos de Iron Maiden em São Paulo
Steve Harris não tinha certeza de que deveria aceitar volta de Bruce Dickinson ao Iron Maiden
Graham Bonnet confirma que Bruce Dickinson já gravou sua parte em música colaborativa
Bruce Dickinson: ex-Metallica mostra foto rara do peludo vocalista na piscina


