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The Rasmus: como o Sepultura no Brasil, trazemos a Finlândia em nossa música

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 03 de outubro de 2017

A banda finlandesa THE RASMUS, com mais de 20 milhões de discos vendidos, esteve no Brasil no último final de semana. Mas onde foi o show? Não, não houve show. Enquanto Pauli Rantasalmi (guitarra) e Eero Heinonen (baixo) ficaram na Finlândia, Lauri Ylönen, vocalista da banda, e Aki Hakala, o baterista, passaram três dias em nosso país conversando com os fãs e os jornalistas sobre seu mais novo álbum, "Dark Matters", que será lançado oficialmente nesta sexta-feira, 6 de outubro. Nós também estivemos no hotel onde estavam hospedados (segredo de estado), conversamos sobre o disco e sobre vários outros assuntos e quase conseguimos convencê-los a ir ao show de ALICE COOPER, velho conhecido deles, no estádio do Palmeiras, Allianz Park. Antes de chegar ao Brasil, um susto: os dois músicos foram surpreendidos por dois terremotos no México (um dos assuntos de nossa entrevista). Leia a entrevista na íntegra logo abaixo.

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Daniel Tavares: Primeiro, nós estamos aqui pra falar sobre o "Dark Matters". E eu sei que todo mundo está perguntando sobre isso. Ok, mas temos que falar sobre isso. E esta tem que ser minha primeira pergunta. O que os fãs podem esperar do "Dark Matters".

Lauri Ylönen: Sim, nós lançamos agora quatro canções do álbum. Toda sexta, antes do lançamento, que será em 6 de outubro, nós estamos lançando uma canção, uma por semana. Nós queremos mostrar todos os lados diferentes do álbum, porque os fãs estão muito curiosos com o que vamos fazer. Então lançamos canções de tipos diferentes. Tem uma canção chamada "Wonderman", por exemplo, que tem um riff bem rock, com double bass drumming, que soa como o velho RASMUS. E há uma outra canção como "Nothing", ou a "Silver Night", que tem uma vibe pop, muito mais dançante. São estilos diferentes no mesmo álbum. E isto é o que eles esperam. Mas eu acho que todas as canções têm como se fosse uma linha em comum, se você ouvir as melodias e as letras. Se eu as tocasse aqui com um violão elas pareceriam bem umas com as outras. Então, são diferenças na hora da produção.

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Daniel Tavares: Que canções, além dos singles, "Paradise", "Silver Night", "Wonderman", que canções vão estar nos seus próximos setlists?

Lauri Ylönen: Esta é uma boa pergunta.

Aki Hakala: Sim, não pensamos nisso. Nós temos tocado só "Paradise" ao vivo até agora. Mas há uma canção chamada "Empire", que uma das minhas favoritas neste álbum. Eu acho que esta será uma matadora quando tocarmos ao vivo. Ela tem um ritmo agradável, boas melodias e uma boa energia.

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Lauri Ylönen: E tem outra canção, que é uma balada, chamada "Dragons into Dreams". Esta seria uma boa canção ao vivo. Ela é bem simples no arranjo e seria bom para as pessoas, porque elas gostam de cantar junto. Ela fica muito íntima.

Daniel Tavares: E sobre as pessoas cantando junto, quando nos seus shows as pessoas cantam as canções, ficam muito emocionadas com suas letras, cantam o show inteiro, o que vocês sentem quando veem, lá do palco, todas as pessoas cantando suas canções?

Lauri Ylönen: Eu me sinto maravilhado, claro. Se as pessoas podem se relacionar com as letras, porque toda vez que eu escrevo uma letra é uma história muito verdadeira para mim, algo que aconteceu comigo, alguma experiência por que passei. Eu tenho muito feedback dos fãs, das pessoas, e eles se encontraram com as letras. Como ontem, nós tivemos um encontro, um meet and greet, com os fãs, com 80, 100 fãs em um pub aqui e muitas pessoas vieram pra mim e disseram que conseguiram atravessar tempos muito difíceis em suas vidas, por causa da nossa música. E este é realmente o melhor feedback que você pode conseguir de um fã, ou de qualquer pessoa. Se sua música pode ajudar as pessoas a passar por momentos difíceis, encorajá-las a seguir adiante, é uma grande conquista.

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Aki Hakala: Eu estava agora há pouco assistindo no YouTube ao show que fizemos, o único show que fizemos, há onze anos, no Brasil. Eu lembro que tocamos "In The Shadows" na frente de talvez 25 mil pessoas em Belo Horizonte, ou qualquer outro lugar, e foi maravilhosa a forma como as pessoas cantaram junto com Lauri esta canção. Havia tanta energia e as pessoas realmente deram tudo de si, pulavam, havia algo realmente mágico acontecendo. Foi mesmo um momento muito bom.

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Daniel Tavares: Sim, eu imagino isso. Eu estou sempre do lado de baixo, sou um dos que pulam e cantam junto, mas imagino que isto seja o que vocês sentem. E quando é que vamos ver THE RASMUS no Brasil?

Lauri Ylönen: Sim, tem um tempo que não tocamos aqui, tivemos um intervalo de 11 anos. Isto é uma coisa estúpida, mas estamos tentando voltar em maio de 2018. Estamos fazendo os preparativos da turnê para a América Latina, México, em maio. Vamos tocar alguns shows.

Daniel Tavares: Isto seria legal. Só pra corrigir minha pergunta, nós estamos vemos THE RASMUS no Brasil agora, mas eu ia perguntar quando iríamos vê-los tocando, que você respondeu. [risos] E vocês estiveram no México há alguns dias. E aconteceu um terrível terremoto. Vocês podem falar sobre isso um pouco?

Lauri Ylönen: Sim, foi um sentimento muito triste quando chegamos à Cidade do México. Na verdade, estávamos no avião, em direção à Cidade do México, quando o primeiro terremoto aconteceu. Então tivemos que ir para outro aeroporto. Fomos pra Cancún antes que pudéssemos entrar no país porque as pistas, onde você pousa, estavam quebradas e não podíamos aterrissar lá. E foi horrível, trezentas pessoas, mais de trezentas pessoas foram mortas. Então todo mundo estava num clima triste. E também no último dia, quando estávamos tendo reuniões como essa, houve um outro terremoto, de 6.2 graus. Nós acordamos com as sirenes no hotel, todo mundo mandando sair para a rua.

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Aki Hakala: Quando saímos, lá fora tudo estava um caos. Mas nada realmente ruim aconteceu.
Lauri Ylönen: De qualquer forma, é horrível que você tenha que ter medo dessas coisas. As pessoas sofrem. Nós temos uma base de fãs realmente agradável no México e fomos lá muitas vezes. Agora, de agora em diante, também esperamos que possamos vir mais frequentemente ao Brasil porque, como ontem [no domingo, dia em que Lauri e Aki participaram de um meet and greet], nós vimos aqueles fãs totalmente loucos e eles nos seguiram desde a primeira vez que nós viemos, são pessoas do Brasil, mas vieram da Argentina, nos seguiram pela Finlândia, pela Europa. São fãs realmente devotados.

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Daniel Tavares: Uma coisa que sempre acontece com os artistas que vem ao Brasil e eu os pergunto o que viram por aqui, onde passaram, é que eles respondem "Oh, eu estive aí apenas por poucas horas, ou um dia, fomos ao local do show, tocamos e já tínhamos que ir para outra cidade". Vir aqui, da forma como vocês estão fazendo, apenas para dar entrevistas, vocês têm tido um pouco mais de tempo para dar uma volta e tem visto um pouco mais de São Paulo?

Lauri Ylönen: Ontem tivemos um jantar agradável depois que encontramos com os fãs. Era como um pub local. Nós fomos pra essa carne, como se chama? "Churrasca"?

Aki Hakala: "Churrasca". Foi muito bom.

Lauri Ylönen: É legal experimentar coisas locais diferentes, bebidas locais e tudo mais. Amanhã nós temos uma espécie de tour pela cidade, porque vamos ficar aqui por três dias. Então eles [nossos amigos da assessoria de imprensa] vão nos levar, eu não sei exatamente onde, mas vamos ver o que acontece.

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Aki Hakala: E também gostaríamos de ir ao Rio de Janeiro, porque é uma cidade muito bonita, mas não vai dar certo dessa vez. A praia é muito bonita, tem Ipanema...

Daniel Tavares: O Cristo Redentor, o Pão de Açúcar...

Aki Hakala: Sim. Nós temos que ir.

Lauri Ylönen: É um país muito bonito.

Daniel Tavares: Amanhã, vai haver um show aqui com o ALICE COOPER e o GUNS N' ROSES num festival [São Paulo Trip]. Talvez vocês possam ir também, se tiverem tempo.

Aki Hakala: Aqui em São Paulo?

Lauri Ylönen: Oh, eu gostaria de ir. Nós tivemos uma turnê com o ALICE COOPER. Ele é um grande amigo nosso.

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Daniel Tavares: Há uma questão que sempre pergunto também. É sobre música brasileira. Eu sempre gosto de saber o que vocês conhecem de música brasileira, se há alguma influência no seu som ou se tem alguma coisa que vocês gostem de ouvir quando estão em casa ou antes dos shows.

Lauri Ylönen: Bem, SEPULTURA. Claro. Da primeira vez que os vimos, foi quando tocamos nosso primeiro show em festival, em 1996. Foi na Finlândia, numa cidade pequena chamada ... [N.T. Sentimos muito, vamos ficar devendo o nome da cidade]. Era um festival pequeno. O SEPULTURA tocou lá quando tocamos no nosso primeiro palco de festival. E eu me lembro de ter ficado quase doido, porque eu adorei o ritmo e a forma como eles trazem essa coisa do Brasil para o som deles, a herança brasileira no som deles. Eu também acho que fazemos isso em nossa música. Você pode encontrar a melancolia finlandesa na música, nas escalas que nós usamos, nas melodias. Elas são muito parecidas com a música tradicional finlandesa. Então, eu acho que é importante que você tenha as raízes em algum lugar, no seu próprio país e que isso seja algo que você mostre em sua música.

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Aki Hakala: Certamente nós conhecemos essa coisa extraordinária chamada samba. Mas não sabemos dançar nem sabemos tocar, apenas também temos isso em nosso coração. Ele é muito complicado, mas eu gosto de música latina, salsa, toda essa bossa nova.É muito bom pra gente.

Lauri Ylönen: E claro, bandas e fãs, as pessoas tem suas próprias bandas. Nós acabamos de receber esse CD de uma banda. Eles cantam metal. As pessoas nos dão muito de sua música, E nós gostamos de ouvir. Especialmente quando estamos no ônibus da turnê. E divertido ouvir música depois dos shows, quando começamos a dirigir até a próxima cidade.

Daniel Tavares: Diz-se que você gosta muito também da BJÖRK. Você acha que, algum dia, você poderia tê-la cantando, participando de alguma de suas canções?

Lauri Ylönen: Eu não acho, mas eu realmente gosto muito dela, do jeito de ser, da música, de tudo o que ela tem feito. Eu a acho muito uma pessoa muito sem medos artisticamente, fazendo tudo que ela realmente quer. É admirável. Ela é muito corajosa.

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Daniel Tavares: Vamos terminar com uma mensagem para todos os seus fãs brasileiros e para os leitores do Whiplash.net.

Lauri Ylönen: Sinto muito que não tenhamos vindo aqui por onze anos. Nós também sentimos falta de vocês e estamos planejando uma turnê para maio do ano que vem. É isso.

"Dark Matters" foi produzido em Estocolmo pelos suecos do The Family durante seis meses e traz 10 faixas ardentes, arrojadas, ambiciosas, espontâneas e que resgatam propositalmente a essência de diferentes emoções obscuras, melódicas e tristes do inicio de carreira, mas apresentando uma tendência musical muito mais moderna. A versão digital do novo álbum já pode ser reservada via Spotify, Tidal, iTunes, Amazon e Google Play e outras plataformas (http://smarturl.it/TheRasmus2017). Já as versões em CDs e LPs autografados, assim como camisetas, cartazes autografados, bolsas, podem ser reservadas pelo site da PledgeMusic (http://smarturl.it/RasmusFB).

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Crédito das fotos nesta matéria: página oficial da banda
Confira o track listing oficial abaixo:

1. Paradise
2. Something In The Dark
3. Wonderman
4. Nothing
5. Empire
6. Crystalline
7. Black Days
8. Silver Night
9. Delirium
10. Dragons Into Dreams

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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