Intestinal Disgorge: entrevista ao blog Som Extremo
Por Christiano K.O.D.A.
Fonte: Som Extremo
Postado em 26 de novembro de 2012
Falar de Noisecore/Grindgore/Splatter sem mencionar Intestinal Disgorge seria um erro. Os texanos são um dos maiores nomes do estilo até hoje, embora a sonoridade da banda tenha se modificado visivelmente, sem, contudo, deixar de ser extrema. Aproveitando o recente lançamento do mais recente trabalho, o EP "Miserable", o blog Som Extremo conseguiu uma entrevista exclusiva com um dos mentores do grupo, o baterista/baixista/vocalista/"barulhista" Ryan, que falou do petardo, da carreira em geral, gostos musicais e muito mais. Curiosidade pessoal: achei que o músico iria responder as perguntas de maneira brincalhona, mas fui surpreendido por sua seriedade, mostrando seu alto grau de profissionalismo. Hora do vômito.
Som Extremo: Vocês lançaram o EP "Miserable" recentemente. O que pode dizer sobre o trabalho? Por que o disponibilizaram para download, como o álbum "Abject Horror"?
Ryan: O EP "Miserable" é um experimento em frequências extremamente baixas. Deixamos para download gratuito (Aqui!) porque queríamos gravá-lo e lançá-lo de forma rápida, sem esperar pela prensagem de discos. E também é gratuito porque ninguém para por música mais.
Som Extremo: Por que escolheram lançar o EP sem guitarras?
Ryan: Queríamos explorar o mais baixo e pesado som que pudéssemos fazer, então decidimos usar baixos (instrumento), e não guitarras. Eu adoro o som e o timbre do baixo, especialmente quando os deixamos em baixíssima frequência, como o inferno. Queríamos criar um muro de som matador, basicamente.
Som Extremo: Por que precisaram criar o selo Foaming Sewage Records ao invés de lançar o material da Intestinal Disgorge de forma independente?
Ryan: O Foaming Sewage Records é basicamente nosso caminho independente para divulgação. Não é realmente um selo. Por exemplo, não assinarei com nenhuma banda ou algo do tipo.
Som Extremo: Vocês têm uma discografia extensa. Como conseguem lançar tanto material?
Ryan: Muito tempo livre. Mas também, somos muito prolíficos e estamos sempre escrevendo/gravando coisas. Isso acontece naturalmente.
Som Extremo: Por que vocês não contam mais com uma mulher nos vocais, como acontecia no começo da carreira? Você não acha que esse seria um diferencial para a banda?
Ryan: Nossa "berradora" Pissy deixou a banda há alguns anos. Então, desde então, não temos nos incomodado mais com gritos. Sim, os berros eram como uma marca registrada do nosso som, e ainda os usamos de vez em quando. Mas basicamente, isso não me importa mais.
Som Extremo: A Intestinal Disgorge tornou-se cada vez mais madura durante os anos. Vocês não são mais tão barulhentos, e a música hoje está melhor do que nunca. Como vocês trabalham com essas mudanças? Como você vê a evolução (ou não) da banda nesse período?
Ryan: A progressão – se você quiser chamar assim – tem sido natural, orgânica. Nunca realmente planejamos como soarão nossos álbuns. Eles apenas acontecem. Nesses anos, temos misturado estruturas mais convencionais com nossos elementos Noise, sempre tentando criar sons interessantes. Acho que tentamos apenas explorar novos territórios.
Som Extremo: Particularmente, sempre quis saber isso: como é o processo de composição da banda? Como vocês "sentem" quando vão gravar com ou sem guitarras, por exemplo? (risos)
Ryan: Quase sempre, eu me sentarei e improvisarei muitas pistas de bateria. Quando termino, volto e começo a improvisar as partes de guitarra em cima da bateria. Se escuto algo que gosto, salvo isso, ou, do contrário, continuo experimentando. É basicamente assim que fazemos as músicas: apenas construindo sons com elementos improvisados. E definitivamente podemos "sentir" o que queremos fazer, mas é muito difícil explicar como isso funciona.
Som Extremo: Pessoalmente, adoro o álbum "Depravity"(Aqui!). É maravilhoso! Foi lançado no Brasil pelo selo Carnificina Records. Existem duas músicas que acho que são brilhantes - "Vomiting Rotten Pussy Giblets" e "Shit Splattered Erection" -, por causa das mudanças de velocidade das batidas. Poderia falar um pouco sobre isso?
Ryan: Sempre curti a ideia de ajustar o tempo dentro de uma música, mas não de maneira tradicional. Gosto da ideia de realmente escutar a mudança de tempo, como alguém diminuindo/aumentando a velocidade da gravação. É um efeito interessante para mim.
Som Extremo: Conhece algumas bandas brasileiras, sem contar Sepultura e Krisiun? (risos) Talvez Rotting Flesh ou alguma outra?
Ryan: Escuto muitas bandas antigas, não muitas novas. Ainda tenho coisas da Gore e Rotting Flesh. Ainda adoro essas bandas.
Som Extremo: É fácil sobreviver fazendo música extrema como a de vocês nos Estados Unidos?
Ryan: Não mesmo. Acredite, não fazemos turnês ou coisa alguma, que é o único caminho para sobreviver nesses dias. Mas até mesmo bandas que excursionam, tenho certeza, não estão tendo uma vida muito boa. Mas então novamente, entra na música extrema achando que vai conseguir grana, está cometendo um erro.
Som Extremo: Como você vê a cena underground hoje em dia? Que bandas recomenda?
Ryan: honestamente, não escuto tanto mais. Cresci entediado com música underground, e se eu a escuto, são sempre álbuns antigos, que tenho há vários anos. Curto ouvir músicas antigas dos anos 50 e 60, na verdade. É o que geralmente escuto atualmente.
Som Extremo: Alguns planos para tocar no Brasil?
Ryan: Não dessa vez. Seria legal, com certeza, mas mal posso pagar a gasolina para dirigir para trabalhar de manhã, ainda mais pegar um avião para o Brasil.
Som Extremo: Alguma mensagem para os fãs brasileiros?
Ryan: Sim. Vocês, caras, têm sido sempre nossos maiores apoiadores, e amamos vocês por isso. Temos lançado vários álbuns por selos brasileiros, e agradecemos vocês por toda a força. Obrigado novamente, e lembrem-se: o que quer que faça, divirta-se. A vida é uma pilha gigante de merda, e o único meio para se divertir é rir.
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