Amorphis: "rotular é matar a criatividade e originalidade"
Por Karina Detrigiachi
Fonte: PyroMusic
Postado em 26 de maio de 2009
O guitarrista Tomi Koivusaari da banda finlandesa AMORPHIS, concedeu entrevista ao site australiano PyroMusic onde falou sobre o novo álbum ‘‘Skyforger’, a rejeição dos fãs à nova sonoridade da banda e shows na América do Sul.
PyroMusic: Você pode nos contar o significado do título do álbum ‘Skyforger’?
Tomi: "A história deste álbum é baseada em Kalevala, uma mitologia finlandesa. É sobre um falsário chamado Ilmarinen, ele é um ‘falsário do céu’ (Skyforger). Ele termina uma espécie de trilogia que se iniciou no álbum ‘Eclipse’ (2006), em cada álbum há uma história sobre um personagem de Kalevala. Particularmente, eu vejo toda a invenção sobre os céus mais como uma metáfora para tentar fazer algo parecer surrealmente grande, e acho que a felicidade vem a partir daí".
PyroMusic: De que forma você sente que o novo álbum é um progresso comparado a seus últimos trabalhos?
Tomi: "Acho que estamos tocando melhor como banda, nós pela primeira vez mantemos o mesmo line-up durante três álbuns, e fizemos centenas de shows juntos. Os arranjos estão mais focalizados, tivemos muito mais tempo para pensar sobre o álbum enquanto gravávamos algumas demos antes de realmente entrarmos em estúdio, os sons estão muito mais dinâmicos. Não queríamos reduzir tudo até o limite, mas sim, deixar mais espaço, e as músicas, comparadas aos outros álbuns, possui escalas maiores do que as músicas anteriores. E em minha opinião, o Tomi também está cantando melhor do que nunca".
PyroMusic: Na minha opinião, o novo álbum apresenta algumas das maiores melodias que o AMORPHIS já fez até agora, em toda sua carreira, e também foi descrito como o "mais musical" álbum que já gravaram. Era este o objetivo quando você começou a escrever e gravar essas músicas?
Tomi: "As melodias sempre foram muito importantes pra nós, então desta vez não foi diferente. Nós sabíamos qual seria o tema do álbum, então acho que conseguimos alguma inspiração a partir disso. Comparando-o com o ‘Silent Waters’ (2007), que foi nosso álbum mais obscuro, assim como o seu tema, o 'Skyforger' possui mais ar e espaço. Mas no geral, tudo sempre acontece de uma maneira muito natural, pelo sentimento, por isso não propusemos fazer nada do que fizemos. A primeira vez em que paro para pensar sobre como ficou um álbum, é quando já estou com uma cópia dele em minhas mãos".
PyroMusic: O álbum também tem carga zero e ao que me parece, você tinha trabalhado muito para fazer as canções ficarem tão boas quanto poderiam ficar. Inicialmente, quantas músicas você gravou para o álbum?
Tomi: "Sempre tentamos fazer um álbum por inteiro, e não algumas músicas boas e outras somente para preenchê-lo. Então fico muito feliz em ouvir isto. Nós gravamos 18 músicas, nas quais em 12 fizemos os vocais. As outras músicas não eram exatamente fracas, mas as que escolhemos para integrar o álbum eram as melhores quando pensávamos no álbum inteiro".
PyroMusic: Será que essas músicas poderão aparecer no futuro, talvez em B-sides?
Tomi: "Não sei se um dia terminaremos essas músicas. Possuímos duas músicas extras para uma versão digipack e B-side, estas são 'Separated' e 'Godlike Machine'. Então nos restam seis músicas sem os vocais. Geralmente, neste tipo de situação elas serão esquecidas, pois um álbum sempre se inicia do zero. Músicas extras para um DVD também seriam uma boa idéia. Veremos".
PyroMusic: Quais são sua três músicas favoritas do novo álbum e por quê?
Tomi: "Hmmm... isso muda a cada semana, mas no momento são 'Majestic Beast', 'Sky is Mine' e 'From the Heaven of My Heart'. Estas músicas como que oferecem ao mesmo tempo, algo novo e antigo, e com certeza serão futuras músicas ao vivo.
'Majestic Beast' é uma das mais pesadas que já fizemos, 'Sky is Mine' é uma das mais rápidas e 'From the Heaven of My Heart' possui uma base estilo AMORPHIS, com umas passagens folk e melodias agradáveis.
PyroMusic: Vocês escolheram o Sonicpump Studios para a gravação do álbum. Vocês se sentem confortáveis em gravar lá?
Tomi: "Pra nós esta foi uma escolha muito fácil de fazer, pois ele é situado em Helsinque e fica próximo de onde moramos. Além disso, sabemos que são caras que estão quase correndo da nossa infância. É um estúdio muito legal e confortável, com bons equipamentos e tudo o mais. E o mais importante, há uma sauna com monitores, então você pode ouvir as fitas enquanto está na sauna! (risos)"
PyroMusic: (Risos) Continuando, a banda possui muitos fãs na Austrália. Podemos esperar uma visita na Austrália para alguns shows na turnê do ‘Skyforger’?
Tomi: "Estou feliz em ouvir isto uma vez que eu não tinha ideia sobre nossa base de fãs aí, nem mesmo se tínhamos algum fã. Claro que recebemos e-mails e conheci pessoas em nossos shows que vieram da Austrália para nos ver, mas não tinha idéia se havia um número suficiente de pessoas para organizar shows. Da mesma forma, pressionamos nosso empresário há anos para ver se há como marcar um show para visitarmos a Austrália, nenhum de nós nunca foi aí. Sobre a Austrália conhecemos ‘Crocodile Dunde’, AC/DC, cangurus, Mel Gibson, Foster's, uma natureza maravilhosa, sotaque engraçado, e se furássemos um buraco na Finlândia, estaríamos quase aí! (risos). Existem alguns planos sérios para dois shows aí no próximo Réveillon, se não estou errado em Sydney e Melbourne. Eu não sei se já estão confirmados, mas espero que isso realmente aconteça".
PyroMusic: Nós dois esperamos. Quantas músicas do ‘Skyforger’ vocês tocarão na próxima turnê?
Tomi: "Agora, um set-list para tocar ao vivo, não é mais algo fácil de se fazer, há tantas músicas que gostaríamos de tocar e tantas que os fãs gostariam de escutar. É certeza de que haverá músicas envolvendo de toda a nossa carreira, e provavelmente quatro ou cinco do novo álbum".
PyroMusic: O AMORPHIS pretende fazer uma turnê de quanto tempo para este álbum?
Tomi: "Pelo menos até o final do ano, já estaremos muito ocupados. Eu não sei se depois disso daremos continuidade. Primeiro teremos alguns festivais de verão, depois turnês na América do Sul, Europa e Finlândia e também alguns shows na Rússia e Austrália".
PyroMusic: Ótimo ouvir isso. Alguns fãs deixaram de ouvir o AMORPHIS depois que o vocalista Tomi Joutsen se juntou à banda alegando que o som mudou muito. Há algo que você gostaria de dizer aos fãs do AMORPHIS que talvez não tenham dado uma chance a essa formação da banda?
Tomi: "Todo mundo é livre para decidir que tipo de música deseja ouvir, claro. Nós fazemos música para nós mesmos, em primeiro lugar, o que significa que estamos fazendo algo honesto, e que parece correto. Isso mantém a vontade de continuar fazendo música. Se alguém não gosta do que fazemos, o que eu posso dizer? Para algumas pessoas, parece que o mais importante é pensar que algum tipo de música se encaixa ou não em algum gênero. Eu posso aceitar isso ou não. Eu simplesmente acho que música é música, e rotular a música é matar a sua criatividade e originalidade".
PyroMusic: Agora uma pergunta mais pessoal, há algum lançamento que você tem escutando com freqüência?
Tomi: "Muitos! Os que me vieram primeiro em mente são ‘Crack the Skye’ do MASTODON e ‘Watershed’ do OPETH. Ótimos, dois ótimos álbuns".
PyroMusic: A última pergunta. Você tem alguma mensagem para os leitores do PyroMusic.net?
Tomi: "Escutem o álbum ‘Skyforge’, saudações aos nossos fãs e nós esperamos ver vocês na Véspera de Ano Novo!"
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