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Uns e Outros: Comemorando a maioridade do grupo e colhendo os frutos

Postado em 27 de junho de 2004

No final do mês passado em meio a um corre-corre típico antes de um show, pudemos conversar no camarim com um dos veteranos do Rock Nacional em plena atividade: O Uns e Outros. Comemorando a maioridade do grupo e colhendo os frutos do último CD, batemos um papo com o vocalista Marcelo Hayena e o batera Zarmo. Confira.

Por Luciano Lima


Luciano - Pela empolgação e dinamismo da sonoridade parece que não, mas o Uns e Outros já tem 18 anos. Como é ser uma banda de rock num país com tamanhas dificuldades, numa indústria musical surreal? Mesmo assim o campo aqui é fértil pra inspiração?

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Marcelo Hayena / Desde muito cedo a gente aprendeu que grana, sucesso, fama é conseqüência do trabalho que você faz. O campo sempre é fértil. A gente passou um tempo afastado, pois não tínhamos muita coisa a dizer. Então achamos por bem dar um tempo do que fazer um trabalho meia bomba.

Luciano - Tomar um gás...

Marcelo / Isso. A gente parou, se reciclou. Nisso o Ronaldo Pereira (baterista) saiu um pouco antes da gente começar essa jogada do último disco, aí depois demoramos muito pra achar um baterista. Depois saiu o Cal Galvão (baixista) no final de 95. Em 96 começamos a compor, já no final de 96 começamos os ensaios com a nova formação.

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Luciano - Quais as bandas vocês escutavam? O que liam? O que influenciava e provocava vocês antes desse período ??

Marcelo / Doors, Led Zeppelin, Deep Purple, David Bowie. Em termos literários : Camus, Jean Paul Sartre, Gabriel Garcia Marquez, Nelson Rodrigues...

Luciano - Vocês eram muitos influenciados pelo progressivo. Quais eram as bandas?

Marcelo / O Nilo (guitarrista) e o Cal (ex-baixista do grupo) escutavam muito Rush, Pink Floyd e tal . Eu não. Mais Siouxes and the Banshees, Echo & the Bunnymen,...

Luciano - O CD "Tão Longe do Fim" tá bem pesado como sempre foi o Uns e Outros. Renovaram mantendo a identidade... É como se o Legião Urbana tomasse doses de Linkin Park, sem deixar a poesia. Esse foi o caminho natural, a intenção foi atualizar o som? De quem foi a idéia? Paulo Jeaveux (produtor da Seven) sugeriu isso?

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Marcelo / Não. Fomos nós mesmos. A partir do momento em que o Zarmo (baterista), China (baixista) e o André Manieri (guitarra base) entraram na banda a gente começou a debater o que seria um próximo trabalho. Como a gente percebeu que a maioria dos artistas vinham, depois voltavam com um trabalho acústico, resolvemos pensar... O Titãs já não lançavam um disco de tanto sucesso antes do acústico, aí veio o Capital Inicial...

Luciano - Aliás o Capital deu o boom...

Marcelo / É, exatamente... Só que gente resolveu ir totalmente contra a maré. Fizemos um disco bem denso, baseado em bateria e guitarra. A preocupação de fazer um disco autoral, novo. Não repetir fórmulas.

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Zarmo Manieri / Nas realidade essas bandas voltavam com um tipo de som que era antigamente. Elas voltavam com a mesma roupagem do que era há um tempo atrás. E como metade da nossa formação era nova, nós não tínhamos necessidade de voltar com o mesmo som. Então propomos voltar com um som novo, mais moderno do que fazíamos.

Luciano - Alguém aqui escutou o último do The Cult ? Tá bem pesado e mantendo o conteúdo nas letras.

Marcelo / O Nilo (guitarrista) já ouviu com certeza.

Luciano - Alguém aqui já conheceu alguma "Menina da rua 4" ?

Marcelo / Várias. Toda rua tem.

André Manieri / Toda rua é Rua 4 (risos gerais).

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Luciano - A faixa "Labirinto" é uma uma depressão romântica adolescente. Faz lembrar "O cristo da parede" (do 2o disco). Será que a juventude um dia vai realmente encontrar "um caminho" e derrubar os sonhos inúteis e descartáveis ?

Marcelo / Cara, eu acredito que não. Eu estava outro dia conversando isso com um colega meu. Acho que a gama de informações hoje é tão grande... Na década de 80 não. Você ia atrás de um livro por informação, por indicação de um colega, então você selecionava mais as coisas e dava valor pra isso.

Luciano - Seria então a morte do desejo... Se tem tudo na mão, mas...

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Marcelo / (bem enfático) Cara, a gente fala exatamente isso nesse próximo disco. O disco chama-se "Canções de amor e morte" e ele fala justamente sobre isso: A morte do amor, do desejo.

André / A gente tá falando isso questionando até, por que as coisas ficaram banais. Você vive num mundo superficial. É o fast food

Marcelo / Ninguém se aprofunda em nada no mundo externo ou nos relacionamentos afetivos, na subjetividade.

Zarmo / Antes pra você conseguir um disco legal tinha que correr atrás pra caramba, pedia a alguém pra trazer o disco lá de fora e dava um valor danado. Hoje você tem Internet, acesso rápido, baixa o que quiser... Então as pessoas têm a informação muito rápido sem trabalho e sem avaliar...

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Marcelo / Na verdade a Internet é uma selva. Dependendo do caminho que você pegue vai encontrar coisas legais ou num outro atalho coisas horrorosas. E parece que as pessoas têm um fascínio por esse lixo cultural. A coisa mais apurada tá ficando pra trás.

Luciano - A música "O seu herói" (parceria com Bruno Gouveia do Biquíni Cavadão, no 2o disco) já passou pela sua cabeça nesses anos de dificuldade? Poderiam me responder se o sucesso acomoda? Vejo as bandas consagradas hoje com um material de nível discutível comparado ao início da carreira. Falta a verve? Vocês têm essa autocrítica ? Falta mais ironia e provocação?

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Marcelo / Olha, no nosso trabalho apesar de termos uma linha bem lírica, a gente também puxa pelo sarcasmo. Muito. Todos nossos discos têm. Não é uma piada. É uma brincadeira com a vida. O artista tem que provocar. Neste próximo disco a gente tem uma música que se chama "Eu matei o amor" e fala "Não haverá mais dor no coração, nem sofrimento, nem culpa, nem solidão. Porque essa noite eu te fiz um favor, eu te salvei, eu te livrei da dor: Eu matei o amor. Quem nunca teve nunca vai saber. Se não viveu nunca vai saber. Quem não provou não vai ter o sabor, porque eu te salvei. Eu te livrei da dor. Eu matei o amor". (...) Quer dizer, na verdade a gente tá fazendo uma sacanagem com as pessoas. A gente tá botando as pessoas pra pensar e expondo a carne.

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Luciano - Apenas citando a figura de um dos heróis dos 80 como Michael Jackson e que hoje se encontra em plena decadência eu pergunto: Marcelo o que você faria com seu herói hoje, daria "5 tiros" ou uma esmola pra ele?

Marcelo / Hoje em dia eu não tenho mais heróis. Não tenho mais. Eu acho que a gente tem pessoas que a gente admira, mas heróis, heróis... O herói na verdade faz parte de um período de juventude, adolescência. Hoje a gente tá muito mais maduro. Na verdade eu não daria tiro em ninguém e acho que cada um faz o trabalho que acha conveniente pra sua vida, pra sua carreira. Agora com certeza as pessoas acomodam. Eu não sei se é pelo sucesso ou por causa da grana mesmo, da vida boa e tal. Eu acho que a função de todo artista é alertar, é procurar fazer pensar. Não é só divertir. Dos anos 90 pra cá andou uma onda do tipo "Olha Rock’n Roll é diversão, então vamos nos divertir". Não. Rock’n Roll não é só diversão. Você quando tá com um microfone na mão você tem a obrigação de alertar, não de ensinar, mas dar um toque nas pessoas da tua visão do mundo, da sociedade.

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Luciano - Pegaram essa coisa só da diversão pra ganhar mídia facilmente

Marcelo / Claro.

Zarmo / Voltando ao início da pergunta, acho que essa coisa de pop stars funcionou durante um tempo somente.

Luciano - Parabéns pelo website da banda. Deu pra fazer uma bom trabalho de pesquisa sobre a obra de vocês. Muito útil e sem firulas inúteis...

Zarmo / Agradecemos ao ótimo trabalho do Fernando Ramos, responsável pelo website.

Luciano - Depois de algum tempo como foi consolidar essa nova formação? Zarmo (batera) é irmão do André (guitarra) que é primo do China (baixo)... Como foi esse nepotismo na banda? Como foi a ponte pra chegar nos atuais membros ?

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André Manieri / Eu e o Nilo já nos conhecíamos, trocávamos idéias, conversávamos. Ele me contava sobre coisas que a banda gostaria de fazer. A gente se conheceu nessa coisa de comprar equipamento, de comprar guitarra. Antigamente não tinha essa facilidade. Quando a gente começou pra você conseguir uma boa guitarra você tinha que recorrer ao cara que importasse. Não havia lojas como se tem hoje, a facilidade pra se comprar bons instrumentos e a gente acabou se conhecendo nessa. A gente passou a trocar telefone, trocávamos idéias, falávamos sobre coisas novas em termos de sonoridade. Eu o Zarmo e o China fazíamos parte de uma banda chamada Norai. Só tocávamos covers. Depois de algum tempo saímos da banda mais interessados na coisa autoral. Nós três mais o Nilo ficávamos tocando e compondo sem compromisso...

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Marcelo / É, e antes disso o André já fazia violão em algumas músicas com a gente nos shows, já viajava com a gente.

Luciano - Lembro da foto do disco "A 3a onda" o grupo olhando o horizonte... O que vocês esperavam do futuro nos anos 80, início dos 90 ?

Marcelo / O que eu esperava com a banda quando eu tinha vinte e poucos anos, quando a gente se juntou e começou a fazer um som em 83, era ficar conhecido no bairro, comer o máximo de mulheres possível. Nós não tínhamos muita pretensão de sermos uma banda que faria a diferença. A gente queria se divertir. Quando a gente gravou o 1o disco pela Polygram é que a gente viu que dava pra falar alguma coisa. Antes eu não podia imaginar que daquela brincadeira ali no porão ia sair um disco e agente ia viajar o País inteiro. A gente não podia imaginar isso. Gravar um disco então era uma coisa além do que agente podia pensar. Nesse exato momento na foto do 3o disco esperávamos dar continuidade ao trabalho. Já estávamos pensando em mudar a sonoridade como você citou no início da entrevista. Já estávamos pensando nela no final da composição do "A 3a onda". No ano seguinte iríamos lançar um trabalho muito mais pesado, com outras abordagens.

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Luciano - Vocês tiveram a visão dos que estava rolando...

Marcelo / Isso muito antes do Titãs lançar Titanomaquia, antes de qualquer banda um pouco mais pesada pisar no pedaço.

André / Pra você ter uma idéia, a sonoridade do trabalho do Uns & Outros em 92 foi essa. Anos depois o Raimundos veio aparecer com esse formato pesado. A banda já tinha essa visão, só que o cenário não era favorável a esse som.

Marcelo / O cara da gravadora chegou pra gente e disse "Olha volta daqui a 5 anos que talvez a gente grave esse disco".

Luciano - Marcelo, no show de lançamento do último CD (Lona Cultural de Realengo em 2002) você disse que era o 1o local que tocavam depois do exílio. O que é mais difícil, alcançar o sucesso ou ficar preso sem poder retribuir a saudade do público de vocês?

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Marcelo / Na verdade a gente passou um tempo mesmo parado e era natural que as pessoas tivessem um receio em apostar no nosso trabalho já que queríamos apostar em algo diferente. Todo mundo nos enxergava como: "Vamos regravar as músicas em formato acústico e tal". Nós não queríamos nada disso. Os únicos que apostaram na idéia foi o pessoal da Seven (selo da Sony responsável pelo último CD) e agente abraçou. Só que tiveram mil problemas de produção. A gente assinou em 2000 e só fomos lançar em 2002. Mas valeu a pena porque nesses anos todos uma coisa que a gente aprendeu bem foi o exercício da paciência. A gente é muito paciente. Não temos tanto desespero assim pois a mensagem que a gente quer passar para o público independe do ano que ele vier. Eu não tenho data pras minhas músicas. Você vê que "Carta aos missionários" mesmo após doze anos de lançada ela continua tocando. A gente toca nos shows e as pessoas reagem como se tivesse sido lançado há 2 meses atrás. Então é essa a proposta da banda. A gente teve muita paciência realmente e quando eu disse aquilo, naquele momento, foi mais um desabafo porque ficar sem gravar é uma coisa, mas ficar longe do teu público, sem poder dizer aquilo que você tem vontade é muito difícil.

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Zarmo / Completando isso que o Marcelo falou o exílio se trata, na realidade, dessa demora que aconteceu na produção do disco. A partir do momento em que a gente assinou até o disco ser lançado, a demora foi como um exílio. Foi uma coisa que estávamos cheios de vontade e realmente alguma coisa impedia a gente de voltar. Foi justamente esse o desabafo do Marcelo.

Marcelo / As coisas aconteceram além das nossas expectativas porque recebemos boas críticas do disco, nosso público de anos atrás achou maravilhosa a nossa mudança. Eu acho que foi legal por ser um disco que abriu portas pra muita gente boa. Meses depois a Pitty lançou um trabalho nos mesmo moldes, e isso é gratificante pra nós. Saber que abrimos caminhos pra muita gente.

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Luciano - Teve até ator da Globo regravando " Pra nunca mais partir"...

Zarmo / Pois é. O Dado Dolabella. Ficou legal...

Luciano - Analisando a trajetória da banda e as apresentações no palco, pode se verificar a densidade e peso das letras e das levadas. Com algumas exceções. Pode se dizer que Uns e Outros vai ter a mesma angústia, ou será que a testosterona um dia vai baixar?

Marcelo / Não, não vai não. Eu tô com 39 anos e acho que não vai mesmo.

Luciano - O Lobão disse uma vez que não fica procurando novidade pois certos referenciais já estão consolidados nele. O que é mais legal, se influenciar pelo que está rolando na atualidade ou seguir uma meta de som, nos referenciais sonoros que vocês já têm ?

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Marcelo / O lance é manter a essência adicionando só dinâmicas diferentes pra forma. E agente escuta coisa nova? Escuta. Eu tô apaixonado por uma banda inglesa maravilhosa chamada Muse que eu estou escutando há quase 1 ano. O Zarmo escuta Matchbox 20 muito e a gente escuta coisas antigas também.

Zarmo / Na realidade não é tanto nem tão pouco, você não pode só ouvir atualidade ou só ouvir o que já foi lançado. Você tem que pegar o melhor dos dois.

Marcelo / Tem modernidade no nosso disco passado mas não deixamos de segurar a essência da gente, as melodias, as letras ficaram. Quer dizer, é uma coisa natural pra gente. Dentro de uma mercado em que não se diz muita coisa a gente decidiu apostar em algo não mais "sério", porém um pouco mais consistente.

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Luciano - Muita gente da nova geração só conhece o Uns & Outros por "Carta aos missionários". Eu lembro do show do mês abril de 2003 na praça do Canhão em Realengo (RJ) e o Marcelo falando da guerra do Iraque e provocando o público sobre a situação mundial, dizendo que estava cansado de cantar essa música por todos esses anos. É difícil ou ser uma banda de um hit só, hoje em 2004? Se deu um certo anulamento de outros hits, não? Isso é falta de apoio da gravadora?

Marcelo / "Canção em volta do fogo" tocou bastante, "Notícias do leste" tocou, "Eu Rio" não tocou muito mas "Dias vermelhos" tocou bastante. Só que as pessoas ficam com um megasucesso. Ao invés de ficar chateado com isso eu tenho mais é que agradecer ao público por transformar essa música num hino. Eu não tenho problema nenhum com o que eu fiz no passado. Eu deito na cama com a cabeça tranqüila. Quem fez dessa música o sucesso que ela é foi o público. Nós temos outras músicas? Temos. O público da gente sabe disso, conhece as outras músicas. Porém eu não mando na programação da rádio, eu não tenho poderes sobre isso. Se eles querem tocar "Carta", legal. O que me deixa transtornado é a atualidade da música depois de catorze anos. O que me deixa transtornado é o panorama mundial. Isso me entristece bastante.

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Luciano - Como está se dando a relação da banda com a SEVEN ? Dá pra falar como funciona? Vocês sabem como estão as vendas do "Tão Longe do fim"?

Marcelo / (enfático) A nossa relação com a Seven é nenhuma! Vendemos 10.000 cópias. Muito mal distribuídas e apesar de termos 2 músicas nas rádios e uma delas chegando a 1o lugar em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Luciano - Quem são os responsáveis pelos três primeiros discos hoje ? Há uma esperança de relançamento?

Marcelo / Existe uma grande esperança de relançamento pela Sony do "Uns & Outros" e "A 3a onda" e vamos ver se neste ano a gente entra em contato com a Universal e remasteriza o nosso primeiro, o "Nós normais".

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Luciano - Como era o circuito de shows quando a banda começou? Existia? Qual era no Rio?

Marcelo / Era maravilhoso. Pra você ter uma idéia nós morávamos na Ilha do Governador (bairro da zona norte do Rio de Janeiro) e tocávamos lá semanalmente sem precisar sair da localidade. Quando a gente resolveu sair, tocamos em vários lugares. Manhatan, Metrópolis, Robin Hood... As pessoas eram super antenadas e rolava mesmo. Éramos ilustres desconhecidos e tocávamos em todos esses lugares. A pessoas buscavam mais a informação.

Luciano - Vocês acham que as bandas de hoje retratam os anseios e sentimentos da juventude ou todo mundo tá mesmo a fim de emplacar hit na fm e gravar clipe na MTV?

Marcelo / (após uma pausa) Cara, existem boas bandas (...) Eu posso citar alguns discos do Rappa bem legais...

Luciano - Que apesar de não ser formalmente Rock tem a atitude de consciência do estilo...

Marcelo / É. Do Los Hermanos eu curto muito o "Bloco do eu sozinho", Pato Fu algumas coisas eu gosto muito mesmo. O que eu gosto de Pato Fu eu gosto muito mesmo... Bom, e o que você não tem de bom pra falar de uma banda é melhor não citar.

Zarmo / Tem muita gente com um trabalho superficial como tem muita gente fazendo um trabalho sério.

Marcelo / Não tem essa coisa de você ter um comprometimento, uma bandeira. Eu acho que você tem que fazer o som que você tá a fim e o público se identifica ou não. No nosso caso a gente optou por continuar a fazer o som que gente faz. Eu acho que a diversão pode ser aliada à informação, mas tem gente que acha que não e eu respeito isso.

Zarmo / O intuito da relação de letra e música é justamente esse. Você informar ao público também com relação a isso. É fazer com que ele saiba discernir o que é só festa, arruaça e quem está a fim de fazer um trabalho mais sério. Tem que selecionar.

Luciano - Quais os planos futuros ? Vem disco novo por aí? Pensam em mudar algo na sonoridade?

Marcelo / A sonoridade já mudou um pouco. A gente está super feliz com esse disco novo tanto quanto como no disco passado. A gente precisava fazer aquilo no "Tão longe do fim". A gente precisava mostrar um diferencial. Vir com algo diferente. Foi um experimento? Foi. Não fomos felizes na distribuição do disco, tivemos mil problemas pra gravar, pra distribuir, na divulgação dele. Mas afinal valeu a pena! Marcamos nosso terreno. Nesse disco a gente vem apostando em outras coisas, numa sonoridade mais crua, sem tanto detalhe. O disco vai sair quase a cópia perfeita da demo. É um disco bem crítico, não pro lado da política, mas pro lado do sentimento mesmo. Do sentimento coletivo. Bom, a gente acaba sendo político mesmo. O disco tem 13 faixas, mas a gente quer fazer mais 2 ou 3 músicas e tem muita guitarra.

Luciano - Qual o conselho pra quem tá começando e quer construir uma carreira de fato? O que é mais importante?

Marcelo / O mais importante é você lembrar que antes de tirar foto, fazer o website, procurar uma produtora, um empresário e gravadora, você precisa compor, você precisa criar uma estilo, você precisa dar o recado. É isso que várias bandas que eu tenho escutado têm esquecido.

Zarmo / Ter identidade. Falar a verdade do que você é e pronto. Bater o pé firme daquilo que você é. Não tem mistério. É a tua face ali na frente passando o que você é. Isso vem antes de toda divulgação. A essência da coisa.

Luciano - Alguma mensagem final aos leitores? Ao público em geral?

Marcelo / Queremos agradecer bastante a visita das pessoas ao site (www.unseoutros.com) que é enorme. Quero agradecer também a força que todos nos deram no disco anterior. Isso só serviu estímulo pra gente fazer um trabalho novo e que estamos muito felizes com o resultado. A gente gravou a demo toda num estúdio próprio, nosso, muito mais a vontade e pudemos contar com a força da galera. Agente só tem a agradecer. Esperem agente porque esse ano tem disco novo. Valeu!

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