Warlord: Exclusiva com o guitarrista William J. Tsamis
Postado em 26 de outubro de 2002
O ano era 1985, a banda, Warlord. Uma das precursoras do chamado metal épico. A dificuldade de se obter vocalistas que se encaixassem no espírito da banda e a decepção com as gravadoras fizeram com que a banda encerrasse suas atividades. Mas sua influência continuou por anos e anos, atingindo diversas bandas, entre elas o Hammerfall. O cover de "Child of the Dammed", gravado em seu primeiro cd, "Glory to The Brave", ajudou a relembrar a importância desta grande banda. Em 2002, William J. Tsamis e Mark Zonder, resolveram retomar a saga do Warlord. Mas quem seria o vocalista, visto que a banda usou três vocais em seu curto período de atividades? A surpresa veio com Joacim Cains (Hammerfall) que se mostrou adequado para o posto, e o cd novo, "Rising Out the Ashes" veio em seguida, continuando com o estilo heavy clássico que consagrou a banda. Numa boa entrevista, o simpático guitarrista William J. Tsamis fala sobre o passado, presente e futuro do Warlord.
Entrevistador: Rafael Carnovale
Tradução: Marcus M. Franke e Rafael Carnovale
Whiplash! - Depois de 18 anos, após o lançamento do último trabalho de estúdio, você produziu e gravou um ótimo trabalho, "Rising Out the Ashes". O que fez você voltar ao mercado, e o que você fez nestes 18 anos sem gravar?
WT / Bem, primeiramente gostaria de agradecer pela entrevista. É uma honra poder estar falando com os melhores amantes do heavy metal, os brasileiros, e com você. Como você sabe, Warlord encerrou as suas atividades em 1985. Comecei a me envolver com a guitarra e suas composições mais clássicas. Eu estava cansado do comercialismo de Hollywood, e assim minha esposa e eu nos mudamos para a Flórida. Eu decidi entrar na universidade e estudar "musicologia", mas estudei também filosofia e religião. Eu era muito interessado no assunto da filosofia, e era naturalmente bom nele, e eu me excedi neste campo, através da escola graduada, e eventualmente virei professor da faculdade. Naturalmente, eu nunca parei de tocar, e em 1995 eu fui chamado por Juergen Hegewald, pelos registros da Hellion na Alemanha, já que havia uma demanda para mais de minha música. Assim, eu fiz três projetos sob o nome de Lordian, e esse som era um tipo de estilo melódico, escuro e ambiental do metal, com uma voz feminina. Eu continuei lecionando filosofia (eu ainda leciono), e então decidi reviver o projeto Warlord. Neste ínterim, minha esposa e eu tivemos uma filha bonita, que é a alegria da minha vida.
Whiplash! - Você chamou Joacim para os vocais, em vez de usar um dos três vocalistas que o Warlord teve no passado. O que aconteceu à formação original?
WT / Bem, Joacim e eu tínhamos sido bons amigos desde "Glory to the Brave", e eu não soube onde os outros vocalistas estavam. Além disso, Joacim tinha sido sempre o tipo de cantor que nós queríamos para o Warlord. Apenas não conseguimos encontrar alguém como ele.
Whiplash! - No tempo de "Deliver Us" (1983) e "And the Canons of Destruction Has Begun", você e Mark usaram pseudônimos. Agora vocês estão usando seus nomes reais. Há uma razão para não manter os pseudônimos que usaram?
WT / Eu sempre gostei dos pseudônimos porque eles tinham um pouco de mistério. E antigamente, então, ninguém fazia esse tipo de coisa. Mas, ironicamente, Mark e eu não pensamos sobre isto desta vez, e estávamos demasiadamente atrasados. Todos agora sabem os nossos nomes reais, embora alguns se recusem a me chamar de William. Eles me chamam de "Destroyer".
Whiplash! - Hammerfall gravou uma versão da "Child Of the Damned" em seu primeiro trabalho. Isso foi uma razão prévia para chamar Joacim para cantar com você? Como você vê seu trabalho na banda?
WT / Muitas bandas fizeram um cover das canções do Warlord, e "Child of the Damned" não foi uma exceção. Quando ouvi as demos, aonde havia a versão do HammerFall, eu fiquei impressionado, embora a música tivesse algumas partes diferentes. Mas não é por isso que eu gosto da voz de Joacim. Eu amei a voz de Joacim assim que eu ouvi canções como "The Dragon Lies Bleeding", "Middle Age", "Hammerfall", etc.
Whiplash! - O álbum novo mostra faixas com raízes no metal dos anos 80, mas com uma boa produção. Foi um trabalho difícil para você manter o estilo dos anos 80 sem nenhum dos elementos novos que algumas bandas atuais têm utilizado?
WT / Não, realmente. Mark e eu soubemos sempre exatamente o que fazer para criar o som do Warlord. Ainda, meu estilo de compor é sempre naquela veia melódica épica escura. Fora isso, Mark e eu queríamos nos certificar de que a música soasse quase como uma continuação do ano de 1985. Muitas bandas mudam seu estilo, mas nós não queríamos fazer isso. Nós procuramos obter o mesmo som escuro. A grande vantagem que nós tivemos, foi a qualidade da produção.
Whiplash! - Por que você gravou uma versão nova de "Lucifer.s Hammer" no trabalho novo?
WT / Bem, "Lucifer’s Hammer" foi o nosso primeiro lançamento profissional na Metal Blade, no álbum "Metal Massacre II". Sempre foi uma de nossas canções favoritas. Poderosa e bombástica! Só poderíamos "imaginar" como soaria um clássico do metal com uma produção muito melhor. Nós ficamos surpresos quando ouvimos a versão nova. Muito poderosa. Ela tem algum valor social nas letras porque é sobre um míssil nuclear. Em 1983, as armas nucleares eram objeto de grande interesse, como são agora, em 2002.
Whiplash! - Você tem planos para recrutar um baixista e um tecladista fixos? Os membros de Sagga são ajustados para resolver estes problemas para você, mas serão membros oficiais da banda?
WT / Para o estúdio, nós planejamos manter um trio. Mark, Joacim, e eu trabalhamos bem juntos e nós somos todos amigos, assim isto torna-se prazeroso. Embora o Warlord não tenha um teclado pesado (mas uma guitarra pesada), eu posso tocar o piano e os teclados muito bem. E eu sei muito sobre a teoria da música, e assim posso usar o baixo de uma maneira simples, e é a maneira que eu gosto de tê-lo. Há menos tensão quando você tem somente três membros no estúdio.
Whiplash! - Que aconteceu em 1984? Por que a banda encerrou as atividades?
WT / É uma história longa e está em nosso site (www.warlord.ws) na seção "History". O problema principal era a dificuldade em encontrar um vocalista. Todos os vocalistas anteriores do Warlord queriam soar como vocalistas de hard- rock. Eu tive que treiná-los para tentar fazê-los soar europeus e pesados. Em todo caso, haviam muitas dificuldades, mas eu não acho que seja diferente das outras bandas que terminam.
Whiplash! - As letras de "Rising out the Ashes" mostram que você gosta de escrever historias mitológicas e épicas. Você esteve ocupado com a idéia de escrever algo diferente, como uma música com orientação política?
WT / Eu digo às pessoas que eu não defendo causa alguma e não estou em cruzada alguma. Eu gosto de me sentir livre para escrever sobre o que eu quero. Em "Rising out the Ashes" nós tivemos a "War in Heaven", de "Paradise Lost", do John Milton, e nós tivemos "Achilles Revenge" da Ilíada de Homero. Eu não estou interessado na música que fala mal de Deus. Eu não estou aí para salvar o mundo, condenar o capitalismo ou o que quer que seja. Todas minhas letras têm um significado, mas você encontrará seu significado na "filosofia existencial". Bom, é difícil de explicar.
Whiplash! - Como você irá manter Mark, do Fates Warning, e Joacim, do Hammerfall, na banda? Existem planos para uma turnê?
WT / Não há planos para uma turnê. Mark continuará com o Fates Warning e Joacim, é claro, continuará no Hammerfall. Sabíamos disto desde o início, então teremos que organizar todas as reuniões do Warlord. É só uma questão de organização.
Whiplash! - Vocês tocaram em Wacken recentemente, e foi um bom show. Como foi a receptividade, principalmente com o novo vocalista?
WT / Ótima reação. Todos eram fãs do Warlord, então foi muito fácil. Interessantemente, algumas pessoas não gostaram de Joacim nos vocais. Sempre há aqueles que reclamam, mas o que se pode fazer? Ele canta muito bem para Mark e eu, e isto é que importa. A maioria dos fãs gostaram de Joacim. Ele é um cara muito legal, uma ótima pessoa e um fantástico vocalista.
Whiplash! - Ainda mantém contato com os ex-integrantes?
WT / Falo com Dave Watry (Archangel), nosso antigo baixista. Ele realmente gostou do nosso último trabalho. Eu o teria colocado neste projeto, mas não sabia aonde ele estava até depois da apresentação em Wacken. Não sei o que os outros andam fazendo, mas desejo a eles o melhor.
Whiplash! - Aqui no Brasil, o Warlord é uma banda conhecida, mas o cover do Hammerfall ajudou bastante. O que você acha disto? Isto aconteceu em outros países?
WT / Eu acho que ajudou. Surpreendentemente, a maioria dos europeus, fãs do Warlord, não estão muito interessados em Hammerfall. Muitas pessoas reclamaram da escolha do novo vocalista, mas os mandei esperar o lançamento de "Rising" e depois eles mudaram de opinião. Warlord é um pouco diferente de Hammerfall, mas há um cruzamento por parte dos fãs.
Whiplash! - Obrigado pela entrevista. Espero vê-lo no Brasil brevemente, e deixe uma mensagem para os fãs de metal daqui.
WT / Bom, desejo o melhor a todos vocês. A cena "metálica" no Brasil é ótima, e agradeço as mensagens que tenho recebido dos fãs brasileiros. Eu acho que o verdadeiro Metal nunca irá morrer no Brasil. Desejo o melhor.
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