Skyclad: Entrevista exclusiva com o vocalista Martin Walkyier
Postado em 15 de novembro de 2000
Aproveitando o lançamento do novo CD, Folkemon, Martin Walkyier, vocalista do Skyclad, tirou umas férias e veio para o Rio de Janeiro no final de setembro. Com sua passagem por aqui, conversamos bastante, e Martin se mostrou talvez o músico mais simpático e inteligente que já pude conversar. Essa entrevista é um resumo do disco novo, onde ele explica faixa por faixa, o que pensa da vida, o que ele está ouvindo ultimamente e até um pouco sobre pokemons!!
Por Rodrigo Simas
Tradução e colaboração de Fernando Raposo
WHIPLASH! - Como está o novo álbum? Como ocorreram as gravações? Quando e onde foram?
Martin / Não me lembro... hahaha... Foi em julho de 2000. Nós gravamos em Trinity Heights, em Newcastle. Todos da banda, menos eu, moram em Newcastle, então gravar lá é mais prático. Nós gravamos no estúdio do Fred Purser (ex-Tygers of Pan Tang). Depois nós fomos para Bath, no sul da Inglaterra, mixar no Moles Studio, onde Marillion e outros já gravaram...
WHIPLASH! - Como foi o processo de composição do disco?
Martin / Nós demoramos bastante na composição desse álbum, pois ficamos bastante tempo sem contrato com gravadora - queríamos ter certeza de que iríamos assinar com a companhia certa, que acabou sendo a Nuclear Blast. Nós tivemos bastante tempo para fazer as músicas. Eu fiquei grande parte do tempo em Nottingham, onde moro, recebendo e enviando fitas com idéias de riffs e melodias, e então eu passava alguns dias com eles em Newcastle e trocava mais idéias, tocava junto, e voltava para casa e recebia mais fitas... Nós fizemos uma fita só com riffs feitos por Steve (guitarra) e Graham (baixo). Eu também canto às vezes alguma melodia para o Steve e ele tenta tocá-la e encaixá-la nas músicas. Nós ficamos bastante felizes com o resultado final!
WHIPLASH! - De onde veio a inspiração para o título "Folkémon"?
Martin / Foi o meu filho, Rowan, de dez anos! O álbum iria se chamar "Rhymes Against Humanity" (RAH), um típico título de álbum do Skyclad. Um dia eu estava conversando com o Rowan e ele estava me mostrando todos os livros dos Pokémons que ele tem, e ele me contou que na escola dele haviam garotos que não sabiam absolutamente nada de matemática, história ou do mundo, mas sabiam o nome de todos os Pokémons. Então eu pensei: "Isso é realmente mau...". É um reflexo triste do que acontece no mundo hoje. Essa é a maneira que as pessoas estão pensando. Então eu resolvi fazer uma paródia a isso, e em casa uma noite eu pensei: "É uma idéia bem louca!"... O "Freakachu" (brincando com o nome do Pokémon Pikachu, Freak = aberração) na capa... E eu não tinha certeza se era uma idéia muito boa ou muito ruim! Antes de falar com a banda sobre isso, eu resolvi contar aos meus amigos e ver a reação deles. Quando eu dizia que o título seria "RAH" todos diziam "Ah... legal!", e quando eu dizia Folkémon, todos gargalhavam ou tinham alguma outra reação... E eu também estou meio cansado de ficar sempre explicando o nome dos discos para quem não fala inglês. Explicar uma letra eu não me importo, mas quando você tem que explicar até o título, torna-se meio cansativo. Eu aprendi a dizer "Vintage Whine" em várias línguas por causa disso. A idéia é fazer as pessoas rirem com o título, comprarem o CD , e então verem o que realmente é o Skyclad!
WHIPLASH! - Todas as músicas têm letras fortes. No que você pensa ao escrevê-las?
Martin / Eu sempre fui um grande fã de palavras. Eu acho que você consegue pintar um quadro com palavras. Eu tento contar uma estória e fazer as pessoas pensarem, e eu acho que a melhor maneira de chamar a atenção das pessoas é com um título que é um trocadilho, ou algo que soe louco... A mesma coisa acontece com o nome da banda, nós não queríamos um nome como "Rotting Jesus" ou algo do gênero. Nós queríamos um nome que significasse várias coisas. Poderia ser o nome de uma banda de metal, ou de qualquer outra coisa... Eu gosto de sentar e brincar com as palavras. É um jogo pra mim. O melhor título do álbum é "Think Back And Lie Of England". Existe uma expressão inglesa que se diz quando você faz sexo sem realmente estar com vontade, que é "You lie back and think of England" (Se deita e pensa na Inglaterra).
WHIPLASH! - Você pode dar uma "pequena" explicação sobre cada música do álbum novo?
Martin / Claro que posso! "The Grat Brain Robbery" – É meio que ligada ao título "Folkémon"... por que nós vivemos num mundo onde as pessoas lá do topo, as que realmente tomam as decisões no planeta, são muito espertas... Muito más, mas muito espertas, pois basicamente o que elas fazem é o seguinte: as pessoas comuns como nós trabalham muito para elas por muito pouco dinheiro, e a sociedade é toda baseada em produtos de consumo. Todos os dias é dito para todo mundo "Compre esse novo carro!", "Compre essas roupas! Se você não usá-las você não é legal!" e o sistema todo funciona de uma maneira que as pessoas passam suas vidas fazendo produtos inúteis por pouco dinheiro e com esse dinheiro compram produtos inúteis que outras pessoas normais estão fazendo, pelos quais recebem pouco dinheiro também! No final o que acontece é que estamos fazendo cada vez mais merdas de que ninguém realmente precisa e quem está sofrendo com isso é o planeta! E é como se fosse um grande roubo de cérebros (Great Brain Robbery) - estão roubando nossa inteligência e o nosso livre arbítrio, e nos distraindo do que realmente importa no mundo, que não são carros e roupas..."Think Back And Lie Of England" – Vários ingleses gostam de falar sobre o que os alemães nazistas fizeram na segunda guerra mundial com os judeus e o que os americanos fizeram com os índios, como se fossem isentos de qualquer maldade. Mas eles não gostam de falar sobre as atrocidades e genocídios que a Grã-Bretanha fez há não muito tempo, quando era um império. As coisas que fizemos na Índia e China, e até com os nossos irmãos escoceses, irlandeses e galeses são iguais, senão piores, do que Adolf Hitler fez aos judeus, pois milhões de pessoas foram assassinadas nesses lugares e isso está meio esquecido. Eu acho que vale a pena lembrar as pessoas disso de vez em quando. "Polkageist" – É bem estranha essa... Não sei exatamente sobre o que é. É uma letra sobre um inglês bem tradicional, um cavalheiro vitoriano com seu monóculo, gravata e bengala... E ele está andando por um país desconhecido, ele é um explorador. Certa hora, ele ouve o som de um violino vindo de trás das árvores. Ele entra numa clareira para ver o que é e é seduzido por uma cigana selvagem, e enquanto eles estão fazendo sexo ele está pensando "Não! Eu sou inglês! Eu não posso fazer isso! " e todos os espíritos da floresta estão dançando em volta deles, e essa é meio que uma fantasia inglesa minha.. Ir para um país diferente e quente e ser seduzido por uma mulher selvagem! hehehe... Também é relacionada ao fato de que as pessoas se acham superiores aos animais, pois, no final das contas, quando nós olhamos o que faz o mundo girar, é o sexo. Ele leva muitas pessoas a fazer várias coisas, boas e ruins... É uma música sobre a natureza humana. "Crux of the Message" – É baseada num poema chamado "The Storm" (A Tempestade), de Alison Davis. Ela é uma jovem escritora, que faz poesias e contos de terror, e eu a conheci através de uns amigos meus. Li o seu trabalho e gostei muito. O poema é realmente sobre uma tempestade. É sobre a maneira que o vento começa a soprar e você sabe que algo está prestes a acontecer... As nuvens chegam, a tempestade explode e vêm os raios e trovões, e de repente tudo acaba... É tudo o que diz... mas foi escrito de uma forma tão bonita! E para mim soou como uma banda em turnê, chegando no lugar, arrumando o equipamento, tocando o show, guardando o equipamento e indo embora... como uma metáfora... uma "metálfora"! Uma "metálfora" heavy metal!!! Hahaha... "The Disenchanted Forest" – Existe uma tradição nas canções folclóricas britânicas em que as letras contam a história de um homem trabalhando no campo com os amigos ou irmãos. Estão colhendo milho e ou ele se corta com uma foice ou então bebe demais e adormece, e quando acorda ele está sozinho, e dois exércitos estão no campo lutando, e ele se vê nessa situação. E essas canções tradicionais existem há centenas de anos. A idéia dessas músicas é sobre o desperdício da luta de irmão contra irmão e como uma guerra é má! Eu roubei essa idéia e mudei um pouco. É um cara que viveu há 100 ou 200 anos e está trabalhando no campo com seus irmãos, e eles terminaram o trabalho duro do dia. Então eles abrem um barril de cerveja para comemorar o fim do trabalho, e bebem até caírem... Quando o cara acorda, descobre que está sozinho e vê dois exércitos em confronto. Um é o exército da floresta com o Senhor das Árvores, com seus chifres, e atrás dele todo seu batalhão com os guerreiros celtas pintados de azul, com lanças e bandeiras todas em verde-folha. O outro exército é composto apenas de caras de capacetes amarelos montados em tratores, com moto-serras. E eles querem derrubar a floresta, enquanto os outros querem defendê-la. E esse homem observa essa batalha escondido e com muito medo, sem querer saber o que está acontecendo... Mas no final ele resolve lutar e defender a floresta. Então ele pega uma adaga caída e entra na batalha, sendo morto. E o seu fantasma é que conta a história desde o começo. Resumindo, ele diz que nós devemos lutar pela preservação de todas as florestas do mundo e é necessário um grito de guerra para fazer com que as pessoas vejam o que estamos fazendo com a natureza, mas é tudo baseado numa tradição folclórica. "The Antibody Politic" - O refrão explica a música: "If there's anyone else out there, disillusioned just like me; It's time we tried to turn the tide, with an overwhelming minority." , "Se há alguém por aí, desiludido como eu; Já é hora de mudarmos tudo com uma minoria esmagadora". Se todas as pessoas boas do mundo se juntassem e gritassem alto o suficiente, nós poderíamos começar a fazer alguma diferença no mundo e torná-lo melhor! Se todas as pessoas acharem que nada que elas fizerem irá fazer diferença, então nada mudará. É nosso dever reclamar e tentar mudar as coisas. O nosso mundo está indo pro buraco e já está na hora de alguém fazer alguma coisa, e eu acho que esse é o dever de todos. "When God Logs-Off" - Uma experiência bem estranha essa… Preciso de uma cerveja para responder essa! Hahaha... Eu estava sentado em meu apartamento numa noite, bem chapado pra variar, e na Inglaterra existem uns programas de TV que eu gosto de ver. Eles são para a Universidade Aberta... É uma universidade grátis que passa programas-aula... Eu vi um sobre o Brasil uma vez... Alguns são sobre biologia, história e coisas do tipo. Mas houve um que eu não me lembro sobre o que era, física ou matemática, em que eles mostraram uma concha cortada ao meio, e dentro dela havia uma espiral matematicamente perfeita. E eles compararam a espiral da concha com a de uma galáxia e os padrões são exatamente os mesmos! Eu achei isso bem estranho! E pensei que poderia ser que alguém quisesse deixar um autógrafo aqui em baixo para dizer "O que está aqui em baixo também está lá em cima!". É claro.... Claro que pode ser por que eu fumei um antes... hahaha... Isso é muito legal! E eu comecei a pensar na maneira como as pessoas sempre olham para a tecnologia como resposta para os seus problemas... E quanto mais nós olharmos para a tecnologia e a ciência, e quanto mais a ciência explicar como as coisas aconteceram, menos nós saberemos por que aconteceram. Quanto mais olhamos para a ciência por respostas, menos olhamos dentro de nós mesmos para um Deus! E eu não sou cristão de maneira alguma, mas eu acredito que deva haver uma razão para tudo isso. Existe uma energia por aí que nós não conseguimos nem começar a entender para explicar em palavras. Mas com certeza existe uma energia que está em tudo! É sobre isso que é essa música. Se nós deixarmos os cientistas continuarem a dizer: "A espiritualidade não importa! Deus está morto! A ciência é o novo Deus!", nós estaremos andando em direção à nossa destruição. "You Lost My Memory" - Esta é sobre… Tem várias letras estranhas nesse álbum! Hahaha... Ela é sobre homens e mulheres. Homens são de Marte e, mulheres, de Vênus. Os dois parecem gastar muito tempo não entendendo um ao outro, pensando de maneiras bem diferentes e discutindo sobre as coisas. Eu passei grande parte do último ano observando meus amigos e os problemas que eles estavam tendo. Sendo apenas um observador, como se eu fosse de outro planeta e tivesse pousado no meio disso tudo! E eu tinha amigos que estavam tendo brigas e se separando e eu ouvia os dois lados tentando ser neutro, e pensei: "Isso é muito doido!" Mulheres falam entre si e se entendem, homens também. Por que homens e mulheres não conseguem se entender?!?! Tem uma parte que diz: "Sing love's lament with a thorn at your breast. Impaled by her barb; cruel and unforgiving. A million dead poets would gladly attest; heart-ache's a keepsake to remind us we're living." "Cante o lamento do coração com um espinho no seu peito. Empalado por sua farpa; cruel e sem perdão. Um milhão de poetas mortos iriam alegremente atestar, A dor no coração é um lembrete para lembrar-nos que estamos vivos." E isso é meio o que o Dave Matthews diz... Existe muita merda e muitos problemas, mas no final das contas, quando seu coração dói, ele te lembra que você está vivo, e se problemas acontecem e relacionamentos dão errado, nós deveríamos pensar "O que eu fiz de errado no passado?" e não julgar uma relação por outra antiga, pois todas as pessoas são diferentes. Parece que todos nós carregamos uma sacola grande nas costas, onde jogamos todos os nossos problemas e emoções que tivemos e a carregamos para todo lado! Outra letra estranha! "Déjà-Vu Ain’t What It Used To Be" - Outra letra estranha…
WHIPLASH! - Você disse várias vezes que as letras são estranhas nesse álbum, isso acontece nos outros álbuns também?
Martin / Tem várias letras nesse álbum que eu não sei de onde vieram... eu sentei e escrevi o que estava sentindo, e agora eu tenho que parar e pensar sobre o que elas são. Eu sei o que senti quando as escrevi, e a idéia que eu estava tentando transmitir, mas explicar para outras pessoas... são mais uma sensação que eu tive do que uma história. "The Disenchanted Forest", por exemplo, é uma história, e nos álbuns antigos também, mas no "Folkémon" eu estava sentindo aquilo e escrevi. "Déjà-Vu Ain’t What It Used To Be" é para qualquer um que se sinta triste com sua vida. Não sei bem sobre o que é... É para qualquer um que tenha tentado com todas as forças conseguir algo, e dá tudo errado, e isso se repete muitas vezes. Às vezes, como todo mundo, eu me sinto desiludido com a vida e com o que eu faço. E eu acho que eu ainda sou sortudo, porque eu posso escrever sobre isso e contar a outras pessoas, e isso é uma forma de desabafo. Eu tenho uma vida boa, mas existem coisas que me deprimem de vez em quando. Essa música é uma típica Skyclad-sarcástica-pessimista-meio-Monty-Python! Ela começa com um cara indo a uma cartomante e ela lê sua mão e diz: "Eu já li mãos boas e ruins, mas infelizmente eu tenho que te dizer... você é amaldiçoado!". Sou eu meio puto da vida! É como se você soubesse com antecedência que vai dar errado, e quando dá, você já sabia! "Any Old Irony?" – É a nossa música de aniversário de dez anos! É uma letra bem boba! Hahaha... Ela começa com uma caravana de ciganos galopando pelo campo, indo para uma cidade, e todos são menestréis com seus bandolins. É sobre o Skyclad! É como se nós fossemos ciganos viajantes que levam o seu show para os irmãos e irmãs. E nós fizemos isso por dez anos e nossas gargantas doem e nossos dedos estão calejados de tanto tocar, e é perfeito! Nós não teríamos feito de outra maneira! A segunda parte é cheia de piadas sobre os integrantes da banda. Como com o Jay (Bateria)... Você nunca sabe se ele irá tocar pois ele está sempre doidão... ninguém sabe se ele está na Terra ou em Plutão! Bean (Graham) é o baixista mais alto do mundo... o amplificador dele pode estar no volume dois que mesmo assim fica mais alto do que todo o resto da banda! Riddley (Kevin, guitarrista e produtor) está sempre meio bêbado rindo sem parar! Steve parece o "Desperate Dan" (um personagem infantil) com aquele queixo grande. E ele sempre está vendo uma partida de futebol, então eu imaginei ele tocando no palco com uma TV ao lado para não perder o jogo! Quando o Newcastle United jogava, todas as gravações paravam no estúdio! Os melhores músicos da banda são com certeza Georgina, Kevin e Jay... O Jay freqüentou a melhor escola de música da Inglaterra e aprendeu trompete e piano clássico. Ele toca piano como ninguém, você mal consegue ver seus dedos. Ele só resolveu tocar bateria há seis anos. Ele gosta de estilos de bateria bem diferentes como jazz e as Big Bands. E os que escrevem as músicas no Skyclad (Steve, Graham e eu) não sabem ler música! Na Inglaterra existe uma música chamada "Any Old Iron" e eu brinquei com o nome. "Swords Of A Thousand Men" – Essa é uma cover de uma banda chamada "Tenpole Tuddor" e ela foi um grande hit na Inglaterra quando eu tinha uns 14 anos... Nós adoramos ela! É uma música boa para beber!
WHIPLASH! - Você nos contou que Kevin é um bom letrista... existe a possibilidade de vocês escreverem uma letra juntos, ou ele escrever uma sozinho?
Martin / Eu não acho que ele iria querer fazer isso. Eu acho que ele vê o Skyclad como a música do Steve e Graham e minhas letras. E eu acho que o Kevin é bem consciente disso e cuidadoso para não interferir (Kevin é o produtor do Skyclad desde o primeiro disco em 91, só em 98 que ele foi chamado para entrar na banda). Ele ajuda muito nos arranjos e dá várias idéias. Quando eu escrevo uma letra, eu mostro primeiro ao Kev, se ele disser que está boa então eu sei que realmente está. Ele é bem inteligente! Mas eu acho que ele prefere fazer a sua própria música, porque é bem pessoal. Ele é também sem sombra de dúvida o melhor cantor da banda. Jay canta bem também mas o tom dele é muito alto.
WHIPLASH! - Sobre a nova turnê, quando será? Vocês irão a novos lugares?
Martin / Nós daremos sete shows no começo de novembro na Europa, numa tour de aquecimento. Como não fizemos nada nos últimos dois anos, pois não tínhamos contrato, o nome da banda está meio em baixa. Então faremos essa pequena tour para saberem que ainda estamos na ativa! Nós iremos à Alemanha, Hungria, Holanda, França... A turnê de verdade será em fevereiro de 2001. Assim, estamos dando tempo para a Nuclear Blast promover o álbum.
WHIPLASH! - Porque vocês saíram da Massacre Records e entraram na Nuclear Blast?
Martin / A Massacre foi muito boa para nós no início, nós tivemos promoção e coisas do tipo. No final eles tiveram problemas internos e nós não recebemos nada! Nós fizemos o máximo com pouquíssimo dinheiro para lançar "Vintage Whine", e a promoção do álbum não foi boa. Nós pesquisamos um pouco e descobrimos que a Nuclear Blast era bem boa. Nós nos encontramos com o pessoal da NB no Wacken Open Air ’99 e conversamos bastante com eles. Discutimos dinheiro e chegamos a um acordo. Nos mandaram o contrato e nós quisemos alterar algumas coisas nele, então eles disseram: "Escrevam um contrato e mandem para avaliarmos, se concordarmos nós assinamos!". Eles são gente boa e eu creio que eles queiram nos ajudar!
WHIPLASH! - O contrato fala sobre discos pesados e acústicos, como é isso?
Martin / O contrato é de quatro álbuns pesados, mas se nós quisermos, podemos gravar dois acústicos também. Só faremos se quisermos! Mas nós queremos fazer, pois não iremos deixar esta outra face da banda de lado, e decidimos separar bem o lado pesado do lado acústico. Nós sabemos o que queremos, o que nós sentimos. Para nós, é isso que manteve o Skyclad vivo por dez anos, nós não temos dinheiro mas podemos fazer o tipo de música que nós gostamos. Porém para os fãs às vezes pode ser meio confuso... O Skyclad é uma banda pesada ou folk? Então nós teremos daqui para a frente Skyclad e Skyclad Light. Acho que iremos por isso na capa...
WHIPLASH! - Quantas versões diferentes do "Folkémon" serão lançadas?
Martin / Existe a versão normal com dez faixas, a digipack com "Swords Of A Thousand Men" de bônus e a versão japonesa com a instrumental "Loco-commotion" de bônus, não sei por que razão Eu acho meio injusto! Se o Skyclad estivesse vivo hoje em dia apenas pelo apoio dos fãs japoneses, tudo bem, vamos dar uma bônus para eles, mas estamos na ativa pelos fãs de outros lugares. Eu acho que nós vendemos umas duas cópias apenas lá... hahaha... Não acho justo que os japoneses tenham músicas a mais que os outros.
WHIPLASH! - Diga-nos como foi a gravação da cover do Sabbat "For Those Who Died", com o Cradle of Filth. (N.E. "For Those Who Died" é uma música do Sabbat, banda anterior do Martin.)
Martin / Foi muito bom! Eu tive envenenamento alcoólico e tudo! Hahaha... Eu não ouvi a versão final ainda, mas já parecia bem boa com o instrumental e minha voz sem estar mixada. É bem mais pesada que a original! A produção está como deveria ter sido feita da primeira vez que gravei. Eu não sei como ela estará no final, eu apenas cantei duas vezes a música e disse para eles " Façam o que quiserem com ela!" pois eu confio neles e sei que vai ficar bom! Ela estará em algum single ou como faixa bônus do Cradle of Filth. Tudo começou quando eu encontrei eles em Nottingham e fomos beber, e falei que se eles quisessem alguma participação era só ligar. Quando estávamos começando a gravar o "Folkémon", o guitarrista me ligou e disse:" Nós vamos gravar uma cover do Sabbat. Qual devemos fazer, "The Clerical Conspiracy" ou "For Those Who Died"? e eu sugeri a segunda, pois se encaixa melhor no estilo de música deles... Dá para encaixar teclados e o que mais você quiser, e falei que queria participar da gravação. Fomos para o estúdio, fomos para um pub, bebemos absinto até as quatro da manhã e no dia seguinte, na hora de gravar, minhas mãos não paravam de tremer... Nunca mais bebo absinto!
WHIPLASH! - Você disse que está planejando uma reunião do Sabbat.. como está indo?
Martin / Eu não sei ainda o que irá acontecer, é uma idéia num estágio muito inicial. Frazer Craske (baixista fundador do Sabbat) e eu estamos nos falando e achamos que será legal. A banda não toca há dez anos. Eu me encontrei com o Andy Sneap (guitarrista fundador e compositor principal do Sabbat) e acho que ele não está mais interessado em tocar ao vivo de novo. Eu e Frazer queremos! Nós estamos falando com um cara chamado Jaymie (Asthennu, ex-Dimmu Borgir) e eu mandei pra ele os discos do Sabbat e o "Folkémon" e ele se mostrou interessado em tocar conosco. Acho que iremos fazer isso de alguma maneira e fazer uma tour, talvez, com o Skyclad ou separado, mas não como "Sabbat" e sim como "Return to the Sabbat". O negócio é que queremos fazer tudo da maneira que deveria ter sido feita no começo, com produção legal e um grande show! Eu tenho um amigo em Nottingham que tem tipo um show de aberrações. Ele sopra fogo e se perfura todo com pedaços de metal e outras coisas loucas. E nós queremos que ele esteja no show também para fazer algo bem teatral, com bastante fogo e parafernália, como um show do King Diamond! Nós queremos refazer aquelas músicas antigas com uma cara de ano 2000. Se funcionar, talvez nós comecemos a pensar em material novo, por que para mim o último álbum do Sabbat (sem o Martin e o Frazer) é uma merda e eu tenho vergonha de ele ter o nome "Sabbat". Por que os dois primeiros álbuns tinham uma produção ruim e são de muito tempo atrás, mas eles tinham uma energia, um feeling e qualidade. Quando nós saímos do Sabbat, o Andy resolveu continuar com outros músicos e isso trouxe um pouco de vergonha para o nome. Nós achamos que devemos um terceiro álbum bom aos fãs, da maneira que deveria ter sido. Perguntamos ao Andy se ele queria participar, se ele quiser tudo bem, senão faremos sem ele.
WHIPLASH! - O segundo álbum do Sabbat, "Dreamweaver", é baseado num livro de Brian Bates, chamado "The Way of Wyrd", e existe uma continuação do livro chamada "The Wisdom of Wyrd". Existe a possibilidade de se vocês escreverem material novo, baseado nessa continuação?
Martin / Possivelmente! Muito possível! É a semente de uma idéia. Eu não deveria estar falando muito sobre isso pois eu não sei o que irá acontecer.
WHIPLASH! - O que você tem escutado ultimamente?
Martin / Dave Matthews Band, muito bom! Uma banda pagã gótica chamada Incubus Succubus, que tem vocal feminino e boas letras. No metal as minhas coisas favoritas ultimamente são o Therion e o Amorphis... Bruce Dickinson é sempre um favorito. Muitas coisas diferentes na verdade...
WHIPLASH! - Nota-se que seu estilo de canto melhorou muito desde o "The Wayward Sons of Mother Earth". Você faz aula de canto?
Martin / Eu acho que é por que eu estou sempre cercado de músicos... É difícil não aprender alguma coisa quando se está sempre com eles...
WHIPLASH! - Qual a influência do paganismo no Skyclad?
Martin / Uma grande influência! Nós temos uma filosofia bem simples no Skyclad: "Todos devem respeitar a si mesmos, todos a sua volta e o planeta em que vivemos!" E é o que tentamos dizer às pessoas. É meio que baseada na idéia pagã que diz que o mundo não pertence a nós, nós pertencemos ao mundo. Nós tentamos abrir os olhos das pessoas e fazê-las pensar de uma maneira diferente e dar novas idéias... Nós não sabemos tudo! Nós somos apenas idiotas bêbados que gostam de tocar, viajar e encontrar pessoas. Mas se você pode fazer algum bem, então é isso que você deve fazer!
WHIPLASH! - Alguém na banda venera o Deus Sol ou a Deusa Lua ou algo do tipo, ou vocês vêem o paganismo como uma metáfora de como devemos viver nossas vidas?
Martin / Um pouco de cada, pois eu acredito que existe uma energia e uma força que está em tudo. Eu acredito que tudo está vivo nesse planeta! Olhe para uma montanha, eu acho que ela está viva! Montanhas respiram, mas talvez elas respirem tão devagar que nós não consigamos perceber. Uma árvore pode viver 4000 anos! Ela vê coisas de uma maneira diferente, que nós não podemos nem começar a entender. Humanos devem ser como pequenos insetos que passam e morrem rápido, para uma árvore. Acho que tudo tem uma alma... oceanos, rios, montanhas, e todos devem ser respeitados. Só porque animais como baleias e golfinhos não têm cidades debaixo d’água, não constroem carros e não inventaram maneiras de matar uns aos outros, nós nos achamos superiores. Talvez eles não façam isso porque não querem... Talvez eles olhem pra nós e achem-nos estúpidos... Eles são felizes. Eu sou pagão, e para mim é mais como um código de como viver a vida do que um culto ou algo parecido.
WHIPLASH! - O que está no futuro do Skyclad? Você tem alguma mensagem para os fãs?
Martin / É primeira vez que venho ao Brasil e o achei um país fantástico! Muito quente também! Nós adoraríamos tocar aqui, e os fãs não devem achar que não fizemos isso ainda por que não quisemos, é por falta de contatos. Nós somos uma banda auto-gerida, com pouco dinheiro e já tocamos juntos há dez anos, e tentamos fazer o melhor que podemos. É só fazendo coisas como essas minhas férias aqui no Brasil que descobrimos que temos fãs em outras partes do mundo. Nós realmente queremos muito vir tocar aqui, mas precisamos do apoio dos fãs para isso... Não é algo que possamos fazer sozinhos. Mesmo com a Nuclear Blast , nós não temos uma grande gravadora como a EMI ou a Sony bancando tudo. Se as pessoas querem que nós toquemos, precisamos de apoio. Os fãs devem mandar e-mails para os produtores de shows e pedir Skyclad... então nós conseguiremos vir! Nós iremos conseguir... de uma maneira ou de outra! Em novembro haverá a tour de aquecimento e eu espero que depois passemos por aqui!
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