Novo álbum do The Cure fez valer a espera de dezesseis anos?
Resenha - Songs of a Lost World - Cure
Por Fábio Cavalcanti
Postado em 03 de novembro de 2024
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
O The Cure não passa da auto-repetição desde os anos 90? Essa banda britânica, seminal na faceta lúgubre do rock alternativo desde o fim dos anos 70, cometeu um ou outro deslize, inclusive no seu agora penúltimo álbum (lançado há dezesseis anos). Em 2024, Robert Smith buscou uma redenção, ao colocar sua inigualável voz "lamurienta" e trepidante - ainda intacta -, e seus entrelaces de guitarras ecoantes com teclados imagéticos, nas oito novas canções que compõem o álbum "Songs of a Lost World".
Esqueça aquele velho pós-punk dos caras, que remetia a Siouxsie e Joy Division. O arrastado rock gótico do novo trabalho possui: traços dos seus discos "Pornography", "Disintegration" e "Bloodflowers", um parentesco espiritual com o "Blackstar" de David Bowie, e teores "Floydianos", sem soar realmente como nada que citei. A familiaridade aqui está nas marcas criadas por Smith, como as reverberações etéreas e o senso de espaço. As longas passagens instrumentais de certas músicas também chamam atenção…
A épica e excelente primeira faixa, "Alone", aborda a solidão e antecipação de algum fim, sendo que suas guitarrinhas e teclados conduzem uma combinação comovente de melodias do início ao fim. A também excelente "And Nothing Is Forever" sugere que alentemos uma pessoa em leito de morte, e possui um ar sinfônico e uma melancolia "ensolarada" que deixarão o Billy Corgan com inveja. A razoável "A Fragile Thing" tem a levada mais acessível do novo lote, e aborda as fragilidades do amor.
Paranoia e desafinidades inevitáveis, são descritas entre as dissonâncias e os teclados oitentistas da ótima "Warsong". "Drone:Nodrone", sobre esgotamento e desânimos, reexibe as guitarras 'wah-wah' caóticas e as marchas suingadas daquele The Cure que inspirou o rock industrial. O luto de Robert pela morte do seu irmão Richard, dá o tom da sinfônica, triste, e pouco lembrável "I Can Never Say Goodbye". Em seguida, o bom e agitado pós-punk "All I Ever Am" evoca a força destrutiva do tempo…
Poucos acordes, percussividade lenta e forte, baixo "gorduroso", e reflexões finais quanto à finitude da vida, fazem de "Endsong" uma longa e arrepiante elegia que encerra "Songs of a Lost World". Ao contrário da sua própria morbidez, esse álbum do The Cure poderá reanimar quem sentia falta de um rock gótico ou artístico encharcado de sentimento e de atmosferas soturnas. Confortando e assombrando, Robert Smith deu a real: nessa vida, estamos sozinhos, e tudo o que teremos ao fim é apenas o nada.
Músicas:
1. Alone
2. And Nothing Is Forever
3. A Fragile Thing
4. Warsong
5. Drone:Nodrone
6. I Can Never Say Goodbye
7. All I Ever Am
8. Endsong
FONTE: Pop Reverso
Outras resenhas de Songs of a Lost World - Cure
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Show do System of a Down em São Paulo entre os maiores momentos do ano para revista inglesa
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
Brian May escolhe os 5 maiores bateristas e inclui um nome que poucos lembram
O guitarrista que Neil Young colocou no mesmo nível de Hendrix, e citou uma música como "prova"
Disco do Pink Floyd atinge o topo das paradas do Reino Unido 50 anos após lançamento
Com shows marcados no Brasil em 2026, Nazareth anuncia novo vocalista
Novo boletim de saúde revela o que realmente aconteceu com Clemente
O megavocalista que Axl Rose teve como seu maior professor; "eu não sei onde eu estaria"
Cinco músicos brasileiros que integram bandas gringas
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
O álbum do rock nacional que Rick Bonadio se recusou a lançar - e até quebrou o CD
15 rockstars que são judeus e você talvez não sabia, segundo a Loudwire
O vocalista que irritou James Hetfield por cantar bem demais; "ele continua me desafiando"
Atualização: 32 dos 34 citados em "Nome aos Bois", do Titãs, morreram
A opinião de Robb Flynn (Machine Head) sobre o Sleep Token

The Cure: a beleza melancólica de "Songs of a Lost World"
O curioso motivo que leva Robert Smith a ser fã de Jimi Hendrix e David Bowie ao mesmo tempo
O ícone do thrash metal que comprou um modelo de guitarra por causa dos caras do The Cure
A música do The Cure tão depressiva que seu vocalista Robert Smith não queria cantar


