Edu Falaschi não inventa a roda, mas faz um trabalho honesto dentro da sua proposta.
Resenha - Eldorado - Edu Falaschi
Por Jonathan Montes
Postado em 02 de setembro de 2023
Nota: 7
Não é de hoje que Edu Falaschi vem inovando e quebrando barreiras dentro do cenário do metal nacional quando o assunto é marketing, mercado musical, produção e planejamento artístico. Sua megalomania (no bom sentido da palavra) vem criando shows temáticos, palcos que remetem a peças teatrais e material artístico que dispensa comentários. Goste você ou não, o homem vem conseguindo, sozinho, criar um trabalho fenomenal e inovador.
Agora, em relação ao assunto principal, que é a música, existem diversas controvérsias e polêmicas que envolvem o artista, desde supostos usos de playbacks e gravações em estúdio que os fãs julgam impossíveis de serem executadas ao vivo.
Mas isso é conteúdo para outro artigo, quero aqui me atentar ao seu novo disco, o conceitual Eldorado.
O disco abre com "Quetzacóatl" + "Senõres Del Mar (Wield The Sword)". A música começa com Edu Falaschi cantando em espanhol e um belo violão o acompanhando. Em seguida, entra um power honesto e um refrão chiclete que é marca registrada de Edu Falaschi. Música bem interessante, com destaque para o incrível solo flamenco no meio da música.
Em seguida vem "Sacrifice", com uma pegada prog pouco comum na carreira do Edu e que, na minha opinião, é um dos destaques do disco. O que mais me surpreendeu nessa música foram as linhas de baixo. Meus senhores, que achado foi Raphael Dafras! O homem está com sangue nos olhos nessa música, créditos também à mixagem, que colocou o baixo em evidência sem nos obrigar a usarmos fones de ouvido de 500 reais.
"Empty Shell" é uma balada bem estilo Edu Falaschi, com linhas vocais leves e clima melancólico e ao mesmo tempo esperançoso. Essa faixa me remeteu às baladas dos primeiros discos do Dream Theater, talvez pelas linhas vocais (?). Enfim, é apenas minha opinião. Os solos de guitarra são bem bonitos e, novamente, o baixo se destaca positivamente.
Depois da calmaria, vem uma porrada! "Tenochtitlán" volta ao estilo clássico que consagrou Roberto Barros como um dos guitarristas mais virtuosos e técnicos do mundo. Eu particularmente não gosto do seu estilo, mas, quem curte solos estilo "atari", vai se deliciar nessa música. Não é minha favorita do disco, mas o refrão é interessante e o instrumental é uma aula de todos os instrumentos (bateria, baixo, guitarra e teclados). E preciso pontuar novamente: que baixo fantástico do Raphael Dafras!
Em seguida vem a faixa-título, "Eldorado". O início climático e melodioso mostra mais uma vez o porque Edu Falaschi se destaca dentro do metal nacional. Após isso a banda entra e a música de mais de 10 minutos passeia por diversos estilos. Gostei muito dessa faixa, que de longe é a melhor do disco.
"Q'EQU'M" é uma faixa com pouco mais de um minuto, com belos vocais e que se conecta com "Reign of Bones", uma chata música na fórmula feijão com arroz dentro do power metal. O maior destaque, na minha opinião, é a ótima mixagem que deixa todos os instrumentos audíveis. Mais uma vez as guitarras se mostram genéricas e sem identidade. Para mim, a pior do álbum.
Em seguida vem "Suddenly", seguindo a mesma fórmula de "Empty Shell". Minha opinião sobre a música é a mesma, então volte ao tópico da "Empty Shell".
"Wings of light" é uma música ambiciosa, mas que não se mostrou forte o suficiente para manter essa ostentação. Diferente da "Eldorado", ela se mostra totalmente genérica e se perde dentro de um loop com guitarras sem graça e instrumental repetitivo.
E para fechar o disco, temos a linda "In Sorrow". Destaco a carga emocional que Edu Falaschi traz nas linhas vocais, teclados e a orquestra de fundo, que em alguns momentos me lembrou Lasting Child (Angra). As guitarras também fazem um excelente trabalho.
O disco Eldorado segue a mesma linha do seu antecessor, Vera Cruz, e na minha opinião entrega bem aquilo que propõe: um power metal padrão. A primeira metade do disco me agradou bastante, mas depois de "Reign of Bones", o disco se torna repetitivo e as músicas são cópias de si mesmas.
Eu particularmente acho que um compositor tão completo como Edu Falaschi, com várias influências de outros estilos, não deveria se prender a esse estilo. Ele já mostrou com o Almah e até mesmo no Angra (que apesar de ser considerada uma banda de "power metal", tá muito longe de ser apenas isso) que pode muito mais do que vem apresentando atualmente... mas essa foi sua escolha, queiramos nós ou não.
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