Raimundos: uma banda original e inovadora
Resenha - Raimundos - Raimundos
Por Luis Fernando Ribeiro
Postado em 24 de julho de 2013
Falar em RAIMUNDOS pra mim sempre foi tarefa difícil, uma vez que na qualidade de fã incontestável, nunca consegui ser muito imparcial em relação à banda. Mesmo sabendo que em geral as letras toscas não fazem muito sentido, meu lado fã sempre prevaleceu. Talvez por este motivo só venha a escrever sobre este disco agora, quase vinte anos depois de seu lançamento, quando a banda já está totalmente reformulada e navega por novos mares.
Em 1994, o rock brasileiro vivia uma época de colher os frutos do trabalho realizado na década de 80 e bandas como LEGIÃO URBANA, CAPITAL INICIAL e PARALAMAS DO SUCESSO desfrutavam de um sucesso considerável. Mas a mistura de Hardcore, Punk e Forró dos RAIMUNDOS foi o que chamou a atenção da mídia e dos fãs de rock em geral na década de 90 para uma banda original e inovadora. Era dado o início na carreira de uma das bandas mais importantes e influentes do cenário do rock nacional.
Poucas semanas após o seu lançamento, o disco auto-intitulado já havia vendido mais de 100 mil cópias e o vídeo-clipe para "Nega-Jurema" já fazia sucesso na MTV. Rodolfo (Vocal/Guitarra), Digão (Guitarra/Backing Vocals), Canisso (Baixo/Backing Vocals) e Fred (Bateria) davam um passo importante rumo ao sucesso definitivo que obteriam nos próximos álbuns.
O disco é muito bem gravado dentro da proposta da banda, desde a guitarra pesada e suja de Digão até o baixo extremamente pesado de Canisso. A bateria de Fred é simples mas precisa e Rodolfo é o nome da banda, com sua interpretação maliciosa e seu sotaque descarado.
A faixa de abertura "Puteiro em João Pessoa" viria a se tornar um dos maiores hinos da banda, tanto pelo instrumental pesado e coeso, quanto pela letra sacana relatando a primeira experiência sexual, possivelmente do próprio Rodolfo, em um puteiro na capital da Paraíba.
"Palhas do coqueiro" é outro clássico, uma música com estrutura simples, com bons riffs e que oscila entre momentos mais pop e outros totalmente Hardcore.
Na sequência temos uma das menos populares do disco "MM's" é um Hardcore bem pesadão com destaque para o baixão pulsante de Canisso. Sua letra, apesar de toscona e suja, é muito bem interpretada por Rodolfo que canta de forma um pouco mais melodiosa que nas faixas anteriores, onde parece forçar um pouco a voz.
"Minha cunhada" novamente possui uma letra de intelectualidade contestável relatando algumas estranhas experiências sexuais que só poderiam provir da mente de Rodolfo Abrantes. Uma música bem simples baseada num único riff com características sonoras totalmente punks, inclusive o tempo da música, que não passa de 2 minutos.
"Rapante" mostra o lado um pouco mais técnico de Digão, que cria riffs mais bem elaborados em uma canção mais cadenciada, mas com mais variações que as anteriores. A letra faz menção à um assunto que claramente fazia parte do cotidiano da banda e seria abordado e inúmeras outras músicas, o uso de drogas.
"Carro forte" possui uma letra maliciosa e pesada, mas engraçada. Seu ritmo remete as influências claras de forró no som da banda.
Em seguida vem "Nega-Jurema", carro-chefe do disco e que teve seu vídeo-clipe veiculado à exaustão pela MTV. Tanto a música, quanto a letra e o clipe são muito cômicos, novamente falando sobre o consumo de drogas de forma descarada. O riff desta música é um dos mais famosos de toda a carreira da banda e apesar de curta, é um dos seus maiores clássicos, lembrado até nos dias de hoje em todos os shows da banda.
"Deixei de Fumar" / "Cana Caiana" é um Hardcore violento, a música não desacelera em nenhum momento e é quase impossível compreender a letra de tão rápido que Rodolfo a interpreta. Apesar disso, seu vocal melodioso torna essa uma das melhores músicas do disco.
"Cajueiro" / "Rio das Pedras" é um "Forro-core" com uma letra novamente cômica e cheia de "trocadilhos", seu andamento dançante é totalmente calcado nas raízes 'forrozeiras' da banda, tendo inclusive a participação de um triângulo e um acordeom na composição do ritmo.
Na sequência temos outro clássico da banda. "Bê a Bá" tem um andamento bastante cadenciado e soturno, dando um aspecto quase maligno à música. A introdução no baixo do mestre Canisso é arrepiante e a interpretação de Rodolfo casa perfeitamente com a letra da música.
"Bicharada" é a mais fraquinha do CD, com bases simples e uma letra fraca.
"Marujo" é totalmente Hardcore, sua velocidade chega a ser estonteante, porém, é uma frase que torna essa música marcante e até hoje é lembrada pelos fãs da banda: "É por isso que o Raimundos nunca vai se acabar". Bom, que assim seja.
"Cintura Fina" é pouco conhecida e executada pela banda, mas é uma das melhores do disco. Sua letra desleixada não interfere na excelente interpretação de Rodolfo e nos bem colocados backing vocals, mas o destaque fica realmente para o peso do baixo de Canisso, numa execução marcante, uma de suas melhores participações em toda a carreira da banda.
Por fim, "Selim" com sua letra sacana mostra claramente que a banda não tinha papas na língua. Justamente pelo fato de falar abertamente sobre "putaria", se tornou uma das mais populares da banda e é sempre cantada em uníssono nos shows.
Ainda é possível encontrar versões alternativas para "Selim" e "Puteiro em João Pessoa" como faixas bônus do disco, mas o mal já estava feito e o ponta-pé inicial na carreira de uma das bandas mais promissoras do rock nacional fora dado. Já fora do cenário Underground após o lançamento de seu 'debut', os RAIMUNDOS gozariam de pleno sucesso nos próximos discos, mas muitos fãs sempre lembrarão com saudosismo deste verdadeiro clássico do rock tupiniquim, com suas letras e som sujos e com as características básicas da banda ainda intactas.
Raimundos - Raimundos (1994 – Banguela Records)
Track List:
01. Puteiro Em João Pessoa
02. Palhas do Coqueiro
03. MM's
04. Minha Cunhada
05. Rapante
06. Carro Forte
07. Nêga Jurema
08. Deixei De Fumar/Cana Caiana
09. Cajueiro/Rio Das Pedras
10. Bê a Ba
11. Bicharada
12. Marujo
13. Cintura Fina
14. Selim
15. Puteiro Em João Pessoa II (Bônus)
16. Selim Acústico (Bônus)
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