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Raimundos: "Só no Forévis" foi o ápice da carreira da banda

Resenha - Só no Forévis - Raimundos

Por Luis Fernando Ribeiro
Postado em 15 de julho de 2013

Depois do lançamento do pesadíssimo "Lapadas do Povo", os RAIMUNDOS dariam um passo ainda maior em relação ao seu sucesso comercial. "Só no Forévis" é um retorno as origens da banda no quesito letras maliciosas e ritmos de forró misturados ao Hardcore. O álbum é o mais comercial lançado pela banda e se o objetivo era esse, foi facilmente alcançado. "Só no Forévis" não só é o disco mais vendido pela banda, como a tornou conhecida em todos os cantos do Brasil, inclusive proporcionando apresentações em programas de grande audiência das principais emissoras de TV aberta do país. Músicas como "Mulher de Fases", "Me lambe" e "A Mais Pedida" eram tocadas à exaustão em todas as rádios. "Aquela" chegou a ser tema da novela "Uga-Uga" da Rede Globo.

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A produção desta vez ficou a cargo de Carlos Eduardo Miranda, Dzcuts, Mauro Manzoli, Tom Capone, o que, na minha opinião, fez com que a banda perdesse muito em relação ao disco anterior, produzido pelo experiente Mark Dearnley (AC/DC, Black Sabbath).

A capa do disco mostra os músicos vestidos como se fossem integrantes de um grupo de pagode, ironizando o sucesso comercial deste estilo na época. A introdução tosca "Só no Forévis (Selim)" em ritmo de pagode é acompanhada por sonoros arrotos e demonstra claramente o tom sarcástico, irônico e malicioso que a banda apresentaria em todo o disco.

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"Mato véio" abre o disco definitivamente mostrando um Hardcore simples e rápido, com Rodolfo apostando num vocal bem mais limpo, o que inclusive permite que entendamos o que ele está cantando. Já podemos notar de cara que a produção está bem mais limpa que nos discos anteriores, o que tira um pouco do peso da música.

"Carrão de Dois" mantém o ritmo acelerado, mas é uma música muito mais bem elaborada que a anterior, com destaque para o refrão, daqueles que não sai da cabeça tão facilmente. A bateria de Fred também está bem mais variada que o normal, tornando essa uma das músicas mais legais do álbum.

"Fome do Cão" tem um ritmo mais arrastado, remetendo ao andamento de "Bê a Bá" do primeiro disco da banda, mas não tão boa quanto. A letra volta a abordar o assunto do uso de drogas, que há tempos já eram uma constante no cotidiano da banda.

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Na sequência temos um dos maiores clássicos da banda e disparadamente o maior sucesso comercial dos RAIMUNDOS. "Mulher de Fases" é um Hardcore vigoroso com um refrão marcante e totalmente comercial. As bases são simples e fáceis de assimilar, talvez por isso tenha agradado até os que não são fãs do estilo. A letra é uma metáfora, onde a tal "mulher de fases" é na verdade a maconha ("Estrela da Sorte").

"Alegria", apesar de possuir um refrão ‘pegajoso’ é a menos interessante do disco, sendo inclusive a única de "Só no Forévis" a ficar de fora da gravação do "MTV Ao Vivo" no ano seguinte. A música é rápida tanto no andamento quanto na duração e sua letra é difícil de entender, com frases totalmente desconexas que provavelmente só fazem sentido para o próprio autor.

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"A Mais Pedida" é uma sátira à tentativa da banda de obter maior sucesso comercial (O que de fato aconteceu). Trata-se de uma música bastante melodiosa, com direito a participação de Érika Martins (Penélope) nos vocais e com riffs bastante interessantes, o que quase não ocorreu nas músicas anteriores. Apesar de todo o apelo comercial, "A Mais Pedida" logo se tornaria um dos clássicos da banda e obrigatória em todos os shows desde então.

"Boca de Lata" é um rap com letra maliciosa e apesar de fazer sucesso entre os fãs, especialmente os mais novos, considero-a totalmente descartável, uma música que não combina com o que os verdadeiros fãs esperam da banda.

Depois de uma pequena deslizada, o disco dá uma bela engrenada, mostrando canções bem mais criativas e elaboradas do que as apresentadas até o momento. "Me lambe" é provavelmente a melhor do disco, bastante melodiosa e com muitas variações. A interpretação de Rodolfo deixa a música ainda mais provocante com sua letra totalmente maliciosa e irônica.

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"Pompém" é furiosa e a mais pesada do disco. Digão que estava bastante apagado até o momento mostra toda a fúria pela qual o conhecemos em discos anteriores. Fred também mostra boa variação na bateria.

Com uma bela introdução de Canisso (Uma das poucas coisas notáveis que fez neste disco), "Deixa eu Falar" é um protesto vigoroso a favor da liberdade de expressão. Com participação de Alexandre Carlo (Natiruts) e Black Alien (Planet Hemp), a música empolga do início ao fim, especialmente na estrofe final, onde Digão e Rodolfo emanam uma fúria poucas vezes vista anteriormente.

"Aquela", como já citado anteriormente, foi inclusive tema de novela, tamanho seu apelo comercial. Independente disso é uma música muito boa, com riffs bem elaborados, refrão marcante, backing vocals bem colocados e uma cozinha coesa. Até o solinho simples de Digão é divertido e empolga.

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Fechando o track list normal de disco temos "Lingua presa", a mais hardcore do disco, remetendo facilmente as músicas mais rápidas do disco anterior como, por exemplo, "Velho, manco e gordo". Após a famosa introdução contando a história do ‘Sapo Cururu’ a música inicia com o pé no acelerador e não tira em nenhum momento. É quase impossível compreender o que Rodolfo canta sem ter a letra em mãos, uma vez que fala literalmente com língua presa e canta muito rápido.

Por fim, temos uma segunda versão para "Mulher de fases" numa roupagem acústica que ficou bem interessante.

Que "Só no forévis" foi o ápice da carreira dos RAIMUNDOS é indiscutível, com este disco eles chegaram a um novo patamar e possivelmente se tornaram a maior banda brasileira de rock da época. Mas ainda assim, está bem longe de ser o meu preferido. Em suma, um disco agradável, mas que não mostra todo o poder de fogo da banda.

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Raimundos – Só no Forévis (1999 – Warner Music)

Track List:
1 - Só no Forevis (Selim)
2 - Mato Véio
3 - Carrão de Dois
4 - Fome do Cão
5 - Mulher de Fases
6 - Alegria
7 - A Mais Pedida
8 - Boca de Lata
9 - Me Lambe
10 - Pompem
11 - Deixa Eu Falar
12 - Aquela
13 - Língua Presa
14 - Mulher de Fases (A Linda)

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Sobre Luis Fernando Ribeiro

Apaixonado por música, cinema, escrita, literatura e pela zoeira infinita. Inserido no mundo da música pesada em 2004 com Destruction, Metallica e Blind Guardian, quando ainda se compartilhava música através de fitas K7.
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