Barão Vermelho: em DVD, aula de rock brasileiro
Resenha - Rock In Rio 1985 - Barão Vermelho
Por André Molina
Postado em 08 de setembro de 2007
Em tempos de vacas magras no cenário do rock nacional, a Som Livre aproveitou para tirar da gaveta o show do Barão Vermelho no primeiro Rock in Rio, realizado em 1985. A idéia não poderia ter sido melhor. A apresentação de Cazuza, Frejat, Guto Goffi, Maurício Barros e Dé é uma verdadeira aula de rock brasileiro.
Barao Vermelho - Mais Novidades
O evento realizado na Cidade do Rock, no dia 15 de janeiro de 1985, foi um grande desafio para o quinteto carioca. O vocalista Cazuza e sua banda subiram ao palco após o cantor Eduardo Dusek e o grupo Kid Abelha e os Abóboras Selvages serem moralmente "massacrados" pelo público "metaleiro", que dominava o ambiente. Como terceira atração, o Barão se apresentou antes dos veteranos do Scorpions e do AC/DC.
Ao demonstrar confiança, os roqueiros brasileiros envolveram as 200 mil pessoas com a apresentação do show da turnê do disco de ouro, "Maior Abandonado". A abertura com a levada segura do baterista Guto Goffi é emendada com os berros de Cazuza na faixa título do novo disco. Sem intervalos, os cariocas tocam "Milagres", "Sub-produto de rock" e "Sem vergonha", com a participação de Zé Luiz no saxofone. A adrenalina é visível no desempenho dos músicos.
Além das canções do terceiro disco do Barão, o repertório ainda conta com faixas dos primeiros discos como "Todo amor que houver nessa vida", o melancólico blues "Down em mim", "Menina mimada" e a clássica "Pro dia nascer feliz", com Cazuza dando as boas vindas à Nova República e agradecendo a eleição de Tancredo Neves, que inaugurou o fim do Regime Militar. "Que o dia nasça feliz para todo mundo amanhã. Em um Brasil novo, uma rapaziada esperta. Valeu!", agradeceu o cantor.
No sucesso "Bete Balanço", Cazuza aproveita para brincar com o público. "Agora uma música nova que ninguém conhece. Vamos lá", mais descolado impossível.
Na época, os membros do Barão, quase adolescentes, gostavam de correr riscos. Diante do público Heavy-Metal, o grupo executa a balada inédita "Mal nenhum", com Cazuza homenageando o parceiro Lobão e dando um puxão de orelha na organização do festival. "É uma música minha com o Lobão, que é um cara que deveria estar aqui e não está", advertiu.
Além do show, o DVD ainda disponibiliza o video-clip bônus, "Um dia na Vida". A canção se tornou raridade na voz de Cazuza porque não chegou a ser oficialmente gravada pela formação original do Barão Vermelho. Antes do grupo entrar em estúdio novamente, o cantor decidiu iniciar sua bem sucedida e breve carreira solo. A música é retirada da segunda apresentação do Barão no festival, ocorrida no dia 20 de janeiro. Na ocasião, os cariocas não demonstram a adrenalina e a ansiedade expostas no primeiro show. O dia não oferecia tantos riscos. O público era diversificado e mais acessível. Com a presença de nomes como Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Yes, B52-S, Blitz e Nina Hagen, o Barão entrou em campo com o jogo vencido.
Rock ‘n’ Roll em verde e amarelo
Uma característica da apresentação do Barão Vermelho em 1985 que não pode ser deixada de mencionar é o visual da banda e, principalmente, do público. As roupas usadas na época eram extremamente coloridas devido a moda "new wave", da primeira metade da década de 80. Diante do vermelho e do rosa, as cores que predominavam no dia eram o verde e o amarelo. E não era por acaso. O principal motivo foi a, já citada, vitória do candidato Tancredo Neves sobre o representante da situação, Paulo Maluf. O guitarrista Roberto Frejat usou camisa amarela com calça verde e a bateria de Guto Goffi foi enfeitada com bandeiras brasileiras. Na platéia são visíveis inúmeras bandeiras dando boas vindas à Nova República.
Ao lado do verde e amarelo, outro elemento que fez parte do cenário foi a lama, que ilustrou as noites cariocas de rock ‘n’ roll.
Reunião da formação original
Nos "extras", o DVD ainda disponibiliza um breve documentário sobre os bastidores do Rock in Rio I. Com declarações dos quatro membros originais e do patrono do grupo, Ezequiel Neves, o material vale pela reunião de Dé, Maurício Barros, Guto Goffi e Frejat e, principalmente, pelas imagens de Cazuza em entrevista para a Rede Globo de Televisão. O documentário ainda conta com depoimentos do jornalista Pedro Bial, do cantor Lobão e da mãe de Cazuza, Lucinha Araújo.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A música de amor - carregada de ódio - que se tornou um clássico dos anos 2000
A canção dos Rolling Stones que, para George Harrison, era impossível superar
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"
O melhor baterista dos últimos 10 anos, segundo Lars Ulrich do Metallica
Brian May escolhe os três maiores solos de guitarra de todos os tempos
As quatro músicas do Metallica que James Hetfield considera suas favoritas
O Melhor Álbum de Hard Rock de Cada Ano da Década de 1980
A banda esquecida que Eric Clapton considera os pioneiros do heavy metal
Os 10 melhores álbuns do black metal, segundo o RYM
Camiseta oficial de Ozzy Osbourne zoa Roger Waters por fala que irritou a todos
O jovem guitarrista preferido de Stevie Ray Vaughan nos anos oitenta
David Gilmour revela quais as quatro bandas de prog rock que ele mais detesta
O álbum que Eddie Kramer acha que nunca foi igualado: "Nunca houve nada gravado como ele"
As melhores músicas grunge feitas por 5 bandas de hair metal, segundo a Loudwire
Nazareth: um elogio à pertinácia

Os 10 maiores discos de estreia do rock nacional de todos os tempos
As 15 maiores bandas de rock brasileiro de todos os tempos
O disco que mudou a visão de Caetano Veloso sobre o rock brasileiro nos anos 80
A letra sobre um amor gay que virou um hino sobre o fim do regime militar
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Clássicos imortais: os 30 anos de Rust In Peace, uma das poucas unanimidades do metal


