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Rock Progressivo 2017: 15 álbuns lançados no primeiro semestre que merecem atenção.

Por Tiago Meneses
Postado em 14 de junho de 2017

Muitos lançamentos que consolidaram alguns nomes e apresentaram outros novos no universo do rock progressivo foi o que cadenciou o primeiro semestre. Músicos da velha guarda mostrando ainda terem muita lenha pra queimar e a nova geração deixando claro que o gênero está mais vivo do que nunca. A lista poderia ser muito maior do que apenas 15 álbuns, mas esses já mostram bem o tom de um ano que agora que está chegando à sua metade e que nos deixa bastante animado pelo que ainda está por vir.

BIG BIG TRAIN - GRIMSPOUND

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Sem dúvida alguma a BIG BIG TRAIN tem sido o principal nome no mundo do rock progressivo mundial, lançando discos de extrema qualidade que a alavancaram a outro patamar, provavelmente o mais elevado desse século. A cada lançamento a banda tem se tornado mais sólida, definindo cada vez mais a sua própria direção e som, construindo uma atmosfera única, universo sonoro deslumbrante. A musicalidade é sempre impressionante, demonstrando que o tempo, longevidade e um forte grupo colaborativo com a mesma ambição tem o poder de fazer com que a banda evoluía ilimitadamente. Grimspound é um disco repleto de canções que ratificam mais uma vez o porquê de terem a reputação que carregam hoje. Não se tratam apenas de músicas, mas histórias sejam factuais ou ficcionais, para entregar um espetáculo profundamente envolvente e fascinante. Um belíssimo "castelo de areia" que uma maré jamais levará.

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MIKE OLDFIELD – RETURN TO OMMADAWN

Quantos artistas 42 anos depois de lançarem a sua obra mais grandiosa, teriam coragem de literalmente fazer um retorno a ela através de uma nova viagem musical cheia de riscos devido a comparações que poderiam sofrer caso não fossem bem sucedidos? MIKE OLDFIELD não apenas está retornando a Ommadawn, mas desfilando uma música requintada e de extremo bom gosto, dividida em duas partes com mais de 20 minutos cada, onde não deixa a desejar a nenhum dos seus momentos mais inspirados de sua longa discografia. Um retorno a instrumentos especialmente acústicos todos tocados por MIKE OLDFIELD dando uma incrível sensação pastoral e celta unido a uma típica música progressiva, intensa e sentimental. Ainda que obviamente existam algumas reminiscências de canções da terra distante é inegável que se trata também de algo novo e de atmosfera própria. Como o próprio título do álbum implica, não se trata de um disco de ideia inédita, propriamente dita, ou com a intenção de atingir um público diferente, mas feito principalmente para que aqueles que conhecem bem o seu universo musical, sejam levados a um ambiente já bastante conhecido.

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STEVE HACKETT – THE NIGHT SIREN

Gravado em diferentes países e com a colaboração de músicos de todo o mundo, o disco tem o uso de vários instrumentos nem sempre convencionais na música de STEVE HACKETT, como sitar, tabla e gaita. Com certeza é um disco de rock progressivo de um guitarrista de world music. Nota-se bastante influência dos seus últimos trabalhos, assim como o seu amor pela música clássica e pela guitarra flamenca. Um disco que abrange incontáveis atmosferas da música cinematográfica, oriental, baladas entre outras. Um álbum sensacional e que há nele uma mensagem para a aceitação de nossas diferenças culturais nestes tempos sombrios com cada música impulsionando o ouvinte a uma viagem musical ao redor do mundo. Visitar vários países sem necessariamente pisar neles e ter como plano de fundo uma trilha sonora esplendorosa. STEVE HACKETT mais uma vez acerta em cheio.

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BAROCK PROJECT - DETACHMENT

Liderada pelo multi-instrumentista e compositor, LUCA ZABBINI, BAROCK PROJECT tem em seu 5º disco a comprovação definitiva de que a banda não se trata mais de promessa ou revelação, mas uma realidade que os colocam no patamar dos melhores grupos de rock progressivo em atividade surgido nesse século. Continuam a mostrar uma grande progressão em sua música, mas mantendo-se extremamente fiel ao seu estilo. Detachment é uma verdadeira montanha russa de notas e variação de humor. Mais moderno, variado, diversificado e até mesmo pesado que os trabalhos anteriores, esse disco é como pegar perfeitas doses o rock, jazz, metal, prog, flamenco, música oriental, folk, música celta, pop, música sinfônica e misturar bem, tendo como resultado um trabalho impecável na composição, execução e produção. Sem dúvida algum que um disco capaz de encapsular o ouvinte em seu próprio universo musical.

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MAGENTA - WE ARE LEGEND

Quando os adeptos e ansiosos seguidores da banda voltaram a ser informado que depois de uma "volta às origens" em 2013 com o excelente The Twenty Seven Club, eles iriam tentar novamente "algo diferente", muitos (inclusive eu) pensaram: Por que fazer isso? Por que mudar algo que estava tão bom? Foi inevitável imaginar que o que havia sido feito em 2013 não poderia ser melhorado com essa ideia da banda. Nunca fiquei tão feliz em está enganado. Sem muitas comparações com lançamentos passados, esse disco é brilhante de maneira particular, soando diferente e ao mesmo tempo familiar. Embora inovador e moderno, de alguma forma permanece fiel às raízes clássicas da banda e é imensamente satisfatório. Através de We Are Legend eles mostraram que estão aqui para ficar e, embora possa haver uma nova atmosfera, novos membros e alguns sons novos, a base do progressivo de muito bom gosto também não foi embora, mas apenas tem um novo toque. Mais uma vez estenderam-se além do que qualquer fã razoável pode esperar. Entregando algo clássico que irá apaziguar os fãs intransigentes e produzindo algo capaz de fazer com que atinja um novo público e aumente seu número de seguidores.

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CAST - POWER AND OUTCOME

Sendo uma banda tão prolífica (apesar de pouco conhecida), é difícil definir um estilo único, porque evoluíram ao longo das décadas, mas sempre mantendo um som próprio em que podemos fazer referência entre tantas bandas a KANSAS, GENESIS e EMERSON, LAKE & PALMER, mas pra ser mais preciso, acredito que seja mais uma sonoridade calcada nos anos 70 do que influência direta em determinadas bandas. Um álbum de música sinfônica com pianos e arranjos clássicos poderosos, mas melódicos, cheio de brilho e simplicidade instrumental em camadas que variam entre caminhos sonoros retos e complexos. Mas também está cheio de espaço suficiente para que todos os integrantes possam mostrar exatamente o que podem fazer. No final das contas, Power and Outcome é uma combinação impressionante de instrumentação criativa e entrega vocal sincera e que cria um conjunto de música coerente de forma profundamente compassiva, enfática e eclética.

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THIS WINTER MACHINE - THE MAN WHO NEVER WAS

Banda que ainda está dando os seus primeiros passos. Formada por cinco músicos, cada um com influências diferentes e que se reuniram em uma sala onde conseguiram encontrarem entre si também muitas coisas em comum. A gama de influência encontrada no disco também é bastante grande, MARILLION (ambas as eras), PORCUPINE TREE, passando por RUSH, OPETH, GENESIS, injeções de rock clássico e música clássica, mas acima de tudo, buscando obter sempre o seu próprio som. Uma conquista notável em se tratando de um álbum de estreia. Criatividade, cuidado e inventividade incorporada na música de maneira que a faz fluir com elegância natural, sofisticação e sutileza lírica, dando ao ouvinte uma grande liberdade imaginativa. Que essa estreia não seja apenas uma tacada de sorte ou que a banda não se torne uma promessa não cumprida, mas que através desse impressionante primeiro capítulo, escreva um belo livro recheado de discos tão bons quanto esse.

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IT - WE'RE ALL IN THIS TOGETHER

Depois de oito anos do seu último lançamento, a banda IT, liderada por NICK JACKSON está de volta com mais um disco conceitual onde nas palavras do próprio, "as músicas exploram temas de austeridade, desigualdade e um futuro incerto para as gerações mais jovens". Apresenta uma música inicialmente melódica, depois harmoniosa e de excelentes e belos vocais e backing vocals. Os teclados se direcionam entre o atmosférico, arejado e montando ótima cama sinfônica. Os arranjos, ao invés de surpreender e atrair somente os fãs de progressivo, por conta de sua acessibilidade tem capacidade de atingir um público mais além. Quando decidem esticar as faixas o fazem com ideias que realmente preenchem o álbum e não apenas servem pra deixa-lo gorduroso em passagens instrumentais que falam muito e não dizem nada. Os solos de guitarra seguem a perfeita tradição inglesa e o timbre lembra os usados por mestres como DAVID GILMOUR e STEVE HACKETT.

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THE SAMURAI OF PROG – ON WE SAIL

Um ano após o lançamento do seu último disco o projeto liderado pelo multi-instrumentista MARCO BERNARD está de volta e o melhor de tudo, sem se mostrar desgastado no sentido artístico. O disco se trata de um conjunto belíssimo e perfeitamente equilibrado de sessenta e cinco minutos do que de melhor o rock progressivo sinfônico pode oferecer. Existem elementos clássicos do gênero que nos remetem a bandas como KANSAS, YES, GENESIS E EMERSON, LAKE & PALMER em excelentes ritmos, surpresas harmônicas e sons orquestrais maravilhosos. Ás vezes a sonoridade pode ir de dramática à algo mais poderoso com bastante movimentação e energia. Um disco onde tudo é bem distribuído e direcionado, mostrando músicos que sabem de onde vieram e para onde vão, sem que em momento algum se percam em instrumentações confusas.

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HABERLAD2 - MAYBE

SERGIO CALECA é um Multi-instrumentista pouco conhecido, mas que já tocou por um curto período em várias bandas italianas de rock progressivo. Maybe é o terceiro disco do seu projeto solo chamado HABERLAD2. Novamente explorando uma grande gama de influências além de dar o seu toque especial na música. Possui elegância na delicadeza da guitarra acústica, ótimas utilizações de órgão e grandiosidade orquestrais muitas vezes arrebatadoras. Todos os instrumentistas demonstram controle exemplar de suas funções e elevam a qualidade do álbum a algo impressionante (na viola em especial FRANCESCO LATTUADA é um destaque constante em várias das peças), mas é SERGIO CALECA que brilha com sua formidável atuação em toda uma série de ideias depositada nos instrumentos e um ouvido afiado para que possamos ter como resultados composições melódicas e luxuosas.

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NAU ALETHEIA - LOS MISTERIOS DE ELEUSIS

Sou uma pessoa difícil de nomear uma lista de melhores, sempre acho que estou sendo injusto e por isso prefiro apenas lembrar-me de discos sem uma ordem definida, mas saindo um pouco do meu protocolo acho que dificilmente algum lançamento de 2017 vai tirar desse disco o título de melhor álbum de rock progressivo sul-americano do ano. Uma pequena joia cheia de belos temas e melodias. Devido a diversidade encontrada aqui é difícil uma descrição precisa do som. Um disco de rock progressivo destinado principalmente aos amantes de música que tem a mente aberta. Extremamente original onde se é possível perceber apenas algumas poucas referências em bandas como UNIVERS ZERO, KING CRIMSON e ANGLAGARD, isso principalmente na primeira metade do disco, sendo a segunda metade o álbum apresentando algo mais clássico e orientado para o jazz. Uma banda que me despertou bastante curiosidade em relação ao seu desenvolvimento, já que essa maravilha se trata apenas do seu primeiro álbum.

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ANUBIS – THE SECOND HAND

Está aí uma banda que eu estou sempre de olho nos passos desde seu álbum de estreia em 2009 e nunca tem me decepcionado desde então. The Second Hand é p 4º álbum destes australianos e de novo mostra uma banda atingindo um elevado grau emotivo. Todos os músicos se mostram grandes em suas atitudes composicionais de maneira diversificada e cativante e juntamente com suas técnicas e instrumentações, chegam a um resultado impressionante. A banda extraiu a abordagem "clássica". É um registro de progressivo sinfônico com a utilização de equipamentos vintage como hammond e mellotrons, podendo notar essa textura por toda parte. Possui inúmeras ideias e diferentes abordagens estilísticas onde no fim todos parecem alcançar o mesmo objetivo final. Há uma harmonia vocal linda, há momentos psicodélicos, enfim, um conjunto trabalhando de maneira devastadoramente linda e causando extremo impacto emocional no ouvinte.

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ASFALTO - CRONICAS DE UN TIEMPO RARO

Eu sempre penso de maneira muito positiva em relação a bandas com mais de quatro décadas que continuam a querer mostrar um trabalho novo. ASFALTO é uma das bandas pioneiras no rock progressivo da Espanha e uma das raras que continuam na ativa entre as surgidas naquela era. Em seu 17º disco nos mostram um som que conseguiu ser reciclado com o tempo sem perder a elegância do seu bom e velho rock. ASFALTO tem sido um pouco mal compreendida, onde muitas pessoas não entendem uma proposta única da banda, mas essa é a questão, ainda que não sejam necessariamente músicas intrincadas, elas têm uma complexidade e variação na proposta onde em seu mais novo registro existe uma mescla entre rock progressivo dos anos 70 principalmente apresentado por YES e GENESIS e um hard rock clássico. Um disco pra se ouvir com calma e poder perceber diferentes nuances a cada audição, onde com isso possa fazer com que ele cresça em seu conceito a cada uma delas.

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GUNGFLY - ON HER JOURNEY TO THE SUN

Se você tem uma boa relação com a banda sueca de rock progressivo, BEARDFISH, provavelmente já ouviu também o nome RIKARD SJOBLOM, pois bem, GUNGFLY é o nome de um outro projeto dele e que em seu terceiro disco parece ter atingido seu melhor momento até então. Através de uma vanguarda na composição e performances progressivas o músico abraça o ouvinte em uma energia musical frenética de rock and roll, proeza lírica bem combinadas, órgãos vintage e sintetizadores em abundância. Um disco cheio de ganchos, belas melodias, guitarra, teclado, baixo e bateria sempre bem cadenciados, muito groove, emotivo, mas sempre tudo sendo executado de maneira tão precisa que em nenhum momento eles soam de forma pretensiosa ou exibicionista. Cada música flui (e o álbum como um todo) tão perfeitamente que mesmo os momentos mais silenciosos, de alguma maneira são imprescindíveis no conjunto da obra. RIKARD SJOBLOM novamente mostra que é um dos grandes nomes do rock progressivo contemporâneo.

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SCHOOLTREE – HETEROTOPIA

Desde que ouvi o primeiro álbum em 2013, apesar de notar algumas "falhas" em sua música, fiquei ansioso em relação ao que esperar acerca do segundo disco desse projeto liderado pela compositora e multi-instrumentista LAYNEY SCHOOLTREE, muito conhecida pelos undergrounds de Boston e Nova York, mas pouco em demais lugares. Heterotopia sem dúvida alguma é um dos discos mais lindos do ano, sua música incorpora a essência do art rock, com melodias cativantes, arranjos sofisticados, instrumentação exuberante e uma grande variedade de influências que em que além de apresentar o progressivo clássico, incluem ópera, musicais da Broadway e pop barroco. Um disco que logo na sua primeira faixa, "Overture", permite que você saiba exatamente o que esperar no decorrer dos quase 100 minutos de músicas apresentadas em um CD duplo. O "carro chefe" fica por conta os exímios usos de piano e sintetizado sempre bem casado com a voz doce de SCHOOLTREE.

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Sobre Tiago Meneses

Um amante do rock em todas as suas vertentes, mas que desde que conheceu o disco Selling England by the Pound do Genesis, teve no gênero progressivo uma paixão diferente.
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