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Iron Maiden: "Where Eagles Dare", ou filmes de outra geração

Por Rodrigo Contrera
Postado em 09 de março de 2017

Nasci em outro país - e em outra época. Isso porque tenho por volta de 50 anos. E porque no lugar em que nasci - no Chile - e nessa época - mais especificamente, na década de 70 - nossas diversões eram bem diferentes das atuais. Pois, embora envolvessem filmes e brinquedos, as diversões que meus irmãos e eu tínhamos eram bastante específicas. Hoje, os jovens vêem filmes que reacendem às influências dos mangás, dos jogos de videogame, dos super-heróis dos quadrinhos, etc. Na minha época, as influências eram outras.

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Seriados de televisão

Nos idos de final dos anos 60, o Chile era invadido pela influência norte-americana. Hoje, os livros de história mostram como isso teve motivos históricos e econômicos. Mas para mim, criança nascida em 1967, isso pouco importava. Importava que o inglês falado em casa pelo meu pai era muito valorizado (ele o aprendeu sozinho). Importava que naquela época a televisão começava a chegar aos lares. Importava que os programas que ali apareciam eram, poucos, de produção local, e muitos enlatados.

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Seriados de diversos tipos. Filmes. E muitos sobre assuntos que interessavam aos norte-americanos. Muitos sobre guerra. Ou sobre o Velho Oeste. Todos esses seriados espelhavam um determinado tipo de sociedade ou de visão de mundo, que hoje muitos poderão considerar fora de moda. Mas eram esses seriados que faziam nossa cabeça (e que de alguma forma ainda fazem).

Cinema

Meus pais gostavam de Frank Sinatra, Ray Conniff, alguns cantores espanhóis (como Raphael), músicas folclóricas locais (como Los Huasos Quincheros e Los de Ramón), e trilhas de filmes da Disney. Nos filmes, eles consumiam produções de Hollywood, com gente que iria se tornar modelo para todo o mundo, e na tevê deixavam que víssemos enlatados. Lembro-me bastante bem de Columbo, Kojak, Serpico, Starsky & Hutch (posteriormente), Chaparral e... de Combate. Eu especialmente amava Combate. Estrelado por Vic Morrow, um ator bastante famoso que iria morrer tragicamente num acidente de helicóptero durante umas filmagens, muito tempo depois, Combate era uma série naturalmente maniqueísta.

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Combate (A Carta):

Combate (O Aniversário):

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Hoje reparo nos episódios de Combate, e noto como eles são pobres de recursos e bastante simplórios nos diálogos e nas tramas em que se desenvolvem. Morrow aparece de forma bastante ostensiva, mas expressa uma certa melancolia. É um soldado que lamenta seu destino, que assume uma postura bastante cética sobre a guerra, e que não deseja isso para ninguém. Mas ele também expressa uma sabedoria. É como se fosse um irmão mais velho (o episódio que posto aqui expressa essa sua condição), mais sábio, que avisa o outro dos perigos e problemas. Curioso o nome dele na série ("Chip" Saunders), algo de que me lembrava com bastante insistência. O seriado é bem feito, apesar de tudo, e convence. Ele nos remete aos dilemas existenciais dos caras que aparecem no "front", mas de forma simples e clara.

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Brincadeiras

Nessa época, minha família morava numa casa do bairro de Las Condes, de classe média alta, em Santiago. Eu imitava os soldados de Combate brincando de fortes no pátio da casa. A gente pegava soldadinhos de plástico e escondia em fortes, um de cada lado do jardim. Jogávamos pedras uns nos fortes dos outros, tentando matar os inimigos. Importava matar todos eles e ganhar a guerra. Não me deixava levar, naquela época, pelas mensagens passadas em Combate. Simplesmente o imaginário da guerra era importante para mim, como criança, e eu dividia o mundo entre soldados nossos e alheios. Eram só brincadeiras, claro. Mas a ideia da guerra dominava minha mente, e nunca iria deixar de nela estar. Pois o tempo iria passar e os filmes sobre guerra iriam se suceder, uns mais profundos que outros, uns mais violentos que outros, sendo que as tramas iriam se tornar mais próximas a atos heróicos, no fundo.

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Where Eagles Dare

Cartaz do filme (em francês):

Não me lembro bem quando vi Where Eagles Dare. Sei apenas que vi o filme quando morava com meus pais, já no Brasil. Lembro-me bem das cenas com aviões no meio dos Alpes, de cenas de ação em meio a tiroteios, e da cena final, num teleférico. Os atores, embora conhecidos e astros de Hollywood já naquela época, não eram muito importantes para mim. Era um daqueles filmes que, tal qual A Ponte do Rio Kwai, deixaram marcas em várias gerações. Uma superprodução, repleta de cenas de ação. Um blockbuster. Pesquisa-se um pouco e se sabe que tudo surgiu de um texto de um autor de livros da época, Alistair MacLean. Um sujeito que já havia escrito e feito o roteiro dos Canhões de Navarone, outro grande livro e filme da época. Um sujeito que neste caso escreveu o roteiro antes do livro, que também lançou. Um sujeito que estava mais interessado em contar uma história surpreendente do que em contar uma história baseada ipsis litteris na história real.

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Ficção de guerra

Por isso, antes de entrar em remissões ao filme (que deu mote para a música do Iron Maiden, que comentaremos aqui), seria interessante que pensássemos um pouco sobre em que consiste isso de ficcionalizar eventos reais. E mais, ficcionalizar eventos reais que mudaram o rumo da história mundial. Ficcionalizar a guerra.

A Grande Fuga:

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Depois de Combate, eu fui sujeito a muitas narrativas sobre guerra - sendo Where Eagles Dare apenas uma delas. Narrativas que pintavam os envolvidos na guerra de formas diferentes e determinadas. Narrativas que se focavam no heroísmo de alguns personagens ou de algumas tramas. Que discutiam o que era realmente o ser humano - a ponto de muitos dizerem que é nas guerras que vemos o melhor e o pior dos seres humanos como um todo. Seja como for, com filmes ou não, eu sempre dei uma importância excessiva a tramas como as das guerras. Talvez isso tenha se devido ao meu passado, por ter vivido na pele um golpe de Estado. Talvez pela atração que o tema guerra impõe a um moleque, como eu era. Não sei.

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Apocalipse Now (trailer):

O Franco Atirador (trailer):

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Sei apenas que, com o tempo e com a sucessão de novos filmes de guerra (alguns dos quais ficaram na mente, como Apocalipse Now e Platoon, por exemplo, que assisti nos 80s e 90s), fui adquirindo um critério mais crítico ao vê-los e ao refletir sobre aquilo que eles me passavam. Nesse entretempo, o mundo andava, e eu também. Apocalipse Now, inspirado em Joseph Conrad, tinha a intenção de tratar a guerra de um ponto de vista mais reflexivo, cru e elevado ao mesmo tempo. Platoon falava também da ida dos norte-americanos ao Vietnã, mas sob o ponto de vista de um sujeito qualquer. Havia também O Franco Atirador, que mostrava o De Niro em sua melhor forma, ainda questionando o estado do ser humano a partir dos relatos daquela guerra. Havia também Sam Peckinpah, com a Cruz de Ferro, em que mostra a ambição e sentimentos bastante desonrosos por parte de envolvidos na guerra. Peckinpah tratou de assuntos como esses também em westerns, como Pat Garrett & Billy the Kid, que apreciei bastante tempo depois, já formado (hoje também estou começando a carreira de roteirista).

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O Franco Atirador (tema do filme):

Cruz de Ferro (de Sam Peckinpah):

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Pat Garrett & Billy The Kid (o trailer):

Por sua vez, o mundo continuava entrando e saindo de guerras. Eu já era jornalista na década de 90. Lembro-me bem de como eu ficava olhando pelo monitor da tevê de um hotel no interior de São Paulo os bombardeios norte-americanos a Bagdá, na guerra do Iraque (que o próprio Iron Maiden comentaria posteriormente, em outras músicas). Lembro-me também de como eu encarava como um ato de guerra os atentados às Torres Gêmeas (que no meu caso viraram mote para peça própria, e para reflexões bastante doídas). Lembro-me de como eu passei a ver a guerra de outra forma, sem o mote do heroísmo entre alguns dos envolvidos. A atração que os livros sobre guerra exerciam sobre mim caiu até quase desaparecer. Lembro-me de como eu passei a ficar mais cético a respeito do uso da força. E de como a ideia da guerra, e de atos em meio a ela, deixou para trás o lado daquele que atira, que bate, que ganha.

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Holocausto

Mas, voltando ao tema do filme, hoje vemos o Holocausto, cometido pelos alemães, com um claro sentimento de repulsa. Sabemos o que aconteceu, e condenamos quem se envolveu naquilo. Mas sabemos também que naquela época da Segunda Guerra o significado daquilo que foi a tentativa de Hitler de conquistar o mundo não era tão claro. Muitos acreditavam (e ainda acreditam) em diversos pontos de vista disseminados pelos nazistas. Muitos não achavam que tudo iria dar no que deu. Mas hoje, no século XXI, vemos o mundo a posteriori, e tudo o que aconteceu não nos ameaça (tanto, ao menos). Não conseguimos sequer imaginar como poderia ter sido se Hitler tivesse ganho a guerra. Mas vemos as vítimas.

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Eu mesmo fiquei fixado em memórias de sobreviventes do Holocausto e dos gulags soviéticos quando fiz faculdade. Tenho vários livros de memórias, e os efeitos do Holocausto no saber do ser humano sobre o mesmo ser humano me afetaram bastante. Li muitos poetas daquela vertente. E tenho diversos livros desses, de memórias, de gente que foi premiada, que se matou (foram vários), que criou espaços em nossas mentalidades para as atrocidades que foram cometidas (e que não queremos mais). Mas vemos, por sua vez, que muitos filmes posteriores à guerra (imediatamente posteriores, de 1945 a 1970, por exemplo) não se atêm muito a isso. Como Where Eagles Dare.

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Porque Where Eagles Dare (O Desafio das Águias) é apenas um filme ficcional de divertimento. Um filme que trata a guerra como um grande espetáculo, o maior espetáculo da Terra. Quando eu o vi, é claro, eu o vi apenas dessa forma. Depois, passei a vê-lo diferente. Hoje, sei que ele é um filme (em termos de conteúdo) bastante limitado, embora tecnicamente perfeito, que não entra no significado da guerra. Não é sua intenção. Sendo assim, é um filme que apenas diverte. Mas um filme que deixa bem claro quem é que ganhou a guerra. E que mostra os vencidos (os alemães) como seres no fundo bastante patéticos, como seres que mereceram o destino que adquiriram para si. Mas nós sabemos também que não era assim.

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Dia D

Artigo sobre o filme:
http://articlesfilmesantigosclub.blogspot.com.br/2016/06/o-desafio-das-aguias-1968-richard.html

Outro artigo (em inglês):
https://alchetron.com/Where-Eagles-Dare-29963-W#-

A trama do filme é simples. Um avião cai e um oficial aliado que saberia tudo sobre o Dia D (o desembarque na Normandia) é capturado pelos alemães. Há o risco de que ele seja torturado e de que ele dê com a língua nos dentes. A guerra é considerada ainda um empreendimento de risco, e não se pode assumir o risco de o dia D virar pó. Tudo então se torna uma trama de ação e suspense, em que uma equipe precisa correr riscos diversos para conseguir salvar o oficial. A questão da traição é colocada em primeiro plano, com diversos traidores na equipe, e com personalidades marcantes (para os personagens). É quase uma trama de 007. A guerra é o pano de fundo, claro, mas o filme não pode ser, ao menos a meu ver, considerado filme de guerra.

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Capa do livro:

Na verdade, creio que Where Eagles Dare meio que prenuncia os filmes de ação, pura e simplesmente. Filmes que, com um pé na realidade, transformam a ação em um espetáculo. Como os filmes de 007, que trataram diversos assuntos (como, por exemplo, a Guerra Fria) de forma maniqueísta, abrindo espaço à figura de um ser diferenciado (o espião). Não tenho Where Eagles Dare em minha coleção de vídeos, mas noto como os personagens do então marido de Elizabeth Taylor (Richard Burton) e de Clint Eastwood eram, ao mesmo tempo, personagens chapados (militares) mas muito humanos. Burton, diga-se de passagem, só fez o filme (de ação, contrariamente ao tipo de filme que fazia) para agradar os filhos. Clint e Burton ficaram bastante amigos nas filmagens, e há várias fotos de coxia que atestam o fato (procurem uma, em um link que postei, em que a equipe comemora o fim das filmagens bebendo).

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Um dos maiores atrativos de Where Eagles Dare foram suas tomadas aéreas:

Trailer do filme:

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Trilha sonora original do filme:

Clint e Burton:

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Cena do teleférico:

A música, pelo Iron

A abertura da bateria do Nicko:

Já o Iron pega o filme naquilo que ele muito claramente é: um filme de ação, pura e simplesmente. Where Eagles Dare, como todos sabemos, abre Piece of Mind, e todos nós já nos acostumamos à bateria do Nicko abrindo os trabalhos e o CD (ou LP). Na verdade, é engraçado. A abertura de Where Eagles Dare era considerada, ao menos por mim, meio burocrática, para o quarto maior CD da banda. Porque a música, embora forte, não é tão rápida assim, e tem passagens bastante comedidas (embora clássicas, falando hoje), em que as guitarras dão efeitos determinados que não pareciam combinar tanto com aquilo que a banda já havia feito, em LPs anteriores. Mas vamos aos poucos. Desta vez, não irei me ater tanto à letra, até porque ela não tem tanta profundidade como outras da banda. Ao invés disso, tentarei comentar a música, mesmo.

Música com letra em inglês:

Where Eagles Dare (com tradução):

Bom, tudo começa com a bateria. E depois segue com acordes que todo fã de Iron Maiden conhece. Acordes que passam a ideia de algo que se desenrola, que remete a uma missão. Nada é muito agressivo, muito agudo, muito forte. Tudo parece uma história. Uma história que é contada em seus aspectos mais claros, visíveis. É como se estivéssemos assistindo o filme. Não há muitos sentidos na letra que precisemos decifrar. Tudo é bastante claro. Não preciso reproduzir aqui os versos (que ponho em vídeos com a letra original e em tradução). Quando Bruce termina essa primeira leva de frases, joga uma força na voz que é bastante característica deste CD em especial (ou acaso nos esquecemos de Flight of Icarus ou de Quest of Fire?). Porque aqui Bruce se destaca pelos agudos. Dois agudos em especial nesta mesma música.

Where Eagles Dare em Nurburgring (2005):

Nesse momento da música, as guitarras fazem por alguns segundos um duo que não parece atrair muito. Mas um duo que causa uma impressão específica, como se estivéssemos (ainda) vendo uma cena. Um duo que termina com a entrada de um solo complexo, do Dave, em que o aspecto visual também se destaca. São usados sons agudos e graves, com a guitarra, que promovem a imaginação. Esses trechos são breves, mas se estendem de forma inapelável, em algo que eu estranhava, quando ouvia nos anos 80 (o disco é de 1983). Era como se faltasse algo. Pois é claro! Faltam as imagens. Pois a música é como que uma nova trilha do filme, como um todo, em que o suspense fica a cargo mesmo das imagens. Tanto que quando o Bruce volta é para retomar a música em sua ênfase explicativa. Mas o suspense nós já o engolimos. Já vimos o que precisávamos ver. Não me esqueço, é claro, de pequenas paradas, na música, em que toda a banda está perfeitamente entrosada. Mas a música é relativamente tranquila.

Em Gothenburg (também 2005):

Quando o Bruce volta, vemos a continuação da explicação do filme. Uma explicação que se concentra no caráter heróico da missão dos militares. Uma explicação que possui por detrás de si uma música sólida - talvez a mais sólida do Iron -, com instrumentos pesados e perfeitos, que dão espaço perfeito para que o Bruce possa enfim soltar a voz num agudo ainda mais marcante. A música termina forte, e é curioso, porque essa música, que para alguns poderia soar burocrática, não o é. Ao contrário, é uma bela abertura de um dos melhores CDs da Donzela. Uma música ilustrativa sobre um filme que deve ter causado bons momentos de diversão à família do Steve. Como o filme ainda causa. Um filme de guerra, sim, mas feito principalmente para divertir. Pois estamos longe de discussões mais profundas sobre a guerra ou guerras em particular (que abordei lá em cima).

Final

Artes para Where Eagles Dare:

É curioso que, com o passar do tempo, toda a banda tenha ficado mais reflexiva a respeito de temas como esse, da guerra. Aqui, o tema é só uma desculpa para uma música sobre um filme de ação. Mas uma desculpa que se tornou, seja como for, um belo clássico. Curioso é que eu lembrava bastante bem da trilha original do filme. E curioso também é como a música do Iron combina, ainda hoje, com as cenas do filme. Claro que o tempo passou, para eles e para mim. E não posso, portanto, encarar hoje tudo da mesma forma.

Termino aqui então este meu esforço de trazer subsídios para podermos curtir ainda melhor a Donzela. Resolvi pegar mais pesado nas referências de outros filmes e épocas, até para entendermos que o tempo passa. Que mudamos e que as músicas também mudam em nossa percepção. Hoje, confesso, não consigo mais encarar as músicas apenas como diversão. Mas esta marcou minha vida. Como - espero - também as de vocês.

Where Eagles Dare, pelo Val Andrade:

Até a próxima! Up the Irons!

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Sobre Rodrigo Contrera

Rodrigo Contrera, 48 anos, separado, é jornalista, estudioso de política, Filosofia, rock e religião, sendo formado em Jornalismo, Filosofia e com pós (sem defesa de tese) em Ciência Política. Nasceu no Chile, viu o golpe de 1973, começou a gostar realmente de rock e de heavy metal com o Iron Maiden, e hoje tem um gosto bastante eclético e mutante. Gosta mais de ouvir do que de falar, mas escreve muito - para se comunicar. A maioria dos seus textos no Whiplash são convites disfarçados para ler as histórias de outros fãs, assim como para ter acesso a viagens internas nesse universo chamado rock. Gosta muito ainda do Iron Maiden, mas suas preferências são o rock instrumental, o Motörhead, e coisas velhas-novas. Tem autorização do filho do Lemmy para "tocar" uma peça com base em sua autobiografia, e está aos poucos levando o projeto adiante.
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