Judas Priest: As curiosidades de "Stained Class"
Por Alcides S. Maia Júnior
Postado em 11 de fevereiro de 2017
Depois de uma estréia discreta com "Rocka Rolla", o Judas começou a criar a sua própria identidade no segundo álbum "Sad Wings Of Destiny". Devido a falta de apoio da Gull Records assinam com a Columbia Records, perdendo os direitos sobre os dois primeiros álbuns e as demos gravadas até ali.
Pelo novo selo gravam "Sin After Sin" entrando pela primeira vez nas paradas inglesas e excursionando pela primeira vez pelos Estados Unidos em junho de 77, abrindo para o Foreigner e o Reo Speedwagon. Em seguida entram em estúdio para gravar "Stained Class" no Chippin Norton Studios em Londres entre outubro e novembro de 1977. Contando com a produção de Dennis Mackay, o álbum é lançado em fevereiro de 78.
É o único álbum do Judas a contar com ao menos uma composição de cada integrante da banda. Nos álbuns seguintes as composições seriam divididas quase que exclusivamente entre o trio Rob Halford, K.K. Downing e Glenn Tipton. Uma característica marcante da banda durante os anos 70 eram as letras abordando temas mais sombrios do que os abordados nas décadas seguintes. Temas históricos, injustiça social, existencialismo, a luta do indivíduo contra a tirania e a eterna luta do bem contra o mal, agora estavam revestidos com uma pitada de ficção científica.
Infelizmente o álbum acabaria marcado pelo suicídio de dois jovens anos depois, em meio a toda a histeria em torno da criação da PMRC (Parents Music Resource Center) e a acusação do uso de mensagens subliminares, o que acabou levando a banda aos tribunais e trouxe o álbum aos holofotes de maneira negativa.
"Stained Class" é o álbum que consolidou o desenvolvimento do som e da imagem do Judas Priest e consequentemente do Heavy Metal. Nele, o peso, a velocidade, a teatralidade e a fantasia se fundiram perfeitamente em todos os aspectos e deixaram um legado imensurável ao estilo. Influenciando bandas dos mais variados estilos incluindo o Thrash Metal e a então nascente NWOBHM.
Turnê
A turnê de divulgação começou antes mesmo do lançamento do álbum. Entre janeiro e fevereiro de 78 excursionaram pela Inglaterra e Escócia incluindo shows no lendário Hammersmith Odeon, passando pelos Estados Unidos na primavera e Japão entre julho e agosto antes de entrarem novamente em estúdio para gravar "Killing Machine". Nos Estados Unidos abriram os shows de um Foghat não muito amistoso, como lembra o guitarrista Glenn Tipton, "Eles não falaram conosco. Só nos permitiram tocar por meia hora e não podíamos usar seu sistema de iluminação. Mas isso nos ensinou uma lição, você tem que botar a faca nos dentes e tocar com o coração. A partir desse episódio levamos como regra ajudar todas as bandas de abertura em nossas turnês". Foi durante a passagem pelos Estados Unidos que a banda começou a sentir a necessidade de adotar uma imagem que combinasse com a agressividade de sua música, trocando a seda e o cetim colorido pelo couro quando Halford subiu ao palco vestindo uma calça jeans e uma jaqueta preta de motoqueiro. A mudança de visual se consolidaria na turnê do álbum seguinte "Killing Machine" (Hell Bent For Leather nos Estados Unidos) com a adição das taxinhas e das correntes quando Halford foi até a Sex Shop Mr. S. Leather Company em Londres, loja especializada em sadomasoquismo. Depois de mostrar as roupas aos outros integrantes, o visual acabou sendo adotado por todos, se transformando no padrão entre as mais variadas bandas do estilo.
No repertório mesclaram material de "Sad Wings Of Destiny", "Sin After Sin" e "Stained Class", ignorando completamente seu primeiro álbum e as faixas "Invader", "Saints In Hell", "Savage" e "Heroes End" do novo álbum".
Setlist do primeiro show da turnê:
Exciter
White Heat, Red Hot
The Ripper
Savage
Sinner
Beyond The Realms Of Death
Victim Of Changes
Better By You, Better Than Me
Stained Class
Genocide
Let Us Prey/Call For The Priest
Starbreaker
Setlist do show no Nakano Sunplaza Hall em Tóquio - Japão
Exciter
White Heat, Red Hot
The Ripper
Sinner
Beyond The Realms Of Death
Better By You, Better Than Me
Victim Of Changes
Diamonds And Rust
Genocide
Starbreaker
Tyrant
Dennis Mackay
Antes de trabalhar com o Judas Priest, Dennis Mackay era conhecido pelos seus trabalhos com artistas de Jazz, Fusion como Al Dimeola, Stanley Clarke e John McLaughlin. Foi assistente e engenheiro de som em álbuns de David Bowie, Supertramp e Jeff Beck. Após "Stained Class" trabalhou como engenheiro e produtor em álbuns de Jack Bruce, Pat Travers, Gary Moore, Alan Holdsworth, Tygers Of Pan Tang e outros artistas.
Les Binks
Com a saída do baterista Simon Philips, que não poderia se juntar ao Priest em tempo integral pois já havia se comprometido com a banda de Jack Bruce (Cream). Roger Glover (baixista do Deep Purple e produtor de Sin After Sin) sugeriu que contratassem Les Binks, baterista em seu álbum solo "The Butterfly Ball And The Grasshopper's Feast". Binks tocou na turnê de "Sin After Sin" e nos próximos três álbuns do Priest, "Stained Class", "Killing Machine" (Hell Bent For Leather nos Estados Unidos) e no ao vivo "Unleashed In The East". Foi dispensado por ser considerado um baterista muito técnico em oposição ao desejo da banda em deixar seu som mais acessível às grandes audiências dali em diante, sendo substituído por Dave Holland (ex-Trapeze).
Após sua saída em 79 se juntou a "Charlie Whitney and Axis Point" e permaneceu ativo no underground do hard rock e heavy metal britânico. Em 81 por um breve período se tornou membro do Lionheart que contava com Dennis Stratton (ex-Iron Maiden) na guitarra e Jess Cox (ex-Tygers Of Pan Tang) nos vocais.
O Judas vai aos Tribunais
Em meio a popularidade alcançada pelo Heavy Metal nos anos 80 iniciou-se uma verdadeira "caça às bruxas" ao estilo. Embora o rock seja considerado transgressor e corruptor da juventude desde sua criação, nos anos 80 as coisas tomaram dimensões cada vez maiores. A criação do PMRC (Parents Music Resource Center) um comitê criado por influentes esposas de senadores incluindo Tipper Gore (esposa do senador e futuro vice presidente Al Gore) e Susan Baker (esposa do secretário de defesa James A. Baker) em defesa da "moral e dos bons costumes" foi um dos movimentos de grande destaque no período.
O PMRC divulgou sua lista das 15 imundas, com observações quanto ao conteúdo das letras. A lista incluía artistas como Black Sabbath, Motley Crue, Venom, Def Leppard e o próprio Judas Priest com Eat Me Alive, embora não se restringisse ao Heavy Metal (Prince, Madonna e Cindi Lauper também apareciam na lista). Artistas como Frank Zappa e John Denver foram convidados a dar depoimentos em uma audiência pública onde foram recitadas letras e apresentadas capas de discos consideradas ofensivas. Nessa audiência podemos destacar o depoimento de Dee Snider (Twisted Sister). Quando questionado se a canção "Under The Blade" falava sobre sadomasoquismo, Snider foi direto ao ponto quando falou que a música falava sobre uma cirurgia na garganta feita pelo guitarrista e que como qualquer música estava sujeita à interpretação do ouvinte, se Tipper Gore procurava por referências a sadomasoquismo acabou encontrando porque estava determinada a isso, se procurasse por referências cirúrgicas ela as encontraria, dando a entender que Gore é que tinha a mente suja, deixando todos atônitos na ocasião.
Entre as conquistas do PMRC foi criado o selo de advertência que estampava as capas dos álbuns com conteúdo considerado impróprio. Em consequência, grandes varejistas como o Wal Mart deixaram de vender discos com o selo e muitos clipes foram censurados na MTV no período. Diante de toda a histeria, não seria surpresa que artistas começassem a ser levados aos tribunais pelos mais diversos motivos. Um dos casos mais famosos envolveu o cantor Ozzy Osbourne, acusado de incitar o suicídio de um jovem de 19 anos que foi encontrado morto enquanto ouvia a canção "Suicide Solution". Ironicamente a música fala dos perigos do consumo excessivo de álcool e não que o suicídio seria a solução para algum problema. O caso acabou arquivado antes que fosse a julgamento mas o Judas priest não escapou dos tribunais quando foi acusado de incitar o suicídio de dois jovens.
[an error occurred while processing this directive]No dia 23 de dezembro de 1985 dois amigos fãs do Judas Priest da cidade de Reno no estado de Nevada nos Estados Unidos, fizeram um pacto suicida após ouvirem o álbum "Stained Class". Na ocasião James Vance havia presenteado seu amigo Ray Belknap com uma cópia do álbum e depois de passarem a tarde bebendo cerveja e fumando maconha, foram ao quintal de uma igreja próxima à casa de Ray e com uma espingarda calibre 12 Ray atirou contra si mesmo falecendo instantaneamente. Seu amigo James Vance extremamente nervoso ao ver seu amigo morto à sua frente, pegou a arma e para cumprir com o combinado a disparou. James sobreviveu, porém seu rosto ficou completamente desfigurado.
Quatro meses depois James escreveu uma carta para a mãe de Ray em que afirmava que o álcool e o heavy metal de bandas como o Judas Priest os hipnotizaram, fazendo-os acreditar que a resposta para a vida era a morte. Com a carta em mãos as duas famílias procuraram os advogados Ken Mckenna e Tim Post que junto com sua equipe começaram a buscar referências suicidas nas músicas, letras e na capa do álbum. Como as letras estavam protegidas pela constituição americana os advogados se concentraram em possíveis mensagens subliminares que poderiam levar alguém a inconscientemente tentar o suicídio. Encontraram a mensagem "Do it" ao tocar a faixa "Better By You, Better Than Me" ao contrário, o que consideraram como um comando para que os dois jovens tirassem suas vidas.
[an error occurred while processing this directive]James Vance acabou falecendo três anos depois (antes do caso ir a julgamento) vítima de uma overdose de medicamentos ao ser internado em uma clínica para tratar de uma depressão.
O tribunal aceitou a acusação e em 1990 a banda enfrentou um processo com um pedido de indenização no valor de U$$ 6,2 milhões. Durante seis semanas o julgamento contou com o depoimento dos membros da banda (incluindo Rob Halford cantando à capela), dos familiares e de especialistas em mensagens subliminares. Tipton sugeriu que a defesa levasse sua própria cópia de "Stained Class" ao tribunal e o tocasse ao contrário para provar que qualquer disco tocado dessa forma pode criar, junto com um pouco de imaginação, frases aleatórias. Durante a demonstração apareciam frases como "Ei mãe, minha cadeira quebrou", "Me ajude a arrumar um emprego" entre outras. A banda acabou inocentada. Chegou-se à conclusão de que o motivo para o suicídio dos jovens foi uma consequência do ambiente familiar e da vida sem perspectiva que levavam.
O documentário "Dream Deceivers: The Story Behind James Vance Vs Judas Priest" dirigido por Van Taylor cobre todo o caso.
Capa
Criada por Roslav Szaybo com fotografia de Ronald Kass. Szaybo nasceu na Polônia e estudou na Warsaw Academy of Fine Arts. Se mudou para Londres em 1966 e se tornou diretor artístico na Young and Rubicam e depois na CBS Records. Voltou para a Polônia em 1990 para ensinar artes na Warsaw Academy. É dele a mão que segura a lâmina de barbear do álbum "British Steel".
O logo em estilo gótico dos trabalhos anteriores foi substituído pelo logo "eletrificado" que a banda adotaria em seus trabalhos posteriores com algumas variações. A capa com sua cabeça metálica atingida por uma barra de aço (alguns se referem a ela como um raio laser) é uma clara metáfora à classe manchada que dá título ao álbum. Ela acabou sendo um dos primeiros alvos no processo que o Judas enfrentou quando dois jovens cometeram suicídio. Os advogados de acusação alegaram que ela tinha referências explícitas ao suicídio, alegando que a barra subliminarmente sugeria o caminho que a bala deveria seguir.
Exciter
Conta a história de uma criatura intergalática enviada à Terra para trazer a salvação aos oprimidos. O tema acabaria sendo explorado em diversas canções como "Painkiller", "Hellrider" e recentemente em "Reedemer Of Souls".
A faixa é considerada como uma das precursoras do speed metal (junto com Fireball do Deep Purple) e rendeu à banda o apelido de "avós do thrash".
White Heat, Red Hot
A canção curiosamente contém uma citação a uma luta de sabres de luz, o que muitos consideram uma clara referência ao primeiro filme da trilogia original de Star Wars lançado em 1977. Teria o filme influenciado a banda a explorar os temas baseados em ficção científica do álbum?
Posteriormente surgiram várias teorias criadas por grupos de fãs relacionando a luta de sabres de luz entre Luke Skywalker e Darth no filme O Império Contra Ataca com a canção, mas nesse caso se trata de pura fantasia já que o álbum foi lançado em 78 e o filme em 80.
Prepare-se para lutar, saque seu sabre – Um horrível feixe de luz insalubre
Para eliminar a vida com luz ofuscante e habilidades da sétima dimensão
Better By You Better Than Me
Após completarem as gravações, a gravadora CBS preocupada com o tom sombrio e nada comercial que permeava o álbum solicitou que gravassem um cover que pudesse ser lançado como single, à exemplo do ocorrido em "Diamonds And Rust" de "Sin After Sin". Optaram por gravar um cover de "Better By You, Better Than Me" da banda inglesa Spooky Tooth. Gravada no estúdio Utopia em Londres e produzida por James Guthrie (Pink Floyd), já que Dennis Mackay não estava disponível na época.
Composta por Gary Wright, a canção fala de um soldado que está em uma guerra e quer enviar uma carta para sua amante. Perturbado com tudo o que vê, ele pede a um amigo que a escreva em seu lugar por que ele não consegue expressar seus sentimentos.
O single foi lançado em janeiro de 1978 com Invader no lado B.
Stained Class
O principal tema da canção é mostrar como o poder corrompe aquele que o detém. Aquele que está no poder é acusado de ser tirano por aquele que não detém o poder, mas quando este assume o poder ele se torna o tirano que ele repudiava quando não o detinha.
Há um verso na primeira estrofe que não está transcrito no encarte do álbum.
Crashing on Hyksos / Mount Passing God Fear / Tip of His Finger / They´re Spying His Throne
Os Hicsos citados na estrofe são um povo de origem asiática que ocupou a região norte do Egito, próximo ao Delta do rio Nilo em busca de alimentos e de terra fértil para o cultivo de alimentos.
Buscando reaver o território perdido o Império Egípcio trava uma batalha em duas frentes uma no norte contra os Hicsos e uma ao sul contra os núbios que eram aliados dos Hicsos. Saindo vitoriosos dessas batalhas e consolidando assim o seu império.
Invader
A invasão do planeta Terra por alienígenas sempre habitou o imaginário popular, inspirando obras de ficção em todos os tipos de mídia existentes, desde livros, cinema, quadrinhos e videogames. A década de 70 representou o auge da Corrida Espacial e mais do que nunca o tema era bastante popular.
Acredita-se que a canção foi inspirada na série de ficção científica "The Invaders" de Larry Cohen, exibida nos Estados Unidos pela rede Abc entre 1967 e 1968 (procure pela abertura da série no youtube e veja a semelhança). Nela o arquiteto David Vincent (Roy Thinnes) passava por uma estrada deserta quando avistou uma invasão alienígena e tentou alertar as pessoas dos perigos que corriam. O problema é que os alienígenas assumiram formas humanas como disfarce ao invadirem a Terra, inclusive se infiltrando nas instituições humanas, fazendo com que David fosse visto como um lunático pelas pessoas ao seu redor.
Eu venho por um campo enfumaçado, pulsando de calor.
Eu vi um feixe escaldante de luz emergir e ir em direção ao céu.
Eu recuei atordoado de espanto – O que foi que eu vi?
E enquanto estava lá parado.
Ouvi meu espírito gritar.
Invasor, invasor próximo.
Invasor, o invasor se aproxima.
Um fato curioso que misturou realidade e ficção envolvendo o tema, ocorreu durante um programa semanal da rádio CBS, a história do livro "Guerra dos Mundos" (1898) do escritor Herbert George Wells foi dramatizada por Orson Welles em formato de programa jornalístico. Nela a Terra é invadida por alienígenas que se locomovem em máquinas com tripés metálicos chamados "tripods" e que destroem os seres humanos com um poderoso raio carbonizador. Cerca de 6 milhões de pessoas sintonizaram a rádio durante o programa. O problema é que pelo menos metade delas só sintonizou o programa após a introdução que explicava que a dramatização era uma obra de ficção. Muitos acreditaram que a invasão era real e pelo menos 500 mil pessoas tiveram certeza e entraram em pânico, causando grande confusão, com pessoas tentando fugir da suposta invasão causando grandes congestionamentos e aglomerações nas ruas. Para a emissora o programa acabou sendo um grande sucesso de audiência, fazendo-a vencer sua concorrente a NBS.
Saints In Hell
Uma canção sobre as guerras através dos tempos. A faixa inclui um trecho cantado em francês.
As ruas estão banhadas de sangue pela mutilação da massa.
Já que o massacre aconteceu pelo sino.
Matadouro! Matadouro! Meu Deus, que horror!
Por um momento foi como se fosse um segundo inferno.
Savage
Acima, a pintura de John Gast conhecida como progresso americano. É uma representação do Destino Manifesto, doutrina que expressa a crença de que o povo dos Estados Unidos foi eleito por Deus para comandar o mundo. Nela uma mulher angelical comumente identificada como Colúmbia, segura um livro escolar e um cabo telegráfico, levando a civilização rumo ao oeste junto aos colonos americanos, enquanto os povos nativos e os animais selvagens são afugentados. Repare como a paisagem é limpa e reluzente na parte representada pelos colonos enquanto a paisagem é nebulosa na porção representada pelos povos nativos e os animais selvagens, clareando à medida que os colonos avançam para o oeste.
Em Savage, K.K Downing e Rob Halford, trazem a perspectiva dos índios nativos americanos sobre a colonização. Como suas terras, sua cultura e seus costumes foram destruídos pelo "homem moderno".
Após se libertarem da Inglaterra e com o crescimento do comércio e da indústria houve a necessidade de expandir o território inicialmente formado pelas Treze Colônias em direção ao Sul e ao Oeste. Os nativos americanos eram removidos das terras em que viviam a milhares de anos e enviados à reservas indígenas. Com a Guerra Civil Americana, muitas nações indígenas foram transferidas para o oeste do Rio Mississípi. A maior resistência dos índios americanos aconteceu em forma de Guerras Indígenas que foram frequentes até a década de 1890.
Posteriormente foram criados os Internatos dos Nativos Americanos (American Indian Boarding Schools) com o slogan "Matar o índio e salvar o homem", essas escolas tinham o objetivo de "livrar" o nativo americano de sua "natureza selvagem", sendo obrigados a abandonar sua língua nativa e adotar os costumes e a religião dos colonizadores.
Até 1924 os nativos americanos não eram considerados cidadãos americanos.
Beyond The Realms Of Death
Durante um intervalo em uma das sessões no estúdio, o baterista Les Binks pegou uma guitarra de K.K. Downing a virou para o lado contrário (Binks era canhoto) e começou a dedilhar a introdução da música. O curioso é que ninguém na banda se lembra de ter visto Binks tocar guitarra em algum momento antes ou depois de gravarem a canção, mas sua contribuição acabou ficando para a posteridade.
Rob Halford comenta sobre a faixa, "Eu amo essa canção porque eu sempre a canto emocionalmente, ela me leva a uma maravilhosa jornada. Eu penso em muitas coisas quando eu a canto. Obviamente eu penso sobre meus momentos no Priest. Eu também reflito sobre algumas das situações infelizes que acontecem com as pessoas do rock n' roll e claro até certo ponto com os fãs, pessoas que tem dificuldades na vida e por uma razão ou outra, querem terminar sua vida de jeitos diferentes. Mas também é uma canção que tem muita força, porque está falando sobre um indivíduo sobrevivendo a esses tempos difíceis."
Muito além do suicídio a canção trata principalmente do livre arbítrio, de alguém que está cansado da sujeira do mundo em que vive e se isola em sua mente, questionando o valor de sua vida diante de um mundo corrompido.
Ela alterna entre dois pontos de vista diferentes, o do narrador e o do próprio indivíduo.
Ele teve o bastante, ele não aguentava mais.
Ele encontrou um lugar em sua mente e bateu a porta.
Não importa o quanto eles tentassem, eles não podiam entender.
Eles o lavaram, o vestiram e deram comida.
No primeiro verso o narrador relata o estado do indivíduo do ponto de vista dos pais.
Yeah! Eu deixei o mundo pra trás.
Estou a salvo aqui em minha mente.
Livre para falar com os meus pares.
Esta é a minha vida, esta é a minha vida.
Eu é quem decido não vocês.
No refrão o indivíduo relata o seu isolamento e afirma que ele é o dono de sua vida e que ele é quem escolhe o rumo que ela terá.
Sem expressão, ele fica lá sentado encarando o espaço vazio.
Nenhum sinal de vida reluz em sua face.
Até o dia em que ele sorriu, e parecia ser com orgulho.
O vento o beijou.
Adeus e então ele morreu.
Yeah! Eu deixei o mundo pra trás.
Estou a salvo aqui em minha mente.
Livre para falar com os meus pares.
Esta é a minha vida, esta é a minha vida.
Eu é quem decido não vocês.
Deixei o mundo com todo seu pecado
Ele não é apropriado para se viver.
Yeah! Eu começarei novamente.
Pode levar toda, toda, toda a eternidade.
Mas eu ainda vencerei.
Nos versos acima vemos a alternância entre o narrador e o indivíduo. Primeiramente o narrador descreve o estado de apatia do indivíduo até o momento em que ele decide partir. Mas o indivíduo realmente tirou a própria vida? Quando o indivíduo toma a palavra ele fala em deixar o mundo sujo em que vive para trás mas fala em começar novamente. A canção retrata a vida de um indivíduo especificamente ou fala de vários indivíduos em situação parecida? A morte a que o narrador se refere se trata da morte em si ou de alguém que resolveu não seguir as convenções e decidiu seguir em frente nos seus próprios termos, como o indivíduo nos faz acreditar nos versos seguintes?
Quantos como ele ainda estão lá.
Mas para todos nós, parecem ter perdido a vontade.
Eles são em milhares.
Condenados e perdidos.
Nada vale esse preço amargo.
Acima o narrador relata novamente a situação do indivíduo e daqueles que se encontram em situação semelhante.
Yeah! Eu deixei o mundo pra trás.
Estou a salvo aqui em minha mente.
Livre para falar com os meus pares.
Esta é a minha vida, esta é a minha vida.
Eu é quem decido não vocês.
Deixei o mundo com todo seu pecado
Ele não é apropriado para se viver.
Aqui os versos se repetem e o indivíduo reitera sua condição e o seu livre arbítrio.
Heroes End
A canção fala sobre três artistas que morreram prematuramente. Uma cantora, um guitarrista e um ator, com claras referências a Janis Joplin, Jimi Hendrix e James Dean respectivamente. Quando o Judas Priest foi acusado de ter levado dois jovens a cometerem suicídio, "Heroes End" foi a primeira canção usada pela promotoria para tentar condenar a banda, sob a alegação de que sua letra glorificava a morte como um ato de heroísmo. Longe de glorificar o desejo pela morte, a canção simplesmente pergunta porque as pessoas tem que morrer antes de serem reconhecidas pelo seu talento.
Fire Burns Below
Faixa bônus da remasterização de 2001, gravada durante as sessões de "Ram It Down" em 1988.
Better By You, Better Than Me
Faixa bônus gravada ao vivo no Foundation Forum em Los Angeles em 1990 com Scott Travis na bateria.
Referências:
http://kkdowning.net/specialreports/fotf/fotf12_exciter.html
http://www.stereogum.com/1691165/judas-priest-albums-from-worst-to-best/franchises/counting-down/attachment/sinaftersin/
http://poetry-of-subculture.blogspot.com.br/2012/05/saints-in-hell-is-perfect-heavy-metal.html
http://visualarts.britishcouncil.org/collection/artists/roslav-szaybo-1933
Heavy Duty official biography, 1984
The Story Of Judas Priest – Defenders Of the Faith – Neil Daniels (2010) - Omnibus Press
Judas Priest – Heavy Metal Painkillers An Illustrated History – Martin Popoff – ECW Press (2007)
Heavy Metal – A História Completa - Ian Christe – Editora Arx (2010)
Barulho Infernal – A História Definitiva do Heavy Metal – Jon Wiederhorn e Katherine Turman – Editora Conrad (2015)
Heavy Metal – A Headbanger's Journey (documentário)
Dream Deceivers: The Story Behind James Vance Vs Judas Priest – Van Taylor (documentário)
Judas Priest – Uncensored On The Record – Jeff Perkins – Coda Books Ltd
http://paleonerd.com.br/2015/08/13/a-triste-historia-das-algemas-para-criancas/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hicsos
http://www.historiamais.com/egito.htm
http://www.infopedia.pt/$hicsos
http://www.newsweek.com/2015/10/09/oral-history-tipper-gores-war-explicit-rock-lyrics-dee-snider-373103.html
https://en.wikipedia.org/wiki/American_Indian_boarding_schools
http://www.photofeatures.com/judaspriest/
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Guerra_dos_Mundos_(livro)
https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Invaders
http://www.livebandphotos.co.uk/metalworks/?225Les%20Binks%20with%20Metalworks%20at%20The%20Monarch%20Camden%20%20London.
http://www.soundzonemagazine.com/2014/11/judas-priest-rob-halford-recorda-caso.html
Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte americanos - Dee Brown – Editora L & PM
http://www.metal-archives.com/artists/Dennis_MacKay/243079
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