Mana: desde sua infância até o Malice Mizer
Por Emanuel Seagal
Fonte: JaMe Brasil
Postado em 25 de dezembro de 2010
Como um punk tímido de Hiroshima se tornou o rock star andrógino que conhecemos hoje? Na parte um desse especial, exploramos a vida de Mana desde sua infância até o Malice Mizer.
Nome: Mana
Nome em caracteres japoneses: マナ, 魔名
Data de nascimento: 19 de março
Local de nascimento: Hiroshima
Tipo sanguíneo: O
Altura: 1,73m
Hobbies: Jogos, filmes, culinária, ballet
Quem é Mana?
Músico, compositor, produtor, designer de moda, criador de tendências, modelo – a importância de Mana na cultura pop japonesa não pode ser superestimada. Com as bandas Malice Mizer e Moi dix Mois ele alcançou fama internacional, e sua grife, Moi-même-Moitié, é uma das mais prestigiosas na moda lolita japonesa.
Mana desafia a categorização. Tanto na música como na moda, seu objetivo é se libertar das normas e preconceitos e criar seu estilo único, unindo elementos que parecem incompatíveis. Seu trabalho é centrado em temas obscuros e profundos, como o poderoso metal gótico que ele compõe para seu projeto dolo, o Moi dix Mois. Porém, ele pode escrever facilmente faixas pop suaves, como pode ser visto em algumas de suas composições para o Malice Mizer e, mais recentemente, para a jovem vocalista e violoncelista Kanon Wakeshima. Até mesmo sua moda gótica e delicada é uma fusão de opostos. Um individualista radical, ele quer encorajar e inspirar as pessoas a confiar em seus instintos e ser quem elas quiserem ser, não importa o que os outros pensem.
Mas quais experiências e ideias moldaram o artista que vemos hoje? Nesta biografia especial, seguimos a jornada pessoal e musical de Mana, de punk adolescente niilista a músico aclamado internacionalmente e ícone fashion, e exploramos o mundo que ele criou para si e para outras mentes semelhantes.
Infância
Mana nasceu em Hiroshima como o mais velho de três irmãos. Seu nome real e ano de nascimento são desconhecidos. Seus pais eram professores de música, e sua casa estava cheia de instrumentos musicais e música clássica. Uma vez que sua mãe o deixava escutar música enquanto ele ainda estava em seu útero, ele foi apresentado ao som que acabaria por se tornar sua marca registrada antes mesmo de ter nascido. Mais tarde, seus pais o fizerm aprender a tocar piano, mas o energético menino que adorava ficar na rua e jogar futebol e baseball não gostou da ideia, dizendo, com desdém, que pianos são "para meninas".
Com a imagem andrógina que ele tem hoje, essa aversão a coisas "femininas" pode ser uma surpresa, mas as sementes de outros interesses e inclinações que se tornariam importantes em seu trabalho já estavam presentes em sua infância. Por exemplo, ele gostava de quadrinhos de terror e de contos de fadas, como João e Maria, e, mais tarde, incorporaria imagens de contos de fadas e de imagens mitológicas, como anjos e demônios, nas letras de suas músicas. Sua fascinação com a questão do que significa ser humano, ‘ningen to wa’, que se tornou o tema chave do Malice Mizer, foi parcialmente despertada por seu anime favorito, "Youkai ningen Bem", traduzido como "Monstro humanóide Bem". A série tinha um clima obscuro e contava a história de três youkai, seres sobrenaturais que, apesar de sofrerem abusos dos humanos por causa de sua aparência, tentavam proteger a população humana e suas cidades, esperando um dia tornarem-se humanos em resposta ás suas boas ações. Ele também desenvolveu uma paixão por vampiros, outro tema musical, que ele associava à beleza, insanidade, tristeza e mistério. Ele costumava assistir a filmes de vampiros e outros de terror tarde da noite.
Na escola, Mana era muito ativo e perdia o interesse nas coisas muito rápido. Os únicos assuntos pelos quais ele se interessava eram artes e esportes. Ele gostava de desenhar, especialmente figuras de ficção científica, e ganhou vários prêmios em competições de desenho. Ele também gostava de trabalhar com argila, mas, mais do que criar, ele adorava destruir depois de pronto, pois achava que destruir algo que tem um formato fosse arte. Porém, sua timidez criava problemas. Ele odiava as aulas de música, pois as crianças tinham que cantar, uma por uma, na frente de toda a sala. Ele também não gostava de ser como os outros. Pouco antes de chegar ao ensino médio, ele entrou para um clube de artes no qual era o único membro. No ensino médio, ele não entrou para o time de baseball, como a maioria dos meninos fez, porque, como uma pessoa tímida, sentir todos os olhos fixados em si o deixava desconfortável. Em lugar disso, ele entrou para o time de handball, pois queria praticar um esporte que não fosse popular, não baseball ou futebol, como todos os outros. Quando todos os estudantes compraram uma mochila que ele achava feia, ele usou uma parecida por algum tempo, mas logo a trocou por uma diferente. A atitude não-conformista que viria se tornar um tema chave em sua vida e em seu trabalho começava a aparecer.
Adeus, normalidade!
Esses fatores também apareciam em seu gosto musical. Até o ensino fundamental, o jovem Mana escutava a tudo o que era popular, incluindo cantoras pop e boy bands, como as da Johnny’s. Ele praticava os passos de dança e até mesmo fantasiava sobre entrar em uma boy band. Porém, na sétima série, o heavy metal ganhou popularidade, e logo ele se tornou um metaleiro. Um show do Mötley Crue em Osaka mudou sua vida para sempre. Era a primeira vez que ele ia a um show de rock e, ao ver os extravagantes membros da banda e os igualmente extravagantes cosplayers, começou a sentir vergonha de sua aparência comum. Nesse dia, ele decidiu dar as costas à normalidade e ‘viver no mundo da corrupção’. Ele começou a experimentar com a maquiagem de sua mãe e transformou seu quarto em uma casa de shows provisória. Mana cobriu as paredes de lona preta, pintou esqueletos e pendurou um ponto de luz no teto. Seus pais não compartilhavam essa paixão pelo rock e ficaram horrorizados com o estado de seu quarto, mas ainda assim ele os convenceu a comprar uma guitarra e uma bateria do Tommy Lee. Infelizmente, eles compraram um violão, o qual ele nunca tocou. Ele acabou comprando para si uma guitarra e tocava bateria o dia todo em seu quarto. Mana estava pronto para formar uma banda.
Seu primeiro projeto foi uma banda cover do Mötley Crue, mas logo ele migrou para um som e uma atitude ainda mais rebeldes. No ensino médio ele foi apresentado ao Sex Pistols, e, percebendo que a necessidade de se expressar era maior que sua timidez, ele formou uma banda punk baseada na popular banda japonesa THE STAR CLUB. Eles alugaram centros comunitários e começaram a tocar ao vivo. Anos depois, em 2007, ele convenceu os membros de sua antiga banda, agora homens de negócios bem-sucedidos, a se reunirem sob o nome Mana’s Not Dead e se apresentarem em seu festival anual Dis Inferno no Shibuya O-East. A apresentação incluía cabelos em estilo punk, maquiagem e roupas feitas a mão, que podem ser vistos na "Maru Music’s Visual Kei DVD Magazine Vol.2". Já que a música que eles apresentaram foi um cover, eles pediram e receberam permissão do THE STAR CLUB de publicar a apresentação em DVD.
Não somente as fundações musicais de Mana se estabeleceram na época de escola, mas também as de designer de moda. Para expressar seu espírito punk, que ele diz que ainda o inspira tanto musical como visualmente, ele adotou um visual totalmente punk. Mana deixou seus cabelos crescerem até os ombros e os tingiu de vermelho vivo ou rosa, fez um grande moicano e passou a usar botas de bico de aço e jaquetas de motoqueiro, que decorou com tachas e desenhos a caneta. É claro que, na época, como membro do time de handball, ele e seus companheiros de time apareciam nos jogos com cabelos espetados, orgulhosos de não se parecerem com os outros jogadores. Mais uma vez, seus pais não ficaram nada felizes. Como professores, eles não queriam que seu filho atraísse uma atenção negativa na escola, e pediram que ele mudasse seu visual. Porém, Mana continuou explorando seu recém descoberto interesse na moda. Ele customizou seu uniforme escolar forrando sua jaqueta com caxemira e adicionando bolsos, passou a colecionar catálogos de lojas que vendiam uniformes e a desenhar seus próprios uniformes escolares. Sua paixão por desenhar roupas acabaria levando Mana a abrir sua própria grife, a Moi-même-Moitié.
Masculino e feminino
Após se formar no ensino médio, Mana não tinha certeza do que fazer com sua vida – ele só sabia que não queria se tornar um funcionário de escritório. Ele acabou se mudando para Osaka, onde entrou para uma escola musical e se uniu a uma banda punk chamada Girl’e, como guitarrista. A banda produziu duas demo tapes, a capa de uma delas tendo sido desenhada por Mana. O desenho mostrava os quatro membros da banda como personagens de desenho animado, e, no interior, um desenho do Gato Félix.
Ainda que ele continuasse tocando música punk, seu visual mudou dramaticamente desde sua época de escola. Em uma gravação de uma apresentação do Girl’e, ele aparecia usando roupas femininas e batom, cabelos longos e soltos, exceto por algumas mechas decoradas com laços. Essa nova imagem era resultado de uma evolução em sua personalidade. Quando menino, ele odiava coisas femininas; na adolescência, ele se descrevia como um "macho man" agressivo com uma atitude destrutiva e sentia uma raiva crescente contra o mundo. Porém, no fim da adolescência, ele começou a se abrir para seu lado feminino, ou, conforme ele mesmo disse, começou a perceber que havia também uma mulher dentro dele. Essa percepção o fez acreditar que a alma de uma pessoa não existe somente no mundo presente, mas transcende o tempo em um ciclo infinito de renascimento, conforme explicou em uma entrevista para a revista Da Vinci, fazendo o autor compará-lo ao protagonista de "Orlando", livro de Virginia Woolf. Nesta ‘biografia histórica’, um cortesão elisabetano muda de gênero. Baseado em sua experiência pessoa, Mana chegou à conclusão que gêneros eram decididos arbitrariamente pela sociedade e poderiam, portanto, ser desconsiderados. Ele gostava de roupas femininas porque seus desenhos são mais divertidos e variados do que o masculino, e agora, para reconhecer seu lado feminino, começou a usá-las tanto no palco como fora dele. Como nome de palco, ele escolheu o feminino Serina.
Mana acabou percebendo que o punk já não era seu mundo e começou a procurar por um som que combinasse mais com a pessoa que ele estava se tornando. Ele tinha levado algumas fitas de música clássica de seus pais para Osaka, e agora, após anos de indiferença, se pegou ouvindo-as quase que exclusivamente, especialmente as composições de Johann Sebastian Bach. Ele também desenvolveu um interesse pelo oculto e começou a colecionar filmes de terror. Suas trilhas sonoras estranhas e misteriosas o fascinavam, especialmente as da banda The Goblin, nos filmes do diretor italiano Dario Argento. Ele montou uma nova banda, cujo com foi inspirado nas trilhas sonoras de filmes de terror e, em grau menor, pelo heavy metal, contando com guitarra, baixo e órgão Hammond. Eles lançaram uma demo tape, mas não ganharam muita atenção e acabaram se separando.
Enquanto isso, na escola de música, sua atitude não-conformista e seu desejo de se expressar estavam criando problemas. Ele estava menos interessado em aprender teoria musical do que em descobrir como criar um som que refletia sua personalidade, e se sentia desconfortável com as ideias rígidas da escola sobre como devia soar a música. Ele continuou na escola por algum tempo, mas acabou desistindo e se mudando para Tóquio para se tornar um músico profissional. Lá, Mana conheceu outro homem incomum, que também sonhava se tornar músico. Seu nome era Közi.
Malice Mizer
Mana chegou a Tóquio com cabelos longos e verdes, e logo descobriu que, devido à sua aparência, suas chances de conseguir um emprego para se sustentar eram limitadas. Felizmente, ele soube de um karaokê próximo de sua casa que o empregaria, apesar de seus cabelos compridos. O bar tinha um palco iluminado, fazendo o local se parecer com uma pequena casa de shows. Os clientes eram jovens membros de bandas que vinham cantar músicas ocidentais, e a maioria dos funcionários também eram membros de bandas. Um deles era um jovem morador de Niigata chamado Közi. Ele, que se descrevia como ‘muito comum’ na época, ficou impressionado com a aparência de Mana, mas acho que ele fosse uma boa pessoa, e os dois acabaram se tornando amigos. Eles descobriram que viviam no mesmo bairro, e Közi começou a passar o tempo na casa de Mana, surpreso com a quantidade de filmes de terror que seu novo amigo tinha.
Algum tempo depois, Mana e Közi foram convidados para ajudar a banda Matenrou, cujo guitarrista, Kenichi, trabalhava no karaokê. Közi entrou como segundo guitarrista e Mana ficou com o baixo. Nessa época ele já tinha trocado o nome Serina para Mana, composto pelos kanji '魔', espírito maligno, e '名', nome. Porém, eles eram apenas membros temporários, e quando o Matenrou se separou, cerca de seis meses depois, eles decidiram dar início à sua própria banda. Mana já tinha pensado no som, visual e em usar elementos teatrais como parte das apresentações. Seu objetivo era combinar melodias de tristeza e beleza com a vlocidade do rock e vocais melódicos e fáceis de ouvir. Porém, ele não estava interessado no padrão comum de guitarrista principal e secundário com guitarras harmônicas no refrão. Ele queria trazer elementos clássicos à música, usando o som de guitarras gêmeas européias enquanto dois guitarristas tocam melodias diferentes que, juntas, se tornam a verdadeira parte de guitarra de uma música. Mas o mais importante para ele era que o som de sua banda fosse único e novo, não algo que fosse chamado disso ou daquilo.
Mesmo antes de Mana e Közi falarem de música ou da banda, eles costumavam ter conversas que requeriam pensamentos profundos, como o conceito do tempo, o que era o destino e se ele podia ser alterado e a questão do que significa ser humano. O que espreitava no fundo do coração humano? Eles falavam sobre essas coisas quase tão entusiasticamente quanto falavam sobre música, e às vezes passavam a noite acordados discutindo. A partir destas conversas, eles começaram a construir o conceito de sua banda com a questão "o que é humano?" como tema central. Mana escolheu o nome Malice Mizer, baseado nas palavras francesas "malice", que significa "malícia", e "mizer", "misère", "tragédia", porque cada pessoa tem seu lado malicioso, e uma tragédia é algo que pode acontecer a qualquer momento. Ele queria expressar através da música o que há por trás dessa tragédia. Para ele, era como uma missão que devia ser cumprida. Ele até mesmo chegou a dizer que não gostava de si mesmo até se tornar um músico e sentia que finalmente havia encontrado o propósito de sua existência. Como baixista, eles recrutaram Yu~ki, ex-ZE:RO, que haviam conhecido quando ele se apresentou na mesma casa de shows que o Matenrou, Tetsu, ex-NERVOUS como vocalista, e Gaz, ex-DATURA, como baterista, logo subtituído por Kami, ex-Kneuklid Romance. Assim nascia o Malice Mizer, em agosto de 1992.
Apesar de Mana ser o líder e principal compositor da banda, eles viam a si mesmos coletivamente, como cinco indivíduos diferentes, cada um com sua personalidade, objetivos e ideias, trabalhando juntos para transformar o Malice Mizer em uma peça de arte. Quando eles se reuniam para compor, debatiam a dinâmica de cada música e como as linhas se encaixavam melhor. Eles pensavam muito ao criar harmonias para seus instrumentos, especialmente se tratando da interação das duas guitarras. Mana ainda se recusava a aprender teoria musical por achar progressões regulares muito entediantes, não querendo usar o mesmo tipo de melodias e harmonias que outras bandas usavam. Em vez disso, ele desenvolveu um método de composição baseado inteiramente no sentimento que ele usa até hoje. Primeiro, ele imagina a história, escolhendo depois os sons que combinam com a paisagem de sua história. Apesar de compor na guitarra e no teclado, Mana não dá atenção às cordas que usa ou como cada música vai se desenvolver. Em lugar de tentar fazê-las se encaixar em qualquer estrutura em particular, ele as deixa fluir naturalmente a partir de seus sentimentos e emoções e as arranja de forma que acha que combina com a composição. Como resultado, suas composições costumam mudar de ritmo ou chave, ter múltiplas melodias e serem imprevisíveis.
A jovem banda não tinha grandes ambições de se tornar major. Eles tocavam em lugares em que mal cabiam dez pessoas, e se divertiam assistindo seu mundo tomar forma aos poucos. Os cinco músicos faziam tudo sozinhos, desde a criação de suas roupas, cenários e flyers, até a abertura e encerramento das cortinas. Mais tarde, eles passaram até mesmo a entregar seus CDs nas lojas. Porém, eles não queriam só se apresentar como outras bandas; eles queriam fundir som e visão em um show que fosse como um belo filme. Assim, eles usavam fantasias e maquiagens elaboradas que complementavam as histórias que contavam em suas músicas, e decoravam o palco como se fosse o cenário de um filme: o castelo de um vampiro, um parque de diversões ou um campo de batalha de uma guerra mundial. A ideia era atrair pessoas a seus shows com a atmosfera do palco e os aspectos de ópera de suas apresentações, mostrando-lhes algo que desafiaria suas noções do que uma banda deveria ser.
No início, todos tiravam sarro deles e, em diversas ocasiões, eles tinham que ignorar comentários desagradáveis. Porém, Mana já esperava esse tipo de reação e escutava com atenção tanto ao que as pessoas odiavam quanto ao que gostavam, porque ele queria compartilhar suas ideias com o mundo. Apesar de ter pouco interesse na cultura pop comercial, ele queria que o Malice Mizer agisse como uma ponte entre o underground e o comercial, e alcançasse pessoas que, talvez, não conhecessem músicas fora do roteiro comercial ou que não conseguiam mostrar seu lado verdadeiro. Eles também receberam várias reclamações. Uma vez eles sujaram os rostos do público com pó dourado, que não saía com água. Em outra ocasião, seus cálculos sobre a distância que um esguicho de sangue viajaria acabaram errados, e as duas primeiras fileiras acabaram cobertas de sangue.
Porém, gradualmente eles começaram a chamar atenção. Em dezembro de 1992, apenas dois meses após sua primeira apresentação ao vivo no Meguro Rockmaykan, na qual distribuíram a demo tape Sans Logique, sua primeira entrevista foi publicada na revista SHOXX. Em julho de 1994 a primeira edição de seu álbum de estreia, Memoire, que eles mesmos produziram e lançaram através da recém fundada gravadora indie de Mana, a Midi:Nette, esgotou na pré-venda. O show one-man no Shinjuku Loft para comemorar esse lançamento também esgotou. Uma segunda edição do álbum foi produzida e, em dezembro, após duas turnês nacionais com diversos shows esgotados intituladas Cher de memoire e Cher de memoire II, uma terceira versão do álbum, intitulada Memoire DX, foi lançada, incluindo a faixa adicional Baroque.
Apenas alguns dias após o lançamento de Memoire DX, o vocalista Tetsu deixou a banda por não concordar com o conceito de incorporar coreografias e pantomimas às apresentações. A separação foi amigável, e ele, Mana, Közi e Yu~ki são amigos até hoje.
Levou quase um ano até que os membros encontrassem um novo vocalista que compartilhasse seus valores. Finalmente, um conhecido os apresentou a Gackt, ex-Cains:Feel. Ele parecia se encaixar perfeitamente, pois já tinha ideias que gostaria de incorporar ao Malice Mizer e, diferente de Tetsu, não se importava de usar maquiagem e dançar no palco. Sob sua influência, a imagem do Malice Mizer mudou drasticamente. Sua música se tornou mais leve e romântica, incorporando ainda mais influências clássicas, assim como techno e música pop francesa. Rendas góticas e rosários foram trocados por fantasias históricas coloridas, cada membro escolhendo uma cor: Mana ficou com o azul, Közi com o vermelho, Yu~ki com o amarelo, Kami com o roxo e Gackt com preto ou branco. Seu visual se desenvolveu constantemente, junto com seu conceito, mas Mana sempre era "a menina": uma empregada, prostituta, dominatrix ou garota inocente escravizada por um vampiro. Seus atributos o tornavam uma mulher bem convincente – uma vez que ele colocava um vestido, seu lado feminino dominava e ele se parecia com uma jovem. Raramente ele usava roupas unissex, como um uniforme militar.
Fama
A pausa de um ano, durante a qual os membros procuravam um novo vocalista, não diminuiu sua popularidade. Pelo contrário, seu show de retorno, em outubro de 1995 no Shibuya O-West, esgotou, e a combinação de sua música única com a voz e o charme de Gackt cativaram a plateia imediatamente. Mais shows esgotados se seguiram, incluindo o one-man no Shibuya O-West para comemorar o lançamento de seu segundo álbum, Voyage. Finalmente, em 1997, a banda assinou um contrato com a gravadora major Nippon Columbia. Esse foi o início de uma grande carreira.
Eles viajaram para a França para gravar um vídeo que promovia seu primeiro single major, Bel Air, e passaram a aparecer na televisão regularmente, apresentando sua música, sendo entrevistados ou participando de game shows. O primeiro álbum major da banda, Merveilles, estreou em segundo lugar na Oricon, e seu show de mesmo nome no Nippon Budokan, com capacidade para catorze mil pessoas, teve seus ingressos esgotados em dois minutos. O show em si foi espetacular, contando com uma bela decoração, em elaborado show de luzes e Mana pilotando uma scooter. Na última música, Gackt, usando enormes asas negras e vomitando sangue falso, foi erguido por cabos presos no teto. Os membros tinham até mesmo seus próprios programas de rádio, mas Mana, que ainda se sentia tímido na frente de estranhos, não participou. Nessa época ele já tinha adotado a política de não falar ou sorrir em público que mantém até hoje, preferindo deixar que sua música fale por ele. Se alguém lhe fizesse uma pergunta na TV ou em algum evento público, ele sussurrava a resposta no ouvido de outro membro da banda, que respondia ao entrevistador, ou usava cartões de ‘sim’ ou ‘não’, ou instrumentos musicais para responder.
Apesar do grande sucesso, porém, uma tensão começou a crescer entre Gackt, que visava uma carreira internacional e mais fama para o Malice Mizer, e os outros membros, que começavam a sentir que, ainda que estar em uma gravadora major tivesse muitas vantagens, isso também significava que eles não podiam realizar suas ideias da forma que queriam. Eles ainda escreviam suas próprias músicas e desenhavam os rascunhos da produção dos palcos, mas agora trabalhavam com tantas pessoas, cada uma com um modo diferente de ver as coisas, que muitas vezes encontravam dificuldades para transmitir suas ideias. Gackt também começou a compor músicas sozinho, sem consultar os outros, o que não os agradou. No final de 1998 começaram os rumores de que ele havia sumido e planejava uma carreira solo. A princípio eles foram desmentidos, mas, em janeiro de 1999, o Malice Mizer apareceu na capa da Fool’s Mate sem Gackt, enquanto o vocalista aparecia na SHOXX sozinho. Na entrevista para a revista, Gackt confirmou que estava afastado do Malice Mizer para trabalhar em um lançamento solo intitulado Mizerable, e deixou a cargo da banda chamá-lo de volta. Ele também abriu seu próprio fã-clube. Gackt nunca voltou para a banda, e as circunstâncias que o levaram a sair são motivo de especulação até hoje. Em entrevistas e em sua autobiografia, Jihaku, ele citou divergências com a gerência e com os outros membros, entre outras. O Malice Mizer, por sua vez, afirmou que ele havia desaparecido sem explicação, não mais participando de reuniões da banda, e sua gerência lançou um informativo ameaçando-o de processo por quebra de contrato.
Tragédia e novos começos
Enquanto os fãs e a mídia ainda debatiam, o Malice Mizer sofreu uma perda ainda maior: no dia 21 de junho de 1999, o baterista Kami morreu repentinamente de hemorragia subaracnóidea, aos 25 anos. Atendendo aos pedidos de sua família, ele foi enterrado em uma cerimônia particular, somente com seus entes próximos presentes. Ele deixou para trás várias músicas do "novo" Malice Mizer – as primeiras que compôs sozinho – e a banda lançou duas delas um ano depois, como parte do box Shinwa, dedicado à memória de Kami. Em lugar de fazer um funeral para fãs que deixaria todos tristes, eles preferiram dividir seus trabalhos com o mundo, por sentirem que isso permitia que o baterista passasse sua mensagem e que os fãs olhassem o futuro de forma mais positiva. Como data de lançamento eles escolheram o aniversário de Kami, primeiro de fevereiro. Ele nunca foi substituído. A partir de então, o Malice Mizer spo usou bateristas suporte, e Kami foi creditado como "eternal blood relative" em todos os seus lançamentos posteriores.
Após a perda de Gackt e Kami, muitos acharam que o Malice Mizer fosse acabar, mas Mana manteve a banda junta. Em setembro de 1999, para ganhar total controle sobre seus assuntos, o Malice Mizer retornou para a gravadora indie de Mana, a Midi:Nette, e começou a trabalhar em novos materiais. Até então, Tetsu ou Gackt tinham escrito as letras de suas músicas, mas, uma vez que ainda não tinham um novo vocalista, essa tarefa ficou a cargo de Mana e Közi. Eles abandonaram o som pop romântico da era Gackt para uma mistura dramática de música clássica, rock gótico e metal, retornando às suas raízes e expandindo-as, adotando um elaborado visual gótico. Mana criou para si a imagem icônica que até hoje aparece em flyers de clubes góticos ocidentais, roupas e até mesmo na capa de um livro de histórias curtas húngaro: uma gothic lolita recatada em um vestido armado curto, meias até acima dos
joelhos e sapatos plataforma, seu delicado rosto pálido emoldurado por cachos.
Em julho de 2000, após dois singles instrumentais, o Malice Mizer lançou Shiroi hada ni kuruu ai to kanashimi no rondo, que apresentou seu novo vocalista, Klaha, ex-Pride of Mind, cujos profundos vocais operáticos complementaram perfeitamente o som novo e mais obscuro da banda. Um mês depois, seu quarto álbum, Bara no seidou, chegou às lojas. No dia do lançamento, o Malice Mizer fez seu show mais espetacular, uma apresentação de dois dias no Nippon Budokan, contando com um céu artificial com a lua e estrelas, pirotecnia e um coral de freiras usando véus. O palco foi dividido em três camadas, refletindo os três singles que levaram até o álbum, ou "santuário": uma catedral gótica em tamanho natural que foi colocada, imponente, sobre a camada superior. No final do show, os quatro membros da banda se reuniram na sacada da catedral, enquanto pétalas de rosas vermelhas caíam do teto. O Malice Mizer estava de volta.
Porém, esse retorno não durou muito. Em 2001, a banda estrelou o filme Bara no Konrei, lançou três novos singles — Gardenia, que simbolizou o amanhecer após a noite passada dentro do santuário; Beast of Blood, que contou a história de vampiros vivendo em uma cidade moderna; e Garnet — e começou a trabalhar em seu quinto álbum. Porém, o Malice Mizer havia chegado a um obstáculo. Até aquele momento, os membros sempre haviam trabalhado com o coceito de "o que é humano?", mas estavam começando a se sentir restringidos. Como sempre, eles fizeram várias reuniões e deram suas opiniões, mas dessa vez não conseguiam entrar em acordo. Finalmente, eles concluíram que seria muito difícil reunir as ideias de todos em um álbum, e que seria melhor se cada um trabalhasse com suas próprias ideias fora da banda, absorvesse novas experiências e, um dia, se reunissem novamente. Então, em dezembro de 2001, após quase dez anos, os membros do Malice Mizer seguiram caminhos separados.
Klaha seguiu carreira solo. Közi se uniu ao Eve of Destiny, banda gótica de Haruhiko Ash, e também deu início a seu projeto solo. Yu~ki contribuiu com as letras para uma das músicas solo de Közi, mas não fez mais nada nos palcos. Enquanto isso, Mana prometeu criar "algo novo e chocante".
Fontes: sites e publicações oficiais do Malice Mizer, Moi dix Mois e Moi-même-Moitié, entrevistas para a Fool’s Mate, SHOXX, UV, Vicious, Da Vinchi, J-Rock Magazine, the Gothic & Lolita Bible, CD Japan, Orkus, JaME e vários outros.
Moi-même-Moitié
Em 1999, tendo adquirido um grande interesse por moda desde que customizou seus uniformes da escola e desenhou algumas das roupas do Malice Mizer, Mana inaugurou a sua própria marca, Moi-même-Moitié. Como "Moi-même" significa "eu mesmo" e "Moitié" significa "metade" em francês, o nome Moi-même-Moitié pode ser traduzido como "uma metade de mim". As cores características da marca são as favoritas de Mana, preto e azul, e o logo é um castiçal estilizado, cujo formato é baseado em um "M" invertido. A frase "Elegant Gothic Lolita Aristocrat Vampire Romance", que faz parte do logo e também aparece em várias estampas, bem como o forro azul característico, resume a inspiração por trás dos modelos.
O estilo da Moi-même-Moitié foi baseado no estilo Lolita já existente, mas introduziu dois novos conceitos: Elegant Gothic Lolita (EGL) e Elegant Gothic Aristocrat (EGA). Ambas as linhas representam roupas para homens e mulheres que vivem no mundo ideal de Mana. Ele decidiu dividir sua marca em duas linhas, pois, no momento, às vezes se vestia de homem e outras de mulher, o que descreveu como tendo seu homem e mulher ideais vivendo dentro de si. Além disso, o fato deste homem e desta mulher dividirem o mesmo corpo ao mesmo tempo exemplifica o nome da marca, "uma metade de mim".
O conceito do EGL foi baseado na idéia de unir elementos aparentemente incompatíveis. Diferentemente do que o nome sugere, a moda Lolita japonesa não tem nada a ver com parecer sexualmente atraente ou fetichismo; preferencialmente é inspirada na moda Vitoriana e antiquada, visando criar uma aura de inocência e fofura. As roupas são manufaturadas em pequenas quantidades e em elevados padrões de qualidade, portanto chegam a ser mais caras do que o estilo ocidental. O EGL funde a inocência e a fofura do estilo Lolita com a escuridão do estilo gótico do ocidente, para assim efetivamente "corromper" ambos. De um lado, as modelos usam babados, fitas e rendas para invocar a fofura das bonecas de porcelana, enquanto do outro, expressa algo como nocividade através do uso de cores escuras, geralmente o preto.
Assim como a maioria dos estilos lolita, o EGL consiste em uma saia em forma de sino até o joelho, vestido ou ciranda com a cintura fina, combinadas com uma blusa curta, com mangas bufantes curtas ou longas. A silhueta é fina, dando ênfase à elegância, bem como à fofura. Ao invés de tecidos de algodão que dominam a maioria das outras marcas, são usados tecidos caros como o veludo, a seda e o brocado. Um detalhe importante da Moi-même-Moitié é um laço personalizado, que é decorado com rosas, cruzes ou a inicial "M" de Mana, bem como botões e forros com o logo da marca. Cruzes, rosas com espinhos e arquitetura histórica são temas populares para as estampas. Originalmente, a Moi-même-Moitié era conhecida pela sua elegância ao invés de suas estampas, normalmente lançadas em um ou dois tipos por coleção. Entretanto, as estampas tornaram-se cada vez mais populares na moda Lolita e, na Moi-même-Moitié, virou a principal atração. A estampa Iron Gate (portão de ferro), que foi lançada na primavera de 2006 e retrata um portão decorado de um cemitério com a frase "Elegant Gothic Lolita Aristocrat Vampire Romance", tornou-se particularmente procurada e hoje é vendida pelo dobro do seu preço inicial.
O EGA é um estilo unissex que lembra trajes de luto vitorianos ou as roupas usadas pelos dândis do século 19, com calças e saias longas, blusas com babados e coletes e casacos drapeados. Novamente, a maioria das roupas são pretas, frequentemente combinando com uma blusa branca. A maioria dos modelos EGA estão disponíveis tanto para homens quanto para mulheres, refletindo mais uma vez a crença de Mana de que a alma humana é essencialmente assexuada, bem como seu ideal de beleza, uma beleza ambivalente, que combina os aspectos positivos de ambos os sexos.
Embora o estilo de Mana, assim como a sua música, seja muitas vezes inspirado em filmes, especialmente filmes de terror, as roupas são feitas para serem usadas diariamente por pessoas que, como ele, querem viver num mundo de mistério. Expressando seu mundo através da moda, ele quer permitir que pessoas de mesma opinião envolvam-se neste mundo como parte de seu cotidiando e encontrem a paz dentro de seu verdadeiro eu. Como explicou na Gothic & Lolita Bible, para uma pessoa, Gothic Lolita é tanto um estilo atemporal, quanto um lugar para o qual retornar dentro de si, seja homem ou mulher. Esta ideia também está refletida na escolha do castiçal como logo da marca: que se destina a ser um guia para aqueles que buscam uma beleza intelectual e nobre, além dos caprichos da tendência da moda que muda a cada estação.
A primeira loja da Moi-même-Moitié abriu as portas em outubro de 1999 no popular distrito de compras Aoyama, em Tóquio. Esta apresentava o interior decorado distintamente de alvenaria cinza rústica, detalhes em ferro forjado e assentos azuis que se tornaram modelos para todas as futuras lojas da Moi-même-Moitié. Devido à fama do Malice Mizer, o evento atraiu grande atenção da mídia, com muitas notícias nos jornais japoneses e na TV. Embora as raízes do estilo Lolita remetam aos anos 70, este vinha sendo um estilo underground até então. O endosso de Mana ao estilo ajudou a levá-lo para o centro das atenções não só no Japão, mas também no exterior, onde a crescente popularidade de anime e mangá e a rápida expansão da internet, que, pela primeira vez, possibilitou pessoas de todos os lugares do mundo a explorarem seus interesses proativamente ao invés de consumir passivamente aquilo que havia sido pré-selecionado pela mídia, acendeu um grande interesse pela cultura pop japonesa. Atrás disso, o estilo Lolita desenvolveu um estilo internacional com uma comunidade online de milhares de pessoas, encontros e eventos pelo mundo.
No começo, metade dos produtos, especialmente as roupas EGA e os acessórios, foram desenhados pelo próprio Mana. Sua co-designer era Alice Kobayashi, que depois lançou sua própria marca Lolita, Fairy Wish. Ele pretendia continuar a desenhar, mas o fato de que não teve nenhum treinamento em fazer vestidos e nos padrões de corte algumas vezes dificultava a realização de seus modelos, eventualmente fazendo-o voltar atrás em seus projetos. Contudo, ele continuou envolvido no processo de produção. Hoje em dia, ele explica aos designers o que quer fazer e checa as amostras antes de irem para a produção. Também mencionou em uma entrevista em 2005 que, quando tem uma idéia espontânea de um item ou uma roupa, ele faz um esboço imediatamente.
Fiel à sua crença de que "em mim sempre batem dois corações", Mana escolheu tronar-se o principal modelo de ambas as linhas, EGA e EGL. Freqüentemente ele apareceu na revista de moda alternativa KERA e, durante uma sessão de fotos, sugeriu à pessoa responsável criar uma revista só com fotos Gothic & Lolita. Em dezembro de 2000, a Gothic & Lolita Bible, a primeira revista exclusivamente dedicada à moda Gothic & Lolita, foi lançada. Esta foi inicialmente uma edição especial da KERA, mas, quando esgotou em apenas três dias, o editor decidiu transformá-la numa revista regular. Rapidamente se estabeleceu no topo das publicações da crescente cena Lolita e logo revistas similares a seguiram. A primeira edição da Gothic & Lolita Bible apresentou seis páginas de uma seção de fotos de Mana vestindo sua própria marca, bem como uma entrevista e uma tirinha em quadrinhos sobre a sua loja. Ele continua a aparecer na revista até hoje.
A Moi-même-Moitié sobreviveu ao fim do Malice Mizer e, em 2009, comemorou seu 10º aniversário. Atualmente possui filiais na loja de departamentos Marui One em Shinjuku, Tóquio e na loja de departamentos Forus, em Sendai. As roupas também podem ser encontradas em boutiques pelo Japão especializadas na moda Lolita, bem como no Atelier Pierrot e em lojas da KERA. Há aproximadamente um ano, Mana organizou um encontro e um grande evento, normalmente no Christon Café em Shinjuku, no qual o interior é decorado inspirado nas catedrais góticas do mediterrâneo com vitrais, ferro forjado e imagens religiosas.
A contribuição de Mana para a moda também é reconhecida internacionalmente. Em 2007, a antropologista britânica Philomena Keet o escolheu como um dos sete designers para serem estrevistados para o seu livro Tokyo Look Book. Ele também participou de outros livros sobre a moda e cultura pop japonesa como Style Deficit Syndrome e as roupas da Moi-même-Moitié são vendidas em butiques especiais, como Harajuku em Paris, França, e Mfashion nos Países Baixos.
O conceito de unir opostos harmoniosamente que Mana criou com a Moi-même-Moitié, bem como suas roupas, também desempenharam um papel crucial em seu próximo projeto. Não era coincidência, assim, que o nome também começasse com "Moi".
Moi dix Mois
Quando o Malice Mizer entrou em hiatus em dezembro de 2001, Mana prometeu continuar a tentar "encontrar o que é a música". Com seu típico desprezo pelo convencional, o guitarrista, que nunca falou em público e muito menos cantou, decidiu começar um projeto solo, e, em 19 de março de 2002, seu aniversário, o Moi dix Mois nasceu. "Moi", que significa "eu", refere-se a Mana e "Dix" significa "dez", onde o número 1 refere-se ao início e o número 0 à eternidade. Finalmente, "dix mois", significa "10 meses" referindo-se à duração da gravidez. No Japão, a gravidez é contada em 10 meses lunares, enquanto que no ocidente são 9.
Sendo um projeto solo, o conceito do Moi dix Mois era mais focado e pessoal do que o do Malice Mizer. Ao invés de trabalhar com estrutura de uma banda com conceito abrangente, como "o que é humano?", para Mana agora o objetivo era criar uma música que "igualasse" sua personalidade e suas idéias sobre música e o mundo em geral.
Assim como a moda da Moi-même-Moitié, a música que ele criou para o Moi dix Mois foi uma combinação de opostos: beleza e escuridão, elegância e agressão, criatividade e destruição. Com relação ao som, a banda continuou na direção que o Malice Mizer estava em sua última fase. Os elementos familiares da guitarra, do órgão de tubo, do cravo, do sintetizador e dos vocais de ópera profundos ainda estavam todos presentes. Entretanto, o ritmo era muito mais rápido e pesado. O resultado foi um som intrincado, mas fresco e incrivelmente energético, algo entre o rock gótico, o metal, o neoclássico e o industrial.
Mana já tinha testado seus dons para compor no Malice Mizer, quando ele e Közi compuseram Bara no seidou enquanto a banda estava sem vocalista, mas a partir de agora ele poderia sempre escrever suas próprias letras. Mantendo a imagem gótica do Moi dix Mois, eles se centraram não só em temas profundos e melancólicos como o Weltschmerz, perda e morte, mas também temas-chave de sua vida e trabalho: autoconhecimento, confiar em seus próprios instintos e habilidades, bem como questionamentos.
Afim de não apenas compor, mas também mixar e produzir a sua própria música, ele estudou os detalhes técnicos da engenharia musical. Ele também ponderou que aprender teoria musical expandiria a suas composições, mas mais uma vez desistiu da ideia. Para ele, o fato do desenvolvimento em suas músicas não poder ser explicado com teoria foi uma característica que as tornaram muito interessantes. Ele também acreditava que compor a partir dos seus sentimentos o ajudava a criar uma música que representasse a sua personalidade. Como explicou em uma entrevista em 2007 na Orkus, uma revista gótica alemã: "Se tivesse um conjunto de estilos no mundo da arte, eu os destruiria. Certamente isto é algo que só eu posso criar, e eu sempre pensei que eu discordaria se alguém dissesse que a música tem que ser desta ou daquela maneira", depois completando, "infelizmente, existem muitas pessoas assim".
Visualmente, sua imagem mudou drasticamente. Quando o Moi dix Mois fez sua estreia em julho de 2002 na festa Dis Inferno I, da Midi:Nette, com Mana na guitarra, Juka nos vocais, Kazuno no baixo e Tohru, que era originalmente do JILS, na bateria, a lolita fofa que ele retratava no Malice Mizer estava longe de ser vista. Ela teria sido muito frágil para o som poderoso que ele criaria a partir de agora. No lugar dela ficou um príncipe gótico e andrógeno de face pálida, uma maquiagem obscura e dramática e cabelos negros e lustrosos que desafiavam a gravidade, que batia cabeça e brandia sua guitarra como se, após anos de procura, ele finalmente fosse capaz de viver sua fantasia de se tornar selvagem como um guitarrista de metal.
Além disso, o Moi dix Mois se apresentou como uma banda de metal ou de rock estilo ocidental. O elemento visual que sempre foi uma parte importante dos shows do Malice Mizer foi abandonado, exceto por ocasionais bandeiras negras com o logo da banda ou uma apresentação com uma espada, mas que também desapareceu ao longo dos anos. Eles conseguiram, entretanto, manter grande atenção em suas roupas. Todos os membros do projeto vestem roupas da linha EGA da Moi-même-Moitié porque, de acordo com Mana, o Moi dix Mois reflete a visão de mundo da Moi-même-Moitié. Vestindo suas roupas no palco, eles unem a música e a encarnação visual do mundo de Mana, então o público pode experimentar suas emoções pelos sentidos da visão e audição. Ele também desenhou Mâtin, seu alter ego que adorna muitas mercadorias do Moi dix Mois.
Em novembro do mesmo ano, o Moi dix Mois lançou seu primeiro single, Dialogue Symphonie, seguido de uma turnê nacional. Em 19 de março de 2003, aniversário de Mana, seu álbum de estreia, Dix Infernal, foi lançado, seguido por outra turnê nacional em julho, na qual o show final foi gravado para o DVD Scars of Sabbath. Esta seria a última vez que se apresentavam exclusivamente para fãs japoneses.
Explorando novos territórios
Em julho de 2004, na véspera do lançamento do seu segundo álbum, Nocturnal Opera, que conta uma trágica história de amor, Mana viajou para Paris, França, a fim de comemorar o lançamento do primeiro CD internacional do Moi dix Mois pela gravadora francesa Mabell, com uma aparição no Japan Expo, uma das maiores convenções europeias de cultura japonesa. Ele tinha acabado de abrir o seu fã-clube, Mon†amour, para membros internacionais — uma raridade entre os músicos japoneses, cujos fã-clubes normalmente só aceitam fãs residentes do Japão —, mas, como um dos primeiros músicos de Jrock que se atreveu a pôr os pés fora do Japão, ele temia secretamente que ninguém soubesse quem ele era. Mana não tinha com o que se preocupar: diversos fãs de toda a Europa e até mesmo do Japão compareceram, tantos que não cabiam no auditório. Ele foi ovacionado e os ingressos para a sessão de autógrafos esgotaram em poucas horas. A demanda para o fã-clube internacional foi tão alta que o site caiu depois de 24 horas online.
Durante esta viagem, ele fez sessões de fotos em vários locais de Paris para o photobook chamado Magnifique, que o mostrou vestindo as coleções outono/inverno EGL e EGA da Moi-même-Moitié. O livro foi lançado em outubro de 2004 pela Midi:Nette e rapidamente tornou-se um item de colecionador. Além disso, tendo notado que alguns dos fãs que foram vê-lo no Japan Expo vestiam roupas da Moi-même-Moitié, ele abriu uma loja online para clientes internacionais em colaboração com a loja varejista CD Japan.
Em março de 2005, o Moi dix Mois se tornou uma das primeiras bandas de Jrock a fazer uma turnê no exterior. Eles se apresentaram na Alemanha e na França, e o show em Paris, que esgotou, foi gravado para o DVD Invite to Immorality. Logo após seu retorno ao Japão, porém, o vocalista Juka deixou a banda para seguir com um som menos gótico, forçando-os a pausar suas atividades. Durante o ano seguinte, Kazuno e Tohru também decidiram sair, então da formação inicial só restaram Mana e o segundo guitarrista K, que se juntou à banda em dezembro 2004.
Em março de 2006, eles voltaram com um mini álbum, Beyond the Gate, que foi lançado simultaneamente no Japão e na Europa, desta vez sob a recém criada gravadora alemã Gan-Shin, que se especializou em música japonesa e é uma colaboração entre a loja alemã Neo Tokyo, a Brainstorm Music Marketing e a gravadora major Universal. Isto caracterizou um novo som mais maduro baseado em riffs pesados de guitarra e elementos eletrônicos, bem como um novo arranjo. O "renascido" Moi dix Mois agora contava com Seth nos vocais, Mana e K nas guitarras, Sugiya no baixo e Hayato na bateria. No mesmo mês, eles embarcaram em sua segunda turnê europeia, que novamente passou pela França e pela Alemanha. Já que o show em Berlim foi em 19 de março, aniversário de Mana, os fãs arrecadaram dinheiro para um presente e lhe deram um relógio cuco preto com decorações góticas, que lhe foi presenteado no palco. Apenas alguns meses depois, em junho, o Moi dix Mois voltou à Alemanha para o Wave-Gotik-Treffen em Leipzig, o maior festival gótico do mundo, que atrai 20.000 visitantes todos os anos.
Este foi um novo público para eles. Devido à sua música e ao seu visual dark, que se mistura quase perfeitamente no universo gótico, eles conseguiram — algo incomum para uma banda de Jrock — chamar a atenção de alguns membros de mente aberta da cena gótica. Mas, apesar da crescente popularidade do Jrock no exterior, estas bandas eram quase que exclusivamente destaque apenas em revistas de animes e mangás e, portanto, grande parte manteve-se desconhecida. Além disso, referiam-se a eles como "Jrock" ou "visual kei", o que confundiu fãs em potencial, já que estes termos eram usados para descrever bandas com estilos musicais totalmente diferentes, cujos membros são japoneses, e, portanto, não há indicação da música que eles realmente tocam.
Isto mudou em fevereiro de 2005, quando Mana apareceu na capa da Orkus, apresentando-o a um público que tinha ou não interesse na cultura pop japonesa e julgou-o unicamente com base na qualidade de sua música. A resposta foi esmagadora: na publicação anual da revista, os leitores da Orkus votaram em Mana como uma das 10 personalidades mais impressionantes, 10 melhores guitarristas e um dos 10 melhores artistas, e o Moi dix Mois como um dos 10 melhores estreantes de 2005. Além disso, as composições obscuras e dramáticas de Mana atraíram a atenção da Trisol, uma gravadora independente alemã que lança alguns artistas tops do mundo gótico, como ASP, L'Ame Immortelle, London After Midnight e Emilie Autumn. A Trisol lançou as edições europeias do Nocturnal Opera do Moi dix Mois e, Bara no Seidou e Cardinal do Malice Mizer, fazendo de Mana um dos poucos artistas japoneses a serem lançados em uma gravadora ocidental regular.
Ainda assim, a performance no Wave-Gotik-Treffen foi um pouco controversa. O Treffen é um dos eventos mais importantes no calendário gótico europeu e o Moi dix Mois, que ainda era considerado estranho pela maioria dos góticos, estava estreando como uma das bandas principais. As expectativas eram muito altas, mas eles aceitaram o desafio com coragem. Eles encheram o salão do Agra de parede a parede, que tem uma capacidade de até 10.000 pessoas, e ganharam muitos que ainda estavam cautelosos com uma banda cuja música soava muito parecida com gothic metal ou metal sinfônico, mas que não se classifica como tal, e cujo líder declarou que não se considera parte de nenhum estilo ou cena em particular. O segundo encore teve que ser diminuído devido ao limite de tempo e os CDs e outras mercadorias foram vendidos poucos minutos após a banda deixar o palco.
Uma turnê americana planejada para julho de 2006 teve que ser cancelada devido a problemas com os organizadores, mas, no mesmo mês, Mana apareceu como convidado de honra no Anime Expo em Anaheim, Califórnia, onde participou de um Q&A panel (perguntas e respostas).
Em março de 2007 aconteceu o lançamento do terceiro álbum do Moi dix Mois, DIXANADU, que sintetiza a visão de mundo de Mana. Como em Beyond the Gate, este foi lançado simultaneamente no Japão e na Europa. A edição limitada instrumental, que só estava disponível nos shows ou no site da Midi:Nette, incluiu como bônus um jogo de computador com Mâtin, o alter ego de Mana, bem como as versões animadas dos outros membros da banda, mais uma vez todos desenhados por Mana. A fim de promover seu novo álbum na Europa, eles decidiram ser uma das primeiras bandas de Jrock a não se apresentar somente em países conhecidos por ter uma grande comunidade de fãs de Jrock como a França, Alemanha e Finlândia, mas também países como a Espanha e Itália, onde as bandas japonesas brigavam por grandes públicos. Entretanto, a reputação do Wave-Gotik-Treffen o tinham precedido e sua turnê não só atraiu fãs de Jrock, mas também muitas novas faces da cena gótica e metal, que multiplicou o número de freqüentadores dos shows. Mana os observou de seu lugar no palco e relatou em detalhes os vários grupos de fãs e a grande variedade de suas idades. Ele também notou com excitação que em alguns shows a maioria do público era do sexo masculino, o que é incomum em shows de Jrock.
Após seu retorno ao Japão, ele começou a se preparar para um desafio de natureza diferente. Em março de 2008 ele revelou que, além do seu trabalho com o Moi dix Mois, ele a partir de agora também trabalharia como produtor e compositor para a gravadora major Sony.
Produzido por Mana
Tendo estudado engenharia musical, Mana tinha procurado por muito tempo outras bandas para produzir junto com o Moi dix Mois. A primeira foi a dupla eletro Schwarz Stein, que atraiu a sua atenção em 2002 através de um artigo de revista. Olhando sua foto, ele sentiu que havia algo de especial neles, então pediu que enviassem uma fita demo. Sua música, que era totalmente digital e não usavam instrumentos acústicos, era completamente diferente da do Moi dix Mois. Contudo, Mana gostou do que ouviu e decidiu checar um de seus shows e depois visitá-los nos bastidores. Depois de assistir vários shows, ele lhes ofereceu um contrato com a gravadora, Midi:Nette. Eles ficaram sob seus cuidados até 2004, quando tanto o vocalista Kaya e o compositor e tecladista Hora decidiram iniciar carreiras solos. Durante este tempo, Mana produziu um álbum, New Vogue Children e dois singles, Perfect Garden e Current, para eles. Eles também frequentemente abriam shows do Moi dix Mois e ocasionalmente modelavam para a marca de Mana, Moi-même-Moitié. Após o fim, Kaya continuou amigo de Mana e frequenta os shows do Moi dix Mois quando sua movimentada agenda permite.
Seu segundo projeto produzido, e que ainda está em desenvolvimento, foi mais envolvente. Em 2007, a gravadora major Sony o convidou para assistir um teste para jovens músicos tendo em vista a possibilidade de produzir um deles. Entre os finalistas ele escolheu a cantora e violoncelista clássica de 19 anos, Kanon Wakeshima. Ele ficou intrigado pelo fato dela cantar enquanto tocava violoncelo, bem como sua personalidade madura, mas ainda infantil, e concordou em ser seu produtor e principal compositor. Assim como no Malice Mizer e no Moi dix Mois, ele quis que suas composições para ela criassem uma ponte entre o underground e o popular. Escolhendo um estilo pop eletrônico com influências góticas e clássicas, ele escreveu treze músicas para o seu álbum de estréia, Shinshoku Dolce, que foi lançado em fevereiro de 2009 no Japão, na Europa e nos EUA. Os dois singles, Still Doll e Suna no oshiro, foram usados como encerramentos do anime "Vampire Knight". Ele também foi responsável pela sua imagem, para qual escolheu um visual lolita clássico que refletiu a sua paixão por doces e pela cor vermelha, bem como o conceito do seu álbum e os PVs que acompanharam os dois singles. Mana também comprou o carrossel que decora a capa do seu álbum de estréia. Em fevereiro de 2009, ele a acompanhou até a França para ajudar a promover o Shinshoku Dolce, juntamente com o lançamento europeu do DVD do Moi dix Mois DIXANADU ~ Fated "raison d'être"~ Europe Tour 2007, bem como apresentá-la ao seu público internacional. Já para os não-conformistas, ele orgulhosamente informou que, mesmo tendo que apresentar formalmente seus trabalhos aos executivos da Sony, ele nunca comprometeu suas idéias e nunca vestiu um terno. Seus esforços foram recompensados quando Kanon foi eleita a melhor estreante de 2009 pela revista americana de anime Shoujo Beat, tendo recebido 45% dos votos.
Esta foi a primeira vez que Mana foi responsável por tudo, desde a criação da música até os arranjos e o visual, e ele achou uma ótima experiência de aprendizado. Ele também gostou de ser capaz de compor músicas que ele não teria sido capaz de criar para o Moi dix Mois. Entretanto, seu novo trabalho provou ser tão envolvente que ele teve que adiar os trabalhos do novo álbum do Moi dix Mois de novo e de novo. Eventualmente, Mana percebeu que teria que recuar um pouco em sua produção para encontrar tempo suficiente para trabalhar em sua própria banda. Porém, continuou como compositor principal de Kanon. Ele escreveu seis das treze músicas de seu segundo álbum, Shojo Jikakeno Libretto - Lolitawork Libretto, que foi lançado em julho de 2010, incluindo Toumei no kagi, que foi usada como tema do jogo online AVALON no kagi, e LOLITAWORK LIBRETTO -Storytelling by solita-, uma colaboração com a jovem cantora francesa Solita. Assim como o anterior, o novo álbum foi lançado no Japão, na Europa e nos EUA.
Enquanto ele estava ocupado trabalhando com Kanon, o Moi dix Mois entrou em um período de silêncio. Em 2008, eles só fizeram três shows: um evento com várias bandas em janeiro, o show de aniversário de Mana em março e a festa Dis Inferno da Midi:Nette em dezembro. A festa e o show de aniversário acontecem todos os anos e, além dos shows do Moi dix Mois, envolve os membros da banda formando pequenos grupos, muitas vezes tocando instrumentos diferentes daqueles tocados no Moi dix Mois, realizando esquetes e mostrando habilidades inesperadas, como truques de mágicas. Suas roupas são feitas à mão e incluem Seth vestido como Yakuza e o cantor afro americano de enka Jero, Juka e Kaya como a dupla pop russa t.A.T.u. (com grande atenção ao detalhe que eles re-encenam o suposto beijo lésbico), Sugiya como uma árvore de cedro, K como uma moça envergonhada e Mana como Papai Noel e Snoopy.
Em 2009, seu ritmo aumentou de novo. Em julho, eles finalmente fizeram seu primeiro show nos EUA quando se apresentaram como convidados de honra do Anime Expo em Anaheim, Califórnia. Em outubro, eles se apresentaram no V-Rock Festival, junto com grandes bandas japonesas como the GazettE e La'cryma Christi, bem como a estrela internacional Marilyn Manson. Nesta ocasião Mana também fez a sua estréia como modelo de passarela da Moi-même-Moitié e, tanto o show do Moi dix Mois como o desfile foram transmitidos ao vivo pela internet. Algumas semanas depois, o Moi dix Mois foi convidado do evento Mad Tea Party, apresentado pela banda D.
Passado, presente e futuro
O Moi dix Mois raramente colabora com outras bandas, mas em dezembro de 2008, Mana surpreendeu e deliciou os fãs com o anúncio que o co-fundador do Malice Mizer, Közi, seria o convidado especial da festa Dis Inferno deste ano. Pela primeira vez em sete anos, Mana e Közi ficaram juntos no mesmo palco. Como esperado, os ingressos do evento esgotaram e não só incluiu shows de seus respectivos projetos solos, mas também um breve revival do Malice Mizer quando tocaram juntos sua primeira música gravada, Speed of Desperate e também N.p.s.N.g.s.. Esta reunião também atraiu muitos integrantes da comunidade Jrock, incluindo o primeiro vocalista do Malice Mizer, Tetsu, agora do NIL, e Kamijo do Versailles, que iniciou sua carreira como roadie do Malice Mizer.
Tendo organizado o evento Dark Sanctuary junto com o D'espairsRay, em julho de 2009 o Moi dix Mois e Közi fizeram uma turnê juntos em duas cidades, chamada Deep Sanctuary. Ao mesmo tempo, o famoso fabricante de guitarras ESP, que produziu as guitarras de Mana e Közi, fez uma exposição de suas guitarras. Como a Dis Inferno, a turnê foi um sucesso, então em julho de 2010 eles a repetiram com Deep Sanctuary 2 que, além de Tokyo e Osaka, incluiu também Saitama, Kobe, Nagoya e Sendai. O convidado especial deste show esgotado no Akasaka Blitz foi Yu~ki, que não era visto desde o hiatus do Malice Mizer há nove anos. Eles tentaram convencê-lo a participar da turnê anterior, mas ele hesitou. Mas não neste ano. Após Közi e o Moi dix Mois terem terminado suas respectivas apresentações, os fãs foram transportados de volta no tempo quando as cortinas abriram para revelar Mana, Közi e Yu~ki com seus instrumentos do Malice Mizer — Mana com sua antiga Jeune Fille azul, Közi com Akauzu-kun e Yu~ki com seu baixo. Os membros seguraram rosas vermelhas durante a música Saikai no chi to bara, "The reunion of Blood and Roses" (A reunião do sangue e das rosas), seu single revival após a saída de Gackt e a morte de Kami, que encheu o auditório. Mesmo com eles tendo seguido em caminhos separados por mais de uma década, a química continuou quente e forte. Junto com Hayato, que se inclinou perante a bateria em honra a Kami, eles tocaram juntos um cover de What lurks on Channel X? do Rob Zombie. Depois se seguiu o destaque da noite quando tocaram a favorita do Malice Mizer, Beast of Blood com Közi nos vocais, se abraçaram e deixaram o palco de braços dados.
Muitos fãs derramaram lágrimas de nostalgia nesta noite, mas enquanto ele não descarta uma possibilidade de uma nova reunião, Mana permanece comprometido com sua carreira solo. Passados oito anos, ele vem buscando um equilíbrio perfeito entre o clássico e o avant-garde, a melodia e a agressão, a beleza e a escuridão. Cada álbum do Moi dix Mois o impulsionou mais adiante neste caminho de descoberta e formou uma base sólida de fãs no Japão e no exterior. Dix Infernal apresentou a música pesada, obscura e sinfônica do Moi dix Mois para um público desavisado, ainda encantando com o mundo do Malice Mizer. Nocturnal Opera refinou seu novo som e se focou em belas melodias, enquanto Beyond the Gate sinalizou o retorno das composições da guitarra e a adição de uma nova dimensão eletrônica. DIXANADU canalizou a energia de Beyond the Gate em algo igualmente pesado, mas um som mais melódico e sereno e o novo álbum do Moi dix Mois, D+SECT, foi lançado em dezembro de 2010.
E agora? O que o future reserve para Mana? A revista francesa Kogaru perguntou a ele, onde ele se vê daqui a 20 dias. Sua resposta foi inequívoca: "Eu quero continuar tocando até o dia em que eu morrer. A música é a minha razão de viver".
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps