Cathedral
Por Jefferson Camargo
Postado em 17 de dezembro de 2006
Texto que Lee Dorrian adaptou do esboço original de Jon Tombsmoker e com trechos de 2002 até os dias atuais escritos por Jefferson Camargo.
O Cathedral teve seu início no final de 1989, quando seus membros fundadores Lee Dorrian e Mark (Griff) Griffiths discutiam sobre a paixão que tinham por bandas como Trouble, Pentagram, Black Sabbath, St.Vitus, Melvins, Candlemass, etc. O papo rolou num show do Carcass em Cardiff, onde Griff era ‘roadie’ e não tinha intenções de ter uma banda ‘gore’ como aquela para qual trabalhava. Depois de muito mais que algumas cervejas, os dois chegaram à conclusão de que deveriam formar uma banda na veia das de seus heróis e assim nasceu a idéia.
Na manhã seguinte os dois acordaram com uma puta ressaca e com a pergunta que não calava – "Ok, nós vamos formar uma banda de ‘Doom’, mas quem mais vai tocar nessa porra além da gente??" O ‘Death Metal’ estava praticamente atingindo seu ápice nessa época e não havia muitas pessoas (músicos sem banda) que compartilhavam o amor que os dois tinham por músicas onde tudo era lento.
Griff tinha sido editor de um fanzine que tratava exclusivamente de ‘Doom Metal’ chamado ‘Under The Oak’, do qual uma cópia ele tinha vendido à Garry (Gaz) Jennings quase um ano antes num show do Candlemass. Gaz havia tocado/cantado/produzido a ‘demo’ de ‘Doom-Trash’ Sorrow’s Epitaph sob o nome de Morbid Doom. Os dois mantinham um contato distante e Dorrian já havia sido apresentado a Jennings em alguma época anterior num show do Nuclear Assault/Acid Reign, via Dan Lilker.
Griff e Dorrian obviamente ficaram maravilhosamente impressionados com o amor e dedicação de Gaz ao ‘Doom Metal’ e nem precisa dizer que ele virou o alvo Nº1!
O primeiro ensaio da banda se deu nos estúdios Rich Bitch em Março de 1990. A formação era Dorrian (vocais), Griff (guitarra base), Gaz (guitarra principal) e o baterista inicial era Andy Baker, que já havia tocado no Sacrilege, Varukers, Cerebral Fix entre outras bandas. Esse ensaio consistiu principalmente de ‘jams’ de Gaz e Griff em algumas músicas do Vitus e tocando alguns esboços de ‘riffs’ para dar o clima ao som. Depois de mais alguns ensaios, ficou claro que Andy não estava muito entusiasmado com aquele som mais lento do que o mais lento, cheio de ‘wah-wah’ que torturava, saído dos ‘amplis’ massacrantes dos dois guitarristas e então foi substituído por Ben Mochrie que havia tocado em várias bandas de ‘hardcore’ locais. Depois de uma procura infrutífera por um baixista, Griff decidiu trocar as 6 cordas pelas 4. Tamanho era o amor da banda pelas harmonias de guitarras ‘gêmeas’ como no começo do Trouble, que decidiram que a formação não estaria completa sem a adição de um segundo guitarrista, que veio a ser Adam Lehan, se juntando a banda pouco antes da gravação da primeira ‘demo’.
Quando o Cathedral apareceu pela primeira vez na cena ‘underground’ eles despejavam no público as marchas fúnebres mais lentas e chaeia de dores que o mundo já ouvira. Isso por si só foi uma surpresa considerando que seus membros Gaz Jennings e Adam Lehan ambos foram parte da cômica banda de ‘Trash Metal’ Acid Reign e o vocalista Lee Dorrian tinha acabado de deixar os reis do ‘Grindcore’, o Napalm Death!
O primeiro lançamento foi a ‘demo’ auto produzida, In Memorium, lançada pelo então infante selo Rise Above Records de Lee Dorrian e ganhou atenção por parte do ‘underground’ no mundo inteiro. Colado com o seu lançamento, a banda concluiu várias ‘turnês’ com diversas bandas como S.O.B., Saint Vitus, Morbid Angel, Sadus, Paradise Lost, Silverfish, Young Gods e New Cranes.
O ano seguinte veio e mais um baterista se foi. Mas ao mesmo tempo eles foram contratados pela Earache no Reino Unido e lançaram Forest Of Equlibrium, que trazia atrás da ‘batera’ o ex - Dream Death e atual Penance (na época), Mike Smail. Assim como sua ‘demo’, Forest Of Equilibrium foi bem recebido na cena ‘underground’ do metal. E também atraiu a atenção da Columbia Records nos Estados Unidos.
Em 1992, o Cathedral recrutou outro ex-membro do Acid Reign, o baterista Mark Wharton e gravam o EP Soul Sacrifice, que foi o primeiro a mostrar para onde a música deles estava direcionada. Essa direção é um som mais ‘retrô’, influenciado pelo ‘Hard Rock’ dos anos 70 ou ‘Stoner Doom’ se você preferir. A banda saiu na infame ‘turnê’ Gods Of Grind ao lado dos companheiros de gravadora Carcass, Entombed e Confessor. Depois disso, a banda retornou à Europa pra excursionar, mais uma vez, com o Saint Vitus.
Com Soul Sacrifice sendo lançado nos Estados Unidos pela Columbia Records, a banda embarcou em sua primeira jornada através do Atlântico para excursionar com os amigos do Napalm Death, Carcass e Brutal Truth. A extensa ‘turnê’ ficou conhecida com Campaign For Musical Destruction e foi um estrondoso sucesso! Infelizmente, o potencial cansaço causado pela pressão da gravadora e pelas turnês, pesou para o membro fundador da banda Griff, que resolveu deixar a banda na próxima ‘turnê’.
Nessa época, a banda requisitou os serviços do guitarrista da banda de Cronos, Mike Hickey, para tocar baixo ao vivo. A banda tocou no CMJ em Nova York ao lado do Trouble, C.O.C. e The Obsessed, seguido de uma viagem para Israel no Natal de 92. Também um pouco antes do final daquele ano, a banda tocou uma série de datas na Alemanha com Napalm Death, Trouble, The Obsessed e Crowbar (daí se originou o ‘bootleg’ Ride Through The Decay, gravado em Sttutgart à 28 de dezembro, que já trazia algumas músicas novas ao vivo). Isso pavimentou o caminho para o monumental The Ethereal Mirror (que tinha originalmente o título de pré lançamento de Deacadence, embora tenha uma revista que anunciava como sendo Journey Into Jade). Sem um baixista fixo, ficou a cargo de Gaz toca-lo no álbum.
As reações à The Ethereal Mirror, de forma geral, foram estáticas, com ocasionais referências como ‘O PRÓXIMO GRANDE GRUPO DE METAL!’ A banda não estava tão estática assim e estavam de algum jeito empolgados com o que haviam gravado.
Próximo ao lançamento do álbum, a banda embarcou numa ‘turnê’ pela Europa com o Sleep e o Penance. Apareceram também na Alemanha ao lado do Cannibal Corpse e Fear Factory.
Logo após isso, o Cathedral debutou ao vivo no Japão, ao lado dos amigos do Brutal Truth, que veio a se tornar um estrondoso sucesso. Esta seria a última seqüência de shows com Mike Hickey, que mais tarde foi se juntar ao Carcass.
Mike foi substituído pela lenda do ‘Grincore’ Scott Carlson que viria a se tornar um importante membro da banda, mas que infelizmente nunca chegou a tocar num álbum do Cathedral.
Nessa época, o Cathedral começou a descobrir os contras de ser parte de uma grande gravadora. A Columbia queria que a banda excursionasse pra valer, e mesmo questionando a gravadora sobre a ‘turnê’, a banda sucumbiu a demanda dela e abriu uma longa ‘turnê’ para o Mercyful Fate e o Flotsam And Jetsam. Essa ‘turnê’ levou ao desgaste dentre os membros da banda e eles não estavam nem um pouco contentes com as condições da ‘turnê’. Depois de vários incidentes, pediram para que o Cathedral deixasse a ‘turnê’. Aparentemente, Dorrian disse que achava King Diamond um ‘babaca’ num dos poucos shows em que o Fate tinha pulado fora.
Isso chegou nos ouvidos de King que exigiu desculpas por parte de Dorrian, que irrefutavelmente recusou. A banda deixou a ‘turnê’ na Flórida e a essa altura estavam mais do que felizes por terem feito isso.
Adam Lehan decidiu que deixaria a banda durante a ‘turnê’ com o Fate, por razões musicais, pessoais e médicas, mas completou a obrigação de excursionar pelos Estados Unidos alguns meses mais tarde com o Fight de Rob Halford. A ‘turnê’ foi muito mais ‘na boa’ e a banda curtiu, mas o estrago já tinha sido feito. Lehan tocou seu último show com o Cathedral ao lado do Pentagram, Iron Man e 13 no Grand em Nova York a 7 de dezembro de 1993. Este seria também o último show com o baterista Mark Ramsey Wharton.
Pouco antes da ‘turnê’ com o Fight, a banda entrou em estúdio mais uma vez com a intenção de gravar algo um pouco mais cru e ‘viajante’ do que foi a grande produção do album The Ethereal Mirror. Testando a promessa da Columbia de ‘livres para criar’, o Cathedral lançou Statik Majik em 1994 no Reino Unido. Este EP de 40 minutos trazia o épico The Voyage Of The Homeless Sapien.
Essa faixa sozinha tomava mais da metade do tempo do EP. Também apresentava uma vasta variedade de instrumentos e objetos musicais, e ainda Lee ‘chapado’ improvisando um monte doidices e dando nada mais, nada menos do que uma descarga no fim da música! A Columbia lançou o EP como Cosmic Requiem nos Estados Unidos. Ele trazia uma capa diferente e uma faixa alternativa equivalente à versão do Reino Unido (A Funeral Request – Rebirth ao invés de Midnight Mountain). O Cathedral também lutou com ‘unhas e dentes’ quando a Columbia tentou omitir Voyage Of The Homeless Sapien para colocar Fountain Of Innocence, pois ‘Voyage’ não era o tipo de canção que seria fácil de comercializar junto ao público consumidor de Metal (a Columbia havia lançado uma ‘demo’ em cassette com o nome de Innocence Requiem sem o conhecimento da banda). Foi aí que apareceram os primeiros sinais de desgaste na ‘lua de mel’ com a Columbia.
Uma oferta para abrir a próxima ‘turnê’ do Black Sabbath foi feita. Mesmo sem dois membros na banda, isso não deteu o óbvio desejo de Lee, Gaz e Scott de querer tocar ao lado dos mestres! Então eles chegaram em Joe Hasselvander (bateria) e Victor Griffin (guitarra) do Pentagram para ver se eles topavam a parada. Ambos aceitaram e a ‘turnê’ seguiu em frente com a nova banda dos Estados Unidos, Godspeed. A ‘turnê’ foi muito divertida e banda ficou muito amiga de Tony e Geezer. Infelizmente, as coisas não foram bem para Victor, que foi pra casa mais cedo depois de um show em Budapeste.
Continuar a ‘turnê’ como um quarteto foi um tanto preocupante para a banda, mas na primeira noite com um só guitarrista, Tony Iommi chegou na banda e disse que eles soaram muito melhor. Essa era a afirmação de que precisavam e não é a toa que é um quarteto até hoje!
O resto da ‘turnê’ foi bem, mas a banda estava incerta sobre o seu futuro com a formação, então foram forçados a cancelar uma ‘turnê’ pela Irlanda que tinha sido agendada não muito tempo antes.
O baixista Scott Carlson estava morando em Chicago e a banda decidiu ficar como um quarteto. Os caras eram amigos de Barry Stern do Trouble (falecido no começo de 2005), que também vivia em Chicago. Com ofertas para shows aparecendo o tempo todo, a banda perguntou a Barry se ele não gostaria de ‘dar uma mão’ por um tempo. Isso significava que eles poderiam fazer ‘jams’ enquanto estivessem longe da Inglaterra.
Barry tocou em alguns shows pelo Reino Unido e festivais na Bélgica (Viva Rock), França e Suécia (Hultsfred). A banda ainda procurava por um baixista fixo e fez algumas audições na Inglaterra, mas parecia que não conseguiam encontrar a pessoa certa para o posto. Ainda tendo contrato com a Columbia e uma formação ‘trans-atlântica’, parecia não haver um grande problema. A gravadora estava ansiosa para ouvir novo material e Scott se tornou amigo de um baterista chamado Dave Hornyak que também vivia em Chicago e queria fazer um teste na banda. Ficou decidido que Lee e Gaz se mudariam para Chicago por mais ou menos um mês para trabalhar em material novo e testar Dave. Os ensaios foram muito bem e as coisas pareciam estar ficando boas pois a banda estava feliz e até fez um show de despedida em Chicago antes de Lee e Gaz retornarem à Inglaterra.
Caminhando para o fim do ano, Dave e Scott vieram à Inglaterra e a banda tocou em alguns shows com o Electric Wizard e o Mourn. Daí foram para os estúdios Rhythm para gravarem uma ‘demo’ de 5 novas canções.
Tudo estava indo bem e a banda estava feliz com a nova formação e positiva com relação ao futuro. Então exatamente um dia antes do Natal, Lee recebeu um telefonema de seu agente da A&R na América dizendo que a Columbia não queria mais trabalhar com a banda. A notícia não foi tanto uma surpresa para a banda, mas foi de grande impacto, já que isso queria dizer que eles teriam que perder seus membros Scott e Dave! Foi difícil especialmente para Lee e Gaz pensar que perderiam Scott, pois tinham se tornado bem próximos e passado por muitas coisas juntos. Eles pensaram em várias maneiras de manter as coisas funcionando, mas a falta de recursos financeiros tornou impossível a permanência de Scott, que fora forçado a sair.
Esse foi um período muito deprimente para Lee e Gaz que agora eram os únicos membros que restaram, e foram seriamente forçados a questionar a viabilidade de continuarem. Os próximos meses foram cheios somente de novas histórias de horror sobre os negócios e a política da situação que os dois enfrentavam quase que diariamente. Os dois estavam determinados a não serem derrubados por quaisquer forças que fossem, e decidiram que o Cathedral era muito importante para desistirem assim! Então depois de um período aparentemente interminável de dias negros, a banda decidiu fazer audições para achar membros fixos no Reino Unido pela segunda vez. Dessa vez as audições foram mais frutíferas e Lee e Gaz estavam super felizes por descobrirem os talentos do baterista Brian Dixon e do baixista Leo Smee, a quem ambos foram bem vindos À SEITA.
Não havia tempo a perder, porque exatamente uma semana depois das audições a banda estava para sair direto em ‘turnê’ ao lado do Deicide e do Brutal Truth, onde eles tocaram uma seleção de músicas novas.
Pouco tempo depois disso, a banda tocou no festival de La Folies na França, e tocaram no festival de Roskilde na Dinamarca antes somente do Van Halen. Agora que esses 4 rapazes do ‘Doom’ estavam excursionados e unidos, entram nos estúdios Parkgate em Hastings para gravar o grandioso The Carnival Bizarre. Um álbum que unia o espírito de liberdade do rock dos anos 70 com o ‘Doom’ pelo qual viviam. Uma das faixas neste lançamento, Utopian Blaster, traz solos feitos por Tony Iommi do Black Sabbath.
O álbum trouxe o Cathedral de volta aos holofotes e mais uma vez foram aclamados pela crítica. A banda excursionou extensivamente pela Europa com o Crowbar, na Escandinávia com o Motorhead, Reino Unido e Austrália com o Paradise Lost e fizeram um brilhante retorno ao Japão. Mergulhando profundamente no clima experimental dos anos 70, o Cathedral lançou outro EP após o lançamento do álbum. Entitulado Hopkins (The Witchfinder General), o EP apresentava uma faixa de seu lançamento anterior. Também tinha um cover para Fire, uma velha canção dos anos 60 do The Crazy World Of Arthur Brown. A supresa pela qual todos esperavam dessa inovadora banda foi a faixa influenciada pela música ‘disco gótica’ Purple Wonderland e o ‘rock funky blues’ de The Devil’s Summit (que apresentava saxofone e órgão Hammond, entre outras coisas). Resenhas sobre esse lançamento tiveram opiniões variadas.
Foi também nessa época que o Cathedral retornou aos Estados Unidos para excursionar com as lendas do ‘Doom’, o Trouble, que eram patrocinados pela High Times e a Jagermeister! Em algum lugar no meio dessa ‘turnê’ o Trouble decidiu que não podiam continuar mais como uma banda e pularam fora da ‘turnê’ depois de um show em San Antonio, deixando o Cathedral preso nos Estados Unidos.
A banda conseguiu fazer alguns shows como ‘headliners’, emprestando equipamentos de bandas locais. Eles não puderam cumprir algumas datas devido a falta de fundos e voltaram pra casa depois do show em Nova York no Wetlands.
Depois de excursionar solidamente por quase um ano, a banda decidiu erroneamente por preferir voltar ao estúdio sem preparação. Exatamente um ano após terem gravado The Carnival Bizarre, a banda retornou aos estúdios Parkgate para gravar Supernatural Birth Machine com literalmente uma semana de preparação entre o fim da turnê e o tempo de ir para o estúdio.
Dizer que a banda estava ensaiada é pura mentira! Na verdade, Dorrian estava escrevendo muitas das letras literalmente minutos antes de serem gravadas! Sem qualquer tipo de ensaio!
O lançamento do LP gerou críticas em que alguns diziam que esse era um álbum abaixo do padrão das grandes produções do Cathedral, enquanto outros clamavam esse ser um dos melhores albums da banda. A versão americana complicou ainda mais as coisas quando a Earache dos E.U.A. mudou completamente a embalagem do álbum numa tentativa de lucrar em cima do tão falado ‘som stoner’ (quando que as gravadoras vão deixar as bandas em paz ?!) A banda não estava nem um pouco ciente sobre a decisão da Earache dos E.U.A. em fazer isso e pediu desculpas a todos que se sentiram lesados por essa ‘embalagem de qualidade inferior ’. Pouco antes do lançamento de ‘Supernatural’ a banda embarcou para a América Do Sul, para uma ‘turnê’ que estava agendada para acontecer no Peru, no Chile, na Argentina e na Venezuela. A maldição do Cathedral se fez presente mais uma vez! A primeira parada foi na Colômbia, onde estava agendado para a banda ficar por 3 semanas. Os shows foram aparentemente incríveis e a banda estava curtindo o momento e o país, até que as coisas começaram a dar errado...
Uma série de eventos ocorridos colocaram em risco o bem estar da banda, terminando com Lee e Leo tendo rifles apontados para suas cabeças pela polícia, que revistaram tudo o que tinham e ainda os ameaçaram de serem presos.
Depois de uma série de outras histórias de horror, o promotor resolveu desaparecer com todo o dinheiro que era para supostamente levá-los para os outros países. A banda decidiu acabar rapidinho com a ‘turnê’ e voltaram para a Inglaterra. Com uma formação que parecia estável e o número de fãs aumentando constantemente, a banda continuou com uma agenda cheia de ‘turnês’ que os viu excursionar pela Europa com o My Dying Bride, e retornos ao Japão, Austrália, Grécia e outros países.
Depois dessas ‘turnês’, a máquina chamada Cathedral descansou suas engrenagens. A banda não teve escolha à não ser esperar que a gravadora resolvesse convenientemente o que eles deveriam ou não fazer para o próximo lançamento (contratos e outras merdas).
Por quase 3 anos nada se ouviu sobre essa agora lendária banda. Muitos temiam ser este o fim. Rumores davam conta de que Lee estava acabado e alcoólatra! Mas todos os rumores não tinha substância alguma.
A banda tocou no festival Dynamo em Nijmegen na Holanda em 1998, daí foi anunciado no final daquele ano que um novo LP do Cathedral iria chegar às ruas no início do próximo ano. Caravan Beyond Redemption era o LP em questão, reunindo vários elementos dos LP’s e EP’s anteriores e adicionado de uma pegada muito original.
Esse álbum os levou de novo para a estrada, excursionando pela Europa com o Orange Goblin e o Terra Firma. Eles também voltaram ao Japão (com o Orange Goblin), Austrália e Grécia, daí fizeram vários outros shows no Reino Unido.
Então foi anunciado que o VHS Our God Has Landed, originalmente gravado e lançado no Japão seria relançado com todos os vídeos promocionais da banda como bônus. E mais! In Memorium iria reaparecer como In Memoriam, ainda pelo selo original Rise Above e seria relançada numa nova embalagem.
Incluído no final desse essencial EP estavam faixas gravadas ao vivo em 1991 (que eram gravações alternativas ao ‘pirata’ mexicano Echoes Of Dirges From The Nave). Não satisfeitos com um mero relançamento de sua ‘demo’, o Cathedral também relançou as raridades Soul Sacrifice e Statik Majik em um CD 2 em 1 no Reino Unido e nos Estados Unidos. Um EP estava fora de catálogo já há um longo tempo nos E.U.A. e outro disponível só como importado (e foi muito bem vindo pelos fãs que os perderam na primeira prensagem).
O Cathedral retornou alguns anos mais tarde em 2001 com o lançamento de Endtyme, que viu a banda no seu momento mais pesado sem dúvidas! A produção foi muito mais despojada e a banda parecia ter voltado um pouco para suas raízes sonoras. Também no começo de 2001, o Cathedral teve seu primeiro DVD lançado. Era o VHS Our God Has Landed, mas ao invés de ter o show gravado no Japão, vem com o show gravado no Astoria de Londres como parte da ‘turnê’ Gods Of Grind em março de 1992 além de entrevistas com a banda nessa época. A Southern Lord Records também trouxe à existência um EP de 7" com 2 faixas raras das sessões de Endtyme. O EP Gargoylian b/w Earth In The Grip Of A Skeletal Hand tem versões em vinil preto tradicional, vinil amarelo muito legal e vinil azul.
Desde a gravação de Endtyme, a banda caiu mais uma vez na estrada, desta vez excursionando Europa e Japão com os artistas da Rise Above, Hangnail. Eles também fizeram uma parada nos Estados Unidos para tocar no New Jersey Metalfest. No fim daquela ano eles excursionaram pela Europa com os velhos amigos do Entombed.
O lançamento de Endtyme também marcou o fim da longa história da banda com a gravadora Earache. Depois de 10 anos de altos e baixos, a banda estava livre do contrato. Eles então aceitaram a proposta feita pela gravadora Dreamcatcher.
O começo de 2002 viu a banda retornar à sala de ensaios em Liverpool para começar a escrever seu sétimo LP, The Seventh Coming, que saiu nos E.U.A., Europa e Brasil no final de 2002. Definitivamente mais variado do que o niilismo contido do começo ao fim entre os ‘grooves’ obscuros de Endtyme, em Seventh Coming a banda é levada à uma jornada mais contrastante.
Com uma produção dinâmica, mais uma vez cortesia de Kit Woolven, e a arte da capa criada pelo membro extra não oficial Dave Patchett, a banda mais uma vez caiu na estrada. Tocaram pelo Reino Unido com o Electric Wizard em 2002 e em 2003 fizeram uma extensa ‘turnê’ pela Europa com o Samael e foram para a América Do Norte para uma série de datas em setembro com o Strapping Young Lad e o Samael novamente.
A ‘turnê’ foi levada a cabo até o final de 2003 e a banda não descansou e assinou contrato com a gravadora Nuclear Blast em julho de 2003 e já em janeiro de 2004, a banda fez alguns shows na Grécia e um na Suécia, e no meio do ano preparou um super lançamento!
A coletânea de clássicos e de raridades dupla The Serpent’s Gold; o primeiro CD chamado The Serpent’s Treasure traz só os clássicos que Lee e Gaz escolheram ‘a dedo’ como Ride, Hopkins, Melancholy Emperor, Equilibrium, Voodoo Fire, tentando cobrir a carreira toda de forma simples e direta e arrebanhar com certeza mais fãs. O segundo CD tem o título de The Serpent’s Chest e vem recheado de raridades do arquivo particular da banda!
O CD traz demos das épocas de Forest Of Equilibrium, de The Carnival Bizarre, além de um cover de Rabies do lendário Witchfinder General e gravações ao vivo e faixas nunca ouvidas antes desse fantástico material ser lançado e ainda o encarte traz fotos da banda e uma entrevista com o mestre das 6 cordas, Gaz Jennings e Lee Dorrian. Esse lançamento é obrigatório para fãs novos e velhos da banda.
Também nessa época, entre junho e outubro de 2004, o Cathedral começou a preparar o material para o próximo álbum, que seria o primeiro pela nova gravadora Nuclear Blast. Havia até nomes de canções novas e até o possível título do álbum como sendo Seeds Of Decay, programado para fevereiro ou maio de 2005. Mas nada disso aconteceu, exceto que eles realmente estavam escrevendo novas músicas!
Para promover essa coletânea, a banda saiu em ‘turnê’ em julho para shows na Inglaterra e dois festivais em agosto, o Wacken Open Air na Alemanha e o Ilha do Ermal em Portugal. Em outubro, foram confirmados como banda de abertura do H.I.M. pelo Reino Unido, o que serviu de grande exposição para audiências diferentes. Em novembro participam do festival Rock At Sea na Suécia e em dezembro tocam 2 shows como ‘headliners’, mais 2 com o Witchcraft e um para finalizar o ano, abrindo para o Paradise Lost em Woverhampton.
Em maio de 2005, notícias oficiais diziam que os mestres do ‘Doom’ britânico se preparavam para entrar nos estúdios New Rising com o produtor Warren Ryker (Down, Crowbar) para gravar seu oitavo LP. Com o título provisório de The Garden Of Unearthly Delights, o álbum marcará a estréia da banda pelo selo Nuclear Blast; Lee Dorrian afirmou que o novo material é excitante, é muito mais pesado e um pouco diferente do que de costume.
O disco terá duas partes e por enquanto, o vocalista não iria falar mais do que isso. Com uma carreira que dura mais de 15 anos, a banda já viu muitas ‘modas’ irem e virem e ainda assim continuam a criar de forma própria e original o ‘Heavy Metal Clássico com nuâncias obscuras de Progressivo e da Psicodelia’ e parecem não se render às constantes mudanças que ocorrem na cara do metal moderno. Alguns possíveis títulos que deverão aparecer no ábum inlcuem: Tree Of Life & Death, Upon Azrael’s Wings, Corpsecycle e Oro, The Manslayer. The Garden Of Unearthly Delights, trará mais uma vez, a arte épica do artista de longa data da banda, Dave Patchett. O álbum está agendado para ser lançado em setembro.
Para onde irão os cavalheiros cósmicos do ‘Doom’ daqui pra frente?! Nós só podemos esperar pra ver! VIVA CATHEDRAL!
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