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Roxy Music

Por André Gustavo Nicoluzzi Vieira
Postado em 17 de dezembro de 2006

Como uma evolução do movimento art-rock dos últimos anos da década de 60, o Roxy Music chamou a atenção pela moda, glamour, pop art, e o avant-garde, no qual separou a banda de seus contemporâneos. Vestidos de maneira bizarra e agressiva, o grupo realizou uma definitiva variação do artrock que pendia para o avant-rock e para as raízes sedosas do pop.

Durante o começo dos anos 70, o grupo foi conduzido por uma tensão muito criativa e produtiva entre Bryan Ferry e Brian Eno, nos quais cada um puxava a banda para direções diferentes: Ferry tinha um gosto especial pelo soul norte-americano e o art-pop dos Beatles, enquanto Eno estava ligado a revolução do rock com o amadorismo e experimentalismo inspirado pelo Velvet Underground. Esta deliciosa tensão entre os respectivos membros da banda gravou apenas dois álbuns, mas inspirou uma grande legião de imitadores – não apenas os glam-rockers do começo dos anos 70, mas também os art-rockers e os grupos de pop e new wave do final da mesma década. Seguindo a saída de Eno, o Roxy Music continuou sua concepção artística por alguns álbuns antes de, gradativamente, trabalhar com elementos de disco e soul. Dentro de pouco tempo, o grupo desenvolveu um soul-pop sofisticado e interessante, demonstrando uma dependência do estilo romântico e elegante de Bryan Ferry. Pelos anos 80, o grupo se tornou um veículo para Ferry, e então não foi uma surpresa quando este dissolveu o grupo no seu ponto comercial mais alto, no começo dos anos 80, para iniciar uma carreira solo.

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Filho de um mineiro de carvão, Bryan Ferry (Vocais, teclados) estudou arte com Richard Hamilton na Universidade de Newcastle antes de formar o Roxy Music em 1971. Na Universidade, ele cantou em bandas de rock, se juntando ao grupo de R&B The Gás Board, no qual também participava o baixista Graham Simpson. Ferry e Simpson decidiram formar sua própria banda quando se aproximavam os anos 70.

Eventualmente recrutaram a saxofonista Andy Mackay, que participara anteriormente da Orquestra Sinfônica de Londres. Através de Mackay, Brian Eno se juntou à banda. No verão de 1971, a banda – originalmente chamada de Roxy, mas o nome foi trocado após a descoberta de uma banda norte-americana que já possuía este nome – recrutou o percursionista clássico Dexter Lloyd e o guitarrista Roger Bunn, através de um anúncio na Melody Maker. Ambos os músicos deixaram a banda após um mês de permanência, mas ainda assim gravaram alguns materiais demos da banda. Um outro anúncio foi postado na mesma Melody Maker e desta vez, o grupo conseguiu o baterista Paul Thompson e o guitarrista Davy O’List, os quais tocavam anteriormente com o The Nice. O’List deixou a banda no começo de 1972 e foi reposto com Phil Manzanera, um membro formador do Quiet Sun. Antes de gravar o primeiro álbum, Simpson deixou a banda. O Roxy Music jamais preencheu o seu lugar de maneira permanente. Ao invés de optar pela reposição, o grupo contratava novos baixistas para cada turnê ou disco a ser gravado, começando por Rik Kenton, no qual participa do auto-intitulado álbum de estréia da Island Records. O álbum traz uma estranha combinação de músicas dos anos 50, 60 e o funk dos anos 70, além de barulhos de naves espaciais.

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Produzido por Peter Sinfield do King Crimson, o primeiro trabalho (Roxy Music) alcançou o Top Ten britânico (álbum pop), no verão de 1972. Pouco tempo depois, o single "Virginia Plain" também atingiu o top ten britânico, seguido pelo single "Pyjamarama" no começo de 1973 (Essas duas faixas não foram lançadas em nenhum álbum oficial até então). Enquanto o Roxy Music se tornava uma sensação na Inglaterra e no resto da Europa devido a sua fusão da cultura de alta sociedade com a arte brega e bizarra, eles encontravam problemas para colocar os pés em território norte-americano (Apesar de já ter tocado nos EUA em turnês com Jethro Tull, Humble Pie e Steve Miller, entre outros). Ambos os álbuns Roxy Music (1972) e For Your Pleasure (1973 – gravado com o baixista John Porter) eram aceitos com um enorme entusiasmo pelos britânicos, entretanto eram virtualmente ignorados pelos Estados Unidos da América.

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Ao voltar dos EUA, a figura de Eno era cada vez mais misteriosa e intrigante, e este também apresentava uma evolução muito grande com a mídia e a audiência da banda. Ele se tornara responsável pelos efeitos no som da banda, e em determinadas entrevistas à mídia, já era inevitável ver algo estranho entre Eno e Ferry. Exatamente nesta época se iniciam os atritos entre Ferry e Eno dentro da banda. Além das diferenças musicais, Eno se sentiu extremamente frustrado após Ferry ter se recusado inúmeras vezes de gravar suas composições nos álbuns. Eno deixou a banda logo após a gravação de For your Pleasure, o que é talvez o melhor disco do Roxy Music.

Este segundo álbum se mostra mais enérgico e mais puxado ao rock britânico da época. A primeira faixa, "Do the Strand", é rápida e dançante assim como "Editions of you". Destaque também para as composições ultra-alternativas de Ferry, onde, por exemplo, em "In Every dream a heartache", ele declara o seu amor por uma boneca inflável: "I blew up your body, but you blew my mind".

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Antes de iniciar as gravações do terceiro álbum, Ferry lança o seu primeiro disco solo, These Foolish Things, no qual é constituído de covers de rock e pop (inclusive uma versão de "Simpathy for the Devil", dos Stones).

Stranded foi lançado em 1973 e logo de cara se tornou o primeiro álbum da banda a atingir o número um nas paradas britânicas. Stranded foi gravado com um novo membro do Roxy Music, Eddie Jobson, um multi-instrumentalista no qual trabalhou anteriormente com o Curved Air. Este álbum também é o primeiro a dar créditos musicais a alguém da banda que não fosse Bryan Ferry, nesse caso, Manzanera e Mackay. Ouvindo o disco, é possível perceber que sem Brian Eno, o Roxy Music ficou menos experimental. O mestre dos efeitos já não fazia mais parte da banda, entretanto o grupo se mostrava mais aventureiro. Agora sem os banhos de sintetizadores de Eno, o Roxy Music apresenta camadas de piano e guitarras pesadas. É possível ouvir no disco os clássicos "Street Life" e "A Song for Europe".

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Finalmente o álbum recebeu uma recepção mais calorosa do que seus dois antecessores nos Estados Unidos, apenas arrumando o palco para abrir caminho ao álbum de 1974, Country Life. O álbum trazia em sua capa duas modelos vestidas com lingerie semitransparentes – a capa foi banida em diversos mercados e foi prontamente trocada por uma foto de uma floresta dos Estados Unidos. Country Life foi o quarto álbum da banda a atingir o top ten britânico e também atingiu o top 40 nos Estados Unidos. Muitos o consideram o melhor álbum da banda, que não foge do estilo de Stranded. Sempre mesclando estilos opostos de diferentes segmentos musicais assim como no álbum de 1973.

Logo após seguirem em uma turnê com seu novo baixista, John Wetton, o grupo gravou Siren. O álbum tinha a participação de seu primeiro top 40 hit, o clássico estilo disco "Love is the Drug". O álbum atingiu novamente o top ten britânico e nos Estados Unidos não foi além do top 50. Neste disco a banda abandona a mistura de art-rock e glam-pop e começa a se concentrar na figura suave, romântica e elegante de Ferry. Também merecem destaques as faixas "Sentimental Fool", "Both Ends Burning" e "Just another High".

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Seguindo em turnê do álbum Siren, os membros da banda iniciaram trabalhos solo. Manzanera formou um grupo de prog-rock chamado 801, Mackay e Ferry continuaram a gravar álbuns solo. No verão de 1976 a banda anuncia que esta temporariamente fora de operações. Logo após o anuncio do hiato do grupo, é lançado o disco ao vivo Viva Roxy Music!.

O Roxy Music se reagrupou no outono de 1978 depois de gastar 18 meses em projetos solo. Ferry, Manzanera, Mackay e Thompson se juntaram a Paul Carrack (tecladista membro formador do Ace) e contrataram Gary Tibbs (formador do Vibrators) e Alan Spenner (ex Kokomo) como baixistas de estúdio.

Jobson e Wetton, que foram descartados para esta nova reunião, formaram o UK. No esforço da volta do Roxy Music, Manifesto foi lançado na primavera de 1979. É possível ouvir neste álbum muitas pitadas de disco e soul-pop, estilos estes que eram comercialmente diferentes e mais acessíveis do que os estilos trazidos nos discos anteriores. Desta forma, Manifesto confirmou a grande popularidade da banda mais uma vez alcançando o top ten britânico e a mais alta colocação nos Estados Unidos até então, atingindo o número 23 nas paradas com o single "Dance Away".

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Mais do que nunca, o Roxy Music soou como uma banda de fundo de Bryan Ferry, abandonando seu estilo marcante inicial e se aprofundando na disco music que invadia as rádios nos anos 70. Destaque também para a faixa "Angel Eyes".

O Roxy Music realizou uma turnê mundial contando com Carrack e Tibs. Antes de a turnê começar, Thompson deixou a banda após quebrar o dedo num acidente de moto. O disco seguinte, Flesh + Blood, foi gravado apenas por Ferry, Manzanera e Mackay, e uma grande folha de músicos de estúdio. Foi lançado no verão de 1980 e se tornou o segundo álbum do Roxy Music a alcançar o topo das paradas na Inglaterra com a força do single "Over You". Nos Estados Unidos, o álbum alcançou o top 40.

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Talvez seja este o pior disco do Roxy Music, é mais manhoso do que o seu antecessor. Bastante soulpop, apresenta faixas boas como "Over You" e "Oh Yeah". Entretanto, o álbum traz também faixas fracas e demonstra uma falta de imaginação e criatividade da banda, sugerindo que Flesh + Blood é apenas um esforço menor da carreira solo de Bryan Ferry.

Em 1981, a banda realizou um cover de "Jealous Guy" como um tributo a John Lennon, e se tornou o único single a atingir o topo das paradas na Inglaterra.

O Roxy Music retornou cerca de dois anos após o lançamento de Flesh + Blood, no verão de 1982 com o álbum Avalon. O álbum marca um novo padrão de produção e uma grande sofisticação musical. O seu antecessor, Flesh + Blood havia sugerido que o Roxy Music estava fora de si, porém com o admirável disco Avalon o Roxy Music recuperava o prestígio. Musicalmente ele é muito distante do estilo dos discos primários, trazendo marés românticas de sintetizadores de Bryan Ferry. O álbum soa como um new romantic e também como um synth pop em sua maturidade, uma vez que Ferry jamais tinha aparecido tão romântico, seja em sua carreira solo ou com o Roxy Music. "More Than This" foi o hit de maior sucesso, sendo gravado posteriormente por diversos artistas como Norah Jones e 10,000 Maniacs.

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Avalon é o maior álbum do Roxy Music, em termos de sucesso e talvez de vendagem. Ele permaneceu três semanas no topo das paradas britânicas e atingiu a colocação 27 nas paradas norteamericanas, gerando os grandes hits "While my heart still beating" e "Take a Chance with me". Tornou-se o único álbum a ganhar o disco de ouro nos Estados Unidos, e com o tempo, ganhou também um disco de platina. Seguindo uma turnê de enorme sucesso do disco Avalon, o grupo lançou o EP Musique/The High Road na primavera de 1983. A turnê de Avalon colocou um fim nas atividades do Roxy Music como uma banda. Ferry começou a se concentrar apenas em sua carreira solo, iniciando-se em 1985 com o disco Boys and Girls. Manzanera e Mackay formaram uma banda chamada The Explorers, em 1985, além de patrocinar diversas carreiras pelos próximos anos que se passaram. Uma compilação foi lançada, chamada Street Life: 20 Great Hits, na qual também apresenta músicas da carreira solo de Ferry, em 1989. Um ano depois, Heart Still Beating, gravado na França, um álbum ao vivo documentando um concerto de 1982, foi lançado.

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Dez anos depois é lançado em compacto o disco Valentine, gravado em um show para a TV alemã nos anos 70 chamado MusikLaden. Apesar de conter apenas 6 músicas, o disco é uma ótima opção, pois apresenta boas versões ao vivo para "Do the Strand", "Street Life" e "In Every dream home a heartache". Um ano depois, em 2001, é lançado mais um compacto ao vivo. Desta vez duplo, Concerto traz um show gravado em 1979 em Denver.

Uma reunião da banda, cerca de 30 anos depois de seu início, proporcionou o disco Live (2003). Também duplo, o disco contém o material gravado durante a turnê, e o material gravado é de grande qualidade.

Não cansados de lançar discos ao vivo, Viva Roxy Music! The Live Roxy Music Album foi lançado com os rumores de que a banda terminaria novamente. Este álbum traz gravações de concertos em Glasgow (1973), Newcastle (1974) e Wembley (1975) – nenhuma delas, claro, conta com a participação de Brian Eno. Hoje a banda planeja um novo álbum mesmo depois de tanto tempo. Ferry e Eno chegaram a se tolerar e trabalharam juntos durante os anos 80. Hoje até mesmo Ferry diz que seria interessante uma participação de alguma forma do músico Brian Eno neste disco que ainda nem está sendo produzido. Fato já consumado em um novo disco de Ferry, onde Brian Eno participa na composição de uma música e toca em uma outra.

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Eno tem diversos trabalhos lançados no mercado, assim como Ferry. E dentre as inúmeras produções de Eno, estão, por exemplo, os álbuns mais respeitados do U2 e do Talking Heads.

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