The Thrills
Postado em 06 de abril de 2006
Fonte: EMI Brasil
Você não conhece os Thrills? Aqui, sem nenhuma ordem em especial, estão cinco coisas notáveis que eles já fizeram:
1. Realizaram seu show de estréia em Londres, no Royal Albert Hall, depois de um convite pessoal de Morrissey.
2. Seguiram sua inspiração até uma praia em San Diego, onde sentaram em um sofá por quatro meses, compondo.
3. Contaram aos pais que tinham um contrato de gravação e que iam tornar-se famosos. Por um ano. Quando não tinham nada disso.
4. Escolheram o melhor nome de banda – inspirado em grande parte nos girl groups dos anos 60 de Phil Spector e no melhor LP de Michael Jackson.
5. Causaram uma disputa de gravadoras, criaram a melhor camiseta de banda que vocês verão esse ano, foram aprovados por todos desde Noel Gallagher a Chris Martin.
Não tenha dúvidas, os Thrills são especiais. Talvez você já tenha ouvido o single deles ‘Santa Cruz (You’re Not That Far)’, um perfeito retrato de brilho de sol e amor que evoca o espírito da costa oeste americana dos anos 60 e a passada dos Strokes. Ou talvez você tenha ouvido apenas o burburinho em torno deles – seu show londrino em janeiro desse ano incluiu o Oasis se acotovelando para ter uma melhor vista do bar, Jo Whiley derramando seu drink e alguns decepcionados jornalistas sendo barrados depois do fim dos ingressos. Tanto faz, você ouvirá muito mais sobre eles logo, logo.
Porque os Thrills são uma banda que sabe o que quer. Músicas certas. Atitude certa. Pontos de referência certos. Para um grupo casualmente listar suas influências como os Beach Boys, ESP, Burt Bacharach, mas igualmente filmes clássicos como The Virgin Suicides e West Side Story, você sabe que há algo bom no ar. Uma recente fita de compilação que eles fizeram para o NME ficou como um "Quem é Quem" do Melhor – trazendo Dexy’s, Jimi Hendrix e Al Green. Não poderia ter sido melhor se Beck tivesse feito a tracklist. A diferença é que os Thrills não estão tentando. Eles apenas são.
Muito dessa grandeza genética pode ser devida ao fato de que os Thrills têm tido isso em seu sangue por toda a vida. ‘Os Thrills começaram comigo e Conor’, diz Daniel. ‘Crescemos como vizinhos de porta em Dublin. Fomos vizinhos desde que nascemos, e amigos desde cedo. Nós dois éramos obcecados com música. Formar uma banda era a única opção.’ Quando eles completaram 15 anos chamaram os colegas de escola Kevin e Ben e, com a entrada mais pra frente de Pardraic, eles decolaram. Pelos dois primeiros anos eles passaram o tempo ensaiando na casa um do outro, estudando os instrumentos e conhecendo os prazeres de compor. No verão de 1999 haviam formado um plano. Já que estavam todos apaixonados pela música da Costa Oeste de cerca dos anos 60 e 70, decidiram fazer melhor que alugar um quarto de ensaio frio e tentar requentar os riffs de Neil Young. Foram ver do que eles mesmos se tratavam. E então os Thrills viajaram para San Diego por férias de quatro meses. ‘Foi um verão brilhante por uma série de questões’, diz Daniel. ‘Alugamos esse pequeno lugar bem na praia. Havia dois pequenos quartos para nós e quatro de nossos colegas se apertaram. Achamos dois sofás grandes do lado de fora da casa, e conseguimos também uma poltrona reclinável. Simplesmente os arrastamos para a areia e aproveitamos completamente.’ Quando você é o Thrills, aproveitar é feito com uma faixa de fundo de Frank Sinatra, The Band, Marvin Gaye e Stevie Wonder e amigável discussão sobre a melhor capa de Carole King. ‘Tudo havia mudado quando retornamos a Dublin’, diz Daniel. ‘O que sentíamos era completamente diferente. Sabíamos que era isso que precisávamos fazer.’ Uma viagem em seguida para São Francisco em 2000 apenas estreitou sua determinação. De volta a Dublin, eles passaram meses trancados, transferindo a vibração ensolarada que haviam absorvido nos EUA para os demos e, em 2001, assinaram um contrato com o pequeno selo local Supremo.
Os Thrills estavam caminhando. As coisas não deram muito certo com o Supremo e eles seguiram caminhos diferentes. Mas no verão de 2002, já comentava-se sobre eles. (Por sorte não haviam chegado aos ouvidos de seus pais, os meninos haviam dito a eles que o estrelato estava perto quando – opa – eles de fato não tinham um contrato). Todas as grandes gravadoras começaram a se interessar, mas no ano passado os Thrills fecharam com a Virgin, simplesmente porque a ‘energia tava certa’.
Até aqui, tudo bem. Mas o melhor ainda estava por vir. Depois de ser avisado por um amigo em comum, o reconhecidamente recluso Morrissey concedeu sua aprovação real ao aparecer em um ensaio dos Thrills. Apesar de quase ter se deparado com um quarto vazio. ‘Nosso gerente disse ‘uma visita especial vem vê-los ensaiar.’ Quando descobri que era Morrissey planejamos guardar o segredo pra nós mesmos e dar um susto no resto da banda, o susto da vida deles,’ diz Daniel. ‘Mas aí o restante da banda telefonou à noite e disse que ia cancelar os ensaios e eu precisei contar.’ Morrissey chegou, bateu os pés ao longo do som dos Thrills e pediu que eles o acompanhassem em turnê. ‘Foi incrível’, diz Daniel. ‘Naquela época, ninguém o via há anos.’ Se eles passaram tempo juntos? ‘Sim, saímos para comer. Foi basicamente nós o interrogando por duas horas. Somos todos grandes fãs dos Smiths. O engraçado foi que ele não gostava de mais nenhuma música que curtimos. Aí mencionamos Phil Spector e, graças a Deus, ele ama Phil Spector.’ Mas? ‘Mas então alguém mencionou o quão bom o álbum de natal de Spector é e Morrissey disse ‘Detesto Natal’’.
Ainda assim, eles não deixaram que isso fosse uma barreira entre eles e em setembro de 2002 acabaram fazendo o show de abertura dele no Royal Albert Hall. Não foi um mau começo – Robbie Williams levou dez anos até tocar lá. Depois disso, foi natural que a banda gravasse seu LP de estréia em Los Angeles, com Tony Hoffer, o produtor por trás de grandes trabalhos de Air, Beck e Smashing Pumpkins.
Agora os Thrills estão prontos para surpreender o mundo. ‘O que nos torna diferentes é que começamos como amigos. Quando temos dia de folga, vamos ao cinema juntos. Não vamos todos pra casa e nos vemos apenas no aeroporto.’ E, assim como os Smiths, quando uma banda é tão apaixonada pelas capas de seus discos e pelas camisetas quanto são pelas músicas que cantam, sabe que está destinada ao sucesso.‘Não é algo passageiro’, diz Daniel. ‘Todos somos obcecados por música. Falamos disso o tempo todo.’ Ah, mencionamos que todos os integrantes da banda têm apenas 23 anos?
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