Tankard
Postado em 06 de abril de 2006
Por Angus McKane
O bom humor, a devoção à cerveja e ao thrash metal que marcam a carreira do Tankard surgiram em 1982, na cidade alemã de Frankfurt. Cinco amigos reuniram-se em meio às preocupações com as aulas do ensino médio e montaram um grupo com o objetivo de ganhar fama e dinheiro. Todos na faixa dos 15 anos, Oliver Werner (bateria), Axel Katzmann (guitarra), Frank Thorwarth (baixo), Gere Gesang (voz) e Bernard Rapprich (guitarra), ainda pensavam apenas em mulheres, cerveja e em tocar para o maior número possível de pessoas. Logo Rapprich desligou-se do quinteto para poder trabalhar com seu pai instalando lâmpadas. Ao seu lugar veio Andy Bulgaropulos.
Os primeiros ensaios aconteciam no porão de uma igreja, mas logo foram expulsos de lá por causa das guitarras distorcidas que atrapalhavam as missas. Avenger e Vortex foram os primeiros nomes escolhidos, mas Tankard (que pode ser traduzido como um grande caneco de cerveja) acabou sendo a escolha ideal, levando em conta que, desde os primórdios, todos já faziam da arte de beber cerveja uma espécie de esporte. O show de estréia aconteceu em maio de 1983 em uma sala de aula do Goethe Gymnasiums, em Frankfurt, mas os músicos nunca se orgulharam muito desta apresentação. Na metade do ano seguinte oito faixas foram gravadas para a primeira demo, que foi produzida na casa do professor dos guitarristas do Tankard. Apesar da baixa qualidade, a fita recebeu ótimas notas na mídia. Segundo eles, talvez por causa do nome "original" ,"Heavy Metal Vanguard". O retorno positivo garantiu algumas apresentações ao lado do Sodom e uma tarde de autógrafos com o Venom em uma loja da cidade. Manfred Schütz, chefe da gravadora SPV/Steamhammer, conferiu a performance do Tankard e uma negociação teve início, mas o contrato não saiu. A demo chegou então às mãos de Karl Ulrich, da Noise Records, em 1985, ano em que a demo "Alchoholic Metal" foi gravada. Desta vez o aguardado contrato saiu, sendo assinado em um Pub (você consegue imaginar um lugar melhor?). A primeira gravadora permitiu ao Tankard trabalhar com um produtor que viria a ser um grande parceiro na carreira dos alemães. Harris Jhons produziu "Zombie Attack", o primeiro álbum, lançado em 1986, bem como o seguinte, "Chemical Invasion", que vendeu mais de 30 mil cópias um ano depois. A boa resposta nas lojas fez o Tankard entrar de vez no mercado thrash metal da Alemanha. Na primavera européia de 1988 a banda ganhou a estrada em conjunto com o Deathrow. Tocaram juntos até o verão daquele ano, quando o Tankard entrou no Berlin Musiclab para as gravações do disco "The Morning After". Com uma estrutura maior, o grupo pôde produzir seu primeiro vídeo clip para a faixa-título, além de ter sido a atração principal de quatro festivais ao lado de Helstar, Vendetta e Dimple Minds.
Em 1989 o Tankard completou outra tour européia ao lado do Deathrow e, paralelamente, lançou o EP "Alien". O ritmo de shows e entrevistas passou a ser intenso, cansando Werner, cujo posto de baterista foi assumido por Amulf Tunn. Outra novidade foi o lançamento da coletânea "Hair Of The Dog" na Inglaterra. Não só para a história mundial, 1990 foi de extrema importância também para o Tankard. Com a queda do Muro de Berlin, o grupo foi um dos primeiros a tocar na antiga Alemanha Oriental, além de fazer dois concertos na Romênia.
Um festival organizado pela Noise Records no lado oriental de Berlin levou o Tankard a se apresentar para sete mil pessoas. A festa foi registrada no vídeo "Open All Night", que mostrou ainda os shows de Kreator, Coroner e Sabbath. A temporada seria mesmo perfeita com o show no Rock Hard Open Air, na cidade alemã de Lichtenfelts. Na sequência, o lançamento de "The Meaning Of Life" rendeu a aparição do Tankard no Media Control Charts (o hit parade oficial alemão), após 50 mil cópias vendidas. Desta tour foram tiradas as versões dos primeiros clássicos do Tankard que estão no disco ao vivo "Fat, Ugly And Live", de 1991. De acordo com os integrantes, os rumores de que "a bela moça que aparece na capa seria o guitarrista não são verdadeiros. Mas que ela parecia com o manager Buffo, ah, isto parecia" garantem eles. Antes de criar o álbum de 1992, "Stone Cold Somber", os alemães se apresentam em países sem tradição no metal, como Bulgária e Turquia. Para todos na banda, será inesquecível a lembrança de chegar em Sófia, a capital búlgara, e ter um tratamento de rock star, com entrevista coletiva no aeroporto (que, é claro, tornou-se uma orgia etílica) e seguranças 24 horas por dia acompanhando a todos. Em outubro do mesmo ano, os reis da cerveja fizeram uma tour com os conterrâneos do Megalomaniax e com o britânico Xentrix, para quem abriram algumas vezes, dois anos antes, na Inglaterra. Em 1993, aconteceram os shows ao lado de Iced Earth e Blind Guardian na Suiça e Áustria. No fim daquele ano, "Two Faced" aumentou a discografia do Tankard, que acabou perdendo o baterista Anulf. Olaf Zissel ganhou a vaga e o álbum levou o grupo outra vez para o Hit Parade. Na estrada, os parceiros desta vez foram o Megalomaniax novamente e o Wargasm. Uma velha idéia dos músicos foi colocada em prática em 1994. Sempre em tom de deboche e bom humor, um disco inteiro só com músicas punk rock foi gravado, e em alemão, transformando o Tankard em Tankwart. Nenhuma tour em especial para o projeto foi agendada, mas algumas das faixas passaram a ser incluídas no set list normal da banda. Katzmann foi o próximo a deixar os companheiros em 1995. Com sérios problemas na mão esquerda, ele foi proibido de voltar a tocar e se despediu da carreira musical. Ao invés de perder tempo procurando um substituto, os demais optaram por trabalhar apenas com uma guitarra, fazendo do Tankard um quarteto. Três composições do ex-guitarrista foram incluídas em "The Tankard", um disco que trouxe algumas surpresas aos fãs. Parte do material era bem mais melódico do que o normal. O vídeo "Minds On The Moon", extraído do álbum, acabou sendo uma pequena homenagem para Katzmann, que aparece no clipe. Incansável na arte de surpreender mídia e público, o Tankard fez algumas versões punk para músicas populares da Alemanha - como "Tanze Samba Mit Mir" - que ganhou uma versão em vídeo. Na mesma época, o contrato com a Noise foi desfeito e um contrato com a Century Media Records foi assinado.
Os quatro entraram no estúdio de Harris Jhons, o Spiderhouse Studio, no fim de 1997 para gravar "Disco Destroyer", uma volta às raízes do thrash metal. Após a tour, Bulgaropoulos desfalca o line-up, trocando a vida etílico-metálica para montar sua própria família. Na primavera de 1998 Andy Grutjar, ex-Lightmare, é escolhido para ocupar a vaga do dissidente. Para compensar os recentes problemas, a consagração - e verdadeiro renascimento - acontece no festival Wacken Open Air, na Alemanha. A sorte parece ter mudado positivamente e, em 1999, por meio de um amigo japonês com quem Gerre se correspondia, o Tankard chega ao Japão. Sem ter disco lançado por lá, o grupo toca pela primeira vez no Oriente, fazendo shows em Tóquio e Osaka, cidade onde um pub foi inaugurado com o nome Tankard. Reflexo direto das performances do quarteto fora dos palcos. Para os quatro, foi a chance de crescer culturalmente e enriquecer o vocabulário com expressões como "kampei" (saúde!) e "jopparei" (bêbado). O ano teve ainda outros pontos altos para o Tankard. O primeiro foi gravar uma música comemorativa ao centenário do Eintracht Frankfurt, clube de futebol de quem todos na banda são torcedores. Outro foi participar do Tributo ao Accept, com a faixa "Son Of A Bitch", além dos shows nos festivais Wacken e ainda o Dynamo Open Air, na Holanda. Uma excursão ao lado do Sodom levou o Tankard para a República Tcheca na "Fuck The Millenium Tour". Em janeiro de 2000, "Kings Of Beer" foi gravado para reforçar tudo o que já se falou sobre o Tankard: thrash metal de alto nível, cerveja, bom humor, cerveja e cerveja.A parte humorada nota-se na capa, uma alusão ao disco "Kings of Metal", do Manowar.
O material também serviu para comemorar o jubileu de 18 anos de estrada, completados no dia 11 de junho em uma festa - obviamente regada à cerveja, chopp e afins.
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