Nine Inch Nails
Postado em 06 de abril de 2006
Por Eduardo S. Contro
O Nine Inch Nails é a banda industrial mais popular de todos os tempos e foi responsável por trazer o estilo para a mídia no mundo todo.
Talvez não chamar o NIN de banda seja o termo mais apropriado, já que o único membro oficial é o vocalista/produtor/multi-instrumentista Trent Reznor.
Sozinho, sempre guiou o direcionamento musical da banda (ele é, entretanto, ajudado em shows por uma banda regular). Ao contrário da vasta maioria de artistas industriais, Reznor escreve de forma melódica sons tradicionalmente bem estruturados, onde as letras são o ponto focal. Seus instintos não apenas fizeram as ásperas batidas eletrônicas da música industrial mais fáceis de digerir, mas também colocou uma face humana num estilo que usualmente tentou soar o mais mecânico possível.
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Enquanto o Ministry seguia atrás do público Heavy Metal, o NIN sempre buscou construir uma grande base de fãs do rock alternativo na mesma época do boom do Nirvana no mainstream. Como resultado, Reznor se tornou uma genuína estrela e sua notória escuridão, de instinto provocador, o fez um Jim Morrison dos anos 90.
História
Michael Trent Reznor nasceu no dia 17 de maio de 1965, na pequena cidade de Mercer, na Pensylvania.
Aos cinco anos, seus pais se divorciaram e acabou sendo criado pelos avós. Mesmo assim, Reznor sempre disse que teve uma infância feliz. Quando criança, costumava andar de skate, construir aeromodelos e tocar piano (basicamente música clássica). Sua professora de piano (Rita Beglin) o achava um gênio.
No colegial Trent era considerado popular. Tocava sax e teclado na banda de jazz da escola, era considerado o melhor ator nas aulas de drama pelos colegas e também tocava em algumas bandas de rock locais.
Ao ir para a faculdade Reznor passou a estudar música e computadores no Allegheny College, mas em pouco tempo largou para se dedicar somente à música. Logo depois se mudou para Cleveland com seu amigo do colegial Chris Vrenna. Na mesma época, descobrira o New Wave e a música underground e ficou fascinado com o industrial, já que oferecia uma maneira agressiva de usar instrumentos eletrônicos.
Aos 19 anos, se inscreveu com sucesso em uma audição para entrar em uma banda chamada The Innocent, e lançou um álbum chamado Livin’ in the Streets. Porém, saiu da banda após apenas 3 meses e começou a tocar com grupos locais.
Pouco tempo depois, Reznor começou a trabalhar em uma loja de teclados (Pi Keyboards) e como zelador na gravadora Right Track recording studio.
Foi aí que a história do NIN começava a ser construída efetivamente. Após um curto período de tempo, ele se tornou coordenador do estúdio, aprendendo a usar diversos programas de computador e trabalhando no seu próprio material nas horas de folga.
O Nine Inch Nails era criado então em 1987 e Reznor passara a gravar composições já em 1988, a partir de influências de Skinny Puppy e Ministry, tocando ele mesmo todos os instrumentos.
No início, Trent simplesmente esperava lançar um cd de 12 músicas por algum selo pequeno da Europa, mas quando mandou os demos para cerca de 10 selos americanos, TODOS eles quiseram fechar contrato.
O músico acabou assinando com a TVT, que lançou o debut álbum do NIN, Pretty Hate Machine, em 1989 (após ter rejeitado o nome Industrial Nation).
Reznor rapidamente arrumou uma banda e começou um tour com o Skinny Puppy por um curto período de tempo, pois logo se cansou de tocar apenas com artistas do mesmo estilo.
Com uma formação um pouco mais sólida, Chris Vrenna na bateria e Richard Patrick na guitarra (e diversos tecladistas), Trent conscientemente escolheu abrir shows das bandas Jesus & Mary Chain e Peter Murphy pelo desafio de ganhar fãs que poderiam não ter gostado inicialmente de industrial. A estratégia ajudou o NIN a expandir sua base de fãs substancialmente. O single ""Down in It" chegou a tocar em danceterias, entrando na lista de dance and modern rock da Billboard, e a MTV logo começou a passar o vídeo "Head Lika a Hole" na sua programação.
Em 1991, após arrumar um tecladista fixo, James Woolley, o NIN se tornou parte do primeiro festival Lollapalooza, o que expandiu consideravelmente sua base de fãs. O sucesso de Pretty Hate Machine continuou aumentando e, apesar de nunca ter passado da 75º posição, ficou 2 anos na lista da Billboard e vendeu mais de 1 milhão de cópias – um dos primeiros álbuns do gênero a atingir essa marca.
A TVT tinha um artista precioso nas mãos e para assegurar que Reznor iria produzir outros sucessos, tentou controlar o direcionamento musical da banda. Furioso com a mediação externa, Reznor tentou fixar uma liberação do seu contrato, levando a uma interminável batalha judicial.
Com isso, um longo período de inatividade do artista seguiu, o que virtualmente deu a todas as bandas alternativas dos anos 90 a chance de aproveitar os elementos sonoros criados pelo NIN.
Suas únicas gravações nesse período foram feitas em projetos paralelos. Em 1990, ele co-produziu e cantou em "Suck", uma música do primeiro disco do Pigface’s. Também cantou um cover do Black Sabatth, "Supernaut", com a banda Al Jourgensen-led 1000 Homo DJs (a TVT na época ordenou a retirada do vocal de Reznor da música, mas Jourgensen na verdade apenas alterou minimamente a música e disse que a havia regravado).
Contudo, após cinco anos parado, Reznor continuava uma figura popular, mesmo tendo seu momento comercial diminuído significativamente.
Finalmente após ter resolvido seus problemas com a TVT, Trent partiu para os negócios e assinou com a Interscope, o que o ajudou mais tarde a criar seu próprio selo, a Nothing records.
Reznor passou então a gravar materiais novos e em 1992 a Nothing lançou o EP BROKEN, assim como um remix dele, chamado FIXED. O Broken tinha mais (e mais pesadas) guitarras do que Pretty Hate Machine, parte em resposta ao som ao vivo do NIN e parte como uma evocação da frustração de Reznor quanto às guerras legais. O cd também continha duas músicas bônus – uma versão de "Suck" e um cover de Adam Ant para "Physical"- demonstrando uma nova fase do artista.
Apesar de muitos reviews caracterizarem o EP como difícil de se escutar, Broken – muito bem aceito pelos agora consideráveis fãs que a banda possuía – apareceu no TOP 10 da Billboard e o primeiro single/vídeo, "Wish", venceu um Grammy por melhor performance de Heavy Metal.
A reputação de provocador de Reznor aumentava a cada dia, ainda mais com o banimento do clipe da música "Happiness in Slavery", que mostrava o artista Bob Flanagan sendo estripado por uma máquina.
Outro vídeo do cd Broken, também feito na época, nunca foi lançado comercialmente por causa do seu conteúdo (mostrava uma vítima de tortura sendo desmembrada enquanto assistia aos vídeos do NIN).
Já pensando no futuro, Trent decide então se mudar para L.A. para trabalhar em seu segundo álbum. Lá, monta um estúdio na casa onde a atriz Sharon Tale foi assassinada por Charles Mason.
O disco não demora muito para sair e é intitulado Downward Spiral. Um trabalho muito ambicioso, um álbum conceito imerso no rock progressivo que continha o mais perfeito detalhamento que um estúdio pode dar a um cd e que nunca havia sido visto até então em um álbum.
O resultado não poderia ser outro, o cd apareceu como número dois na lista dos mais vendidos da Billboard e se tornou um dos maiores vencedores de discos de platina da história.
Pouco tempo depois, Richard Patrick deixou a banda para formar o Filter e Reznor aproveitou para remontar o grupo com o baterista Vrenna, o tecladista Woolley, o guitarrista Robin Finck e o baixista Danny Lohner.
O NIN causou uma ótima impressão no concerto de verão do aniversário de 25 anos do Woodstock ao fazer uma performance feroz e incrível com um set list perfeito.
Enquanto isso, a MTV havia colocado uma versão do vídeo "Closer" na sua programação e o NIN estourava com um dos maiores hits musicais daquele ano (o inusitado é que o som contava com o coro "I want to fuck you like an animal"), o que ajudou Reznor a se tornar um dos maiores roqueiros controversos da época.
A balada "Hurt" também ganhou um bom espaço na mídia, mesmo sem o poder e o sucesso de "Closer".
Mais tarde neste ano, Reznor participou da trilha sonora do filme Assassinos por Natureza de Oliver Stone, editando os sons e também apareceu em um álbum de Tori Amos.
Em 1995, com o novo tecladista Charlie Clouser, o NIN foi para a estrada com o David Bowie, cujos álbuns de 70 (junto com Pink Floyd) foram as grandes influências do The Downward Spiral.
Trent também contribuiu com um cover para a música do Joy Division "Dead Souls" para a trilha do The Crow e fez um remix do último álbum, batizando-o de Further Down the Spiral. O remix alcançou o TOP20 da Billboard (uma prova de sua popularidade).
Usando então o dinheiro do The Downward Spiral, Reznor construiu um estúdio parecido com uma obra de arte em New Orleans, em um prédio que antes fora uma funerária. Enquanto pensava no seu próximo movimento, produziu uma das bandas pertencentes a sua gravadora, a Nothing Records. Era o segundo álbum do Marilyn Manson, chamado Antichrist Superstar, que com surpresa o transformou em um superstar.
Em 1997, Vrenna e Reznor tiveram um desentendimento e o amigo de longa data foi substituído por Jerome Dillon.
A avó materna de Reznor faleceu naquele ano e sua amizade com Manson se deteriorou. Mesmo assim, ele produziu outra trilha sonora, agora para "A Estrada Perdida" de David Lynch, e lançou um novo single, "The Perfect Drug".
Mesmo já estando consagrado na mídia por um bom tempo, Trent estava incerto sobre o movimento que tomaria para o álbum sucessor do The Downward Spiral. Essa incerteza resultou em um caso sério de bloqueio do escritor. Nesse meio tempo, o NIN provava uma imensa influência em diversas bandas.
Grandes gravadoras assinaram com bandas de industrial como Filter e Stabbing Westward, e uma grande assertividade de bandas de metal alternativo começava a utilizar apelos industriais de produção em suas músicas. Até Axl Rose preferiu trocar sua banda por um estúdio graças à influência do NIN.
O Nine Inch Nails finalmente retornou em 1999 com um cd duplo chamado The Fragile. Este foi um imenso sucesso e apareceu em número um na lista da Billboard, com imensas vendas na primeira semana de lançamento, mesmo decaindo semanas depois, talvez porque o clima musical mudou radicalmente nos últimos quatro anos.
Um remix do álbum, chamado Things Falling Apart, seguiu um ano depois, assim como a turnê mundial extensa, e um álbum ao vivo dessa turnê, chamado And All That Could Have Been, foi lançado então no começo de 2002.
A formação mudou novamente em 2004 e agora a banda conta com Aaron North, ex-integrante do THE ICARUS LINE na guitarra, Alessandro Cortino nos teclados, Twiggy Ramirez (Jeordie White) no baixo e Jerome Dillon na bateria, além do mentor e líder Trent Reznor obviamente.
Um novo álbum, "With Teeth", trazendo doze faixas, foi lançado em maio deste ano. O baterista Dave Grohl (FOO FIGHTERS, NIRVANA) fez uma participação especial no disco. Trent mais uma vez mostrou seu brilhantismo e o disco foi um sucesso de crítica e de vendas.
Para a alegria dos fãs, o grupo passará pelo país em novembro e com certeza será uma ótima oportunidade para os brasileiros conhecerem de perto o talento deste grande músico norte americano. Vale a pena conferir.
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