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Blur

Postado em 06 de abril de 2006

Biografia originalmente publicada no site Dying Days

Por Alexandre Luzardo

Atualizado por Fabrício Boppré

O Blur começou no início dos anos 90 com uma sonoridade não muito distante das bandas que dominavam a cena britânica da época. Era uma mistura do rock psicódelico e dançante do Stone Roses e afins com as guitarras e a introspecção de bandas como o My Bloody Valentine, que fazia o estilo "shoegazer" (a saber, uma postura tímida no palco que se caracteriza pela quase inércia dos integrantes, que muitas vezes mal encaravam a platéia e mantinham o olhar para baixo, daí "shoegazer"). Mas com o andamento de sua carreira o Blur desenvolveu o seu próprio estilo, resgatando elementos da música britânica e liderou uma verdadeira renovação no rock inglês, o chamado britpop, se firmando como uma das mais importantes bandas da década.

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Formado por Damon Albarn (vocal), Graham Coxon (guitarra), Alex James (baixo) e Dave Rowntree (bateria), a trajetória do grupo começou com o nome Seymour em 1989. Após alguns shows e a primeira demo tape, a banda assina com a gravadora Food Records, uma subsidiária da EMI. A única exigência da gravadora foi a mudança do nome da banda, eles ofereceram uma lista de onde foi escolhido o nome Blur. Já como Blur, a banda parte para uma pequena turnê pela Inglaterra, terminando em julho de 1990 em Londres. Assim que a turnê acabou, o Blur entra em estúdio para gravar algumas músicas, de onde sairam três músicas para o single "She's So High", lançado em outubro. "She's So High" faz um relativo sucesso nas paradas, chegando ao número 48 na Inglaterra, fazendo com que a banda entrasse novamente em turnê. A segunda sessão de gravações ocorre somente em dezembro. As gravações foram bastante problemáticas no início, as duas possíveis escolhidas para ser o segundo single, "Close" e "Bad Day" simplesmente não funcionavam. A salvação veio com o nome de Stephen Street, produtor bastante conhecido pelo seu trabalho com o The Smiths, e mais tarde, pelo próprio Blur e o Cranberries. Stephen havia assistido ao vídeo de She's So High na TV e demonstrou interesse em trabalhar com o Blur. Com Stephen Street são gravadas mais duas músicas, "Come Together" e "There's no Other Way", que acabou sendo o segundo single, lançado em abril de 1991.

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Desta vez, a crítica caiu de joelhos pelo Blur, a música ganha as rádios, a banda se apresenta no famosíssimo programa Top of the Pops da BBC pela primeira vez, e There's no Other Way acaba atingindo o número 8 na parada. Em julho começam as gravações do primeiro álbum, também com Stephen Street. O disco foi intitulado "Leisure" e que contava também com as músicas dos dois primeiros singles.

Foi lançado em agosto na Inglaterra, tendo lançamento também nos Estados Unidos algumas semanas mais tarde pela gravadora SBK. Na carona do sucesso de "There's no Other Way", o disco chegou a sétima posição da parada inglesa, mas a reação da crítica já não foi a mesma. "Leisure" foi muito comparado às outras bandas da época, como Soup Dragons, Jesus Jones, Inspiral Carpets, entre outras, enquanto que alguns críticos afirmavam que o som da banda era "fabricado". A New Music Express definiu assim a banda na época: "Blur are really pretty good. But it ain't the future. Blur are merely the present of rock and roll."

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Entre os integrantes da banda, o descontentamento com a sonoridade de "Leisure" foi ainda maior e o Blur passaria a se concentrar na re-invenção da sua música. Em setembro, eles já estavam em estúdio e durante um show em outubro eles apresentam pela primeira vez a inovadora "Popscene", claramente um passo a frente do material gravado em "Leisure".

Mas pouco a pouco, o interesse da volúvel mídia britânica já não era mais do Blur. No início de de 1992 só se falava em Suede na Inglaterra. O som do Suede inspirado no glam-rock de David Bowie na década de 70 impressionou a todos, enquanto o Blur ainda era ligado ao rock psicodélico pós-Stone Roses, um movimento que morria pouco a pouco. Em março, é lançado o single de "Popscene", um marco na carreira do grupo, com sua pegada quase punk levada com trumpetes. Em retrospectiva, os críticos consideram "Popscene" um clássico, o início do brit-pop, mas na época ninguém deu atenção. Mas o prestígio do Blur era próximo a zero na época, devido a alguns shows ruins com alguns integrantes completamente embriagados no palco. O single não passou do número 32 nas paradas.

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Para piorar, em junho a banda parte para uma humilhante turnê de 44 shows nos Estados Unidos. Na época, o Nirvana estava no auge com um som muito distante do Blur, que foi ostensivamente vaiado em vários shows. De volta a Inglaterra em agosto, a Food Records ameaça dispensar a banda, que depois de um tempo parada, retorna em outubro para iniciar as gravações de seu segundo álbum. Inicialmente a banda trabalha com o produtor Andy Patridge (ex-integrante da banda XTC), mas o resultado foi desastroso. Por acaso, o guitarrista Graham Coxon reencontra Stephen Street durante um show do Cranberries. Stephen mostra interesse em trabalhar de novo com o Blur e em novembro as gravações recomeçavam a todo gás. No mês seguinte, a banda apresenta o disco novo para sua gravadora, que rejeita o material, alegando que não havia nenhum hit. No natal, Damon Albarn compõe "For Tomorrow" e a Food estava pronta para lançar o álbum. Só que a SBK, gravadora da banda nos Estados Unidos, insistia que não havia nenhum hit em potencial para o mercado americano. Então o Blur voltou ao estúdio e gravou "Chemical World". O disco estava pronto para ser lançado em abril quando a SBK pediu a banda que regravasse todo disco com o produtor Butch Vig (Nirvana, Smashing Pumpkins, Sonic Youth). Desta vez, a banda se negou e "Modern Life Is Rubbish" foi lançado na Inglaterra em maio.

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"For Tomorrow", o primeiro single, chega ao número 28 e o álbum não passa do número 15, embora a crítica tenha sido razoavelmente positiva. O Blur apresentava um som completamente renovado e distante de qualquer comparação com outras bandas da época. O novo Blur relembrava influências de bandas dos anos 60, principalmente The Kinks, se voltando ao resgate de elementos essencialmente ingleses. Como compositor, Damon Albarn se distanciava completamente do "shoegazing" dos primeiros tempos, em letras e temáticas bem diretas com várias referências e comentários sobre a sociedade britânica.

O segundo single, "Chemical World" é lançado e também atinge o número 15. A banda volta às turnês e faz uma excelente apresentação durante o Reading Festival. O interesse pelo Blur voltava a crescer e em Agosto, apenas três meses depois do lançamento de "Modern Life Is Rubbish", a banda começa a compor músicas para seu terceiro disco.

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Em outubro é lançado o último single de "Modern Life is Rubbish", "Sunday Sunday" e em dezembro a banda entra em estúdio novamente. No mês seguinte, o disco já estava pronto.

Foi uma época especialmente criativa e fértil da banda, todas as idéias se encaixavam fácil. Todas as músicas foram cuidadosas pensadas em cada detalhe, preenchidas por efeitos, teclados, arranjos de cordas e instrumentos de sopro, coros. As letras contavam histórias irônicas sobre o cotidiano recheados de personagens e caricaturas da sociedade britânica. A criatividade do Blur não tinha limite e resultou num álbum muito mais pop que o anterior, recebido como um clássico pela crítica britânica.

Em fevereiro é lançado o single de "Girls & Boys", como uma prévia do novo álbum "Parklife". O single faz um enorme sucesso (quinta posição na parada) e abre o caminho para o lançamento do álbum em abril, o primeiro do Blur a chegar no número 1 na Inglaterra. "Parklife" ficou mais de um ano entre os 20 mais vendidos no Reino Unido e teve ainda mais três hits, "To The End", "Parklife" (que contava com participação de Phil Daniels, o ator da ópera-rock do The Who "Quadrophenia") e "End of a Century".

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No fim do ano, "Parklife" era escolhido como o melhor disco do ano por várias revistas. Em janeiro de 1995 a banda recebe os prêmios de melhor banda, melhor disco, melhor single e melhor vídeo no Brit Awards (absolutamente todos os prêmios principais da premiação que é o equivalente ao Grammy inglês). O Blur definitivamente era a banda número 1 da Inglaterra e seus integrantes, principalmente Damon, se tornavam celebridades.

O sucesso do Blur abriu o caminho para o sucesso de uma série de bandas como Pulp, Supergrass, Elastica e principalmente do Oasis. O Oasis teve um excelente ano em 1994 quando lançou seu disco de estréia "Defenitely Maybe" e se tornou uma das mais promissoras bandas da Inglaterra. O suficiente para a mídia lançar uma verdadeira guerra entre Blur x Oasis, com direito a várias trocas de farpas entres os integrantes das duas bandas pela imprensa. As gravadoras das duas bandas adoraram a idéia e passaram a explorar a rixa na imprensa.

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O Blur passou metade de 1995 trabalhando em seu novo disco, "The Great Escape", e tocando alguns shows esporádicos, inclusive o lendário show "Mile End" no estádio de Wembley lotado.

Em agosto surge o primeiro single de "The Great Escape", da música "Country House". Por iniciativa da gravadora, o lançamento de "Country House" foi atrasado em uma semana para coincidir com o lançamento de "Roll With It", o novo single do Oasis. O Blur saiu vencedor da batalha, "Country House" ficou no primeiro lugar na parada. A Flood e a EMI fizeram uma festa para comemorar o fato mas a "guerra" com o Oasis não agradava a banda, principalmente a Graham Coxon, o que levou a alguns desentendimentos internos no Blur.

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De fato, quando "The Great Escape" foi lançado, a crítica recebeu o disco com elogios rasgados e entuasiasmados e as vendagens foram excelentes. O disco trazia a sonoridade de "Parklife" levada às últimas conseqüências, com produção grandiosa e a mesma temática, centrada em personagens irônicos como o "Ernold Same", "Dan Abnormal" e o "Charmless Man", das músicas de mesmo nome. O disco também teve grandes hits, como "Country House", "The Universal" e a própria "Charmless Man" e até então foi o disco mais bem sucedido do Blur nos Estados Unidos, vendendo cerca de... bem, 120 mil cópias. Só que a estratégia da rivalidade com o Oasis se mostrou muito prejudicial ao Blur. O Oasis lançou seu segundo disco, "What's the Story (Morning Glory)?" que teve um sucesso ainda mais avassalador que o de "Great Escape". E quando o Oasis conquistou a América, vendendo cerca de 5 milhões de cópias, as comparações foram inevitáveis. A partir daí, o som do Blur passou a ser tratado como superado e ninguém via muito futuro para eles. A postura da crítica com relação ao álbum "The Great Escape" mudou radicalmente, a ponto do disco ser considerado de fracasso (embora tenha vendido muito bem), argumentando que no disco a banda mais parecia uma paródia de si mesma na preocupação de repetir o fenômeno de "Parklife".

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De fato, a banda quase acabou no início de 1996. Em março, após o final de uma turnê nos EUA, Damon Albarn viaja para a Islândia para descansar e volta completamente reanimado. Em junho eles tocam o último show daquele ano em Dublin, na Irlanda, onde tocam pela primeira vez as músicas "Song 2" e "Chinese Bombs". Era um claro sinal de que o Blur re-inventando a si mesmo novamente. As músicas foram compostas após um encontro entre Damon e Stephen Malkmus do Pavement. Após o show a banda retornou para Islândia, onde iniciaram as gravações de seu quinto disco. Durante o tempo em que estavam na Islândia, a relação entre os integrantes da banda melhora sensivelmente. Em dezembro de 1996, o Blur retorna à Inglaterra, onde grava a última faixa do novo disco, que foi lançado em fevereiro de 1997. Nessa época, Damon dava declarações a imprensa dizendo não estar mais interessado na rock inglês e que estava fascinado pelo rock alternativo americano, um gênero que Graham Coxon cultuava há anos.

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Tanto o álbum, simplesmente intitulado "Blur" quanto o primeiro single "Beetlebum" entram na parada como número 1 em fevereiro de 1997. Em geral as críticas ao novo som do grupo foram um tanto divididas, com alguns críticos considerando que o Blur havia perdido o rumo enquanto que outros publicavam que a banda reconquistava sua posição como uma das mais inovadoras e originais da Inglaterra. Mas o público ainda mostrava uma certa resistência pela mudança no estilo, logo após o seu lançamento o disco rapidamente despencou nas paradas.

Em março, "Blur" é lançado nos Estados Unidos, onde a banda contava com uma nova gravadora, a Virgin, que se mostrou bem mais comprometida na promoção do Blur do que era a SBK. "Song 2" é escolhido pela Virgin e pela banda como o primeiro single americano e a escolha se mostrou um acerto, fazendo da música um hit e finalmente tornando o Blur conhecido nos Estados Unidos. Depois de uma turnê bem sucedida pelos EUA, a banda parte para outros países como Japão e Austrália, onde se tornam grandes também.

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A boa repercussão do disco em outros países ironicamente se refletiu na Inglaterra, onde a banda voltou a subir nas paradas e definitivamente reconquistou seu espaço.

"Blur" teve ainda os singles de "M.O.R." e "On Your Own" e realmente refletia uma mudança de direção. Dessa vez, a banda parecia mais solta, mais espontânea, as guitarras voltavam a ganhar destaque, trazendo à banda uma levada mais rock e experimental e menos pop.

No intervalo entre o fim da turnê e o reinício dos trabalhos no próximo disco, os integrantes do Blur trabalham em projetos próprios. Damon Albarn fez algumas trilhas para filmes e Graham Coxon lançou um álbum solo, "The Sky's Too High".

Em 1998 a banda entra em estúdio com o produtor William Orbit para gravar seu novo álbum, "13", de novo, número 1 nas paradas da Inglaterra. O disco, lançado em 1999, segue o mesmo rumo do trabalho anterior, incorporando alguns elementos da música eletrônica e desta vez ainda mais experimental (embora o primeiro single, "Tender", tenha sido o mais pop do Blur nos últimos anos) e mais uma vez reafirma o Blur como uma das mais influentes bandas da atualidade. Depois de mais dois singles "Coffee & TV" e "No Distance Left to Run", a banda comemora seus 10 anos de carreira em mais um show no estádio Wembley. O Blur ainda recebeu prêmios pelo videoclip inovador de "Coffee & TV" que conta a impagável saga de uma caixinha de leite (!?!?). Com o fim das atividades de promoção de "13" a banda dá mais uma parada, quando seus integrantes se voltam aos seus próprios projetos. Sai o segundo disco de Graham Coxon, "The Golden D" e Damon se envolve na banda Gorillaz, que acaba fazendo um enorme sucesso, talvez até maior do que o próprio Blur, se levarmos em conta um âmbito mundial.Em 2000 foi lançado um "Best Of", ainda como parte das comemorações pelos 10 anos da banda, contendo uma faixa inédita, "Music is my Radar". Em 2001, mais um disco solo de Coxon, chamado "Crow Sit on Blood Tree". O Blur só volta efetivamente em 2002, quando descobre-se que a banda está gravando um novo disco, tendo Fatboy Slim como produtor.

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Também começam a circular boatos sobre uma eventual saída de Graham Coxon, o que acaba se confirmando logo. 2002 marca ainda o lançamento do quarto disco de Coxon, chamado "The Kiss of the Morning". Aparentemente a razão de sua saída da banda foi insatisfação com os rumos que o som do Blur estaria tomando nas gravações do novo disco. "Think Tank" é lançado em 2003. Para o lugar de Coxon, foi recrutado Simon tong, ex-guitarrista do Verve. "Think Tank" recebeu muito mais críticas negativas do que positivas, e também muitos fãs torceram o nariz para o novo disco do grupo. Essa reação é em parte reflexo da saída de Coxon, muito querido pelos fãs.

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