Screaming Trees
Postado em 06 de abril de 2006
Biografia originalmente publicada no site Dying Days
Por Fabrício Boppré
O Screaming Trees foi formado aproximadamente na metade da década de 80 em Seattle, pelos amigos Mark Lanegan, Van Conner e Gary Lee Conner (sendo estes dois últimos irmãos), em Ellensburg, cidadezinha a 300Km de Seattle. A banda inicialmente foi idealizada na escola onde esses três jovens amigos amantes do punk rock e da música independente se conheceram. Depois de algum tempo sem se verem, Lanegan volta a encontrar os irmãos, que a essa altura, tinham formado uma banda com o baterista Mark Pickerel. Lanegan é então convidado a participar da banda, e este é o início do Screaming Trees (nome tirado de um pedal de distorção). Lee fica com a guitarra, Van no baixo, Lanegan nos vocais e Pickerel na bateria.
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Em 1984, a banda grava uma demo com seis músicas, e acaba chamando a atenção de Steve Fisk, produtor com certa influência na iniciante gravadora local Velvetone Records. Ele consegue que o selo contrate a recém formada banda, e em 1985, o Trees encara a estrada de carro e desce até Los Angeles para a gravação de seu primeiro disco. O resultado sai em 1986, sob o título "Clairvoyance".
Hoje em dia, a Velvetone já não existe mais e "Clairvoyance" nunca foi relançado, estando há muito tempo fora de catálogo. Cópias do vinil original são disputadas a tapa em sites como o E-Bay. Com a boa repercussão do disco na época, a banda consegue um contrato melhor com o selo SST Records. A SST sem dúvida foi a gravadora independente mais importante dos anos 80, tendo em seu catálogo nomes como Black Flag, Soundgarden, Sonic Youth, Dinosaur Jr, Hüsker Dü e Meat Puppets, entre outros.
O primeiro disco pela nova gravadora é o excelente "Even If and Especially When", que foi lançado em 1987. A essa altura, a banda já tinha seu estilo e característica própria: o som feito grupo era uma mistura bem dosada e harmônica da psicodelia dos anos 60 e do hard rock do anos 70, com toques do rock de garagem mais agressivo feito por muitas bandas nos anos 70 e 80.
Lançaram ainda mais três álbuns pela SST: "Other Worlds", que possuia aquelas seis músicas demos gravadas pela banda antes de entrar para a Velvetone e "Invisible Lantern", ambos em 1988 e produzidos por Steve Fisk; e em 1989, "Buzz Factory", sob a produção de Jack Endino.
A banda chega a lançar um EP pela gravadora Sub Pop, chamado "Change Has Come", antes de se separem por um tempo. Durante quase todo o ano de 1990, os membros da banda participam de projetos paralelo, como, no caso de Lanegan, um disco solo pela Sub Pop chamado "The Winding Sheet", que conta com as participações dos ainda não muito conhecidos Kurt Cobain e Krist Novoselic. É um belo disco, quase todo acústico, que possui como destaque o cover do Lead Belly "Where Did You Sleep Last Night?", que ficaria imortalizada na voz de Cobain no disco "Unplugged in New York" do Nirvana.
Os irmãos Conner também embarcam em seus próprios projetos. O baixista Van Conner assume baixo, guitarra e vocal no Solomon Grundy, lançando um álbum auto-intitulado em 1990. No mesmo ano, Gary Lee monta o Purple Outside, lançando o álbum "Mistery Lane". Ambos os projetos foram lançados pelo selo New Alliance (de propriedade da SST) e são dissidentes da sonoridade do Screaming Trees, mergulhando ainda mais fundo na psicodelia garageira dos anos 60.
No final de 1990, o Screaming Trees retoma as atividades, assinando com a gravadora Epic. As bandas de Seattle nessa época estavam começando a entrar em evidência, e o Trees foi uma das primeiras a conseguir um contrato com uma grande gravadora.
O primeiro disco pela nova gravadora sai em 1991, intitulado "Uncle Anesthesia", contando com Terry Date e Chris Cornell (vocalista do Soundgarden) como produtores. Antes do início da turnê de divulgação do álbum, o baterista Pickerel deixa a banda e retorna a Ellensburg onde abre a loja de discos Rodeo Records.
A turnê segue-se com dois bateristas convidados, e apenas do final de 1991 a banda consegue achar um membro efetivo para a posição: Barrett Martin, ex-Skin Yard (banda de Jack Endino, onde também tocou Matt Cameron do Soundgarden).
Em 1992, a banda lança o excelente disco "Sweet Oblivion", produzido por Don Fleming, que acentua o lado melódico da banda, contando com uma produção mais caprichada e grandes músicas como "Dollar Bill", "Julie Paradise" e "Winter Song". Mas coube a "Nearly Lost You" o papel de carro-chefe do disco.
Essa música, além de fazer parte da trilha sonora do filme "Singles" (trilha esta que possui outras bandas de Seattle como Soundgarden, Mudhoney e Pearl Jam), é também a responsável por fazer do Screming Trees um nome mais conhecido ao redor do mundo, devido a exposiçã massva do clip na MTV. O disco vendeu cerca de 300.000 cópias.
Após a turnê de divulgação deste novo trabalho, a banda gravou o sucessor de Sweet Oblivion, novamente com o produtor Don Fleming, mas ficou descontente com o resultado e o material foi descartado. Depois de alguns desentendimentos, acentuados durante a turnê de Sweet Oblivion, a banda volta a se separar temporariamente. Mais uma vez, os integrantes da banda voltam-se aos seus trabalhos paralelos: Martin toca no Mad Season, banda que também é um projeto paralelo de Mike McCready (Pearl Jam) e Layne Staley (Alice in Chains), e Lanegan lança seu segundo disco solo, em 1994, chamado "Whiskey For The Holy Ghost".
O Screaming Trees só retomaria as atividades em 1995, se reunindo novamente para a gravação de um novo álbum. Com a produção de George Drakoulias (Black Crowes), "Dust" é lançado no verão de 1996. É mais um excelente disco, que apresenta a banda mais madura, sem perder a qualidade e a característica que os transformaram em um dos grandes nomes de Seattle. O disco possui excelentes canções como "All I Know", "Look at You" (dedicada a Kurt Cobain) e a belíssima "Sworn and Broken".
Mesmo com críticas bastante favoráveis, "Dust" não repete o sucesso comercial do álbum anterior, muito em função da banda ter estado afastada da mídia por quatro anos. Ainda em 1996, a banda participa do festival alternativo Lollapalooza. Para os shows, a banda passou a contar com o reforço do guitarrista Josh Homme (ex-Kyuss), que deu condições de recriar ao vivo a grandeza do som de "Dust" com duas guitarras. Homme seguiu com a banda a partir dali.
Após o final do Lollapalooza a banda seguiu excursionando, mas na época Lanegan enfrentrava problemas de dependência de heroína, chegando a ser preso por porte de drogas, e esses problemas acabaram por detonar o restante da turnê.
Lanegan se recuperou por volta de 1998, após ter lançado seu terceiro álbum solo, "Scraps at Midnight". Nessa época, Van Conner participou da banda Gardener, ao lado de Aaron Stauffer (ex-Seaweed), enquanto Josh Homme montou o Queens of the Stone Age. Por sua vez, Barrett Martin montou a banda instrumental Tuatara, junto a Peter Buck do R.E.M.
Desde então, o Trees voltava a se reunir esporadicamente para um ou outro show. A banda chegou a gravar uma demo na intenção de o fechar uma nova gravadora (eles haviam rompido com a Epic após "Dust). Mas na metade do ano 2000, depois de lançar o single de "One Way Conversation" pela Internet, o grupo resolve anunciar seu fim. O próprio Mark Lanegan, que está bastante envolvido com sua carreira solo, faz o anúncio para a tristeza de milhares de fãs.
Não estão descartados planos de um último lançamento do Screaming Trees com material inédito, sobras de gravação e singles, mas por enquanto são apenas boatos. Após o final do Screaming Trees, Lanegan seguiu como artista solo, tendo tocado com o Queens of the Stone Age ao lado de Josh Homme por um tempo e participado de inúmeros projetos de outros artistas. Van Conner montou a banda Valis, jutamente com seu irmão Patrick Conner, Dan Peters (Mudhoney) e Kurt Danielson (ex-Tad). Gary Lee se afastou da música, enquanto Barrett Martin segue no Tuatara e hoje comanda o selo Fast Horse Recordings.
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