A Onda Maldita, o passado do futuro
 Por Luiz Antonio Mello *
Por Luiz Antonio Mello *
Postado em 21 de março de 2004
Esclarecimento – Como ninguém é obrigado a saber, a Rádio Fluminense FM, Maldita, detonou a chama Geração 80 do rock lançando fitas K-7 caseiras dos Paralamas, Legião, Lobão e muitos outros que se consagraram também por causa da rádio. Fundei e dirigi a emissora onde fiquei entre 15 de setembro de 1981 até 1 de abril de 1985. Se estivesse viva, teria feito 22 anos no dia 1º de março. Agora, o texto.
Liberei a última safra de meu livro "A Onda Maldita – como nasceu e quem assassinou a Fluminense FM", que escrevi sob supervisão da também jornalista Aline Rios. O site do livro fica em www.aondamaldita.com.br.
Tenho insistido em afirmar que é a última fornada porque acho que minha missão com a Rádio Fluminense FM, a Maldita, está cumprida. Ao longo das 364 páginas deste livro, que escrevi no ano 2000, lancei, recolhi e agora estou colocando a última leva no mercado, abri minhas veias, despejei minhas emoções, mas em nenhum segundo deixei de lado meu senso crítico e técnico. Quem quiser a obra basta mandar um e-mail para [email protected].
A Fluminense FM Maldita nasceu quando eu e meu amigo/irmão Samuel Wainer Filho, tragicamente morto num desastre de carro em 1984, estávamos de plantão em redações. Ele no Jornal do Brasil, eu na Rádio Jornal do Brasil, onde durante muitos anos trabalhei como jornalista, e ali aprendi ética, lisura, aprendi a fazer mídia limpa e democrática com pessoas muito queridas como Ana Maria Machado, César Motta, Wilton Xavier, Franca Di Sabatto Gerrante, Claudia Lima, Celinha, tanta gente. Trabalho em Jornalismo desde os 16 anos, e no Jornal do Brasil tive o privilégio de conversar com Nelson Rodrigues, Carlos Castello Branco, ouvir toques de Elio Gaspari e, ao mesmo tempo no Pasquim (falo de 1975, 76, 77, 78...) , onde fui redator, convivi com Paulo Francis, Jaguar, tornei-me amigo de Ziraldo, enfim, sou um veterano com muita honra.
Voltando a 1981, domingo de plantão parado, em maio, eu e Samuca começamos a conversar. Samuca era ansioso, muito ansioso, e lá pelas tantas disse "vamos fazer um programa de rádio, numa FM." Eu amo rádio. Em 1972/73 trabalhei na primeira emissora de Rock do país, chamada Federal AM, onde conheci Neu, Can, Amon Duul, Faust, Hawkwind, Mott The Hoople, mais Joelho de Porco, Karma, Terço e estava lá quando a rádio recebeu a demo-tape do primeiro disco do Secos & Molhados. Bom, a idéia de Samuca caiu como uma Gibson SG vinho no meu colo. Eu sabia que o Grupo Fluminense em Niterói, dono de jornal e rádios, tinha acabado de instalar um transmissor novo e naquele domingo mesmo liguei para a casa do então superintendente. A partir daí, passo a passo, detalhe por detalhe, segundo por segundo, está tudo no livro. Acertos, vitórias, erros, vacilos, não poupei nada nem ninguém, especialmente a mim mesmo e os assassinos da rádio.
No livro "A Onda Maldita..." eu presto contas aos ouvintes da rádio naquela época e também as pessoas que ouviram falar dela, especialmente você que está aqui no Whiplash, melhor portal de Rock da América Latina, enfim, abro o verbo para todo mundo. Essa rádio foi tão importante que até hoje, terceiro milênio, ainda sou chamado para fazer palestras sobre aquele fenômeno. Meus amigos Serginho Vasconcellos e Amaury Santos, peças fundamentais na montagem da Maldita, bem como Carlos Lacombe (morto há dois anos num atropelamento) Maurício Valladares, Alex Mariano, Paulo Sisino, Hilário Alencar, Joubert Martins, todas as locutoras da fase 1 da rádio até hoje ainda são reconhecidos como "Fulano da Maldita". Éramos uma eficiente brigada de guerrilha e só não viramos rede mundial porque não conseguimos montar uma logística eficiente. Um dos motivos que degolaram a Maldita foi a falta de grana, de anúncios, de um departamento comercial forte, estruturado. Mesmo quando a rádio atingiu a incrível posição de terceiro lugar em audiência no Rio, em março de 1985, não entrou grana suficiente para manter, ampliar, aperfeiçoar o projeto.
Nosso pequeno exército venceu preconceitos que existiam (e ainda existem) em torno do Rock autêntico, peitou o lixo vivo da ditadura militar infiltrado na abertura política, enfrentamos sacanagens, sabotagens, fomos além dos nossos limites. Mas faltava a estrutura comercial, a mesma que faltou a Raul Seixas, Van Gogh, Jimi Hendrix, Mozart, e tantas belas figuras que viveram e foram enterradas depauperadas, ingratamente duras. Ah, sim, existes o chamado "reconhecimento depois da morte", mas e daí? Numa das últimas conversas que tive com Raul Seixas ele disse "cara, estou duro, bêbado...ninguém quer gravar minhas músicas...mas quando estou fazendo um show eu vejo a putada que me fecha as portas metida na multidão gritando meu nome. Eu fico puto, desolado, arrasado".
Por isso, reafirmo que essa é a última safra do livro "A Onda Maldita..." porque a rádio foi linda, foi maravilhosa, mas foi enterrada viva pela incompetência. Morreu burra, alienada, logo ela que foi berço da inteligência, da vanguarda dos anos 80. Não perguntem nada a mim pois creio ter respondido a tudo e a todos nesse livro. Perguntem quem foi a Maldita a Herbert Vianna, Bi, Barone, Dado Villa-Lobos, Lobão, Maria Juçá, Frejat, Dinho Ouro Preto, Luiz Carlos Maciel, Arthuer Dapieve, Tarik de Souza, Marcos Petrillo, Roberto Medina (a Maldita ajudou no repertório do Rock in Rio I), enfim, perguntem a quem viveu intensamente o Brasil de 1982 a 1985. Forte e emocionado abraço a todos.
 
* Jornalista, radialista, publicitário, escritor, etc.
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