Nazareth: um galês na banda escocesa
Por Ricardo G. dos Santos
Fonte: Literatura e Opiniões
Postado em 18 de fevereiro de 2015
A veterana banda escocesa NAZARETH, que já passou por diversas formações desde sua fundação, na longínqua década de 1960, é tradicionalmente composta quase sempre por músicos escoceses - preferencialmente de Dunfermline, antiga capital do país e cidade natal dos fundadores da banda Pete Agnew e Dan McCafferty (o co-fundador Darrel Sweet, embora tenha nascido na cidade inglesa de Bournemouth, também vivia na Escócia). O primeiro ¨estranho no ninho¨ a ingressar no grupo foi o guitarrista espanhol Manny Charlton. Sua chegada, em 1968, foi decisiva para trazer experiência musical aos garotos de Dunfermline (até então, uma banda cover chamada The Shadettes).
O sucesso demorou um pouco para chegar, mas veio com muita força a partir do ano de 1973, com a gravação do álbum Razamanaz, produzido por um amigo do Deep Purple (o talentoso Roger Glover).
A história construída pelo NAZARETH até algumas semanas atrás é encontrada com facilidade em pesquisas no Google. Altos e baixos, ostracismo e glórias, valentia em permanecer na estrada mesmo sem gravadora durante cerca de dez anos (1998 - 2008), etc, etc. Houve também algumas fatalidades, sendo a última delas a aposentadoria do vocalista original Dan McCafferty em razão de problemas de saúde, mais especificamente devido à Doença Obstrutiva Pulmonar Crônica que o aflige há tempos e que se agravou bastante nos últimos anos. Trata-se de uma patologia que dificulta a respiração, o que impede Dan de fazer shows, porém não de realizar eventuais gravações em estúdio (em estúdio, ao contrário do que acontece nas apresentações ao vivo, o vocalista eternizado pela interpretação de Love Hurts pode descansar os pulmões por alguns minutos antes de retornar ao microfone).
Há alguns dias, o NAZARETH anunciou a contratação do experiente Carl Sentance (Persian Risk, Geezer Butler, Krokus, Don Airey & Friends) para assumir os vocais da banda. A notícia animou boa parte dos fãs, pois Carl é um excelente cantor, além de ser também compositor, guitarrista e baixista (sim, ele, sozinho, é praticamente uma banda completa). É claro que, como em todas as bandas que perdem muitos membros originais (no NAZARETH hoje resta apenas o baixista Pete Agnew), sempre há aqueles fãs que pedem o fim do grupo, para que seja preservada sua sonoridade original. Isto passou a acontecer principalmente após a aposentadoria de Dan, considerado (com justiça) a maior estrela do NAZARETH.
Opiniões à parte, uma pesquisa no Youtube prova rapidamente a competência de Carl Sentance. Aliás, assim como Manny Charlton, pode-se dizer que ele é também um "estranho no ninho": Carl não é escocês. Pelo que consegui apurar, ele é galês, natural de Cardiff, atual capital do País de Gales (ok, Gales também faz parte do Reino Unido, assim como a Escócia, mas não deixa de ser outro país). Eu vejo aqui dois bons presságios para o NAZARETH. O primeiro, é claro, é o indiscutível talento de Carl como cantor, que trará uma nova energia para a banda. O segundo é bem menos racional e muito mais místico: a exemplo de Manny, Carl pode ser o "estrangeiro" a conduzir novamente o NAZARETH para o caminho do sucesso.
Não, não é exagero. Carl (que, a exemplo de Raul Seixas, nasceu em um 28 de junho) é mesmo muito bom. E o NAZARETH há tempos estava precisando de uma novidade impactante. Bem, aí está ela!
Que a saúde de Dan melhore e que ele possa gravar músicas inéditas em estúdio e curtir com tranquilidade sua aposentadoria. E que a banda continue sua jornada, fazendo a alegria dos fãs ao redor do mundo por muitos anos.
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