The Quarrymen: os Beatles que não foram
Por Anderson Lamim
Fonte: O Globo
Postado em 27 de janeiro de 2005
Tim Cooper
Do Independent
Rod, Eric, Len e Colin. Não é exatamente John, Paul, George e Ringo, mas, nos idos de 1957 e 58, os dois quartetos eram praticamente uma banda só. Enquanto metade do grupo tornou-se "mais famosa do que Jesus Cristo", os outros quatro viveram vidas normais, com empregos, dívidas, mulheres e crianças.
Agora, quase 50 anos depois de começar como uma banda de colégio, com John Lennon, os Quarrymen gravaram seu primeiro disco, que traz canções que eles tocavam ao lado de Lennon, Paul McCartney e George Harrison. Depois de reunirem-se no aniversário de 40 anos do show em que Lennon conheceu McCartney (em 1957), os músicos — todos na faixa dos 60 anos — reuniram-se em turnês pelo mundo.
— Criou-se a quarrymania no Japão — lembra o cantor, Len Garry, de 63 anos. — Saímos de um trem e fomos cercados por meninas histéricas.
Gênero preferido na época era o "skiffle"
O grupo foi formado por um jovem de Liverpool de 15 anos chamado John Lennon em 1956, quando o rock apenas engatinhava. Apesar de Elvis e Bill Haley, a música da moda na Grã-Bretanha era o skiffle , estilo popularizado pelo escocês Lonnie Donegan e seu banjo. Quando descobriram que os mesmos três acordes do skiffle serviam ao rock, os meninos mudaram de estilo.
Um dos futuros músicos, o baixista — em um instrumento rústico, feito para o skiffle — Bill Smith, durou pouco na banda, proibido pelo pai. Em seu lugar entrou Len Garry, que estudava em uma escola diferente da dos meninos, onde era amigo de Paul McCartney e George Harrison. O grupo passou um ano aprendendo a tocar e ensaiando sucessos da época.
— Tocávamos em festas, clubes para jovens e até em um clube de golfe — lembra Garry. — Não podíamos tocar em bares porque éramos menores de idade.
O dia crucial na história da banda é 6 de julho de 1957, na festa da igreja de St. Paul em Woolton, Liverpool. Paul McCartney perambulava enquanto a banda tocava. Intrigado pelo hábito de Lennon de somar suas próprias letras às dos sucessos, ele se apresentou ao cantor e logo estava mostrando a ele o que sabia no violão. Aos poucos, os outros meninos foram saindo da banda, até deixar os que seriam, um dia, os Beatles.
Davis ainda teve uma chance a mais, mas não quis. Ele encontrou Lennon em Liverpool na Páscoa de 1962.
— Ele me perguntou se eu gostaria de ir para Hamburgo, na Alemanha, para tocar bateria com eles — lembra. — Eu estava no meio do curso universitário, e minha mãe teria me matado se desistisse por causa "daquele Lennon", como ela dizia.
Músico diz preferir o anonimato à fama
Aproveitando um resto de fama, eles hoje garantem que não se arrependem.
— Eu não gostava da música, preferia folk e bluegrass — diz Davis. — Além disso, eles ficavam presos em hotéis e não podiam fazer o que queriam. De certa maneira, suas vidas foram roubadas. Eu me diverti muito na minha, e ninguém ficou sabendo!
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