David Ellefson: desesperado por heroína, ele recorreu ao Guns
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 11 de dezembro de 2013
Em 1988, o MEGADETH apresentou-se na maior – e mais trágica – edição do festival MONSTERS OF ROCK em Donington, Inglaterra, da qual participaram também o IRON MAIDEN, KISS, DAVID LEE ROTH, HELLOWEEN, GUNS N’ ROSES, entre outros.
Enquanto vários problemas técnicos se sucediam, como o colapso de um dos telões, dois jovens acabaram morrendo pisoteados na plateia e, em meio a tudo isso, o baixista do Megadeth, DAVID ELLEFSON padecia severamente de sua drogadição à heroína.
O que segue abaixo é um trecho traduzido da autobiografia de Ellefson, "My Life With Deth – Discovering Meaning In A Life of Rock & Roll" – escrito à quatro mãos com a colaboração do autor JOEL MCIVER e prefácio cunhado por ALICE COOPER – no qual ele relata a dor e o desespero daquela ocasião.
[...]
O voo para a Inglaterra era dali a dois ou três dias, e eu estava muito doente com a falta de heroína. Charlie [namorada do baixista] não me deixava ir a canto nenhum sem ela, então eu não podia fugir e comprar nada. Era horrível. Ela me deu um ultimato, dizendo que se eu quisesse ficar com ela, eu teria que ir pra uma clínica no hospital de Van Nuys depois da viagem até Donington.
A sobriedade já despontava no horizonte em 1988. Lembre-se de que naquela época, o AEROSMITH tinha se limpado, tal como os caras do MÖTLEY CRÜE. Músicos veteranos dos anos 60 e 70 como DAVID CROSBY estavam sóbrios, assim como músicos e atores de todos os gêneros. Todo mundo estava falando em público sobre ficar sóbrio, e a indústria do entretenimento estava empolgada com esse novo estilo de vida da vida limpa.
Além do mais, tínhamos contratado novos empresários na McGhee Entertainment, Doc McGhee e seu sócio, Doug Thaler. Eles me disseram, ‘se você quiser se limpar, vamos te ajudar, temos as pessoas certas’, mas eles também deixaram claro que eles não iam mais arrastar gente incapacitada pelo mundo. ‘Cansamos disso’, eles diziam. ‘Não vamos passar por isso de novo. ’
Enquanto os empresários e gravadoras estavam adotando a sobriedade para seus artistas, eu ficava meio tipo, ‘Esse movimento de sobriedade está muito à frente do meu tempo!’ Eu era um menino duma fazenda em Minnesota, e, ao descobrir todo esse sexo, drogas e rock n’ roll, eu estava achando que tinha dado certo. Agora era a hora de enfiar o pé na jaca! Eu tinha visto [o filme] ‘Sid & Nancy’ onde o pai de Nancy pergunta a Sid quais eram os objetivos dele pra vida, e Sid responde, ‘Eu acho que vou mudar pra Paris e morrer no auge da fama’. Era assim que o Megadeth vivia, até certo ponto: a gente acendia o pavio e deixava queimar até que a bomba explodisse.
Voamos de Los Angeles até Nova Iorque e tocamos no Ritz em nosso caminho até a Inglaterra para um show de aquecimento. Eu consegui descolar um pouco de bagulho e ‘ficar de boa’, como chamávamos, então aquela viagem de dois dias foi tranquila. Charlie me encontrou em Nova Iorque e foi comigo até Londres, e claro, você pode ficar chapado o quanto quiser ANTES de entrar num avião. Eu consegui ficar tão louco de heroína quando podia, pura e simplesmente porque eu sabia o que estava por vir.
Chegamos à Inglaterra e fomos de ônibus para o show em Leicestershire. Os caras do GUNS N’ ROSES tinham acabado de chegar lá, e eu achei que eles poderiam estar com um pouco de bagulho, mas eles estavam como eu, no que, quando estavam em casa em Los Angeles, eles podiam estar zoados, mas na estrada, a farra era restrita à bebida. Ninguém tinha heroína. A desintoxicação inevitável, que eu sabia que seria dolorosa, chegava num momento onde eu estava precisar no melhor de minha forma para o maior show da minha vida. Então eu fui pro nosso hotel, o Holiday Inn de Leicester, e fiquei tão doente que todo mundo acabou ficando sabendo. Muitos ficaram bravos porque eu tinha mentido sobre meu vício, mas eles sabiam que, no fundo, eu era um bom garoto, e a preocupação deles superou a raiva.
A natureza doentia do vício em drogas é que, enquanto você está procurando ajuda com uma mão, você está chamando seu traficante com a outra. Um médico veio até o hotel e me deu uma receita de Butalbital, que não me fez efeito algum. Mas ele não teve piedade. "Seu americano noiado!", ele disse, enojado.
No dia seguinte, de algum modo, eu toquei no show em Donington – o maior show da minha vida, em frente de 107 mil pessoas – mas eu estava tão doente e zuado, eu estava morrendo lá em cima. No palco, eu me chicoteava prum lado e pro outro, usando a adrenalina para me distrair da dor. Logo que saí do palco, eu estava tão doente que eu fui direto pro ônibus e desmontei, ouvindo o KISS ao fundo enquanto íamos de volta ao hotel para dormir.
Logo depois de Donington, tínhamos mais três shows de festivais em estádios programados com o IRON MAIDEN na Alemanha, e eu acabei tendo que cancelar a participação do Megadeth em todos os três pra ir pra casa e entrar em tratamento, tal como eu e Charlie havíamos concordado. Nosso agente, mesmo muito chocado, ficou do meu lado. Eu não sei quem foi responsável por inventar a minha desculpa, que foi que eu havia quebrado meu braço no chuveiro e tinha que cancelar os shows, mas eu queria ser responsabilizado pelos cancelamentos de algum modo, mesmo não querendo que se dissesse "David Ellefson é viciado e heroína e tem que se tratar." Eu não estava pronto pra isso ainda.
[...]
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



As músicas do Iron Maiden que Dave Murray não gosta: "Poderia ter soado melhor"
O músico que Neil Young disse ter mudado a história; "ele jogou um coquetel molotov no rock"
Inferno Metal Festival anuncia as primeiras 26 bandas da edição de 2026
A música favorita de todos os tempos de Brian Johnson, vocalista do AC/DC
A banda brasileira que está seguindo passos de Angra e Sepultura, segundo produtor
Como foi para David Gilmour trabalhar nos álbuns solos de Syd Barrett nos anos 1970
Os dois maiores bateristas de todos os tempos para Lars Ulrich, do Metallica
Guns N' Roses é anunciado como headliner do Monsters of Rock 2026
O guitarrista do panteão do rock que Lou Reed dizia ser "profundamente sem talento"
Soulfly: a chama ainda queima
Os 5 melhores álbuns do rock nacional, segundo jornalista André Barcinski
A banda de thrash fora do "Big Four" que é a preferida de James Hetfield, vocalista do Metallica
A música do Trivium que mistura Sepultura, emo e melodic death metal
A banda que deixou o Rage Against The Machine no chinelo tocando depois deles em festival
A única música do Led Zeppelin que Geddy Lee conseguia tocar: "Padrão repetitivo"
Methânia: Maria Bethânia ficou chocada ao saber que existia versão Metal de suas músicas
João Gordo se arrepende de bater no Cazuza por homofobia: "Dei tapa e joguei sapato"
Playback.FM: saiba qual a música mais tocada nas rádios no dia que você nasceu


Dave Mustaine diz que som da guitarra do Metallica mudou o mundo
Adeus Megadeth! Último disco será lançado no Brasil em janeiro de 2026
Mustaine acha que versão do Megadeth para "Ride the Lightning" ficou tão boa quanto a original
Por que Dave Mustaine escolheu gravar justo "Ride the Lightning", segundo o próprio
Valores dos ingressos para último show do Megadeth no Brasil são divulgados; confira
Os 50 melhores discos da história do thrash, segundo a Metal Hammer
Novo disco do Megadeth pode ter cover do Metallica - e a pista veio de Mustaine
Pepeu Gomes comenta convite para o Megadeth e fala sobre Kiko Loureiro
O guitarrista que é o Ayrton Senna do heavy metal nacional, segundo Bruno Sutter



