Vinil: comprar toca-discos com USB para converter LP é estupidez
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 12 de maio de 2014
Vocês todos conhecem o tipo: aquele tiozão, quase 50 anos, inconformado com a própria alopecia e que por isso raspa a cabeça com gilete, ele se formou em letras, não tem um emprego lá muito dos másculos, a família desconfia que ele seja homossexual [ele não tem filhos e vive pelos sobrinhos] mas ele até gosta de mulher, e as procura na internet – e por vezes as acha, apesar de nenhuma ter menos que 55 anos de idade e já praticamente ostentar um crachá onde se lê ‘desesperada’. Ele não quer perder sua aura de ‘troo’, e fica andando com camisas de banda, pretas e fubentas pelos boliches de Campinas, afinal, isso pode quebrar o gelo com os jovens que também são ‘roquistas’ como ele. E claro, como ele não é um desses subservientes a modismos e tendências culturais de gente de baixo nível cultural, ele coleciona discos de vinil e defende ferrenhamente a superioridade da reprodução fonográfica analógica [apesar de, há 20 anos, ele ter vendido todos seus Comandos Em Ação para comprar CDs].
Ele posta selfies no Facebook com os discos que chegaram no correio. Ele posta fotos de sua coleção de vinis coloridos, e com muito orgulho, ele exibe sua vanguardista vitrola com saída USB, o que o caracteriza como o tio da Sukita que tem gosto apurado e [finge que] sabe apreciar uma fina e clara execução discográfica, mas ao mesmo tempo, é adepto da conveniência dos arquivos digitais.
Quem compra um toca-discos com USB de modo a transferir sulcos para arquivos pode achar que teve uma ideia racional, mas na verdade comete uma estupidez.
Em primeiro lugar, a maioria desses modelos com USB soa como vitrolas vagabundas de plástico. Os graves são fracos e sem profundidade, o som do cartucho fono não tem clareza, e portanto a qualidade das transferências é bastante pobre. Então por que é que alguém se propõe a isso? Se a música é tão importante assim para você, faz muito mais sentido comprar arquivos masterizados profissionalmente por um engenheiro especializado de sites como Amazon, iTunes, ou ainda melhor, um Compact Disc.
Se você tem algo entre 30 a 50 álbuns para transferir/converter, isso pode custar muito mais dinheiro do que você está disposto a pagar por tais arquivos, então faz mais sentido assinar um serviço de streaming que permita você fazer o download de arquivos [coisa bastante difícil no Brasil do PT].
Ainda não está convencido? Pense nisso: você vai gastar muito tempo executando as transferências, que são lineares, em tempo real. Um álbum de 50 minutos leva 50 minutos, e você tem que sentar-se ao lado do equipamento para inserir as marcações de início e fim de cada faixa. Depois você vai precisar investir em um software decente de edição para consertar os ruídos do LP, e isso consome mais – no mínimo – uma hora do seu tempo, a cada disco. Você está disposto a investir tanto tempo da sua vida assim?
Assim sendo, a despeito das questões que abrangem a transferência do analógico para o digital, você ainda vai usar o toca-discos para TOCAR seus discos? Se você tiver algum conhecido audiófilo e realmente conhecedor do tema,ele vai lhe aconselhar a não desperdiçar seu dinheiro com tal aparelho.
Claro, reproduzir um bom vinil de 200g em um toca-discos bem celebrado de um fabricante tradicional tem seu valor, mas é igualmente evidente que é preciso muito mais ‘trabalho’ para tocar um LP do que um arquivo no seu telefone. Se você não liga muito para a experiência lúdica do vinil, não compre um toca-discos com USB, é jogar dinheiro na latrina.
Por outro lado,você pode apreciar o processo de tocar seus bolachões, ter centenas de discos que você amaria ouvir, e eles estão em um estado razoavelmente bom, então aí é recomendável que você adquira um toca-discos ‘de verdade’, sem USB. Há diversos modelos no mercado, de preços acessíveis até sob o valor de 2 Ferraris. Se aí então você quiser se empenhar em conversões digitais de alta qualidade, compre um conversor fono com um pré-amplificador e porta USB separado, como o Parasound Zphono e um software de edição. E certifique-se de ter tempo suficiente para colher os frutos desse investimento.
Sendo pragmático, você não carrega toca-discos embaixo do braço o dia todo, e não os leva ao trabalho. Os arquivos digitais vieram para ficar, e já que sua adesão a eles é inevitável, faça com que os do seu acervo sejam tão bons quanto possível, complementando a experiência com bons fones de ouvido.
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