Frejat: o rock perdeu sua verve contestadora
Por Bruce William
Fonte: A Tribuna
Postado em 01 de junho de 2015
Em entrevista à Tribuna, Frejat falou, dentre outros assuntos, sobre a atual situação do Rock, afirmando que o gênero perdeu sua verve contestadora, confira abaixo alguns trechos.
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Dou aula em uma universidade para estudantes do primeiro ano, a maioria com 17, 18 anos. Nesta semana, falei sobre Ideologia, e citei parte da letra da canção e falei do Cazuza. De 70 alunos na classe, quatro conheciam. Curioso, porque, certamente, os pais ouviram Barão. O rock deixou de seduzir os mais jovens?
O rock deixou de ser a linguagem da inquietação juvenil, processo, nos últimos tempos, assumido pelo hip hop. Ele ocupou as conversas sobre os fatores socioeconômicos, as reivindicações da periferia... Tem servido como agente político e ideológico, como já foi o rock. Recentemente, vi rock em uma propaganda de picolé. É fora de contexto. Para o leigo pode ter passado despercebido, não para mim. Não me manifestei. Poderiam achar que sou neurótico, saudosista, puritano ou que estaria atrás de mídia. A investida do hip hop é a única explicação da ausência?Também acho que essa mudança em relação ao rock tem a ver com o Brasil nos últimos anos. Ele se viu, se enxergou com clareza, sabe qual é a sua cara politicamente falando, o que não nos era permitido nos anos 80, quando, realmente, a minha geração queria mudar o mundo. Éramos inquietos e questionávamos tudo por meio do rock, que é urbano, e sempre foi e será bastardo.
O hip hop possui toda essa verve contestatória?
Assisto a programas que mostram o hip hop lá fora. Em outros países ele também está substituindo o rock, mas não creio que possua essa inquietação. O cantor, por exemplo, tem por foco dizer que é fodão e come todas; a cantora prega que é maravilhosa, poderosa, sensual e deixa os caras de quatro. Há, ainda, a ostentação, uma forma de desabafo, muitas vezes, raso. No nosso caso, também acontece esse falatório de ostentação, mas não quero ser leviano ou absoluto. No Brasil há gente boa, séria e com conteúdo fazendo hip hop.
(...)
Como você vê o rock atual?
O rock vendido é uma mistura de neo punk, neo metal e algo de funk. Proposta, para mim, vazia. Me tem atraído o rock alternativo vindo de fora. O rock, para mim, é o que vem do negro, do blues, e pulsa dentro de um contexto social. É referência. Temos, no Brasil, boas bandas. Não citarei por medo de esquecer alguma.
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