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Garotos Podres: "Curitiba é rock , não é só República de Curitiba e juiz Moro"

Por André Molina
Fonte: SINNERS ROCK BEER
Postado em 06 de março de 2019

A banda de rock operário Garotos Podres esteve em Curitiba para participar da vigésima edição do tradicional Psycho Carnival, neste feriado de carnaval. Vale mencionar que o festival há algum tempo já faz parte do circuito internacional e nacional, atraindo público e bandas de diversos estados e países. Ao chegar na capital paranaense, Mao, vocalista e líder da banda, participou de uma sessão de autógrafos com fãs na cervejaria Maniacs Brewing Co. e, com bom humor e crítica social, concedeu entrevista.

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Mao falou sobre a trajetória do Garotos Podres na época de transição da Ditadura Militar para a Nova República e como a banda se posiciona diante da instalação de um governo de direita no Brasil, além de avaliar o papel do rock nacional e do punk rock na atualidade.

Como foi o convite para participar do Psycho Carnival?

De uns anos para cá ficamos sem vir para Curitiba. Tocamos em 2012 e 2017. Foi um tempo longe de Curitiba já que é uma cidade em que tocamos muito, com uma média de 02 shows por ano. Em Curitiba tem uma cena de Psychobilly. Muitas bandas e legais, com mais de 20 anos de estrada. Um pessoal que sempre tivemos contato e oportunidade de tocar juntos. Podemos dizer que este convite para se apresentar no Psycho Carnival é uma grande alegria para a gente por estar reencontrando pessoas que encontrávamos nos anos 90, com certa regularidade. É uma cidade bem rock ‘n’ roll. Não é só República de Curitiba e juiz Moro. Tem uma turma com postura progressista, libertária. É com esta galera que confraternizamos. Em Curitiba, tocávamos sempre em locais como o Syndicate, Hangar, Jokers. Muitas destas casas já fecharam, mas a cena continua e outras casas abrem para este espaço rock ‘n’ roll.

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Atualmente a banda esta reformulada…

Em 2012 tivemos um problema sério na banda. Dois integrantes assumiram uma posição, os outros dois assumiram outra. Houve um racha da banda em relação a política atual. Um dos integrantes da banda se posicionou no lado da Direita. Saiu candidato a vereador pelo PEN, que é o partido que se tornou PATRIOTA. E decidimos continuar com o Garotos Podres com uma galera nova, reforçando o espírito ativista da banda, de se impor ao crescimento da intolerância, do racismo e do fascismo, que têm tomado conta das redes sociais e uma onda conservadora, que elegeu um presidente da República. Nós usamos a música para divulgar nossas ideias e defendemos os valores humanos, que se impõem ao avanço da barbárie fascista .

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Este cenário de mudança ideológica no governo dá mais motivação para os Garotos Podres se expressarem com novas músicas?

Nós como banda pretendemos ser instrumento desta resistência contra a barbárie que avança em nosso país e, ao mesmo tempo, estas derrotas que a humanidade sofreu no Brasil nos motivam mais. Todos aqueles que defendem o que é humano, foram derrotados nestas eleições. Este espírito de resistência contra o fascismo nos enche de energia para lutar. Estas últimas derrotas não nos desanimam. Ao contrário, nos colocam uma série de desafios.

Em termos de lançamento de músicas novas, acreditamos por enquanto que esta questão de lançamento de álbum, ficou para trás. É muito mais eficiente atualmente lançar vários singles e disponibilizar gratuitamente nas plataformas musicais. Por exemplo, em 25 de abril de 2018, que é a data da Revolução dos Cravos, nós lançamos "Grândola, Vila Morena", em 1º de maio lançamos uma versão de "Aos Fuzilados da CSN", a canção e um vídeo clipe. O que fazemos é entrar no estúdio, gravar uma ou duas músicas e disponibilizar nas redes sociais. Tentar fazer um videoclipe barato, modesto, que ajude a divulgar a música. A maneira de fazer disco, ficar um ano gravando dez músicas, não compensa mais. Ninguém tem mais nem aparelho para tocar CD. O formato acabou.

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Como você percebe o reflexo das músicas dos Garotos Podres que foram compostas há trinta anos?

Infelizmente nossas músicas são muito atuais. Não gostaríamos que fossem. Gostaríamos que aquilo que denunciamos há três décadas hoje estivesse superado. Há 31 anos lançamos o disco "Pior Que Antes" e ano passado fizemos alguns shows em comemoração aos 30 anos deste álbum. Percebemos o quanto as músicas continuavam atuais. É uma merda continuar fazendo "sucesso" por ter razão. Gostaríamos de estar errados. Que o assunto estivesse obsoleto. Regredimos em muita coisa.

O papel do Garotos Podres então continua o mesmo?

O Garotos surgiu no fim da ditadura militar dentro de um contexto de questionamento a esta ditadura desmoralizada na época. E hoje vemos o ressurgimento dos fantasmas desta ditadura. Hoje temos um novo desafio e mais motivos para continuar lutando. E vamos continuar usando a música para dar nosso recado e fazer as pessoas pensarem.

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Qual disco do Garotos Podres você indicaria para quem começou a ouvir rock brasileiro e punk e acessa a internet. O álbum que resume melhor a mensagem do Garotos Podres?

Cada álbum revela uma faceta da banda, ou cada música. Tem canções que a intenção é a tiração de sarro. Outras canções que vão para o sarcasmo. No momento atual, o álbum que representa mais a época em que vivemos é o "Pior que Antes". Estamos pior do que pior que antes, retrocedendo. Lançamos o disco na Nova República. Época do governo do Sarney. Canções compostas em 1986, 1987 quando foi lançado o Plano Cruzado. Que foi horrível. O presidente que dava sustentação a Ditadura, assumiu o país. Hoje vemos que estamos pior. Antes estávamos em uma ditadura que acabava. Hoje estamos em uma ditadura que está se instalando.

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O Garotos Podres já tem mais de 30 anos. Gravou seus discos. Participou do contexto cultural da transição da ditadura para a democracia. Neste atual momento político, você não acha que seria natural aparecer novas bandas de rock da atual geração para fazer este protesto, este discurso oposicionista?

Esperamos que surjam novos nomes. A necessidade é a mãe da invenção. Só que as pessoas ainda não perceberam o que está acontecendo. Em 2015, quando iniciou este movimento de impeachment da Dilma, a banda se posicionou contrária a este movimento nas redes e levamos muito cassete. A onda de direita estava a todo vapor. Não somos uma banda para agradar as pessoas ou até fãs. E sim para levar nossa mensagem, o que acreditamos. Hoje já não vemos tanta gente nos detonando nas redes sociais. As páginas das redes sociais servem como termômetro.

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E a ausência de novos nomes?

Para termos novos, as pessoas têm que parar de ter medo de defender e revelar o que acredita. As bandas têm que perceber que não estão tocando para agradar o público. Elas estão aí para dar o recado. Se ninguém gostar do recado pelo menos está dizendo o que acredita. Muita gente monta banda com visão comercial. Mas hoje comercialmente não existe banda. Vai querer agradar os outros e não agrada ninguém.

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Sobre André Molina

André Molina é jornalista, economista e começou a ouvir heavy metal ainda quando era criança. Tem 30 anos de idade e Rock 'n' Roll é sua religião.
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