Por que Max Cavalera não queria que Sepultura virasse "o novo Metallica"
Por Igor Miranda
Postado em 12 de julho de 2020
O Sepultura vivenciou o auge de sua popularidade na década de 1990, com os três álbuns finais gravados com o vocalista e guitarrista Max Cavalera: "Arise" (1991), "Chaos A.D." (1993) e "Roots" (1996). O último chegou a ganhar disco de ouro em mais de 5 países, incluindo Estados Unidos e Reino Unidos, os principais mercados fonográficos do mundo.
O sucesso fez com que muitas pessoas depositassem uma grande expectativa no Sepultura, a ponto de Sharon Osbourne, esposa e empresária de Ozzy Osbourne, chegar a dizer que a banda brasileira seria "o novo Metallica". Com a saída de Max Cavalera, o grupo não conseguiu repetir as vendas dos trabalhos anteriores.
Em entrevista à "Kerrang!", Max Cavalera comentou que não gostaria que o Sepultura se tornasse "o novo Metallica". O músico destacou que a fama e a riqueza poderiam tirar a raiva que sua arte busca expressar.
"Quando você tem Sharon Osbourne dizendo coisas como 'eles estão prestes a se tornar o próximo Metallica', existe pressão. No entanto, quando penso no Metallica, fico feliz de nunca termos virado aquilo. Gosto dos primeiros quatro álbuns deles, mas depois disso, não curto nada", disse, inicialmente.
Em seguida, Max explica que a situação do Sepultura poderia ficar ruim caso ele continuasse na banda. "Se eu ficasse no Sepultura, talvez viraria m*rda. O sucesso destrói as pessoas. Você não se irrita mais, pois é rico demais e não tem nada para reclamar. Você não tem nada mais para se rebelar. Contra o que você vai se rebelar - ter dinheiro demais na conta? Isso é estupidez", afirmou.
Em outro momento, falando sobre "Chaos A.D.", o vocalista e guitarrista refletiu que o Sepultura ficou maior em popularidade depois que a formação clássica rompeu, com sua saída. "Nunca parecia que estávamos fazendo algo incrível. Parecia que estávamos sempre lutando. 'Chaos A.D.' saiu por uma gravadora grande na América e mandaram um cara para ouvir. Ele achou que seria alguma m*rda rock para tocar na rádio. Mostramos 'Refuse/Resist' e 'Territory' e acho que são músicas incríveis, mas ele disse que não dava para fazer nada com elas", disse.
O auge do Sepultura coincidiu com o momento de ápice do grunge, estilo que tem bandas que Max Cavalera admira. "Todos usavam camisas de flanela na época. Mas Dave Grohl era um grande fã de Sepultura, ele usa produtos da banda em algumas fotos do Nirvana. Ele foi a nosso shows em Seattle na época. Eu curtia Nirvana, as coisas antigas são bem punk e Dave disse na introdução do meu livro que somos muito parecidos. Também curtia as coisas antigas do Soundgarden, que soava mais Black Sabbath. Nunca gostei de Pearl Jam, que era meio leve. Dave e eu nunca falamos sobre o fato de termos começado do zero, mas sabemos como é, pois nós dois fizemos isso. Não é fácil e estou feliz por ele estar bem com o Foo Fighters", afirmou.
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