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A excelente música do Metallica que até mesmo Dave Mustaine gosta

Por Mateus Ribeiro
Postado em 19 de novembro de 2023

O catálogo musical da banda Metallica é repleto de obras que se tornaram clássicos absolutos do Metal, caso da maravilhosa "The Unforgiven". Um dos maiores sucessos do grupo fundado por Lars Ulrich e James Hetfield, a música em questão é a quarta faixa de "Metallica" (também conhecido como "Black Album"), quinto disco de estúdio do quarteto, lançado em agosto de 1991.

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James se inspirou em um hit para cantar "The Unforgiven"

Carregada de sentimento, tensa e triste, "The Unforgiven" é uma música que mexe com o ouvinte desde a sua introdução épica. James Hetfield protagoniza uma de suas melhores performances vocais em "The Unforgiven" e dá um show de interpretação, seja no refrão marcante, seja nas estrofes em que ele despeja raiva.

Foto: Ross Halfin
Foto: Ross Halfin

Para gravar seus vocais em "The Unforgiven", o vocalista/líder do Metallica se inspirou em uma música que nada tem a ver com o Metal: "Wicked Game", de Chris Isaak.

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"James ficou muito apaixonado pela música ‘Wicked Game’, de Chris Isaak. Ele adorou a forma como o vocal soou grande. Naquele ponto, James queria cantar. Ele havia gritado muito, mas agora queria ir para outro lugar.

Eu disse a James que deveríamos gravar seu vocal, mas em vez de ouvir a si mesmo em fones de ouvido, queria que ele ouvisse em alto-falantes. A diferença foi incrível. Ele cantou a música e, por se ouvir de uma maneira diferente, havia uma dimensão totalmente nova em sua voz", disse o produtor Bob Rock, em entrevista concedida ao site Music Radar.

Alienação, frustração e arrependimento: a triste história do jovem Hetfield

A letra de "The Unforgiven" narra uma triste história, baseada na infância de James Hetfield, que definitivamente, não foi fácil. O site Ultimate Classic Rock publicou um trecho da entrevista que James concedeu à Maxium Guitar em 1998. Na ocasião, o guitarrista falou sobre uma de suas músicas mais intensas.

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"‘The Unforgiven’ era basicamente sobre alienação e, meio que arrependimento na vida. Eu vivi minha vida para outras pessoas, tentando agradar a todos, exceto a mim mesmo."

Foto: Mick Hutson
Foto: Mick Hutson

O cantor e compositor sofreu muito quando era jovem, principalmente por conta da religião seguida por seus pais, a Ciência Cristã.

"Nossos pais não nos levavam ao médico. Estávamos basicamente contando com o poder espiritual da religião para nos curar, nos proteger de ficarmos doentes ou feridos. Na escola, eu não podia assistir aula de saúde, aprender sobre o corpo, aprender sobre doenças e coisas assim. E, digamos, se eu tentasse entrar no time de futebol e tivesse que fazer exames para tirar um atestado médico, eu teria que ir explicar ao técnico que, sabe, nossa religião diz isso. Então, eu me senti realmente como um pária e, você sabe, as crianças riam disso.

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Quando a aula de saúde começava, eu ficava no corredor, o que era basicamente uma forma de punição em outros aspectos. Todo mundo que passava olhava para mim como se eu fosse algum tipo de criminoso", declarou o frontman do Metallica, durante entrevista concedida à Metal Hammer em 2009.

Para completar o quadro, o pai de James foi embora de casa em 1977, o que obviamente, traumatizou o rapaz, que falou sobre a terrível história à Guitar World.

"Foi muito confuso para mim, quando criança, não saber o que estava acontecendo. Foi meio que escondido. Esse é um grande defeito de caráter que ainda carrego - acho que todo mundo está escondendo algo de mim. Papai foi embora e por meses e meses não tínhamos ideia de que ele não voltaria. Minha mãe disse que ele estava em viagem de negócios e finalmente contou a verdade. Senti o medo de ser o homem da casa também, e não saber o que fazer, senti que não aprendi o suficiente com meu pai, que ele não estava lá para mim... Tudo aquilo foi se acumulando. Senti muito ódio dele. Ele nem se despediu."

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Por fim, a mãe de James (Cynthia) adoeceu e por conta de suas convicções religiosas, não buscou ajuda. Infelizmente, ela acabou falecendo.

"Minha mãe faleceu cerca de três anos depois disso. Eu atribuo isso muito ao desconforto com o divórcio e a turbulência. Foi muito traumático (...). Ela não estava interessada em descobrir o que era. Vimos minha mãe definhar. Minha irmã e eu nos olhávamos e não podíamos dizer nada. Meus irmãos tinham idade suficiente para entender isso e finalmente disseram: ‘Algo está muito errado. Vamos conseguir ajuda para ela’. Mas era tarde demais. Ela morreu de câncer."

As três partes de um clássico

A história contada em "The Unforgiven" ganhou mais duas partes. A segunda, lançada em 1997, como faixa de "Reload". A terceira foi apresentada ao mundo em 2008, como uma das músicas do álbum "Death Magnetic".

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"Muitas vezes eu volto e encontro coisas novas nas coisas antigas que escrevi. Embora fosse sobre minha vida, os sentimentos [de ‘The Unforgiven’] são os tipos de coisas que ficam com você. Esses sentimentos são bem básicos e elementares. Revisitá-los de uma perspectiva diferente e mais antiga é muito interessante. É como uma história que continua", afirmou James, em 1998.

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A música que até mesmo Dave Mustaine gosta

Qualquer pessoa que conheça um pouco a história do Metal, sabe que Dave Mustaine, guitarrista/vocalista do Megadeth, fez parte do Metallica entre 1982 e 1983, chegando até a compor algumas músicas. Pois bem, Mustaine durante anos alfinetou seus ex-companheiros e nunca escondeu sua mágoa por ter sido mandado embora.

Mesmo que o Metallica não despertasse as melhores memórias de Dave Mustaine, existe uma música da banda que agrada o chefão do Megadeth. Sim, essa música é "The Unforgiven".

"Antes, sempre que eu os ouvia, isso me fazia cuspir reclamações sobre o que havia acontecido comigo. E então, uma vez eu finalmente percebi, ‘Dave, você tem sorte, você é abençoado, você está em uma grande banda, você esteve em outra grande banda’. Eu finalmente disse, ‘Você está perdendo isso’.

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E eu lembro de ouvir essa música quando eu estava conversando com Lars [Ulrich, baterista do Metallica] uma vez e disse a ele que essa é minha música favorita de ‘Black Album’. E ele disse, ‘Sério? Porra, cara’. Era ‘The Unforgiven’. Eu gostei porque achei que essa era realmente a primeira vez que eu realmente ouvi James [Hetfield] cantar. Ele já havia cantado antes, e ele era um grande cantor. Mas essa foi a primeira vez que eu já o ouvi realmente, realmente cantar", disse Mustaine, em uma entrevista concedida à Revolver.

A canção que fez este redator gostar de Metal

Para finalizar a nota, um relato pessoal: a minha vida no mundo da música pesada começou de verdade quando ouvi "The Unforgiven" pela primeira vez. Há algum tempo, escrevi uma nota sobre esse momento marcante.

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"As coisas mudaram em 1999. Meu saudoso pai havia comprado um mini system de qualidade duvidosa (mas de uma importância gigantesca em minha existência) para presentear uma das minhas irmãs. Em um domingo, pedi o rádio emprestado, com o intuito de fazer algo que passei a fazer por vários anos: gravar uma fita k-7. A minha irmã emprestou o ‘radinho’ e lá fui eu, todo pimpão, ouvir.

Eu ouvia de tudo naquela época. Desde o tenebroso eurodance até as 10 mais de João Mineiro e Marciano. Então, qualquer estação de rádio faria a minha felicidade naquele domingo. Deixei o rádio ligado na mesma estação que já estava. Era uma rádio ‘pop-rock’, que de vez em quando tocava uns rocks mais pesados.

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De repente, começou um barulho de buzina e totalmente por acaso, apertei o REC para gravar a minha fitinha. Com o passar do tempo, aquela música saiu de uma buzina, passou para um dedilhado, caiu em um rapaz revoltado cantando, e este mesmo cara amansava a voz no refrão. E esse refrão se repetiu, passando por uma ‘parte instrumental longa’ (que nada mais era do que o solo de guitarra). Quando a música já estava no final, eu pensei comigo mesmo: ‘Cacete, eu já ouvi isso, só não sei quando’. Gostei muito de ouvir aquilo. Na verdade, fiquei apaixonado, enfeitiçado, de queixo caído.

Quem ouve rádio sabe que no final de um bloco, a pessoa responsável pela locução fala os nomes das músicas. Mas aquela música abriu o bloco e outra música começou na sequência. Eu poderia esperar para saber quem cantava. Mas decidi ouvir a música de novo para ver se lembrava quem era o responsável por aquilo. E ouvi de novo, de novo, acho que umas dez vezes seguidas. Eu só queria ouvir aquela música. Se o mundo tivesse acabado naquele domingo, eu morreria feliz.

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Após muitas audições, decidi mostrar a música para a minha irmã e perguntar quem cantava. ‘É o Metallica, não é?’, ela me respondeu. O meu coração quase parou. Eu ouvia Metallica por tabela sem saber. Eu não sabia que aquele nome que eu ouvia desde criança poderia aparecer tão cedo em minha vida. E eu também não sabia que a partir dali, a minha vida mudaria para sempre."

Para ler a matéria completa, clique no link abaixo. Um abraço e até a próxima!

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Sobre Mateus Ribeiro

Fã de Ramones, In Flames e Soilwork. Ouve (quase) tudo, desde rock clássico até black metal.
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